sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Gato por Lebre....


“... eu tenho um governo e um tc, e em tudo, são iguais! Mas não tenho a certeza, de qual erra mais.”

Por estes dias, aparentemente, parece que a maioria dos portugueses, pelo menos aqueles que andam por aí aos berros, têm razão para se regozijar. O santo Tribunal Constitucional (tc) obrigou mais uma vez o satanás governo liberal (ou será neo liberal e até fascizoide, como dizem alguns) e explorador de velhinhos, a baixar as orelhas e a meter a horrenda cauda entre as patas traseiras, e, obrigá-los a não mexer nas aposentações dos “pobres” reformados do estado.  

Entre os mais famosos contestatários, a tais investidas do diabinho coelho, estão nomes como o da dona Manuela Ferreira Leite, pequenote Marques Mendes, o senhor Bagão Félix (por quem tinha alguma consideração até se ter tornado um fundamentalista nestas questões), a excelência Alberto Jardim, o destrambelhado Soares, o nosso conhecido doutor Casimiro Meneses, todo clã socrático, bloquista e comunista, e, parece que até o ti Aníbal (já este artola deve estar doente!). Convém dizer que a maioria deste “baronato” iria sofrer cortes mensais entre os 300 e os 600 euros mensais, ou mais (10% das suas míseras reformas). Isto num país que tem, para quem trabalha, um ordenado médio de pouco mais de 900 euros!

Na minha modesta opinião, o que está em causa na contestação desta cambada toda, não é a pena que têm dos que ganham menos, ou da propalada igualdade entre os portugueses. O que eles reclamam, são os seus próprios privilégios em que sempre viveram, e, a sua própria pele. É o terem beneficiado de uma legislação aberrante (feita por eles próprios em tempos de vacas gordas), e certamente inconstitucional (se tivessem sido estes os juízes do tc da altura), que tratou de forma distinta as reformas  da Administração Pública e não só: Bancários, Correios, Empresas semi-públicas, e outras que tais; de todos os outros portugueses da Segurança Social que contribuíram tanto como eles, ou mais, para a parca riqueza do país. Mas que esses mesmos senhores, que agora protestam, foram os legisladores da altura, decidiram aplicar outras fórmulas de cálculo diferentes entre público e privado, mandando a Constituição (que já era a mesma) às urtigas.   

E agora? Agora, e para já, terão que se arranjar entre 400 a 700 milhões de euros noutro lado, porque era o que estas medidas valiam. Como? Possivelmente através do aumento de Impostos, e o mais provável será o IVA. Como consequência, todos aqueles que não pertenciam à corja que cito em cima, terão que contribuir (mas sem darem por isso, como convém), para que eles, os pobrezinhos, sejam poupados.

Exemplo:
A dona Manuela Ferreira Leite, que tem uma Aposentação, salvo erro, de cerca de 3 000 euros mensais, sofreria, com as medidas propostas pelo governo, um corte de 300 euros/mês. O casal “Silva”, que são meus vizinhos e trabalham no «Modelo/Continente», ganham por mês 1 500 euros (750 cada um), não tinha nada a ver com essas medidas e nada pagariam para esse peditório.

Agora, se a alternativa for o aumento do IVA (nem que seja só de 2%), a dona Manuela que gasta 2 000 em produtos sujeitos ao IVA, passará a contribuir com apenas 40 euros mensais (antes eram 300 na aposentação). E os meus vizinhos, que ganham apenas 1 500 euros, que têm 2 crianças pequenas na escola, e, que gastam 1 300 euros/mês em produtos sujeitos ao IVA, irão agora contribuir também com 26 euros, para a coisa.

Se a matemática for uma ciência ainda exacta, ficam a faltar 234 euros (300 – 40 - 26). É fácil, arranjam-se 10 famílias “silva”, ou com outro apelido qualquer. Mas a dona Manuela, o senhor Bagão, o desbocado Jardim, o ti Aníbal, e restante freguesia, ficam-se a rir mais uma vez. Graças a quem? Digam lá em coro: PS + PCP + Bloco + PR + tc. E dizem eles que defendem os mais desfavorecidos!

Claro que aqueles que têm, por exemplo, 700 a 800 euros de Aposentação da Função Pública, e que são a grande maioria, também teriam que contribuir com 70 ou 80 euros (10%); mas o que irão agora pagar a mais em IVA, entre o haver e dever, seria ela por ela, e a sua razão de regozijo só existirá senão souberem fazer contas, e se deixarem ir na onda da enganosa comunicação social, e, dos que andam à caça, e não é propriamente de coelhos.

Eu, cá por mim, até devia ficar também contente, e ir para a rua gritar. Com as medidas do coelho também teria de contribuir com 150 aéreos/mês. Assim, como gasto à volta de 600 euros em produtos sujeitos ao tal IVA, contribuirei com uns míseros 12 euros/mês (se o tal aumento for de 2%, em média). Terei é que arranjar 5 famílias “silva”, para eles pagarem, o que eu não irei descontar.

TA:

1 - Falando a sério, não estou nada contente, e apesar de parecer parvo, acho que era justa a medida do governo. Que por uma questão de justiça social e equidade, seria mais justo eu descontar os 150 euros (e a outra corja os 300 ou 500), que os meus “vizinhos”, que no fundo são: a minha filha, a minha irmã, os meus sobrinhos, e também os meus vizinhos, a contribuírem cada um com os tais 30 euros mensais.

2 – Se eu fosse o Passos Coelho, hoje mesmo teria apresentado a minha demissão. Este povo só vai aprender quando verificar que a coisa não tem outra alternativa. Mas como bons católicos que somos, precisamos de ver para crermos, tal como São Tomé. Que assim seja.

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