Retirado daqui. E se for verdade?
por Luís Naves
Um dos mitos mais curiosos dos
três anos de resgate coincidiu com a decisão do governo de aumentar o IVA da
restauração, com efeitos a partir de 2012. Na altura, a Imprensa repetiu à
exaustão a notícia da perda iminente de 120 mil empregos. Milhares de pequenos
estabelecimentos iriam à falência e a receita fiscal até seria perdida.
Ainda recentemente, no
parlamento, a oposição afirmava que o aumento do IVA da restauração provocara o
desaparecimento de 70 mil empregos. Não foi referida a fonte da informação e
ninguém contestou. Na internet encontram-se centenas de artigos sobre a
calamidade e basta falar com alguém na rua para ouvir sobre isto a sentença
imediata: foi mau terem aumentado o IVA da restauração e houve muitos
trabalhadores que perderam o emprego.
O mito é persistente e ninguém
na comunicação social se deu ao trabalho de observar os factos. Os restaurantes
continuam teimosamente abertos e repletos. E bastava comparar o número de
empregos no sector do alojamento, restauração e similares, ao longo de vários
anos, para perceber que o aumento do IVA não produziu nenhum colapso. Aliás, de
acordo com os dados do INE, não houve efeitos no emprego.
No quarto trimestre de 2009,
trabalhavam no sector 283 mil trabalhadores; no quarto trimestre de 2011,
quando foi tomada a decisão de aumentar o IVA para 23%, o sector empregava 281
mil pessoas; ora, dois anos mais tarde, no quarto trimestre de 2013, o número
total de trabalhadores no sector era de 299 mil. Em vez de cair 120 mil, o
valor até aumentou em 18 mil.
Sem comentários:
Enviar um comentário