António Costa, o do PS, visto por António Costa, jornalista
de Diário Económico.
A terceira via de António Costa
por António
Costa
"O putativo novo
líder do PS, pelo menos de acordo com a opinião publicada, vai ter de fazer
muito mais do que afirmar a paixão pelo crescimento económico e garantir que
essa é a terceira via, que o Governo não quer seguir, para resolver os
problemas do país.
A alternativa (?) de António Costa ao corte de despesa e ao aumento de impostos não é rica, nem gera riqueza, é pobre e, sem mais, só servirá para criar uma ilusão, a que nos trouxe até aqui.
António Costa
ainda não disse verdadeiramente ao que vem, e a participação semanal na
Quadratura do Círculo, as críticas a Pedro Passos Coelho pelo que faz e a
António José Seguro pelo que não faz, não chegam para construir uma
alternativa. Nem ao actual líder do PS, menos ainda ao primeiro-ministro.
Será, talvez,
importante, recordar a António Costa o que escreveu o Banco de Portugal ainda
esta semana: ""O reconhecimento por parte dos agentes políticos e
sociais da restrição [financeira intertemporal com que o sector público se
defronta] é fundamental para que o debate sobre opções de política se situe no
terreno do realizável e seja, por isso, um debate consequente". E qual é o
ponto de partida?
De um défice estrutural de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, e com base num conjunto, conservador, de variáveis, é preciso chegar em2019 a
um défice estrutural de 0,5%, o limite do Tratado Orçamental, qual seria,
afinal, o nosso esforço orçamental: de acordo com as contas do Banco de
Portugal, será preciso juntar medidas no valor de 6,7 mil milhões de euros (4%
do PIB) para o país chegar a 2019 com 0,5% de défice estrutural. Dito de outra
forma, corresponde a metade do enorme esforço aplicado nos últimos três anos.
De um défice estrutural de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, e com base num conjunto, conservador, de variáveis, é preciso chegar em
Depois desta
leitura rápida - António Costa pode ter acesso ao link directamente no site do
Banco de Portugal - a ideia de que poderemos resolver os nossos problemas com
crescimento económico, qual varinha mágica que tínhamos à mão mas não
utilizamos, é no mínimo pueril. Ou, pior. Quererá dizer que António Costa vai
rasgar o Tratado Orçamental, aliar-se à CDU e BE e pedir a saída do euro? Não
creio.
Sobra uma
terceira via, António Costa quer ganhar o PS sem dizer nada. E isso,
provavelmente, chegará, mas não chega para ganhar o país, porque todos querem
crescimento económico, António José Seguro e Pedro Passos Coelho incluídos. A
equação é difícil, mas uma coisa é certa, com este nível de impostos, não será
possível ter mais poupança e, logo, mais investimento. Mas, com este nível de
despesa, não será possível baixar os impostos, nem em ano eleitoral, porque os
investidores e a ‘troika' cá estarão para nos lembrarem da nossa restrição
financeira activa.
Não bastará ter
boa imprensa, como tem o presidente da câmara de Lisboa, para ultrapassar esta
restrição. Como é que se saí disto, António Costa?"
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