segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Que deus os perdoe...

Como se pode ler aqui, GNR que deu pontapé em porco arrisca perder quatro meses de salário!!!

E quem comer o Porco?




6 comentários:

Profª Isabel Ludovino disse...

As coisas tem que ser vistas em contexto - o ato foi de violência gratuita que condeno em alguém que devia dar o exemplo. Não digo para prender o agente nem para lhe retirarem salários - mas seria bom que alguém o humanizasse um pouco.
Animais não contam, Sr. Bugalhão?

João, disse...

Minha cara Isabel, não me apetece nada discutir esta “palermice”, nem falsos moralismos, e muito menos com a Isabel por quem tenho muita admiração e respeito e, por isso, peço antecipadamente desculpa, se estiver a ser menos correcto e respeitador. Mas, como sabe, não é do meu feitio não responder a qualquer contraditório.

Saiba de antemão que sempre fui criado com animais, e dormi com eles, nomeadamente, com os bácoros mais pequeninos e enjeitados que a mãe, porca, abandonava e se recusava a alimentar. Sei o quanto eles me serviam, e também sei o quanto eu lhes servia a eles, e hei-de vir a servir, nem que seja após a minha morte.

Também os matei e ajudei a matar (porque não gostava de carne viva), e também com eles travei alguns duelos, e tive que lhes bater algumas vezes pela sua teimosia. Mas também sei o que é levar uma focinhada de um deles (que era o que o superior hierárquico que mandou levantar um processo a este militar, devia ter levado, e, num sítio que eu cá sei), também levei alguns coices de burros e mulas, e, cornadas de carneiros e bezerros. Mas sempre os respeitei na escala da natureza. Posso ainda afiançar-lhe que não estou crente, que se alma existir, ela seja exclusiva dos humanos.

Mas daí a fazer um caso nacional, porque um homem deu um pontapé num porco, só num país que não tenha mais nada para se preocupar, ou onde as pessoas andem muito distraidas...

Não imagino os microrganismos que me devorarão, após a minha morte, a entrarem de pantufas no meu corpo e a comerem-me de “faca e garfo”, ou, a pouparem-me embalsamando-me, só porque sou humano. Nem tão pouco pedirei para ser cremado, o meu corpo cumprirá a função de servir a natureza na roda da vida.

João, disse...

(Continuação)

Os falsos moralismos apoquentam-me, e não consigo ficar calado. Não tomo partido pelo porco, nem pelo elemento da GNR (a quem os tais moralistas olvidam o nome), critico a instituição e o superior hierárquico que manda levantar um “Inquérito” por uma palermice destas, tendo por base princípios e valores que estão para além da minha compreensão. Mas aceito as minhas limitações.

Por fim deixo-lhe para reflexão algumas coisas que fui lendo por aí, e com as quais concordo:

Rui Rocha:

a) O Tribunal de Penafiel condenou um soldado da GNR local, já cadastrado e com outros processos pendentes, ao pagamento de uma multa de 560 euros por ter agredido um arrumador de automóveis dentro do posto policial, refere a Lusa.

b) Um agente da GNR de Viana do Castelo foi condenado, ontem, a 90 dias de multa, à taxa de seis euros por dia, e ao pagamento de uma indemnização de 750 euros, por uma agressão a uma mulher, num campo de futebol, em Darque.

c) O pontapé no porco que andava fugido na A1, em Alverca, há pouco mais de uma semana, na sequência de um acidente, pode valer uma punição até 120 dias de suspensão e respectiva retenção no salário. Essa é a medida disciplinar mais grave que o militar arrisca, caso o processo de averiguações conduza a um processo disciplinar em que seja condenado.

Temos então que a integridade física de um arrumador vale 560€. A de uma mulher um pouco mais: 540€ de multa mais uma indemnização de 750€. Por seu lado, tendo em conta que o salário mensal de um soldado da GNR pode superar os 1.000€, a integridade física de um porco pode valer mais de 4.000€. Isto é, quatro vezes mais do que a de um arrumador e duas vezes mais do que a de uma mulher. Ou muito me engano, ou chama-se a isto subir na cadeia alimentar.”


Helena

1. Hitler (e muitos outros dos seus carrascos) era vegetariano e adorava a sua cadela Blondie (Eva Braun tinha tantos ciúmes do pastor alemão que sempre que podia lhe pregava um valente pontapé debaixo da mesa). De tal forma o ditador apreciava animais que acreditava mesmo que os cães podiam falar (não, não é anedota). Talvez seja pouco conhecido que Hitler apoiou a chamada Tier-Sprechschule ASRA , próxima de Hannover , onde cães e gatos eram treinados para "falar". Segundo o relato de um investigador britânico, Jan Bandeson , um dos cães (de raça Dachshund ) desta escola terá aprendido a dizer: mein Führer ".

É um dos paradoxos mais cruéis do século XX, enquanto os cães alemães iam à escola para "aprender a falar" milhões de pessoas viram ser-lhe gravado no pulso a negação da sua humanidade. Recordo as palavras de Primo Levi , prisioneiro 174 517, "exactamente porque o Lager (campo de concentração) é uma grande máquina de nos reduzir a animais, nós não devemos tornar-nos animais".

Desculpe alguma da minha rudeza, mas não posso fugir a ser um mero animal humano...

Profª Isabel Ludovino disse...

Assim, estamos perfeitamente de acordo. Concordo com tudo o que disse no seu contraditório - questionando como se chega a esta dimensão de tal caso, neste país, e defendendo respeito para com os animais - não sou extremista nesta questão mas defendo o respeito para com todos os seres vivos - que aliás mostrou estar bem patente na sua vivência. Lamento se o entendi mal no comentário a este facto, "não facto".

Profª Isabel Ludovino disse...

Só gostaria de deixar mais uma pequena nota - eu não faço, nem defendo falsos moralismos.
Acredito veementemente em tudo o que defendo.
E não me ofendeu - não sei porque referiu tal - estes espaços são criados para partilhar/discutir ideias, mau seria se assim não fosse, portanto esta troca de opiniões foi saudável, não ofensiva!

João, disse...

Da minha parte também estou totalmente de acordo, no que toca à partilha e discussão de ideias, e fico-lhe grato pela sua participação neste espaço. Numa época em que tantos se escondem é salutar.

Apareça sempre que quiser e disponha.