segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Contas à moda do Costa


Todos os cidadãos, pelo menos os de poucas posses, sabem as consequências de não cumprirem a Lei. Vejamos duas infrações de “pouca” montra: Se eu for agarrado pela GNR ou PSP a conduzir com telemóvel na mão, são 120 paus pagos imediatamente e um processo judicial para saber quantos dias vou ficar inibido de conduzir e quantos pontos me tiram na minha licença de condução; se eu me esquecer de liquidar o IRS ao Estado, terei de pagar a quantia com juros e, se o esquecimento perdurar, imediatamente esse mesmo Estado me penhora todos os “bens” que eu tenha.

Mas se for o Governo, a coisa muda de figura. E se não chegar o não cumprimento da Lei, nada de problemas, muda-se a Lei. Isto se o Governo for do PS, porque se for PSD a coisa também muda de figura e, no dia seguinte, teremos um milhão de “paus mandados” a protestar nas ruas e o PS, PCP e Bloco se encarregarão de meter isso, pelo menos, no Tribunal Constitucional.

Mas porquê toda esta retórica?

– Aqui há uma dúzia de anos, um Governo PS, aprovou uma Lei que pressupunha um aumento percentual nas Pensões equivalente à inflação em Outubro do ano anterior;

– Em 2022 estima-se que esse valor ronde os 8%. Logo os aumentos das pensões em 2023, cumprindo a Lei, teriam que aumentar nesse valor. Ponto final, ao quadrado.

Vamos então a 2 exemplos de Pensões se o Governo cumprisse a Lei: uma baixa e outra média:

1º – Uma Pensão de 600 euros/mês deveria aumentar em 2023 para 648 euros; ou seja, 9 072 euros anuais;

2º - Uma Pensão de 1 500 euros/mês deveria aumentar em 2023 para 1 620 euros; ou seja, 22 680 euros anuais;

Mas como temos um Governo “fora da lei”, que não cumpre e obriga os cidadãos a cumprir, vejamos o que vai acontecer:

No primeiro caso, para uma pensão de 600 euros, em Outubro de 2022 o Pensionista receberá 300 euros por conta do que teria de receber em 2023. Só que em 2023 o aumento será apenas de 4,4% (e não de 8%) e receberá 626 euros/mês, em vez dos 648 que deveria receber se a Lei fosse cumprida. Anualmente serão 8 764 euros, menos 308 euros do que se a lei fosse cumprida. Como já recebeu 300, fica a perder 8 euros.

No segundo caso, em Outubro de 2022, o Pensionista receberá 750 euros por conta do que teria de receber em 2023. Só que em 2023 o aumento será apenas de 4% e receberá 1 560 euros/mês, em vez dos 1 620 que deveria receber se a Lei fosse cumprida. Anualmente serão 21 840 euros, menos 840 euros do que se a lei fosse cumprida. Como já recebeu 750, fica a perder 90 euros.

Mas o pior estará para suceder em 2024, isto se a Lei se mantiver e o Costa não se lembrar de mandá-la às urtigas, como anda a ameaçar. Estimando que a inflação no final de 2023 possa rondar os 3%.

No 1º caso o Pensionista passará para 645 euros. Mas se as contas não fossem à moda do Costa, deveria ser de 667 euros/mês. Menos 22 paus/mês.

No 2º caso o Pensionista passará para 1 606 euros, quando se as contas não fossem à moda do Costa, deveria ser de 1 669 euros/mês. Menos 63 paus/mês.

Agora façamos um suponhamos, que a média do saque em 2024 será de 40 paus/mês por cada Pensionista, isto dá a módica quantia de 560 paus/ano. Como temos cerca de 3 milhões e 700 mil pensionistas (mais ou menos), é só fazer as contas como dizia o outro socialista: 

- Em 2024  rondará os 2 mil milhões de euros;

- E em 2023, cerca de mil milhões.

E então o Passos Coelho é que era o malandro/ladrão por dizer que era necessário cortar 600 milhões/ano nas pensões, para manter a Segurança Social sustentável...

Mais uma vez é preciso batermos com a cabeça na parede para abrirmos os olhos e tomarmos medidas. Entretanto ficam "os galos".