segunda-feira, 1 de março de 2021

Balanço de 1 ano de covid 19 em Portugal – A relatividade das coisas

Passou 1 ano sobre o início da pandemia de covid 19 em Portugal. Hoje, é possível olhar para o fenómeno com um olhar diferente e mais objectivo, daquele que em cada momento utilizámos.

Apesar de todas as consequências, muitas delas, quiçá as piores, ainda estarão para vir, mas o apocalipse para a humanidade, anunciado em Março de 2020, cultivado pela comunicação social e alguns governantes do sistema, não aconteceu.

Não sendo ainda possível ter uma avaliação sobre as sequelas causadas pela doença em termos da saúde individual, são os indicadores de mortalidade, sempre os mais fiáveis, que nos podem transmitir o impacto da doença na comunidade portuguesa.

Quando olhamos para o Gráfico em baixo de evolução da doença durante os 12 meses e para os dados sobre a mortalidade imputada à covid (cor tijolo), só com muito boa vontade, conseguiremos classificar a actual pandemia de muito danosa no que toca à mortalidade, até quando comparada com outras doenças que nos afectam todos os dias.

Até 28 de Fevereiro foram imputadas à covid 16 317 óbitos, isto representa uma Taxa de Mortalidade de 1,6 óbitos/1 000 habitantes.

Claro que qualquer morte é sempre uma perda, mas também é um facto que todos teremos esse fim. E se relativizarmos um pouco e tivermos em conta a realidade, teremos que concluir que outras doenças (sem terem nada a ver com infecções respiratórias) matam tanto ou muito mais que a covid, deixo alguns exemplos:

- Doenças do aparelho circulatório: 33 000 pessoas/ano

- Cancro: 27 500 pessoas/ano

- Diabetes: 5 000 pessoas/ano

- Doenças do aparelho digestivo: 4 800 pessoas/ano

No que toca ainda à mortalidade, há ainda outros indicadores que deveremos ter em conta, nomeadamente: a idade média da ocorrência do óbito e, consequentemente, os anos de vida perdidos. E aqui, encontramos mais um dado que nos pode relativizar os danos desta pandemia já que, 70% dos óbitos ocorreram em pessoas com mais de 80 anos, e mais 15% tinham entre 70 e 80 anos. O que quer dizer que apenas 15% dos óbitos ocorreram em pessoas com menos de 70 anos (cerca de 2 500 pessoas). Pelo que, com relatividade, os anos de vida perdidos são certamente muito menores quando comparados com as mortes provocadas pelas doenças do aparelho circulatório e cancro, que ceifam vidas em idades bem mais precoces.

Por tudo isto, teremos que começar a olhar para esta doença com a relatividade que ela merece, e deixarmos o sensacionalismo, a histeria e voyeurismo bacocos de lado.

Se não o problema não vai ser morrermos da doença! Vai ser, morrermos da “pseudo cura”...



 

Sem comentários: