Foi no ano
passado na noite de São João, andava o baile animado e eu todo engatatão! Fui
parar aos braços dela no meio da confusão, fitei-a lá bem nos olhos, não mais a
larguei da mão. Dançamos num rodopio, bebemos vinho e cerveja, acordámos manhã
alta nas traseiras duma igreja.
Ela disse: - Estou
quilhada o meu pai vai-me matar! E eu disse: - Está descansada, que eu vou lá
para o enfrentar.
"Tenho pena, mas sou um teso, nada tenho para te dar, a não ser um lume aceso para te abrasar..."
"Tenho pena, mas sou um teso, nada tenho para te dar, a não ser um lume aceso para te abrasar..."
Falei-lhe de
homem para homem, quais as minhas intenções: - Eu trabalho e sou honesto, mas
sem grandes ambições.
Ai, eu cá para a
minha filha quero alguém que tenha peso, não gastei tanto a criá-la para a vir
casar com um teso. Ela é boa na costura, e, sabe cozinha francesa, toda ela é
finura bom trato e delicadeza! Já ganhou um concurso do vestido de chita, queria
você um "Sem Curso", levar coisa tão bonita?
Disseste que eu
era demais, quase me chamas-te artista nas carícias dos portais, mas era tudo fogo-de-vista.
Hoje talvez nada te falte, “o teu homem é Doutor”, mas o teu olhar perdeu, daquela
noite, o fulgor!
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