segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Balanços 2013: As minhas preferências



No ano de 2013 publiquei por aqui 215 Mensagens (Posts). Como já disse anteriormente, este ano fica marcado para a Retórica, por ser o ano da sua afirmação, como uma média de 60 visitas diárias, e no último trimestre essa mesma média rondou as 90 visitas diárias. Para quem quiser reler e relembrar, algo do que aqui fui registando ao longo deste último ano, deixo aqui os 7 Posts da minha preferência de 2013: 


1 - Os cometas (30/9/2013)

“Cometa, é um corpo menor do sistema solar que quando se aproxima do Sol passa a exibir uma atmosfera difusa, denominada coma, e em alguns casos apresenta também uma cauda, ambas causadas pelos efeitos da radiação solar e dos ventos solares sobre o núcleo. Os núcleos dos cometas são compostos de gelo, poeira e pequenos fragmentos rochosos, variando em tamanho de algumas centenas de metros até dezenas de quilómetros.”

Na política também existem alguns destes “corpos menores”, andam por aí eclipsados durante 4 anos, às vezes toda uma vida. A maioria das vezes pescados fora da terra, sem que se lhes conheça qualquer actividade social (boa ou má), meninos bem comportados, e apresentados como "sem defeitos" (mas também sem qualquer qualidade conhecida para a vida pública), bons “chefes” da família tradicional; que de 4 em 4 anos são lançados pelos caciques locais, como meninos de coro, para convenceram a populaça de que serão seus dignos representantes, e tudo farão em seu prol (quando todos sabemos que o que eles querem é resolver as suas vidinhas e de seus amigalhaços).

Existe ainda outra coisa pouco bonita neste mundo da “astronomia política”. São aqueles “corpos” que umas vezes aparecem à direita, outras vezes à esquerda, outras ainda nos céus de ninguém, é assim como lhes dá jeito. Mas também aqui os resultados não são os melhores, e povo não aprecia.

Em Marvão, tem sido quase sempre assim. Os resultados têm sido quase sempre desastrosos, e mais uma vez não fugiram à regra.

Fazer POLÍTICA, não pode ser uma coisa ocasional, de meia dúzia de messes (ou menos) antes de eleições. O povo já não vai nessas lérias. Fazer POLÍTICA, tem que ser constante, conhecer o terreno que se pisa (contexto), apresentar alternativas (ser só boa pessoa e simpático não chega). E depois tem que se apresentar algumas credencias (currículo social), se possível com algumas provas dadas no passado e resultados obtidos.

Se alguma coisa as eleições de ontem mostraram, foi que os Partidos políticos têm que reflectir muito bem sobre a sua prática de fazer política e de seleccionar candidatos. Escolher candidatos para administrar a vida pública, não é a mesma coisa que escolher uma “miss de beleza”, ou um concorrente de “big brother” da televisão chunga. Se não perceberem isto, e mudarem, será o povo a mudar-vos.

Ainda sobre Marvão, o que eu gostaria de ver a alguns desses “cometas”, era agora que as eleições para cargos em que se ganha dinheirinho acabaram, se apresentassem nas Associações do Concelho ou em causas públicas, que são muitas e precisam do vosso trabalho, mostrassem do que são capazes, e, que estão preocupados com a coisa pública. Parece que a próxima a precisar de gestores associativos é o Lar de São Salvador da Aramenha. Apareçam por lá e mostrem do que são capazes!

Mas olhem que aí o colaboração é gratuita, isto é, à borla.... 


2 - Rapidinhas mas boas (20/9/2013)

No princípio desta semana, quando assistia ao desfilar de mais um “rosário de lamentações”, em que se transformaram os Telejornais televisivos, sobre o início do ano escolar, deparei-me com o seguinte “tesourinho” em directo, de uma senhora professora no dia de apresentação aos seus alunos, escrito no Quadro modernaço:

“ Eu sou (fulana de tal), a vossa professora de português. Ok...”

E eu, que não percebo um boi de línguas bárbaras, a pensar: I am João, your English teacher! Sim...”

Estas o Mário Nogueira não comenta, nem o Tó Zé....


3 - “Madrugada Suja” (22/8/2013)

Não lia um livro numa semana desde os meus 20 anos, quando por essa época, há luz de um candeeiro a petróleo, e após um acidente de motorizada que me partiu um pé, devorei o Mandingo de Kyle Onstott. O Mandingo era uma história passada nos States, tratava da escravatura dos pretos nessas paragens, numa plantação do Alabama, onde o “avantajado” escravo Ganimedes acaba cozido e assado (qual joão ratão) num panelão, após ter ele mesmo “comido” a filha branca do patrão. Um argumento perfeito para apaixonar um jovem, então de esquerda, e o acicatar na sua raiva aos americanos imperialistas.

Pois por estes dias, bati esse recorde, ao ler a “Madrugada Suja” de Miguel Sousa Tavares (MST): apenas 4 dias.

Quando me emprestou o livro, logo o amigo Fernando Bonito me avisou, que se tratava de um argumento que, quando o iniciasse, não conseguiria mais parar! Duvidei, sobretudo, devido a uma preguiça crónica que me vem acompanhando ultimamente.

Já havia lido do MST o livro, possivelmente, mais lido em Portugal nos últimos anos - O Equador, que apesar de ser uma intriga bem montada, com um enquadramento histórico que me aliciou, e de ter ficado uns tempos a remoer as traições aí relatadas, só me voltei a lembrar dele quando a TVI apresentou a série correspondente, mas aí, muito mais focado na belíssima banda sonora de Rodrigo Leão, e nas belas fotografias exibidas: quer as paisagísticas, quer as humanas!

Para um leitor apaixonado por Saramago, Lobo Antunes, ou José Cardoso Pires, ler Miguel Sousa Tavares, em termos literários é assim como quem passa da música clássica ou do “jaaz”, para a chamada música pimba, ou um confronto Camilo/Eça do século XIX. No entanto, cuidado, isso apenas no que toca a uma análise literária. Porque no resto, em termos de criatividade, de enredo, de intriga real, de traições, e de actualidade, o Miguel é um “mestre”.

Neste livro ele pega na vida de várias personagens (possivelmente reais) que atravessaram o século XX até aos nossos dias, as suas vivências e visões diferentes do tempo e do espaço onde vivem (o campo e a cidade, o urbano e o rústico, o interior e o litoral), a simplicidade com que as descreve (sobretudo as femininas, sem ser ter medo de ser acusado de machista, pois não parece sê-lo), a forma sucinta, clara e global como descreve os acontecimentos sociais e políticos de quase um século; e como tudo isto conflui para um problema que ele quer denunciar, com grande actualidade nos nossos dias: as chantagens do poder,  a corrupção, e a política num regime que se diz democrático.

Miguel Sousa Tavares é daquelas personalidades que, ou se gosta ou se odeia (como eu me revejo nele). Quem ouve os seus comentários nos meios de comunicação, parece arrogante, vaidoso,  distante, e agressivo; mas no fundo eu acho que ele é um homem simples e sensível, mas com uma opinião própria e independente. Não é habitualmente um troca-tintas, como a maioria dos seus congéneres comentadores televisivos, que estão ali apenas para dizerem o que os espectadores querem que se diga: num dia são brancos no dia seguinte são pretos; mas o que eles são, efectivamente, é cinzentos, ou pior, "cinzentões"; verdadeiros cata-ventos para agradarem aos seus mandantes e ganharem a vida à custa da ingenuidade alheia. MST não, o que é branco é branco, se for preto não trata por “negro”.

Claro que há quem não goste: é muito agressivo! Ai credo, satanás. Mas quem quiser conhecer MST, ou terá de ser pessoalmente, ou nos seus livros onde ele se mostra. E em “Madrugada Suja”, MST dá forma aos seus heróis: os humildes e os corajosos, e descreve de uma forma simples mas real, muito do que arruinou Portugal nos últimos 40 anos.

Para quem como eu, teve oportunidade de viver alguns acontecimentos idênticos aos do livro: mentiras, traições, chantagens, sacanices, vitórias dos poderes ocultos sobre a razão, não pude deixar de apreciar esta obra. Quase sempre emocionado e com lágrimas nos olhos, que frequentemente, me fizeram interromper a leitura (a coisa às vezes é dura, mas muito real) senão, o recorde de tempo da leitura ainda seria maior.

Como eu gostava de ter sido Tomás da Burra: o homem íntegro que nunca saiu de Medronhais, o homem que nunca viu o mar, que criava, falava e amava as suas plantas e os seus animais apenas para se servir deles, quando deles precisasse, que criou o seu neto como de filho se tratasse, mesmo que o não fosse; como eu admirei a coragem da avó Filomena: mulher sem saber ler ou escrever, mas uma verdadeira sábia no que toca às relações humanas e a arte de saber calar, uma mulher coragem; como eu gostava de ser o Filipe: o Arquitecto criado no campo, que não cedeu a chantagens e teve a coragem de enfrentar o “poder” e a corrupção (nem que os chantagistas fossem os poderosos, e um dos corruptos fosse o seu próprio pai biológico); como eu apreciei Eva (ou a Procuradora Maria Rodrigues): que poderia ter perdido tudo numa noite de simples bebedeira de adolescente, mas que lutou durante 5 anos agarrada a numa cadeira de rodas e, quando podia ter cedido à facilidade de se vingar de um dos seus possíveis “violadores”, aceitou os seus instintos de “mulher”, e chegou à verdade.

Mas, o que eu gostava Miguel: era de escrever como tu, mesmo que literatura não fosse! Escrever a “minha” história, e denunciar publicamente a patranha que também um dia me armaram, e que até hoje carrego como algo mal resolvido. Pelo menos nomes das personagens já não me faltam: o Zé Morcego, a Genoveva (a bruxa gorda), a Dona Maria Quixote (a bruxa má), o dr. Camponês, a São Imaculada, o Manuel dos Canchos, O Zé Almirante de Meia-Nau, as Irmãs Tramelita e Catatua, o Chico Regedor, o Frei Macacos, o Maioral das Cortiças, etc., etc. Quem sabe, talvez um dia....

Vou agora reler com mais calma. Talvez para apreciar melhor a escrita e alguns pormenores, que volto a referir, sem ser uma grande obra literária (na minha modesta opinião), quem gostar de ler, não perca: “Madrugada Suja”.

Obrigado ao Miguel...

4 - João no mundo dos imbecis (23/7/2013)

Os papagaios da comunicação social e os corporativistas do regime, andam por aí a apregoar que depois de tantos cortes e tanta austeridade, a dívida pública portuguesa (a de todos nós), não pára de crescer, e atingirá por estes dias cerca de 127% de um tal PIB (Produto Interno Bruto).

Ora, na minha ignorância e vistas curtas, suponho que sempre que tentemos saber se algo cresceu ou diminuiu, teremos que usar um sistema de medida. Assim, para sabermos se uma criança cresceu, de um momento para outro, usamos os centímetros; e para sabermos se aumentou de peso, usamos as gramas e seus múltiplos; e assim para outras avaliações.

Acontece, que estas medidas padrão, se mantêm mais ou menos inalteráveis ao longo dos tempos. E assim, há mais de 100 anos que 1 quilo continua a ser 1 quilo, e 1 metro continua a ser 1 metro. E tanto faz estarmos na Europa, como na África com na Ásia. Logo quando fazemos avaliações, usando estas medidas, podemos dizer com alguma segurança, que nos últimos 100 anos, se registaram aumentos percentuais quer na estatura, quer em peso nas crianças do século XXI, quando comparamos com as do início do século XX.

Mas o PIB, será ele uma medida inalterável? Ou aumenta e diminui de acordo com o desenvolvimento e desempenho de um país? E quando este cai (como parece ser o caso dos últimos anos, e parece não ser pouco); e se a divida se mantém, que acontece à relação entre ambos?

Tomemos como exemplo uma família que em 2011 tinha 2 dos seus membros empregados, cujos rendimentos anuais eram de 30 000 euros, e herdaram uma dívida, nesse mesmo ano, de seus progenitores de 40 000 euros. Ao fazerem as contas, essa família constatou que tinha uma dívida, face ao seu rendimento anual de então, de cerca de 133%.

Veio o ano de 2012, e sendo um dos membros desta família funcionário da Administração Pública, viu os rendimentos do seu desempenho amputados de 2 000 euros (não recebimento de subsídio de férias e natal), que quer dizer que o rendimento anual dessa família foi apenas de 28 000 euros. Apesar dessa diminuição de rendimentos, ainda conseguiu amortizar 1 000 euros à divida herdada, que se situa agora em 39 000 euros.

No entanto, apesar de esta família ter feito um esforço de ajustamento de viver em 2012 apenas com 27 000 (recebeu menos 2 000 e amortizou 1 000 à dívida), andam agora os familiares (alguns responsáveis pela feitura dessa dívida), a dizer que esta aumentou para cerca de 140%, quando, no ano anterior, era apenas de 133%!!!

Será justo? Ou vamos lá ter um mínimo de seriedade....


5 - Reflexões em “dia do pai” (19/3/2013)

Era uma vez um pai que gostava muito dos seus filhos. Era mesmo aquilo a que podemos chamar um, “amor de pai”, e tinha como divisa “aos filhos é que nada pode faltar”...

Este pai herdou de seu progenitor austero um legado pobre, sem grandes patrimónios, uma pequena escolaridade de 4 anos, um deficit em algumas necessidades primárias como a saúde ou a liberdade; mas tinha uma família de cara lavada, honesta, com uma cultura de, viver com o que se produz, e claro, nada de dívidas.

Este, amoroso pai, quando assumiu a responsabilidade de o ser, na roda da vida, desprezou a cultura e os princípios herdados, e em vez de corrigir deficiências, adoptou uma filosofia completamente oposta ao do seu progenitor, por achar que tudo nele estava errado.

Durante mais de 30 anos, proporcionou a seus filhos uma serie de regalias e direitos, diga-se até que alguns dispensáveis, tais como: avultadas mesadas para todos, que lhes proporcionavam só trabalhar já bem entrados na idade adulta, e, depois de “meia-vida” de ócio e borgas; a alguns, mais de 20 anos nas escolas sem grandes resultados; seguros de saúde dos mais caros, para que pudessem socorrer as maleitas devido a estilos de vida manhosos; oferta precoce de um automóvel sempre que um descendente atingia os 18 anos; alimentação em restaurantes pelo menos 7 dias por semana; cada vez que um dos seus rebentos pensava arranjar uma nova família, logo, esta bondosa criatura os brindava com a oferta de uma casita tipo “vivenda” ou, pelo menos, um “apartement t3”; e direito anual a muitas férias, se possível fora do país. E ainda, para fazer ver ao seu progenitor, decidiu presenteá-lo, bem como a sua mãe, com pensões de reforma insustentáveis no tempo, pelo menos para quem soubesse fazer simples contas de multiplicar e dividir.

Foi assim que, durante 3 décadas, para fazer face às despesas para suportar essa filosofia de vida, em vez de produzir e trabalhar, este pai amoroso, se endividou até ao tutano, sustentando que seus filhos mereciam tudo, e, que aos filhos nada pode faltar.

Cada ano que passava, por cada 16 mil euros que ganhava, tinha que pedir, ao vizinho rico, 800 euros para sustentar os seus princípios e valores.

Hoje tem uma dívida superior a 24 mil euros, só de juros paga ao vizinho rico 1 200 euros por ano, ao que junta mais os tais 800 que tem que continuar a pedir, que perfazem um total de 2 000 euros a mais do que aquilo que produz em cada ano (que agora já não chega aos tais 16 mil). Este estilo de vida chegou a um ponto, que já ninguém lhe quer emprestar um tusto que seja, e, dizem que este, extremoso pai, está F***** (falido).

Claro que, perante esta situação, o vizinho penhorou a casa e os automóveis dos meninos do papá, pois já viram que este, bom pai, jamais conseguirá pagar a dívida em que se meteu. O dito, bom pai, entretanto já se pôs ao fresco, emigrou, e deixou, a esposa/mãe e os rebentos, encalacrados.

A mamã um pouco mais realista, já começou a cortar mesadas a torto e a direito; as pensões dos sogros já foram reduzidas para metade, a escola e a saúde têm que começar a ser a pagas; e claro, a filharada e os velhos andam descontentes, e passam o tempo a protestar e aos berros.

Mas o vizinho quer o “carcanhol” em dívida, e, ou a mãe ou os filhos, vão ter que pagar a dívida e os juros. 

TA: Claro que os meninos gostam muito do, bom pai, e, têm dele muitas saudades....

6 - Perguntas que incomodam (22/2/2013)


Se os Bancos portugueses pagam juros de depósitos a menos de 2%, como é possível que não emprestem dinheiro às empresas a menos de 5%, e a particulares a menos de 6%?
Será que guardar dinheiro dá assim tantas despesas?


7 - Para meu irmão (12/2/2013)

 Espero que não te importes que te esteja a tratar por tu, pois não foi assim que os nossos pais me ensinaram, nem tão pouco foi assim que te tratei ao longo dos trinta anos que convivemos, sempre te tratei por “mano” ou mais simplesmente, pelo despropositado “oiça lá, ou veja lá...”; mas hoje é dia de entrudo, e coincide com o dia doze de fevereiro. Não posso afirmar, que tal coincidência, não tenha já sucedido no quarto de século, que se seguiu ao fatídico ano de 1991, mas hoje, vá lá gente saber porquê, veio-me à memória.

Ao longo destes vinte e dois anos, desde que partiste, nunca me lembro de escrever sobre ti, a não ser um pobre poema feito pouco tempo depois, a que dei o nome de “poema para uma quarta-feira de cinzas...”, mas que ficou perdido por aí, nas diversas andanças a que tenho estado sujeito, e, que hoje não descubro, mas prometo-te que logo que o encontrar to enviarei.

A notícia chegou-me através de uma amiga, pois por essa época o telefone ainda não existia em minha casa. Seriam perto das duas horas da madrugada de 13 de fevereiro, quando a campainha da porta tocou. Eu que havia acabado de adormecer tive imediatamente a percepção do sucedido. Fiquei ali deitado, imóvel, aguardando que minha mulher abrisse a porta, e quando a mensageira entrou no quarto, não foram precisas palavras, os olhares disseram tudo: o xico serra, estava, mas tinha deixado de estar.

Não me lembro de ter chorado, mas, possivelmente, algumas lágrimas hão-de ter inundado os meus olhos. O sofrimento em que agonizavas era, certamente, mais atroz. Apenas me lembro que foi para mim muito diferente do dia da notícia que tivera dois anos antes, chegada pela voz desesperada da tua filha ao telefone da casa do povo, e que me martelou o tímpano sem aviso prévio, após lhe comunicarem que - seu pai tem um cancro, nada se pode fazer, abri e fechei, e não terá mais de um mês de vida!

Nesse dia sim, o desespero e raiva tomaram conta de mim, corri para casa, deitei-me sobre a cama, sovando-a até me apetecer, embora sabendo que ela não teria qualquer culpa, chorei até esgotar as lágrimas, e só me lembro de pensar “o meu irmão vai morrer em breve...”, e balbuciar: porquê, porquê, porquê...?

Amanhã farão 22 anos, mano, e eu tenho saudades tuas. As lágrimas voltam, a pergunta continua, e eu acho que não tenho o direito de maçar aqueles que me lêem, mas tu mereces que eu te lembre. Sem ti eu não seria eu, seria, certamente, alguém muito diferente!

Hoje quero dizer-te, e penso que nunca to verbalizei, tu foste para mim como um segundo pai, e eu gostava muito de ti...

   

1 comentário:

Helena Barreta disse...

Só agora fiquei a saber desta sua perda, estou emocionada. Lamento muito.

Também recebi um telefonema desses, uma das minhas irmãs disse-me,"desfeita"de dor e desespero que o nosso pai tinha um tumor. Foi-lhe dito a frio num corredor do Santa Maria. Mas o que o levou de nós, fez no dia 21 deste mês 21 anos, foi um AVC.

Um abraço sentido para a sua sobrinha e outro para si.