segunda-feira, 14 de outubro de 2013

No rescaldo das eleições autárquicas 2013 (2)


No distrito de Portalegre

A nível do distrito de Portalegre, os resultados autárquicos de 2013 nos 15 concelhos, pautaram-se, na maioria, pela continuidade, com 4 excepções: Crato, Monforte, Nisa e Portalegre.

Assim: Elvas, P. Sôr, Campo Maior e Gavião, tinham executivos liderados pelo Partido Socialista e assim continuaram; Alter, Arronches, C. Vide, Fronteira, Marvão e Sousel, eram laranjas, e laranja continuam; Avis era liderado pela CDU e assim continuou. Nos pequenos concelhos tal situação não me admira, conhecendo eu, como conheço, as dinâmicas sociais aí existentes, onde os executivos têm um controlo quase absoluto (e nalguns casos absolutista) sobre as populações, e, onde uma grande parte das famílias dependem das autarquias para sobreviverem. Esse reconhecimento, faz-se por vezes através do voto.

As que mudaram de cor, cada uma tem, para mim, leitura diferente. Nisa estava no fim de um ciclo, a presidente não se podia recandidatar (devido á lei de limitação de mandatos), e a CDU com o aparecimento de uma candidatura independente, na mesma área, acabou por perder um concelho que governava há mais de um quarto de século, venceu agora o PS. Monforte e Crato, continuam no ping-pong CDU/PS: ora agora ganhas tu, ora agora ganho eu...; os eleitores destes 2 concelhos ou andam a ser enganados por todos, ou não sabem o que querem.

Quanto a Portalegre? Aqui as coisas piaram mais fino. PSD e PS tiveram uma derrota que não deveriam esquecer tão cedo. O maior derrotado, na minha opinião, foi o PSD, ao não eleger qualquer vereador, ou presidente de Junta em todo o concelho; mas o PS não ficou muito melhor, ao não conseguir vencer duas candidaturas divididas na área do PSD. A candidatura "independente" de Adelaide Teixeira foi a grande vencedora com maioria absoluta (4 vereadores em 7 possíveis), e 5 Freguesias em 7 possíveis (2 foram para o PS).

O que se passou no concelho de Portalegre, deveria ser uma lição para toda a “partidocracia” portuguesa, pela forma errada, como se faz política em Portugal, e, do caciquismo reinante na escolha de candidatos. Os interesses pessoais, ou de famílias, não podem ser postos à frente da realidade e das preferências dos munícipes, e esta forma de escolher candidatos tem de acabar. As oligarquias de meia dúzia de iluminados, que se juntam nas concelhias partidárias, com base em interesses pouco claros, e que decidem com base na voz dos “donos”, estão esgotados. Neste caso foi tamanho o erro, que deveriam ter consequências drásticas, e os responsáveis locais concelhios (tanto do PSD como do PS), deveriam ter apresentado, imediatamente, as suas demissões, e, posto os lugares à disposição dos militantes; mas não, lá continuam, para continuarem a emporcalhar esta pobre democracia.

No caso do PSD, as coisas ainda são mais graves, por estarem "apadrinhadas" pelo Secretário-geral nacional como candidato à Assembleia Municipal, ele próprio derrotado copiosamente. Pelo menos a confiança dos portalegrenses ele não tem. Se juntarmos a esta derrota local, algumas das responsabilidades nacionais, não se percebe como é que pode continuar como estratega da política do partido do governo!

Onde chegou o pouco tino dos partidos em Portugal, que já nem com os erros de palmatória aprendem.

O que se questiona ainda, é porque é que esta gente continua agarrada ao poder? E qual a noção que têm de democracia, que já nem com as derrotas eleitorais largam o poder. Até onde nos conduzirá esta política e estes políticos. Veja-se, por exemplo, a cegueira do nada dizer nem nada acrescentar, do comunicado que pariu a Comissão Política de Secção de Portalegre do PSD (que em baixo reproduzo), sobre os resultados eleitorais ocorridos em Outubro de 2013, e que acabo de relatar:

 
 
"PSD Portalegre
(Portalegre, 7 de Outubro de 2013)

A Comissão Política de Secção (CPS) de Portalegre do PPD/PSD, após reunião para análise dos resultados eleitorais das Eleições Autárquicas, vem expressar o seguinte: 

■ A CPS assume a total responsabilidade dos resultados eleitorais de dia 29 de Setembro; 

■ O PSD demonstra plena solidariedade com o Dr. Jaime Azedo, bem como com todos os restantes candidatos, agradecendo-lhes toda a disponibilidade, todo o envolvimento, mas principalmente toda a postura ética em prol da candidatura “Portalegre Com Orgulho”; 

■ A CPS agradece a todos os Portalegrenses que votaram na candidatura “Portalegre Com Orgulho”, depositando confiança em cada um dos eleitos; 

■ Apesar dos resultados, a CPS entende que foi desenvolvido um trabalho baseado na ética, nos valores democráticos e, consequentemente, no respeito pelos adversários, apresentando aos eleitores uma proposta de desenvolvimento que colocava em primeiro lugar o Concelho; 

■ O PSD Portalegre felicita os vencedores e deseja a todos os eleitos um bom trabalho, sempre em prol dos Portalegrenses.

\\ A Comissão Política de Secção de Portalegre do PPD/PSD"
 
 
Responsabilidade? Solidariedade? Agradecimentos? Trabalho? (Ah, deixem-me rir...). E autocrítica, e os erros, e as consequências?

Mais valiam estarem calados...

Nota: O próximo capítulo será dedicado ao concelho de Marvão

2 comentários:

Luís Bugalhão disse...

Ó João, a autocrítica é coisa de democracias populares, pá! E os julgamentos populares (como o que aqui fazes) também. Não vês a incompatibilidade? Estou desertinho de ver o post de Marvão...

João, disse...

Olha que não Luís, olha que não!!!