No distrito de Portalegre
A nível do
distrito de Portalegre, os resultados autárquicos de 2013 nos 15 concelhos,
pautaram-se, na maioria, pela continuidade, com 4 excepções: Crato, Monforte,
Nisa e Portalegre.
Assim: Elvas,
P. Sôr, Campo Maior e Gavião, tinham executivos liderados pelo Partido Socialista
e assim continuaram; Alter, Arronches, C. Vide, Fronteira, Marvão e Sousel,
eram laranjas, e laranja continuam; Avis era liderado pela CDU e assim continuou.
Nos pequenos concelhos tal situação não me admira, conhecendo eu, como conheço,
as dinâmicas sociais aí existentes, onde os executivos têm um controlo quase
absoluto (e nalguns casos absolutista) sobre as populações, e, onde uma grande
parte das famílias dependem das autarquias para sobreviverem. Esse reconhecimento, faz-se por vezes através do voto.
As que mudaram
de cor, cada uma tem, para mim, leitura diferente. Nisa estava no fim de um
ciclo, a presidente não se podia recandidatar (devido á lei de limitação
de mandatos), e a CDU com o aparecimento de uma candidatura independente, na
mesma área, acabou por perder um concelho que governava há mais de um quarto de
século, venceu agora o PS. Monforte e Crato, continuam no ping-pong CDU/PS: ora agora ganhas tu, ora agora ganho eu...; os
eleitores destes 2 concelhos ou andam a ser enganados por todos, ou não sabem o
que querem.
Quanto a
Portalegre? Aqui as coisas piaram mais fino. PSD e PS tiveram uma derrota que
não deveriam esquecer tão cedo. O maior derrotado, na minha opinião, foi o PSD, ao não eleger qualquer
vereador, ou presidente de Junta em todo o concelho; mas o PS não ficou muito
melhor, ao não conseguir vencer duas candidaturas divididas na área do PSD. A candidatura "independente" de Adelaide Teixeira foi a grande vencedora com maioria absoluta (4 vereadores
em 7 possíveis), e 5 Freguesias em 7 possíveis (2 foram para o PS).
O que se passou
no concelho de Portalegre, deveria ser uma lição para toda a “partidocracia” portuguesa, pela forma
errada, como se faz política em Portugal, e, do caciquismo reinante na escolha
de candidatos. Os interesses pessoais, ou de famílias, não podem ser postos à
frente da realidade e das preferências dos munícipes, e esta forma de escolher
candidatos tem de acabar. As oligarquias de meia dúzia de iluminados, que se
juntam nas concelhias partidárias, com base em interesses pouco claros, e que
decidem com base na voz dos “donos”, estão esgotados. Neste caso foi tamanho
o erro, que deveriam ter consequências drásticas, e os responsáveis locais concelhios
(tanto do PSD como do PS), deveriam ter apresentado, imediatamente, as suas demissões, e, posto
os lugares à disposição dos militantes; mas não, lá continuam, para continuarem
a emporcalhar esta pobre democracia.
No caso do PSD,
as coisas ainda são mais graves, por estarem "apadrinhadas" pelo Secretário-geral
nacional como candidato à Assembleia Municipal, ele próprio derrotado copiosamente. Pelo menos a confiança dos
portalegrenses ele não tem. Se juntarmos a esta derrota local, algumas das
responsabilidades nacionais, não se percebe como é que pode continuar como
estratega da política do partido do governo!
Onde chegou o
pouco tino dos partidos em Portugal, que já nem com os erros de palmatória
aprendem.
O que se questiona ainda, é porque é que esta gente continua agarrada ao poder? E qual a noção que têm de democracia, que já nem com as derrotas eleitorais largam o poder. Até onde nos conduzirá esta política e estes políticos. Veja-se, por exemplo, a cegueira do nada dizer nem nada acrescentar, do comunicado que pariu a Comissão Política de Secção de Portalegre do PSD (que em baixo reproduzo), sobre os resultados eleitorais ocorridos em Outubro de 2013, e que acabo de relatar:
"PSD Portalegre
(Portalegre, 7 de
Outubro de 2013)
A Comissão Política de Secção (CPS) de Portalegre do PPD/PSD, após reunião para
análise dos resultados eleitorais das Eleições Autárquicas, vem expressar o
seguinte:
■ A CPS assume a total responsabilidade dos resultados eleitorais de dia 29 de
Setembro;
■ O PSD demonstra plena solidariedade com o Dr.
Jaime Azedo, bem como com todos os restantes candidatos, agradecendo-lhes toda
a disponibilidade, todo o envolvimento, mas principalmente toda a postura ética
em prol da candidatura “Portalegre Com Orgulho”;
■ A CPS agradece a todos os Portalegrenses que
votaram na candidatura “Portalegre Com Orgulho”, depositando confiança em cada
um dos eleitos;
■ Apesar dos resultados, a CPS entende que foi
desenvolvido um trabalho baseado na ética, nos valores democráticos e,
consequentemente, no respeito pelos adversários, apresentando aos eleitores uma
proposta de desenvolvimento que colocava em primeiro lugar o Concelho;
■ O PSD Portalegre felicita os vencedores e deseja
a todos os eleitos um bom trabalho, sempre em prol dos Portalegrenses.
\\ A Comissão Política de Secção de Portalegre do
PPD/PSD"
Responsabilidade? Solidariedade? Agradecimentos? Trabalho? (Ah, deixem-me rir...). E autocrítica, e os erros, e as consequências?
Mais valiam estarem calados...
Mais valiam estarem calados...
Nota: O próximo capítulo será dedicado
ao concelho de Marvão
2 comentários:
Ó João, a autocrítica é coisa de democracias populares, pá! E os julgamentos populares (como o que aqui fazes) também. Não vês a incompatibilidade? Estou desertinho de ver o post de Marvão...
Olha que não Luís, olha que não!!!
Enviar um comentário