Do melhor que li
sobre esta treta que é a selecção portuguesa de futebol. Rui Rocha, com o
brilhantismo do costume, resume, num episódio, as peripécias dos “benedictus” por
terras de vera cruz.
“Naquele tempo, vendo-se em grandes dúvidas
e apertos, Bento de Oviedo deitou cinquenta penas de sete galos negros do alto
de um barranco e logo se fez um remoinho que as levou em direcção a uma nuvem
que, se estava antes, ninguém a vira.
E a nuvem, fazendo-se boca e rosto humano,
logo ali sentenciou com graves palavras: levarás o André Almeida porque é ele o
eleito e está bem que seja assim porque é essa a minha vontade. E foram todos,
André Almeida e os outros, até aos confins das terras conhecidas. Sendo que
estes ficam exactamente em Manaus, ali onde começa a floresta mais impenetrável
para os homens, mas muito aquém do alcance da mão de Mendes.
E estando, de todos os que foram, apenas
onze em campo, ali André Almeida ficou coxo de pai e mãe. Vendo o sofrimento do
eleito, Bento de Oviedo ergueu as mãos e disse estas e não quaisquer outras
palavras, porque era essa a vontade de Mendes: levanta-te e anda. E o eleito
andou.
Sempre a passo, ainda mais de meia-parte,
sempre coxeando. E quando finalmente Veloso o substituiu, tendo duas pernas,
dois pés e um par de chuteiras, correu ainda menos do que o eleito, muito
apesar de não estar coxo nem andar coxeando."
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