terça-feira, 22 de outubro de 2013

No rescaldo das eleições autárquicas 2013 (4)


Marvão (2) – Crónica sobre os resultados anunciados!

As eleições autárquicas no concelho de Marvão quase iam decorrendo de acordo com o previsto, isto é, sem qualquer alteração digna de registo. Mas faltou esse quase, que se ficou a dever a 2 factos:

- A eleição de 4 vereadores por parte do PSD (quando antes eram 3),

- E a surpreendente vitória de Sandra Paz (pelo PS) para a Junta de Freguesia de Marvão (creio eu, que a primeira vez na história eleitoral em Marvão, que um executivo no poder perde umas eleições).

Não fossem estes 2 pequenos acontecimentos (que mais à frente analisarei), e tudo estaria como antes “com o quartel-general em Abrantes” (quando o tinha). Em minha opinião, os resultados que se registaram eram mais que esperados (com excepção para aqueles que se encontravam envolvidos numa das candidatura de oposição), por dois motivos principais:

- Vítor Frutuoso e a sua equipa têm feito “trabalho”, governam o concelho sem oposição há 8 anos, e investiram cerca de 500 000 euros de dinheiros públicos "em obras de campanha" à última hora (tal como eu já suspeitava e como escrevi aqui, e num dos próximos artigos demonstrarei).

- As alternativas apresentadas eram pouco credíveis e/ou fundamentadas, para não usar outros termos. Escolher candidatos híbridos (os tais cometas), que nunca se viram participar na vida pública do concelho (refiro-me aos cabeça de lista), que a maioria dos marvanenses nem sequer conhece, apenas porque são boas pessoas, é um erro crasso, e descamba quase sempre em derrotas copiosas. Acabando por se verificar aqui, inclusive, um preceito anti-natural: A força do conjunto (junção de 3 projectos) foi inferior à soma das partes! E os custos da sua campanha foram pouco mais que 10 000 euros, segundo me informaram.

 1 – Os vencedores

Quanto à vitória de Vítor Frutuoso e do PSD, ela tem que ser realçada. Não só porque venceu; como também e num período complicado para a vida do partido (devido à conjuntura nacional enquanto partido do governo), ser o único candidato do PSD no distrito que aumentou o número de vereadores (e um dos poucos a nível nacional). Até eu, que tenho sido um dos mais críticos, publicamente, ao seu exercício (embora o faça por questão dos métodos utilizados e pormenores governativos, e porque gostaria que os resultados alcançados fossem de excelência), não me custa admitir que, Vítor Frutuoso, obteve uma grande vitória de reconhecimento do seu trabalho, por parte dos marvanenses.

Mesmo com estes resultados, os problemas de Vítor Frutuoso são de carácter, ao não tratar os marvanenses todos por igual, promovendo a sua desunião - Veja-se o caso de tratamento às Associações do concelho; e de liderança, tanto no concelho como no partido (só ouve aqueles que lhe lambem as botas, e não sabe trabalhar em equipa); e por isso não sabe aproveitar todas as sinergias do concelho, que lhe poderiam dar um consulado de eleição.

Assim, foi afastando (ou afastaram-se) uma série de pessoas que numa altura, ou outra, deram a cara para a sua chegada ao cargo, e a quem ele foi desprezando, mas sem elas, ele jamais teria sido Presidente da Câmara Municipal de Marvão. Depois de me afastar a mim (que fui o primeiro), seguiram-se consecutivamente: Pedro Sobreiro, Carlos Sequeira, Fernando Bonito, João Carlos Anselmo, José Manuel Baltasar, João Manuel Lança, Mário Patrício, Manuel Martins e outros, que agora me não lembro. Ainda nas últimas eleições, e segundo dizem alguns dos implicados, não estará isento de culpa, pelo deficiente apoio que deu à Junta de Santa Maria, e assim perdeu três dinossauros locais: Manuel Joaquim Gaio, Joaquim Simão e António Pires.

Associado a estes problemas estão algumas das pessoas de quem se rodeou. A maioria das quais, apenas o apoiam, por interesses pessoais, e porque vivem à sombra do “partido da câmara”, mas nada acrescentam para a evolução do concelho.

Saíram também vencedores, sem surpresa, Tomás Morgado em SS da Aramenha; e António Mimoso em Beirã. No Caso de Tomás Morgado: Arrasador.

Quanto à Assembleia Municipal (PSD) felicito 9 dos seus membros eleitos, mas espero que neste mandato tenham um comportamento activo na discussão dos problemas do concelho, e que não sejam o grupo amorfo que foram no anterior mandato, em que apenas se limitaram a levantar o braço para dizerem: “sim senhor presidente”.

Não posso felicitar o 10º membro porque, no passado, nunca esteve à altura do cargo para que foi eleito, e agora, reeleito, à sombra do “partido da câmara”, continuará a não honrar o compromisso que aceitou. Passará há história como o pior presidente da Assembleia Municipal de Marvão, e aquele que mais primou pela ausência. Uma aberração a sua continuidade. Um fraco e pobre democrata, com estatuto de importante.

2 – Os vencidos

Quero em primeiro lugar felicitar todos os que tiveram a coragem de dar a cara pela candidatura do Partido Socialista; as outras candidaturas só serviram para os partidos respectivos (CDU e CDS), receberem os subsídios nacionais dos contribuintes.

Não era nada fácil ter sucesso nas condições políticas que estavam criadas em Marvão, e dar a cara nestas condições, é preciso ter coragem. Os resultados poderiam ter sido um pouco melhores, mas a vitória era impossível, e a mim, não me surpreenderam.

A minha crítica aqui, não vai para os candidatos, mas sim para os decisores - A cúpula partidária do PS, e sua estratégia na forma de fazer oposição (calados e sem alternativas durante 4 anos, pensando que o fruto cairia de maduro), quer como partido, quer nos órgãos em que estavam representados (Câmara e Assembleia). Estas fórmulas caducas de fazer política estão gastas, já não se usam, e o povo quer saber, para além da cara dos candidatos, o que é que se tem para “oferecer” diferente dos que estão no poder. E aqui a oposição ao executivo de Vítor Frutuoso foi, praticamente, nula.

Quanto à escolha de Candidatos, apesar de reconhecer que a coisa não era fácil, escolher apenas porque se tem um título, em detrimento de quem apresenta trabalho; preterir pessoa do concelho, em detrimento de desconhecidos; por à frente interesses pessoais e familiares, em detrimento da competência e da causa pública; não resulta, e já foi demonstrado mais do que uma vez. Por isso, só podia dar resultados como os que agora obtiveram.

Por isso volto a relembrar aquilo que escrevi em Outubro de 2012, antes das escolhas: 

“... por mim, de figuras cinzentas, já chegam as que temos. O que Marvão precisa é de pessoas que conheçam o concelho, as suas gentes, e os seus costumes; que saibam o nome dos marvanenses dos Alvarrões ao Pereiro e dos Galegos ao Vale de Ródão; que queira trabalhar em equipa, que considere as pessoas acima das obras, que saiba ouvir mais do que falar; que saiba estar presente nos bons e maus momentos; que não utilize o “eu” quando se refere ao trabalho de todos; que saiba que qualquer homem isolado é uma ilha, e o conjunto é sempre superior à soma das partes; que não ponha os seus negócios à frente dos interesses da comunidade; que não olhe para os do seu "partido" como imaculados e para os outros como inimigos; alguém que seja simples e não um megalómano; que respeite o movimento associativo, que trate todos por igual e com respeito, em vez de nomear comissários políticos; que utilize os recursos para melhorar a vida dos marvanenses, e não para servir os amigos ou correlegionários  que saiba que está no lugar para servir os marvanenses e não para se servir deles...”

O Partido Socialista de Marvão precisa de ser renovado em pessoas e ideias. Isso de sucessões de filhos a pais é na monarquia e, que eu saiba, por enquanto, o PS ainda é um partido laico e republicano. O PS local precisa de sangue novo, não exclusivamente jovem, pessoas que apresentem críticas e alternativas, que façam uma oposição contínua, séria e responsável, e, que não aparecem só na altura das eleições. Se o não fizer, vão apanhar muitas como a que agora sucedeu. E “Frutuoso y sus Muchachos” podem dormir descansados por muitos anos.

Não posso terminar análise aos resultados eleitorais, sem referir e felicitar, a grande surpresa que foi a vitória da Sandra Paz para a presidência da Junta de Freguesia de Santa Maria de Marvão (independentemente da polémica do voto), o que demonstrou que em política eleitoral não há impossíveis, nem milagres! E não são os “figurões” que ganham eleições. O que tem que haver é muito trabalho. Espero que saibam estar à altura da responsabilidade.

Nota: Não digam que eu disse mal de todos, apenas refiro a minha opinião, dar algumas contribuições para o futuro, e procurei fundamentar tudo o que escrevi.

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