terça-feira, 30 de março de 2021

Recordar coisas que escrevi no passado (6)

Homenagem a Fernando Santos (em dia de jogo da selecção)

(escrito em 9 de outubro de 2014)


A vez ao “santo” Santos 

Gosto de Fernando Santos, mas não acredito em milagres. Foi um dos meus mestres na arte de tentar ser treinador de futebol distrital, tendo por isso, na perspectiva de melhorar e actualizar os meus conhecimentos, acompanhado, “in vivo” e quase na íntegra, os Estágios que realizou com o Estrela da Amadora em Castelo de Vide no início da década de 90.

Não me parecendo na altura a fina flor da arte, sobretudo no que tocava às metodologias do treino, parecia ser um modelo mais à antiga quase tipo escola militar. O que mais recordo dessa observação era o seu pragmatismo de simplicidade de métodos e o seu cunho disciplinador, tão ao meu gosto, de homem de barba rija, e que não brincava em serviço.

Relembro aqui, hoje, um episódio com o então rebelde guarda redes Paulo Santos (um tal que na Escócia, num jogo da selecção de “sub 17 ou 19”, numa final de campeonato da Europa, despiu os calções e mostrou o cu aos escoceses que o apupavam), e que viria a brilhar mais tarde, sobretudo no Braga. Quando da sua apresentação num desses estágios no Estrela da Amadora, vindo dispensado do Benfica, possivelmente contrariado, chegou a Castelo de Vide, com mania de vedeta e engraçadinho.

Iniciado o treino técnico-táctico (como agora se diz), na altura treino de conjunto, logo que lhe passaram a primeira bola, imediatamente o dito, a pontapeou para a estrada nacional adjacente, o que levou Fernando Santos a corrigi-lo, dizendo: - Paulo não quero isso, quero a bola a sair a jogar cá de trás. Mas o zagalo Paulo assobiou para o lado. Pouco depois passaram-lhe outra bola e, o Paulo, dessa vez fez diferente, mas utilizando a mesma atitude espetou com ela no cemitério que ficava no lado oposto à estrada.

Essa atitude fez o bom do Santos (Fernando) ficar possesso como o Santos “diabo”, e dirigindo-se ao seu homónimo Paulo, pegou-o pelo sítio onde se usam os colarinhos, dizendo-lhe: - Amigo, aqui, fazes o que eu digo, e se voltas a fazer outra dessas, levas 2 murros nos c*****, e vais recambiado para onde vieste.

Foi assim, mais ou menos, pois eu estava a cerca 50 metros! Foi a partir daí que, o Paulo, se tornou um razoável ou mesmo bom guarda redes em Portugal, e, admitindo até que nunca tenha chegado a “santo”, espero que pelo menos, tenha passado a ser um homenzinho e deixar-se de andar a mostrar o cu. É que às vezes...

Depois, Fernando Santos, seguiu a sua carreira de treinador. Sporting, Benfica, Porto e Grécia. Em minha opinião, os resultados obtidos, nem sequer foram muito famosos. Campeão duas vezes no Porto? Mas isso até eu, que não passei de um mero admirador do Fernando! Ah, na Grécia levou a selecção aos oitavos de final do mundial? Sim, mas ainda há 10 anos, um qualquer alemão os tinha levado a campeões da Europa. E por azar com uma vitória sobre Portugal.

Agora Fernando Santos chega como um mago a Seleccionar Nacional. Total unanimidade dos analistas e comentadores da praça, nem uma voz discordante, uma crítica (até o Manuel José e o Rui Santos concordam). Pudera, ainda não disputou nenhum jogo! Ou também conhecerão o episódio com o guarda redes mostra cus?

É que o homem pode ser “Santo ou Santos” de nome, mas duvido que faça milagres! A mim estas unanimidades antes das provas, dos jogos, ou dos campeonatos, fazem-me comichão. E agora, os cus a domesticar são, pelo menos, mais "sensíveis" e "poderosos": Ronaldo, Nani, Dani, Quaresma, R. Carvalho, Pepe, Moutinho; Jorge Mendes...

Esperemos a próxima bola, que é como quem diz, o próximo jogo.

Nota da actualidade: E passados que são 7 anos sobre esta crónica, o Santos, ainda lá continua. E já foi campeão da Europa!


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