quarta-feira, 28 de julho de 2021

Aí está a triste realidade!

De acordo com o Censos 2021, o distrito de Portalegre perdeu em 10 anos, 11,4% da sua população, isto é, cerca de 13 500 habitantes. Somos agora apenas cerca de 104 989 almas, supondo que todos a tenham ainda!

Desde 1950, como se pode ver no Gráfico em baixo, o distrito perdeu metade da sua população.

Na última década, o concelho que mais percentagem de população perdeu, foi o concelho de Nisa: 1/5 da sua população perdida! em 10 anos são menos 1 500 habitantes. Seguem de perto, os concelhos de Gavião e Fronteira que perderam, respectivamente, 18% e 16%.

No polo oposto, os que menos população perderam, estão os concelhos de Campo Maior e Ponte Sôr, com 5% e 9%. Até o concelho de Campo Maior, que nos últimos Censos tinha sido o único concelho do interior a ganhar população perde agora, na última década, cerca de 400 habitantes.

O concelho de Marvão, está agora à beira de ter menos de 3 000 habitantes, se é que não os atingiu já, com a mortalidade que por aí anda! E destes 3 000, quando forem revelados os habitantes/grupo etário, verificaremos que perto de 35% são pessoas com mais de 65 anos, isto é, cerca de 1 050 habitantes. O que quer dizer, que nos próximos 10 a 15 anos, também partirão para outras paragens. E a natalidade, ou qualquer outro fenómeno, continuam a dar mostras de não se alterarem.

Agora, que a 26 de Setembro, vêm aí novas eleições autárquicas, seria bom que os candidatos tivessem em conta esta triste realidade. E não nos venham com bandeiras de incentivos à natalidade, porque já deveriam ter concluído há muito que isso não resulta.

Este é o principal problema dos vossos concelhos e não se deve ao covid.

Estudem e apresentem soluções credíveis e diferentes das que andaram a aplicar até agora porque, simplesmente, não resultaram.


      Fonte: https://ine.pt/scripts/db_censos_2021.html





segunda-feira, 26 de julho de 2021

Ponto de Situação da pandemia em Portugal a 25 de Julho de 2021


Finalmente, e pela quarta vez em ano e meio, a “besta” baixou a cabeça.

Ao fim de 3 meses em ascensão (desde 10 de Maio), a curva de testes positivos  da covid 19, teve menos 337 casos do que na semana anterior. Embora e se analisarmos com mais cuidado, podermos considerar, que mais uma vez, foi ao fim de 6 a 7 semanas, tal como nas investidas anteriores, que a “bicha” iniciou o seu percurso descendente. Possivelmente, a verdadeira ascensão, só se iniciou a 7 de Junho, como se pode observar no Gráfico em baixo.

No entanto, de algumas coisas podemos ter certeza. Desta vez a descida não se ficará a dever, a algumas das medidas mais emblemáticas deste governo, tais como:

- Estados de emergência à la carte;

- Confinamentos da treta;

- Ou uso das caraças do medo (não confundir com medo do caraças, esse existe mesmo!).

Seria agora importante que, a nossa DGS, não se fixasse apenas no nº de casos, mortos, Rts, e hospitalizações. Numa altura em que se começa a anunciar uma taxa de vacinação suficiente para nos conduzir próximo da tal imunidade de grupo anunciada, seria importante que, juntamente com esses indicadores, e com a finalidade de convencer e estimular os indecisos da vacinação, a DGS nos informasse sobre:

- Dos novos casos diários quantos tinham as 2 doses de vacina?

- Dos mortos diários quantos tinham as 2 doses de vacina?

- Do nº de hospitalizados e em UCI quantos tinham as 2 doses de vacina?

Na mortalidade geral, quantas pessoas tinham feito vacinação (anti covid) há menos de 6 semanas?

Caso os dados sejam convincentes, não haveria melhorar forma de convencer e impulsionar os indecisos. Era como matar 2 coelhos de uma só cajadada!

Porque será que não o fazem? Será assim tão difícil?



 

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Ponto de Situação da pandemia em Portugal a 18 de Julho de 2021

Na semana que terminou a 18 de Julho de 2021, e face à semana anterior, voltou a registar-se um aumento muito significativo de todos os indicadores que aqui monitorizamos. A besta continua a teimar em não baixar a cabeça.

- Na última semana registaram-se em Portugal 22 711 testes positivos à covid 19, mais 3 795 casos do que na semana anterior;

- Nos últimos 14 dias registaram-se em Portugal 404 casos/100 000 habitantes; mais 76 casos do que há uma semana;

- A média da última semana foi de 3 244 casos/dia; mais 542 casos/dia que na semana anterior.

- Ao dia 18 de Julho encontravam-se internados 805 pessoas; mais 233 internamentos do que há uma semana.

- Os internamentos em cuidados intensivos no dia 18 de Julho eram 176 internados; mais 23 do que há uma semana.

- Durante a última semana registou-se um total de 59 óbitos associados à covid. Mais 15 que na semana anterior.

- A Taxa de Positividade, que mede a percentagem de testes positivos encontrados, foi de 4,9 %. Isto é, por cada 100 testes efectuados, praticamente 5 deram positivo.

- No período de 10/7 a 17/7 realizaram-se em Portugal cerca de 512 000 testes, que de grosso modo, correspondem a cerca de 51,2 milhões de euros de custos aos contribuintes portugueses.

No Quadro que se se segue apresento a evolução destes Indicadores nas últimas 6 semanas:


    Quadro de minha autoria. Dados da DGS

No Gráfico que se segue, podemos verificar que, a curva de testes positivos de covid 19, está a crescer há 10 semanas consecutivas. Nas vagas anteriores, esse período de crescimento, nunca foi superior a 7 semanas, o que quer dizer que, esta vaga, está com um desenvolvimento diferente das anteriores. Ou então, nas primeiras 4 (entre 10 de Mai. e 6 de Jun.) não as devemos contar, já que esse aumento foi muito residual e, só a partir de 7 de Junho é que devemos contar com ascensão da dita. 



 Gráfico de minha autoria. Dados da DGS

domingo, 11 de julho de 2021

Ponto de Situação da pandemia em Portugal a 11 de Julho de 2021


No meio desta “trapalhada” toda, esta semana, senti-me um pouco vaidoso. O meu amigo António Garraio presenteou-me com este artigo do Professor Mário Cordeiro, pediatra e especialista de saúde pública, que desempenhou funções na DGS. Embora já aposentado, é um dos médicos mais respeitados em Portugal, sobretudo na área da pediatria, e que em tempos, a sua obra, me serviu de base teórica para um trabalho de investigação que realizei na área da saúde infantil.

No princípio fiquei um pouco desconfiado, porque o meu amigo Garraio, possuidor de um génio muito próprio, às vezes tenho dificuldade em acompanhá-lo e saber aonde ele quer chegar. Cheguei a pensar que me estava a remeter para que lesse e aprendesse com quem sabe, em vez de andar, por vezes, a mandar  para aqui umas postas de pescada.

Mas não, desta vez o “artista” Garraio, estava numa positiva. Ao ler o artigo, concluí que os números e os quadros que aqui venho publicando (que ele diz que me dão volta à cabeça), afinal estavam perto do que o Professor Mário Cordeiro acha que deviam ser os indicadores essenciais para avaliar esta fantochada que todos os dias nos bombardeiam, a saber:

- Taxa de mortalidade imputada ao covid 19;

- Nº total de doentes internados;

- Nº de doentes mais graves internados em cuidados intensivo;

- Taxa de positividade encontrada, face ao nº de testes efectuados;

- Taxa de vacinação, sobretudo da população mais vulnerável.

O resto? Bem o resto é treta, para embalar leigos em estatísticas e epidemiologia e espalhar o medo para reinar. Leiam o artigo.

   

Na semana que terminou a 11 de Julho de 2021, e face à semana anterior, voltou a registar-se um aumento muito significativo de todos os indicadores que aqui monitorizamos. Como facto positivo a registar, nos últimos 4 dias, o nº de testes positivos têm vindo a diminuir consecutivamente: 3.285 (Quarta); 3 269 (Quinta); 3 194 (Sexta; ) 3.162 (Sábado); e 2.323 (Domingo). Isto poderá ser um bom sinal.

No entanto, a “covidagem” não pára de nos infernizar a moleirinha: “que os casos não param de aumentar, que para a semana teremos 4 000 casos/dia (diz a Marta), que estamos à beira da ruptura nos cuidados intensivos com 150 internados (em Fevereiro chegámos a ter mais de 1 000 e aguentámo-nos, agora com 1/10 é o ai jasus), para ir aos restaurantes temos que ir de coleira e, quando toda a Europa está a abolir a caraça em espaço público, a vovó da DGS (por quem perdi o respeito que lhe tinha) diz que por cá, no mínimo, será para usar até Setembro: faz-me lembrar o filho da outra na tropa: "iam todos com o passo trocado..., só o meu filhinho é que vai certo";  e, não fosse a vacina “vieira”, esta semana teria sido o apocalipse.

Pobre país, que bestas destas te dirigem!

Até apetece dizer que vão todos à m****, que já chega de tanta parvoíce. 

Enfim vamos a coisas sérias.

   

Como podemos observar no Quadro em baixo:

- Na última semana registaram-se em Portugal 18 916 testes positivos à covid 19, mais 4 375 casos do que na semana anterior;

- Nos últimos 14 dias registaram-se em Portugal 328 casos/100 000 habitantes; mais 92 casos do que há uma semana;

- A média da última semana foi de 2 702 casos/dia; mais 625 casos/dia que na semana anterior.

- Ao dia 11 de Julho encontravam-se internados 672 pessoas; mais 105 internamentos do que há uma semana.

- Os internamentos em cuidados intensivos no dia 11 de Julho eram 153 os internados; mais 25 do que há uma semana.

- Durante a última semana registou-se um total de 44 óbitos associados à covid. Mais 16 que na semana anterior.

- A Taxa de Positividade, que mede a percentagem de testes positivos encontrados, foi de 2,8 %. Isto é, por cada 400 testes efectuados 11 deram positivo.

- No período de 25/6 a 1/7 realizaram-se em Portugal cerca de 406 796 testes, que de grosso modo, correspondem a cerca de 405 milhões de euros de custos aos contribuintes portugueses.

No Quadro que se se segue apresento a evolução destes Indicadores nas últimas 6 semanas:


Quadro de minha autoria, dados da DGS

No Gráfico que se segue, podemos verificar que, a curva de testes positivos de covid 19, está a crescer há 9 semanas consecutivas. Nas vagas anteriores, esse período de crescimento, nunca foi superior a 7 semanas, o que quer dizer que estamos perante uma fase de desenvolvimento diferente das anteriores vagas.

Esperemos que na próxima semana, se continuar a verificar-se descida nos casos, como a verificada nos últimos 4 dias, a dita comece a baixar a garupa. Ou então, teremos aí os tais 4 000 casos/dia.

A ver vamos como diz o cego!


    Gráfico de minha autoria, dados da DGS

terça-feira, 6 de julho de 2021

O “país do Costa” versus outros países. Ou o Costa, no país dos medrosos

 

Costa e o PS encontraram a formula perfeita para governarem sem problemas, nem oposição: Difundem-se umas pseudoverdades, convidam-se uns compadres cientistas para dizerem umas baboseiras, mete-se dinheiro numa comunicação social falida e que faz dinheiro com o negócio da pandemia, “amandam-se” para o ar uns números que ninguém percebe, acusam-se de antipatriotas e, mesmo traidores, todos os que não alinharem na pantomineirice, dividem-se os portugueses entre bons (os que mijam pela pilinha do costa e pelo pipi da martinha) e maus (os que têm dificuldade em perceber tanta aldrabice e estão expectantes para ver o que isto dá), põe-se o mártir do Costa de quarentena depois de vacinado, etc., etc. Isto é, cultiva-se a estratégia do medo e divide-se para reinar. 

Agora é mais uma: enquanto toda a Europa desconfina, abole o uso da caraça da vergonha (até os nossos protetores e gurus bretões) em Portugal, fecham-se 4 milhões de portugueses em casa (para trabalhar podem sair, e andar em transportes superlotados, que o bicho só ataca na diversão e à noite), e manda-se a Constituição que juraram defender às malvas.

Isto quando morre mais gente na estrada (incluindo os atropelados pelo cabrita a 200 km/hora); noticia-se que os cuidados intensivos estão á beira da rotura com 135 internados, quando, em Fevereiro já lá tivemos 1 000 pessoas; e ai credo que podemos chegar aos 4 mil infectados/dia! Por isso portem-se bem, senão o papá Costa põe esta choldra  toda de castigo  e dá tatau no rabinho...

Entretanto, como uma imagem vale mais que mil palavras, olhem para estes 2 Gráficos e expliquem-me, muito devagarinho, o porquê de uns desconfinarem, abolirem as caraças e os outros confinarem e que andem mascarados até Setembro? Ou quem sabe, até o Costa emigrar...

Gráfico actualizadíssimo: 5julho de 2021


E já agora oiçam esta moça bonita e que não é a Lenka! Em Portugal também temos mulheres formosas e que falam...

segunda-feira, 5 de julho de 2021

O que eu vos quero dizer é que a “coisa” por aqui está ficando preta!

 Ponto de Situação da pandemia em Portugal a 4 de Julho de 2021

Na semana que terminou a 4 de Julho de 2021, e face à semana anterior, voltou a registar-se um aumento muito significativo de todos os indicadores que aqui monitorizamos e, no espaço de 1 mês, praticamente, triplicaram os casos semanais. Contrariamente ao que eu previ há uma semana, o cume desta 4ª vaga, parece ainda não ter sido atingido. Desta vez não acertei e, reconheço.

Como podemos observar no Quadro em baixo:

- Na última semana registaram-se em Portugal 14 541 testes positivos à covid 19, mais 5 115 casos do que na semana anterior.

- Nos últimos 14 dias registaram-se em Portugal 236 casos/100 000 habitantes (à beira dos 240); mais 69 casos do que há uma semana.

- A média da última semana foi de 2 077 casos/dia; mais 730 casos/dia que na semana anterior.

- Ao dia 4 de Julho encontravam-se internados 567 pessoas; mais 90 internamentos do que há uma semana.

- Os internamentos em cuidados intensivos no dia 4 de Julho eram 128 os internados; mais 12 do que há uma semana.

- Durante a última semana registou-se um total de 28 óbitos associados à covid. Mais 9 que na semana anterior.

- A Taxa de Positividade, que mede a percentagem de testes positivos encontrados, foi de 3,0 %. Isto é, por cada 100 testes efectuados 3 deram positivo.

- No período de 25/6 a 1/7 realizaram-se em Portugal cerca de 410 796 testes, que de grosso modo, correspondem a cerca de 41 milhões de euros de custos aos contribuintes portugueses.

No Quadro que se se segue apresento a evolução destes Indicadores nas últimas 6 semanas:


Gráfico de minha autoria. Fonte DGS

No Gráfico que se segue, podemos verificar que, a curva de testes positivos de covid 19, está a crescer há 8 semanas consecutivas. Nas vagas anteriores, esse período de crescimento, nunca foi superior a 7 semanas, o que quer dizer que estamos perante uma fase de desenvolvimento diferente das anteriores vagas.

Possivelmente, a razão do comportamento diferente desta 4ª vaga, face às anteriores, estará nas dificuldades que o vírus começa a enfrentar na sua progressão natural (muitas pessoas imunizadas), logo levará mais tempo a fazer o seu percurso e só depois iniciará a descida. Em perspectiva: esta onda terá menos casos semanais em comparação com a anterior, mas demorará mais tempo.



Gráfico de minha autoria. Fonte DGS

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Projectos de exploração de “terras raras” em Espanha versus aquisição de terrenos em Santo António das Areias!


(Leitura obrigatória para os marvanenses. Para não dizerem que não sabiam de nada)


Esta semana acompanhei com alguma atenção e curiosidade, o debate que se gerou na Assembleia Municipal de Marvão, acerca da aquisição de grandes áreas de terrenos no concelho, por empresas estrangeiras, que ninguém conhece por aquelas bandas. Logo que esses terrenos vão sendo adquiridos, os seus novos proprietários constroem altas vedações de arame, como se de campos militares se tratassem, onde nada entra ou sai. Têm chegado ao ponto de obstruir caminhos  (possivelmente públicos), calçadas medievais e até algumas linhas de água.

Este debate revelou-se tênue, pouco esclarecedor e espero que não seja apenas mais uma acção de pré-campanha, das eleições que se aproximam. No entanto, congratulo-me, pela primeira vez este processo ter merecido a atenção por parte de alguns Membros dessa Assembleia.  

Nos 15 anos que este processo leva de desenvolvimento, ali foram investidos por parte dessas empresas alguns milhões de euros, nomeadamente na construção dessas cercas, quer as de arame quer os largos quilómetros de muros em pedra. Estimo que essas empresas, actualmente, já tenham adquirido cerca de 10% da área total do concelho.

Apesar das poucas informações fornecidas por essas empresas e pelo poder político local e nacional, o que nos querem fazer crer é que o fundamento desses investimentos neste terrenos, serão para o desenvolvimento de projectos na área agrícola e florestal, alguma fauna exótica, e a construção de infra estruturas para a prática de desporto aventura (???).

No entanto, na área onde estes terrenos se situam, existem estudos feitos por universidades portuguesas no início deste século (como pode ver aqui), que revelam que ali se encontram alguns dos minerais mais procurados em todo o mundo, denominados “terras raras”. Neste caso é o Ítrio, um dos componentes do Xenótimo. Esses estudos revelaram que, em Portugal, é na freguesia de Santo António das Areias, que a existência dessa substância é mais frequente.

Sabendo nós que a existência destes materiais não tem fronteiras físicas entre países, o que sempre me intrigou, era se este fenómeno, não atravessaria o rio Sever e não se estenderia por terras do reino de Espanha.

Ora esta semana, através de uma amiga, chegou-me provavelmente a resposta. Num artigo publicado do outro lado da fronteira, acompanhado de um mapa, onde se mostra as zonas espanholas onde existem esses materiais. E onde podemos verificar que, adjacente ao concelho de Marvão, essas zonas que contêm as “terras raras” também existem do outro lado da fronteira. 


         Figura 1 - Terras raras na Espanha (Carlos Gamez)


Para conhecimento do que se está a passar por Espanha, deixo aqui o artigo completo (com tradução minha, que poderá não ser grande coisa), e o link para quem quiser ler em castelhano.


Respostas aos prós e contras do projeto de “terras raras” em Espanha, que pode ser "um dos mais ricos do mundo".

por JUAN MARTINEZ – NOTÍCIAS 26/02/2021

 

- A riqueza oculta da Espanha que pode posicionar-nos como uma potência tecnológica e automotiva.

- As consequências para a tecnologia se a China cortar exportação de terras raras: o preço dos smartphones pode subir?

- A China abana a economia global e ameaça limitar a exportação de terras raras: o que são e por que são "cruciais"?

Nos últimos anos, a preocupação com as terras raras cresceu na Europa: 17 elementos minerais amplamente usados na indústria de tecnologia e energia renovável (são usados para fabricar de tudo, desde telefones celulares a carros elétricos e turbinas eólicas). A UE identificou-os, junto com outros elementos como o lítio, como "materiais críticos" e promoveu sua busca em solo europeu.


Figura 2 - Utilização das Terras Raras


1 - Que consequências para a tecnologia se a China cortar terras raras: o preço dos smartphones pode subir?

O principal fornecedor mundial é a China. Um artigo na semana passada no Financial Times deu alarme ao revelar que o gigante asiático estava considerando reduzir a exportação de terras raras novamente, como havia feito na década anterior. Uma redução que pode afetar a indústria de tecnologia e que Pequim pode usar como arma em sua guerra comercial com os Estados Unidos.

Os especialistas consideram que a Espanha tem potencial nesses materiais. Na verdade, Ciudad Real mostrou que até agora era o único projeto no continente para extrair terras raras. Um projeto que foi interrompido pela Justiça por questões ambientais. 

2 - "Apenas um no mundo"

O projeto Matamula fica em uma área da região de Campos de Montiel, em Ciudad Real, entre os municípios de Torrenueva e Torre de Juan Abad, explica Enrique Burkhalter, diretor de projetos da Quantum, empresa que o promove, a 20 minutos de distância.


 Figura 3
Área quase definitiva para o projeto de terras raras do Campo de Montiel depois que o recurso da empresa foi negado


São 240 hectares que são atualmente terras agrícolas, sob as quais existe uma "jazida muito rica" em monazita (um fosfato), cujas análises revelaram ter altas percentagens de praseodímio e neodímio, dois elementos magnéticos de terras raras que são utilizados, entre outros, na fabricação de ímãs para carros elétricos e turbinas eólicas.

“Tem 30% de praseodímio e neodímio, o que é uma coisa muito rara, geralmente são 8% ou 10%””, diz Burkhalter. ”Este seria um dos depósitos mais ricos do mundo em praseodímio e neodímio".

Afirma ainda que o projeto “poderá suprir sem problemas as necessidades europeias de hoje, e cerca de 50% das necessidades previstas para 2030”.

 

3 - Mineração de transferência - A China abana a economia global e ameaça limitar as terras raras: o que são e por que são "cruciais"?

Após três anos de pesquisas na área, a Quantum decidiu solicitar a concessão da exploração em Matamula. A extração era para ser feita na superfície, com uma técnica chamada “transfer mining”, que não envolve o uso de explosivos.

“Há um pacote de terra e areia que tem concentrações de quatro ou cinco quilos de monazita por metro cúbico”, explica o geólogo. "É muito fácil de extrair porque tem apenas dois metros de terra, é como se estivesse cavando uma piscina."

“Você remove a camada superficial do solo para empilhá-lo e recolocá-lo depois, com uma simples retroescavadeira”, acrescenta. “Você simplesmente escava e leva o material para uma fábrica por meio de camiões ou correias transportadoras, você peneira com água e com métodos físicos em espirais, separa-se a parte densa, que tem a monazita, da não densa, e volta a terra, porque você tem quase o suficiente sobra quase tudo. Você retém cinco quilos e devolve 995".

Burkhalter garante que com essa técnica o solo permaneçe nas mesmas condições de antes. Acrescenta que a exploração dos 240 hectares seria feita em 10 anos à taxa de 24 por ano, e que nunca haveria mais de dois hectares abertos.

 

4 - Projeto negado

O representante da Quantum garante que a empresa fez um estudo exaustivo de impacto ambiental para garantir que a extração não afetaria o meio ambiente na área de exploração, que se situa entre duas áreas protegidas pela Rede Natura 2000, a rede ecológica europeia de proteção da biodiversidade.

No entanto, as autoridades da Junta de Castilla – la Mancha negaram a licença de exploração no final de 2017. Decisão da qual a empresa recorreu, mas que foi confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça daquela comunidade autônoma em sentença divulgada este mês.

As duas instâncias indicam que em suas decisões o projeto iria afetar a biodiversidade da área. Ressaltam que, embora a exploração da Matamula fosse ocorrer fora da área da Rede Natura, ela está localizada num enclave que funciona como um corredor ecológico para espécies de habitat.

“O projeto afetaria significativamente um espaço da Rede Natural 2000, e implicaria na fragmentação da conectividade ecológica dos núcleos da ZEPA [zona especial de proteção para aves], constituindo um obstáculo ao movimento das aves estepárias e demais faunas presentes neles”.

 

5 - Proteção ecológica

Este argumento do corredor ecológico também foi apresentado por outras organizações locais (uma comercial e outra agrícola) que apareceram como co-réus no recurso perante o tribunal, e que foram assessoradas pela Ecologis Ecologistas em Ação.

Elena Solís, coordenadora nacional de mineração da entidade ambientalista, afirma que naquela área de Ciudad Real havia até 10 projetos de mineração de terras raras em estudo, mas que várias empresas desistiram devido às denúncias apresentadas pelos Ecologistas en Acción. De momento, apenas o de Matamula veio solicitar a concessão da exploração.

Além da biodiversidade, destaca Solís, a região possui uma riqueza agrícola, evidenciada pela denominação de origem do vinho Valdepeñas e dos queijos Manchego. “Tiveram que chumbar [o projeto Matamula] porque além da riqueza agrícola, tinha toda a Rede Natura. Aqui é a reserva do lince, e tem uma série de cifras de proteção aos pássaros”.

 

6 - Movimento de terras

Solís também rejeita a explicação da empresa sobre a remoção de terras. Ressalva que devolver o terreno à sua localização original não iria deixá-lo do mesmo jeito.

“Os donos das terras afetadas não pensaram de forma alguma que fosse viável estacionar todas as safras e depois devolvê-las”, indica, “e que a terra que iam devolver seria aquela que estava no início, claramente não foi. Se assim for, essa terra é processada e destilada".

Além disso, ela estima que esse movimento de terras também causaria poluição do ar e deixaria resíduos como água ácida, que são muito difíceis de administrar.

“Neste momento as comunidades autônomas não sabem o que fazer com as águas ácidas que existem na Espanha, porque não podem se livrar delas”.

A este respeito, Burkhalter negou que a exploração planeada pudesse gerar águas ácidas: "A monazita é um fosfato e, portanto, insolúvel em água, os ácidos não podem ser gerados em nenhuma parte do processo de concentração."

 

 7 - "De interesse geral"

Não é o único ponto em que as versões da empresa e dos ambientalistas diferem. Burkhalter reclama que, embora um dos argumentos das autoridades fosse a proteção dos pássaros (a águia imperial mora na área) há um campo de aviação próximo, que ele considera mais prejudicial para essas espécies.

O representante da Quantum indica que o estudo de impacto ambiental realizado pela empresa ("o mais completo que se fez em Castilla-La Mancha até agora") teve cerca de mil páginas, e que a resposta das autoridades foi de apenas 25 folhas. No entanto, a decisão considera que a Diretoria demonstrou "exaustivamente" os motivos da negação da concessão.

Burkhalter acredita que projectos como o de Matamula (onde está previsto um investimento de 60 milhões de euros) devem ser "do interesse geral de Espanha”, porque representam uma opção para não continuar a importar estes elementos da China.

A empresa recorreu da decisão perante o Supremo Tribunal Federal, onde o geólogo acredita que obterá decisão favorável, por se tratar de um projeto "totalmente transparente" e por ter um "impacto ambiental compatível com o meio ambiente".

No entanto, espera-se que a resolução chegue em cerca de três anos. “Daqui a três anos vamos chorar porque esse projeto que ainda não começou”, diz o geólogo.

 

8 - "A Espanha e a UE estão erradas"

Pelo contrário, Solís considera que tanto os Governos espanhóis como a União Europeia estão "absolutamente" errados ao promover a procura de terras raras no continente, e que o argumento de que "temos de explorá-lo aqui na Europa se não, a China vai rentabilizá-lo".

“A UE engana-se, em vez de neodímio para ímãs na energia eólica, deve-se pensar em produtos ferrosos, e existem muitos mais”, e ressalta. “Ficou demonstrado que existe a possibilidade de substituir esses materiais, que são recursos não renováveis, por outros um pouco mais renováveis. Mas a UE e a Espanha não estão investigando o suficiente na substituição”.

A China continuará a ser o principal fornecedor de terras raras e este projeto não iria contribuir com praticamente nada.

O representante dos Ecologistas en Acción afirma que tanto Matamula como outros projetos na Espanha mostraram uma baixa concentração de elementos de terras raras. "Essa baixa concentração significa que este projeto não iria contribuir, ao contrário do que dizem muitos jornais, de forma muito significativa na quantidade de neodímio que é importado da China."

“A China continuará sendo o gigante, o principal fornecedor de terras raras, e esse projeto não iria contribuir com praticamente nada”, acrescenta. "Quando obtivemos alguns gramas de terras raras aqui, novos projetos não vão parar de se abrir globalmente."

Link da notícia: https://www.20minutos.es/noticia/4598524/0/claves-pros-y-contras-del-proyecto-de-tierras-raras-en-espana-que-podria-ser-uno-de-los-mas-ricos-del-mundo/