Há dias fui surpreendido
pelo amigo Clarimundo Lança (a quem estou agradecido), quando este resolveu
enviar-me uma fotografia, que se não era eu, parecia o “diabo por mim”. Confesso
que, no princípio não percebi, e fiquei até um pouco atrapalhado. Pois a
fotografia parecia exibir a minha imagem (há uns anos atrás), acompanhada de
uma jovem que eu não reconhecia, e com o título: “Não vos mataram semearam-vos”, e que, quem quiser, pode verificar aqui.
Cheguei depois à
conclusão, que afinal, não era eu que estava ali acompanhado da dita beldade,
mas sim o desventurado Padre Max, assassinado em 1976, num atentado que até
hoje está por desvendar.
Para comprovar
as semelhanças aqui apresento os dois retratos: o de Maximino Barbosa de Sousa
(conhecido por Padre Max), e um meu tirado por volta de 1973, com 16 anos de
idade. Ele há coisas!
Já agora, o que
nos une em parecenças físicas, divide-nos em percursos de vida. Aqui fica, para
que não haja confusões, um breve resumo:
Maximino Barbosa de Sousa:
- O Padre Max era
professor do liceu, no distrito de Vila Real, e uma figura muito popular na
região norte. Max era um Padre militante de extrema esquerda (UDP).
- Morreu quando
tinha 33 anos num atentado, na companhia da sua aluna Maria de Lurdes, quando
se deslocavam de carro entre a Cumieira e Vila Real, a bomba explodiu,
accionada por controlo remoto e os dois morreram.
- Alegou-se na
altura que o atentado terá sido perpetrado pelo então Movimento Democrático de
Libertação de Portugal (MDLP). O MDLP era um movimento de extrema-direita que
se dedicava a perseguir e atacar pessoas de esquerda, sobretudo no Norte do
país.
- O primeiro
processo sobre o crime foi arquivado em 1977, por falta de provas. Em 1989, o
processo foi reaberto pelo Tribunal da Relação do Porto. Foram indicados sete
responsáveis pelo atentado: O cónego Melo, o empresário Rui Castro Lopo, e o
ex-membro do Conselho da Revolução Canto e Castro, como autores morais; Carlos
Paixão, Alfredo Vitorino, Valter dos Santos e Alcides Pereira, como autores
materiais. Mas, o processo foi novamente arquivado, por falta de provas.
- Até hoje foram
reabertos vários processos, mas nunca ninguém foi condenado.
João Bugalhão:
- Nasceu em
1957, no concelho de Marvão, no seio de família pobre e humilde mas com uma
tradição de vivência no concelho com mais de 300 anos.
- Aos 14 anos
emigrou para a zona de Lisboa para trabalhar, fazer e completar os seus estudos
secundários (ensino nocturno). Foi serralheiro civil e orçamentista. Sempre se
interessou pela política, organizou e participou numa Greve antes de 25 de
Abril de 1974; e após essa data militou em partidos de esquerda, que abandonou
em 1975, por estes não representarem os seus ideais.
- Em 1978 ingressou
no Exército e esteve durante 4 anos, onde chegou ao posto de Alferes Miliciano
na arma de Cavalaria.
- A partir de
1982 iniciou a sua formação na área da saúde, tendo-se Licenciado em
Enfermagem, mais tarde na Especialidade de Enfermagem de Saúde Pública, e completou
duas Pós-Graduações em Gestão de Unidades de Saúde. Exerceu a sua profissão no concelho de Marvão (20 anos) e no concelho de Arronches (5 anos). Aposentou-se (ou
jubilou-se) em 2009.
- Foi Membro da Assembleia Municipal de Marvão, eleito nas listas do PSD entre 2001-2011, tendo-se demitido em desacordo com o rumo político seguido pelo Executivo Camarário do mesmo partido. Foi ainda Membro da Assembleia Distrital de Portalegre entre 2009-2011.
- Foi Membro da Assembleia Municipal de Marvão, eleito nas listas do PSD entre 2001-2011, tendo-se demitido em desacordo com o rumo político seguido pelo Executivo Camarário do mesmo partido. Foi ainda Membro da Assembleia Distrital de Portalegre entre 2009-2011.
- Hoje, com 56
anos de idade, define-se como se diz na primeira página deste Blog: Homem livre, descendente de moleiros,
heterossexual, apaixonado, Ibérico, observador do mundo, anti-maiorias, exilado, não-alinhado, e
semi-analfabeto.
... e escritor de blogues para espantar a solidão e outras moléstias!
... e escritor de blogues para espantar a solidão e outras moléstias!
3 comentários:
Simplesmente gostei, boa memória
São mesmo parecidos.
Um abraço
Sr. João Bugalhâo! Que sobrenome tão curioso! VIvo numa pequena aldeia chamada Bagulhão! No concelho de Montalegre! Terão alguma ligação o seu sobrenome e a minha aldeia? Bem haja senhor João!
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