Marvão (2) – Crónica sobre os resultados anunciados!
As eleições
autárquicas no concelho de Marvão quase iam decorrendo de acordo com o
previsto, isto é, sem qualquer alteração digna de registo. Mas faltou esse
quase, que se ficou a dever a 2 factos:
- A eleição de 4
vereadores por parte do PSD (quando antes eram 3),
- E a
surpreendente vitória de Sandra Paz (pelo PS) para a Junta de Freguesia de Marvão (creio
eu, que a primeira vez na história eleitoral em Marvão, que um executivo no
poder perde umas eleições).
Não fossem estes
2 pequenos acontecimentos (que mais à frente analisarei), e tudo estaria como
antes “com o quartel-general em Abrantes” (quando o tinha). Em minha opinião,
os resultados que se registaram eram mais que esperados (com excepção para
aqueles que se encontravam envolvidos numa das candidatura de oposição), por
dois motivos principais:
- Vítor Frutuoso
e a sua equipa têm feito “trabalho”, governam o concelho sem oposição há 8
anos, e investiram cerca de
500 000 euros de dinheiros públicos "em obras de campanha" à última hora (tal como eu já suspeitava e como escrevi aqui, e num dos próximos artigos demonstrarei).
- As
alternativas apresentadas eram pouco credíveis e/ou fundamentadas, para não
usar outros termos. Escolher candidatos híbridos (os tais cometas), que nunca
se viram participar na vida pública do concelho (refiro-me aos cabeça de lista),
que a maioria dos marvanenses nem sequer conhece, apenas porque são boas
pessoas, é um erro crasso, e descamba quase sempre em derrotas copiosas.
Acabando por se verificar aqui, inclusive, um preceito anti-natural: A força do
conjunto (junção de 3 projectos) foi
inferior à soma das partes! E os custos da sua campanha foram pouco
mais que 10 000 euros, segundo me informaram.
1 – Os vencedores
Quanto à vitória
de Vítor Frutuoso e do PSD, ela tem que ser realçada. Não só porque venceu;
como também e num período complicado para a vida do partido (devido à
conjuntura nacional enquanto partido do governo), ser o único candidato do PSD
no distrito que aumentou o número de vereadores (e um dos poucos a nível
nacional). Até eu, que tenho sido um dos mais críticos, publicamente, ao seu
exercício (embora o faça por questão dos métodos utilizados e pormenores
governativos, e porque gostaria que os resultados alcançados fossem de
excelência), não me custa admitir que, Vítor
Frutuoso, obteve uma grande vitória de reconhecimento do seu trabalho, por
parte dos marvanenses.
Mesmo com estes
resultados, os problemas de Vítor Frutuoso são de carácter, ao não tratar os marvanenses todos por igual, promovendo
a sua desunião - Veja-se o caso de tratamento às Associações do concelho; e de liderança, tanto no concelho como no
partido (só ouve aqueles que lhe lambem as botas, e não sabe trabalhar em
equipa); e por isso não sabe aproveitar todas as sinergias do concelho, que lhe
poderiam dar um consulado de eleição.
Assim, foi
afastando (ou afastaram-se) uma série de pessoas que numa altura, ou outra,
deram a cara para a sua chegada ao cargo, e a quem ele foi desprezando, mas sem
elas, ele jamais teria sido Presidente da Câmara Municipal de Marvão. Depois de
me afastar a mim (que fui o primeiro), seguiram-se consecutivamente: Pedro
Sobreiro, Carlos Sequeira, Fernando Bonito, João Carlos Anselmo, José Manuel
Baltasar, João Manuel Lança, Mário Patrício, Manuel Martins e outros, que agora
me não lembro. Ainda nas últimas eleições, e segundo dizem alguns dos
implicados, não estará isento de culpa, pelo deficiente apoio que deu à Junta de Santa Maria, e assim perdeu três dinossauros locais: Manuel Joaquim Gaio, Joaquim Simão e António Pires.
Associado a
estes problemas estão algumas das pessoas de quem se rodeou. A maioria das
quais, apenas o apoiam, por interesses pessoais, e porque vivem à sombra do “partido da câmara”, mas nada
acrescentam para a evolução do concelho.
Saíram também
vencedores, sem surpresa, Tomás Morgado em SS da Aramenha; e António Mimoso em
Beirã. No Caso de Tomás Morgado:
Arrasador.
Quanto à
Assembleia Municipal (PSD) felicito 9 dos seus membros eleitos, mas espero que
neste mandato tenham um comportamento activo na discussão dos problemas do
concelho, e que não sejam o grupo amorfo que foram no anterior mandato, em que
apenas se limitaram a levantar o braço para dizerem: “sim senhor presidente”.
Não posso
felicitar o 10º membro porque, no passado, nunca esteve à altura do cargo para
que foi eleito, e agora, reeleito, à sombra do “partido da câmara”, continuará a não honrar o compromisso que
aceitou. Passará há história como o pior presidente da Assembleia Municipal de
Marvão, e aquele que mais primou pela ausência. Uma aberração a sua
continuidade. Um fraco e pobre democrata, com estatuto de importante.
2 – Os vencidos
Quero em
primeiro lugar felicitar todos os que tiveram a coragem de dar a cara pela
candidatura do Partido Socialista; as outras candidaturas só serviram para os
partidos respectivos (CDU e CDS), receberem os subsídios nacionais dos
contribuintes.
Não era nada
fácil ter sucesso nas condições políticas que estavam criadas em Marvão, e dar
a cara nestas condições, é preciso ter
coragem. Os resultados poderiam ter sido um pouco melhores, mas a vitória
era impossível, e a mim, não me surpreenderam.
A minha crítica
aqui, não vai para os candidatos, mas sim para os decisores - A cúpula partidária do PS, e sua
estratégia na forma de fazer oposição (calados e sem alternativas durante 4
anos, pensando que o fruto cairia de maduro), quer como partido, quer nos
órgãos em que estavam representados (Câmara e Assembleia). Estas fórmulas
caducas de fazer política estão gastas, já não se usam, e o povo quer saber, para além da cara dos candidatos, o que
é que se tem para “oferecer” diferente dos que estão no poder. E aqui a
oposição ao executivo de Vítor Frutuoso foi, praticamente, nula.
Quanto à escolha
de Candidatos, apesar de reconhecer que a coisa não era fácil, escolher apenas
porque se tem um título, em detrimento de quem apresenta trabalho; preterir pessoa
do concelho, em detrimento de desconhecidos; por à frente interesses pessoais e
familiares, em detrimento da competência e da causa pública; não resulta, e já
foi demonstrado mais do que uma vez. Por isso, só podia dar resultados como os
que agora obtiveram.
Por isso volto a
relembrar aquilo que escrevi em Outubro de 2012, antes das escolhas:
“... por mim, de figuras cinzentas, já
chegam as que temos. O que Marvão precisa é de pessoas que conheçam o concelho,
as suas gentes, e os seus costumes; que saibam o nome dos marvanenses dos
Alvarrões ao Pereiro e dos Galegos ao Vale de Ródão; que queira trabalhar em
equipa, que considere as pessoas acima das obras, que saiba ouvir mais do que
falar; que saiba estar presente nos bons e maus momentos; que não utilize o
“eu” quando se refere ao trabalho de todos; que saiba que qualquer homem
isolado é uma ilha, e o conjunto é sempre superior à soma das partes; que não
ponha os seus negócios à frente dos interesses da comunidade; que não olhe para
os do seu "partido" como imaculados e para os outros como inimigos;
alguém que seja simples e não um megalómano; que respeite o movimento
associativo, que trate todos por igual e com respeito, em vez de nomear
comissários políticos; que utilize os recursos para melhorar a vida dos
marvanenses, e não para servir os amigos ou correlegionários que saiba que
está no lugar para servir os marvanenses e não para se servir deles...”
O Partido
Socialista de Marvão precisa de ser renovado em pessoas e ideias. Isso de
sucessões de filhos a pais é na monarquia e, que eu saiba, por enquanto, o PS
ainda é um partido laico e republicano. O PS local precisa de sangue novo, não
exclusivamente jovem, pessoas que apresentem críticas e alternativas, que façam
uma oposição contínua, séria e responsável, e, que não aparecem só na altura
das eleições. Se o não fizer, vão apanhar muitas como a que agora sucedeu. E “Frutuoso y sus Muchachos” podem dormir
descansados por muitos anos.
Não posso
terminar análise aos resultados eleitorais, sem referir e felicitar, a grande
surpresa que foi a vitória da Sandra Paz para a presidência da Junta de
Freguesia de Santa Maria de Marvão (independentemente da polémica do voto), o
que demonstrou que em política eleitoral não há impossíveis, nem milagres! E
não são os “figurões” que ganham eleições. O que tem que haver é muito
trabalho. Espero que saibam estar à altura da responsabilidade.
Nota: Não digam que eu disse mal de
todos, apenas refiro a minha opinião, dar algumas contribuições para o futuro, e procurei
fundamentar tudo o que escrevi.
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