quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Marvão em números: Funcionários do Poder Local


Volto hoje à saga de “Marvão em números”. Este será o 8º Post sobre esta temática, e abordarei a questão dos Funcionários da Administração Local do distrito de Portalegre.  

Nota Prévia: Os números citados são, creio, muito aproximados (alguns são estimativas), mas creio que bem perto da realidade. Se alguém tiver outros, cheguem-se à frente para os confrontarmos.

Convém ter em conta, ao analisar este tema, que o distrito de Portalegre tem 3 concelhos que englobam cidades (Portalegre, Elvas e Ponte de Sôr), onde existe uma população que vive em maiores aglomerados habitacionais, e onde o número de funcionários/habitante é naturalmente menor. Os restantes concelhos são pequenas comunidades com menos de 5 000 habitantes (10 concelhos), e 2 deles (Campo Maior e Nisa) são populações intermédias que rondam os 8 mil habitantes. Como consequência, é normal que o rácio funcionários/habitantes, seja maior nos pequenos concelhos, pelo que, os concelhos das 3 cidades, deverão ter uma análise diferente dos restantes, e que aqui não faço.

Em Setembro de 2013, de acordo com a Direcção Geral da Administração Local (DGAL), trabalhavam na Administração Local em Portugal 121 000 funcionários, uma média de 12 funcionários por cada 1 000 habitantes. Desde 2010 a Administração Local perdeu cerca de 15 000 funcionários (12% do total); quer dizer que, por essa data, seriam cerca de 136 000 os funcionários das Câmaras Municipais. Os concelhos com rácios mais elevados de funcionários/habitante no Continente são: Mourão (cerca de 68 funcionários/1 000 habitantes); e Alcoutim (61 funcionários/1 000 habitantes), logo a seguir aparecem alguns concelhos do nosso distrito, como Monforte e Castelo de Vide, como veremos a seguir.



(Clicar sobre a imagem para ver melhor)


No Quadro 12, podemos verificar, que em Setembro de 2013 trabalhavam na Administração Local do distrito de Portalegre 2 547 funcionários públicos; tendo em conta que a população estimada para o distrito seria de 116 376 habitantes, temos um rácio de cerca de 22 funcionários/1 000 habitantes (superior em 10 funcionários do que a média nacional); podemos ainda verificar que, nos últimos 3 anos (desde 2010), o total de funcionários no distrito diminuiu em 315, igual à média nacional 12%.

Os Concelhos de Monforte, C. de Vide, Alter e Avis, têm mais de 40 funcionários/1 000 habitantes; sendo que Monforte é o líder do ranking distrital (47,2 funcionários/1 000 habitantes), e está dentro dos 5 primeiros a nível nacional. Monforte trocou, nos últimos 3 anos, com Castelo de Vide que ocupava então o 5º lugar a nível nacional (entretanto saíram 29 funcionários), e desceu algumas posições no Ranking nacional liderado actualmente por Mourão (distrito de Évora).  

Analisando melhor o conjunto dos 15 concelhos do distrito (deixando de lado as 3 cidades), e tendo em conta que as populações são muito parecidas, e têm necessidades idênticas, verificam-se diferenças inexplicáveis entre concelhos semelhantes. Assim, não se percebe como é que:

- Monforte precisa de 47 funcionários/1 000 habitantes; e os vizinhos de Arronches têm apenas 28 funcionários/1 000 habitantes.

- O mesmo se passa em Castelo de Vide com cerca de 43 funcionários/1 000 habitantes; enquanto Fronteira, resolve os problemas com apenas 26 funcionários/1 000 habitantes.

- Ou Alter, que precisa de 40 funcionários/1 000 habitantes; enquanto Sousel apenas precisa de 27 funcionários/1 000 habitantes para o seu concelho.

Observando o Gráfico 1, e quem conheça o distrito e as suas populações, terá muita dificuldade em explicar a disparidade dos dados aí plasmados. Como é possível que concelhos idênticos precisem quase do dobro de funcionários para fazerem o mesmo?

Certamente o recrutamento de pessoal nos concelhos, em nada terá a ver com necessidades da população, mas sim com outros valores. Infelizmente, não existe qualquer órgão que supervisione, controle e que ponha esta gente na linha, que funciona sem critérios, e vê no recrutamento de pessoal uma forma de comprar votos de 4 em 4 anos. Entretanto todos nós vamos pagando, e não é pouco! Estimo que as despesas com pessoal da Administração local no distrito de Portalegre, deverão rondar entre os 45 e os 50 milhões de euros /ano, cerca de 35% das despesas totais do conjunto dos municípios.   
Marvão, neste tema, parece ser um concelho equilibrado, mesmo apesar de ser um dos mais dispersos e com uma geografia complicada (diferente de todos os outros no distrito, e onde, certamente, as necessidades populacionais serão maiores). Tem actualmente 100 funcionários, num rácio de cerca de 29 funcionários/1 000 habitantes. Dos concelhos com populações idênticas apenas Arronches; Sousel e Fronteira (que são concelhos mais concentrados e com geografias mais favoráveis), têm melhores rácios.

As despesas com pessoal da CM de Marvão, para o ano de 2014, estão estimadas em 1,8 milhões de euros e representam cerca de 35% das Despesas Totais do município, o que quer dizer que dará um custo médio de 18 000 euros/funcionário (não esquecer custos com contribuições para CGA, ADSE e outras).

Conclusões:  

- Portugal terá aproximadamente cerca de 121 000 funcionários públicos na Administração Local, uma média de 12 funcionários por cada 1 000 habitantes. Nos últimos 3 anos este pessoal teve uma diminuição de 12%; e os custos totais com este pessoal será, aproximadamente, de 2 mil milhões/ano.

- O distrito de Portalegre terá à volta de 2 547 funcionários na Administração Local; com um rácio de cerca de 22 funcionários/1 000 habitantes (superior a 10 funcionários que a média nacional); podemos ainda verificar que, nos últimos 3 anos (desde 2010), o distrito tem menos 315 funcionários. Os custos totais com este pessoal, rondarão entre os 45 e os 50 milhões de euros/ano.

- No distrito de Portalegre, existem grandes disparidades no número de funcionários/habitante em concelhos idênticos (chegando quase ao dobro), veja-se o exemplo de Monforte (47), com os concelhos vizinhos de Fronteira (26), e Arronches (28). Quem explica esta aberração? Se as estimativas dos meus números estiverem correctos, isto quer dizer que Monforte terá custos de cerca de 2,8 milhões de euros com pessoal; enquanto Fronteira e Arronches não irão além dos 1, 6 milhões. Ora isto faz toda a diferença na gestão de uma instituição, mesmo que se trate de uma Câmara Municipal, que é paga por todos nós.

- Marvão encontra-se a meio da Tabela do distrito, no que toca a funcionários/habitante (sendo um dos 3 melhores, dos pequenos municípios); tem 100 funcionários, num rácio de 29 funcionários/1 000 habitantes. Para o ano de 2014 estão previstos custos totais com pessoal (a este 100 há que juntar os eleitos) de cerca de 1,8 milhões de euros, numa média de 18 000 euros/funcionário.

Por fim, sei perfeitamente, o que muitos estarão a pensar: que serviços prestarão estes funcionários às populações? Serão idênticos? E a contratação de serviços externos, será igual em Arronches ou Monforte? E em Marvão, a quantidade de “satélites” que gravitam em volta da “coisa”, como “Terras de Marvão” e outros que tais; e não existirão coisas idênticas em Monforte, Arronches ou Gavião?

A esses eu respondo: Investiguem, e dêem a conhecer! A malta agradece...


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