quarta-feira, 25 de julho de 2012

II Encontro da Família Bugalhão (21/7/2012)

Era uma vez um moleiro chamado José Bugalhão que nasceu por volta de 1850. Casou com Teresa Gonçalves (Raposo), que terão nascido e residido em Pego Ferreiro – Santo António das Areias...


(Foto de Família dos participantes)


(Os manos: Francisco, Joaquim e João)


(Sobrinha Teresa com ti Emília)


(O Patriarca Francisco)

(Joaquim e Rita: Quase um século os separa)


(Joaquim e os seus 8 filhos)


(As manas Fernanda e Mª Teresa)

(São, Manuela, Tó-Zé, Felismina e Sandra)


Um pouco de ficção e de história, em memória de Francisco Gonçalves Bugalhão (1877 -  1953)
Por joão Bugalhão

Capítulo I

"Janeiro, é por natureza, um mês feio para os urbanos por causa da chuva. Mas um mês fundamental para aqueles que vivem nos campos, e que ainda sabem avaliar os favores do tempo.

Não nos dias que correm, onde as chuvas já pouco importam, mesmo aos rústicos, pois como todos sabemos, o cultivo já teve melhores dias, pelo menos neste país de sol e praia. No entanto, sempre que ocorre um inverno mais seco e uma primavera um pouco solarenga, quando chega o estio, e nos vemos ameaçados com a amofinação de não nos podermos banhar diariamente à grande e à francesa, lá se lembram os das cidades, que talvez não tivesse sido boa ideia terem andado a exaltar, que tinha sido bom o tempo do inverno, só porque não choveu.

Não foi o caso deste ano de 1920, pois que, dos quinze dias que este primeiro mês já leva decorridos, ainda não parou de diluviar. Até parece, que o poder divino se esqueceu de que há pobres que precisam de ganhar o sustento, que não têm uma seara nas costas, que pouco têm com que se cobrir, a não ser, o colmo dos seus casebres à noite, e a copa de alguma árvore durante o dia.

Acordou Teresa, mulher do moleiro, um pouco enjoada, não sabendo se, por noite mal dormida, ou porque terá chegado o dia de parir o ser que em si vem gerando há cerca de nove meses.

Xico, assim se chamava o moleiro do Pego Ferreiro, havia chegado a casa, quando já anoitecia, depois de mais um dia de freguesia, na distribuição dos talêgos de farinha, pelos muitos fregueses por onde haviam passado há duas semanas atrás a recolher o grão, que lhe dera origem.

Como de costume, chegava amontado no seu Macho preferido, que sabia o caminho da casa de cor, trazendo em fila indiana, uns presos aos outros, a sua vasta frota de tires muares. E também como era hábito, era elevada a taxa de alcoolemia que circulava nas suas veias e artérias. Proveito do seu bom trato com muitos dos amigos fregueses, que se orgulhava de ter.

Tivessem os vigias daquela época, efectuado uma daquelas operações de fiscalização e propaganda, tão na moda nos tempos de hoje e, certamente, o moleiro teria que recorrer aos préstimos dos confrades de então do seu vindouro bisneto Mário, senão quisesse ver a sua concessão de condução de machos e mulas confiscada, para além da elevada coima que lhe assentariam.

Sempre o vinho teve nomeada de tornar as pessoas mais inconscientes e belicosas, sobretudo se ingerido em quantidades exageradas, mas não era esse o efeito produzido com o moleiro Xico Bugalhão. Pois, parecia que quanto mais bebia, mais os seus humores pareciam benfeitorizar.

Só que Teresa, diga-se como quase todas as mulheres, sobretudo se de esposas se tratar, é que parecia não estar pelos ajustes. E ainda o moleiro não se havia apeado do seu anjo muar, e já ela irrompia em desmedido pranto, maldizendo e amaldiçoando o precioso néctar, e desejando que este já se tivesse esgotado…, ao que o moleiro respondia com o seu costumeiro humor: eu bem tento… mas, tu não me ajudas!

Mas em simultâneo, talvez guiada por inspiração religiosa matrimonial, lá o ia amparando até junto do lume que sempre crepitava na chaminé, para que este pudesse enxugar, em próprio corpo, a roupa ensopada da rega que tinha apanhado.

Enquanto Teresa e a filha mais velha Joaquina, procediam à acomodação da frota dos tires muares nas respectivas quadras, e ainda mal o moleiro se havia acomodado junto ao lume, já as suas duas filhas mais novas, Marizei e Genoveva a quem chamavam Conceição, se lhe atiravam para o colo, pois já sabiam que aquele serão seria longo e de muitas histórias e cantilenas.

Sabemos hoje que muitas das estórias e cantilenas infantis, mais não são que uma maneira graciosa de nos moldar social e culturalmente e, não raras as vezes, se profere que são verdadeiras e ardis estratégias de instrução sexual. Assim se diz do capuchinho vermelho, da gata borralheira, da branca de neve e sete anões, da carochinha e de outras agora mais hodiernas…

Não podemos extrapolar se seria essa a reflexão pedagógica do moleiro Bugalhão. Tenhamos em conta que eram duros aqueles tempos, tais como os de hoje, em que costumamos dizer que nem tempo temos para nos aliviar de fluidos produzidos pelo organismo ao longo do dia, tal o frenesim em que nos obrigam a viver.

O facto é que quando Teresa, a mãe, e Joaquina, a filha, se preparavam para entrar em casa, depois de cumprida a sua missão de arrumadoras, e sem que lhes tivessem dado qualquer gorjeta, puderam ainda ouvir o final da cantilena com que o moleiro mimoseava as filhas mais novas:

“…encontrei maria a cagar/ p´ra cima de uma travessa/ botê-lhe a capa p´ra cima/ maria caga depressa”…

Ficou Joaquina mais escarlate que o rubro do pendão português, então recentemente criado, e Teresa à beira daquilo a que futuramente se chamaria, um carga de nervos! Tal o baque sofrido por Teresa ao ouvir tal linguajar para as duas inocentes, que desatou novamente no carpido interrompido e vociferando contra a sua desditosa vida: "este homem desgraça-se a ele e a mim…, que não me leva o Senhor, deste mundo, etc., etc.…"

Levou Xico algum tempo a reagir ao aranzel da mulher. Mas, esta última oração parecia-lhe cair mesmo a propósito. Levantou-se, pousando Marizei com todo o afecto sobre o banco em que antes se encontrava sentado, e dirigindo-se à mulher pegou nela ao colo embaraçada e, tropeçando, dirigiu-se para o quarto contíguo, deitando-a sobre a tosca coberta que cobria a enxerga.

Depois, calmamente, dirigiu-se à mesa da sala, onde jaziam dois redentores em poses de via-sacra e, pegando-lhes com o apreço divino que tais estaturas mereciam, foi colocá-los, um de cada lado da mulher, verbalizando: "... vá Teresa, com qual queres ir para o céu? Com este, ou com aquele…? À entrada da porta Joaquina, já uma mulherzinha e as duas petizas, riam às gargalhadas. Viu-se a mulher do moleiro naqueles preparos e ante tal cena, sem se saber muito bem por quê, desatou também a rir…e, de repente sentiu uma dor intensa, como se algo se lhe arrancasse interiormente. Depois dessa, outras se seguiram, cada vez mais violentas.

Não cantarolava já agora o moleiro. Num impulso tinha pegado nos dois cristos e sem saber muito bem o que fazer, como sempre acontece aos homens nestas situações, andava de cá para lá com os ditos nas mãos, talvez, quem sabe, suplicando por uma boa hora…

Valeu-lhe a chegada de sua mãe, Teresa Gonçalves, chamada com urgência por Joaquina. Sempre as mães nos chegam nas horas certas e de apoquentação, sobretudo àqueles, que ainda têm a ventura de as ter.

Pouco faltava para a meia-noite, quando a avó Teresa, conseguiu retirar com vida das entranhas de sua nora, o segundo filho varão do casal de moleiros, que seria o único, pois o primeiro havia falecido da lua entripal, e a partir daí só germinariam filhas: Maria a que todos conheceram por Júlia, Luísa e Emília de uma só vez, e por fim Vicência.

Há horas de sorte na vida, tal como foi o caso da natividade desta criança; o ter nascido viva e sem deixar sequelas em sua ascendente, numa época em que a mortandade infantil e materna, não era aquilo que é hoje, pois quase sempre, o balanço entre vivos e mortos, quase se igualava a zero.

Teve sorte este moço, ao nascer vivo e valente, para as noites de geada e maresia que iria passar no futuro ao relento, certamente influenciado pelas práticas de preparação para o parto usadas por seu pai. Ou talvez, quem sabe, devido a alguma jura feita aos redentores, na hora da aflição.

Está agora ao colo de sua avó Teresa Gonçalves, mulher fumadora e boémia, de quem se diz, frequentar tascas e tabernas da época, para jogar a bago com os competidores masculinos e, claro, beber uns copitos. Onde seu marido, Zé Bugalhão, levava as crianças, que ficava a velar em casa, para que ali mesmo, fossem aleitadas. Pode por agora usufruir esse colo e, simultaneamente, da primeira cantilena que esta lhe vai cantando:

“…ai pirroli, pirroli, pirroli/ ai pirroli, pirroli, pirrolé…/ se não queres chocolate, nem aguardente/ bebes café”.

Um mês após este nascimento, e aquando de mais uma distribuição de farinha pela freguesia, apresentar-se-á, o moleiro, no registo civil de Santo António das Areias, dizendo que lhe nasceu um filho e que se chamará Manuel…"


Capítulo II

"Ao longo dos tempos, sempre se disse que um dos melhores ofícios era o de Cantoneiro. De quem se diz, com maleficência claro, só se verem trabalhar quando alguém passa na estrada, sem nunca se referir, no entanto, se o transeunto se fará transportar de veículo motorizado, ou circule simplesmente gastando as solas dos sapatos ou, montado em animal de quatro patas.

Se de veículo a motor se tratasse, quão bela seria a vida que Xico Bugalhão levaria como Cantoneiro assalariado da autarquia marvanense, seu primeiro ofício,  naquele final de século dezanove de 1895. Pois constava, que há apenas alguns dias havia chegado a Portugal, vindo de terras de França, o primeiro panhard & levassor. Do qual se dizia, que a sua primeira façanha, teria sido a de atropelar um incauto burro, que pastava sossegado nos campos do Alentejo.

Dizia-se ainda que, como lhe não haviam inventado buzina, certamente por isso, não pôde o quadrúpede ser avisado, começando o seu condutor, o senhor conde de avilez, aos gritos de: “arreda…arreda”, só que, não estando o competidor habituado a linguagem tão erudita, não percebeu, o que lhe seria fatal.

Contribuiu este facto, para que antes de tal invenção humana fosse baptizada de automóvel, carro, viatura, auto, popó, carriola, bate-latas, caranguejola, veículo, geringonça, automotor, ripolam, charrueque, calhambeque, carripana, bolinhas, etc., fosse o seu primeiro nome em terras lusitanas, o de “máquina do diabo”. Certamente, por ter atropelado o nobre animal, que no estábulo sagrado havia amornado aquele que seria cognominado como filho de deus dos cristãos, após ter alombado com sua mãe, da Galileia até Belém.

Xico Bugalhão era o segundo filho de José Bugalhão e Teresa Gonçalves (a já referida progenitora que, amamentava os filhos no intervalo de uma jogatana de cartas em plena "tasca"), o qual terá vindo ao mundo em meados dos anos setenta do século XIX. Quis o destino, que o seu primeiro ofício fosse de Cantoneiro de estradas do município, se tal se podia chamar às míseras carreteiras de terra batida que atravessavam o concelho de Marvão naquela época, onde ainda não havia chegado o alcatrão. Matéria preciosíssima no futuro, sobretudo, quando autarcas candidatos pretenderem ganhar eleições, lançando essa massa preta para os olhos dos ingénuos eleitores.

Não se fez velho nesta ocupação o Cantoneiro, pois como já sabemos de episódios anteriores, o seu futuro será o de contribuir para transmutar grão em farinha, do qual se fará muito do pão que matará a fome a estas gentes. Mas não se pense, ter sido por falta de predisposição para o remanso de que este ofício é apelidado, que Xico resolveu mudar de ramo, pois não terá sido esse, o fundamento. Aliás, não terá sido apenas um, mas dois os motivos relevantes a influenciar o processo de tomada de decisão, do futuro moleiro.

O primeiro motivo, já o havíamos aportado em episódios precedentes, que era a circunstância de nunca ter lidado bem com essa situação funcional, que é a de ser-se trabalhador por conta de outrem. Mesmo que esse outrem seja uma entidade abstracta, como é o caso do Estado, seja ele o central, ou o local como era a circunstância.

E bem podemos afirmar que esta imaterialidade, nunca terá tido uma aplicação tão adequada já que, há mais de um mês, os representantes locais marvanenses desse Estado, logo, os patrões do futuro moleiro, haviam abandonado as suas funções e responsabilidades, para as quais haviam sido “meio-escolhidos” “meio-nomeados”, e tinham ido às suas vidas, despedindo-se à espanhola, pois o governo regenerador do ribeiro, por decreto, os havia mandado às urtigas sem outra justificação que não fosse, a de os considerar incapazes, e meros gastadores dos poucos dízimos gerados por uma gente de desventurados e pelintras.

Para além desses predicados que o regenerador ribeiro utilizou, para destituir a legítima vereação municipal do magalhães, e extinguir concomitantemente o concelho de Marvão, integrando-o no de Castelo de Vide; dizia-se por estas bandas, à boca-pequena, que estes haviam sido ainda burlados pela oposição progressista do frenético (frederico) laranjo, ao prometer-lhes que estivessem sossegados em suas casas, que não levantassem ondas e, mantivessem na ordem as ingénuas e boas gentes marvanenses, que ele se encarregaria de os incluir na vereação futura do município castelovidense, logo que o seu partido ocupasse, por rotatividade, o poleiro da vila judaica. Só que tal nunca veio a suceder, porquanto os regeneradores, no poder, não estavam para aí virados, e como de costume, não cumpriam o acordado com o citrino.

O segundo motivo, tinha razões mais objectivas e menos filosóficas. Tinha pois a ver com uma das maiores pragas sociais de sempre desde que o mundo é mundo, ou pelo menos, desde que os romanos haviam passado a pagar aos seus colaboradores em sal, os serviços por estes prestados, denominando pomposamente, tal facto, de “salarium argentum”. Termo esse, que viria a ser reduzido pelos portugueses, abreviadamente, para salário.

E no reduzir é que estava o problema. Aliás, nem era bem o reduzir, até se poderia afirmar, com mais propriedade, que seria o reduzir à fórmula ínfima, isto matematicamente falando, e, o termo exacto era suprimir.

E com salários suprimidos, ou melhor, como se dizia por ali, jornas em atraso, já o Cantoneiro Xico Bugalhão leva quase cinco meses, sem que lhe seja dado a ver a cor do dinheiro para as sopas. Julho, Agosto e Setembro, quando o empregador ainda era o município de Marvão. Outubro e o que resta do mês de Novembro, cujas responsabilidades têm que ser imputadas aos de Castelo de Vide; que, apesar de se andarem por aí a gabar em discursos pacóvios, como foi o caso do pinto sequeira, o de ter sido um grande melhoramento a integração do concelho vizinho, o facto é, que continuou a não cumprir com as suas mais elementares obrigações, como seja as de pagar o tal salarium argentum aos seus empregados. Apesar de ter retirado dos cofres da Câmara de Marvão a quantia de um conto de réis, quantia que, naquela época, seria mais do que suficiente para saldar as jornas com esta gente trabalhadora.

Como já foi contado, andaríamos por essa altura, em meados do mês de todos os santos, menos o de são receber. E o Cantoneiro Xico, com outro seu camarada de ofício, estavam a endireitar as suas cruzes, depois de terem debelado, mais uma das valetas feitas pelas chuvas, na carreteira entre a Portagem e a sede do finado concelho de Marvão, perto do lugar das Ferrarias, quando repararam, que se acercava deles um grupo com cerca de uma dezena de cavaleiros a trote em suas cavalgaduras.

Arrazoavam alto, quase aos berros, com uma pronúncia estranha de ilhéus, e puderam os dois marvanenses ouvir claramente, um dos valetes a dizer para o do cavalo baio, de que não havia mesmo qualquer dúvida, que estes marvanenses estavam mesmo satisfeitos por pertencerem ao concelho de Castelo de Vide, e que tal como ele havia referido, para que constasse nos tempos futuros, tudo corria na melhor ordem e sossego. Bastava ver a consideração que revelaram estes dois trabalhadores, que até se puseram em sentido, assim que nos viram aproximar.

Ao ouvir tal arengo, questionou Xico Bugalhão o seu camarada, sobre quem seriam tais figurões? E o que fariam por estas terras esquecidas?

Ao que aquele respondeu:

- Atã…ò Xique, sã os nossos noves patrõs. Aquele éi o presedente da cambra de castel`vide, ô sequêra da costa, …e o papagai falante éi o secretare d`ele, andão nas elêçõs. Mas…os mal creadons, nein nôs desserem bom dîia, nein tã pouque q’ando nos pagavão…

Está agora Xico Bugalhão, ainda com a picareta na mão, olhando os facínoras judeus a afastarem-se velozmente.

As palavras do seu consorte de desventura, começaram a revoltar-lhe as entranhas e, atirando o seu utensílio de trabalho, violentamente contra a sebe, lá foi andando e dando conta de sua deliberação, para que também constasse em tempos futuros:

- A partir desse dia, não trabalharia durante toda a sua vida, para mais cabrão nenhum, nem que tivesse que expirar à fome…arre cos pariu!

(e assim cumpriu até final dos seus dias...)

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Uma sonda pelas "nalgas adentro"...

Enfermagem ou limpeza, o preço à hora é quase o mesmo

Como se pode ler aqui, "... os enfermeiros que aceitem trabalhar nos Centros de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, receberão apenas mais uns cêntimos do que um empregado de limpeza."

Não se trata de qualquer depreciação a quem trabalha em limpezas, actividades tão dignas como qualquer outra, mas antes, a vergonha a que chegaram alguns empresários da treta. Com um Estado que devia regular a nada fazer, e, ainda incentivar; numa área que deveria ser considerada “nobre”: os cuidados de saúde!

Contra esta rebaldaria, só me apetece alvitrar uma coisa a todos os Enfermeiros. Cada vez que um dos responsáveis por estes malefícios precisem dos vossos cuidados, programem uma das seguintes actividades:

- Algaliem-nos, passando primeiramente a algália (em vez de gel anestésico), por areia fina (em alternativa sal grosso);
- Ou como diz o Ricardo Araújo Pereira, metam-lhes uma sonda anal pelas "nalgas adentro"!