quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Marvão em números – Pobres, mas com qualidade!!!


Recentemente foi divulgado um Estudo intitulado “Os Municípios e a Qualidade de Vida” – Tese de Mestrado apresentada na UBI da autoria de Fátima Gonçalves. Nesse trabalho dava-se conta que, Marvão ocuparia o 6º lugar do ranking entre os 308 concelhos do país, no que toca a qualidade de vida.

Nas eleições que se realizaram ultimamente, esse Estudo, foi utilizado diversas vezes pela candidatura de Vítor Frutuoso, com a intenção de convencer os marvanenses, que Marvão, seria um dos concelhos com melhor Qualidade de Vida e um dos que mais terá progredido a nível nacional, e, uma das zonas onde melhor se vive neste Portugal de pobres. Fez-se, inclusivamente, seu uso, através de um testemunho do Professor Universitário Paulo Jorge Nunes e que reproduzo de seguida: 


(Clicar sobre a imagem para ler melhor)


Não tenho a mínima intenção de por em dúvida tal Estudo, não o conheço profundamente, nem sei a totalidade das variáveis aí utilizadas, que levaram a tal conclusão. Nem tal, para mim, está em discussão. O que hoje venho divulgar são alguns dados (alguns com a mesma origem do citado Estudo), que me parecem pertinentes para se viver, ou pelo menos para se sobreviver em Marvão, ou em qualquer outro lugar do mundo, e, que no mínimo devem ser do conhecimento público, para não nos andarem a vender gato por lebre.

Eu sei como se vive em Marvão (ali nasci, ali trabalhei, ali vivi durante muitos anos), e também conheço outras realidades; por isso acho, no mínimo estranho, esta classificação da qualidade de vida! Conheço as dificuldades de quem lá vive, e a sua forma peculiar de lhes fazer face. Um concelho que tem, a nível do distrito de Portalegre o pior poder de compra, o mais baixo salário médio, ocupa o 4º lugar na taxa de analfabetismo, e o 11º lugar na taxa de empregabilidade, não poderá, na minha modesta opinião, ser apontado como um grande exemplo em Qualidade de Vida!

O que também me custa aceitar e perceber, é as alternativas eleitorais que se apresentaram a Vítor Frutuoso, não terem contraposto e confrontado com dados como estes, e, a sua evolução nos 8 anos do seu consulado. Tal como não questionaram as razões para os gastos de 500 000 euros do erário público efectuados no mês anterior às eleições. Quem quiser estar na vida pública tem de a conhecer nas suas múltiplas variáveis, e não a conhecendo, deveriam estudar e informar-se.

Para comprovar o que acabo de afirmar, apresento hoje 3 indicadores de cariz económico: - Salário Médio, Poder de Compra e Taxa de Emprego; e no próximo Post apresentarei outros de cariz social, que me parecem de alguma importância para avaliar a qualidade de vida de uma comunidade. Os dados foram colhidos aqui, e alguns têm a mesma fonte de origem do estudo supracitado (a Universidade da Beira Interior), outros na Pordata. Os quadros são de minha autoria. 

Marvão em números:

(A maioria dos dados são de 2011 (últimos disponíveis), mas a realidade não se deve ter alterado muito)


1 – Salário Médio (ilíquido) 



Como se pode ver no Quadro 1, no que toca ao Salário Médio no distrito de Portalegre, Marvão ocupa o último lugar, com apenas cerca de 680 euros/mês. Este valor é apenas 60% do que se ganha em Campo Maior, e não chega a 90% do que se ganha em Castelo de Vide que é o concelho mais próximo. Comparando com o salário médio nacional que é de 958 euros, podemos dizer que em Marvão se ganha, em média, cerca de 300 euros a menos do que no país.

Para a tristeza ser maior, Marvão é o concelho abaixo do Tejo com o valor mais baixo de "Salário Médio". E a nível nacional, só encontrei pouco mais de uma dezena de concelhos com valores inferiores.

2 – Poder de Compra 



Também neste indicador, o concelho de Marvão é o que tem pior Poder de Compra no distrito de Portalegre, como se pode ver no Quadro 2. Tendo em conta o valor 100 de referência para nível nacional, podemos verificar que no concelho de Marvão, o Poder de Compra é apenas de 60% do nível nacional; é inferior a 13% do que em Castelo de Vide; e menos 48% do que no concelho de Portalegre.

Nos concelhos abaixo do Tejo, só 6 apresentam um "Poder de Compra" inferior a Marvão, e são: Mourão, Alandroal, Portel, Mértola, Monchique e Alcoutim

3 – Taxa de Emprego 

Em Portugal, estima-se, que a Taxa de Emprego seja de 48% para os portugueses com mais de 15 anos. No distrito de Portalegre essa taxa é de 41,2%.

Em Marvão, da população com mais de 15 anos, apenas 38,3% das pessoas têm emprego, isto é cerca de 1200 marvanenses. Destes: 8% (96) trabalham no sector primário; 19 % (228) no sector secundário; e 73% (876) no sector terciário. 




Constatamos assim, como se pode ver no Quadro 3, que Marvão ocupa também no que toca à empregabilidade, um dos últimos lugares no distrito onde é 11º, entre 15 concelhos. Esta Taxa é 10% inferior á Taxa nacional, e cerca de 3% inferior à Taxa distrital.

 Conclusão:

Se nestes Indicadores somos os últimos no distrito de Portalegre, como poderemos ser o 6º concelho, ao nível nacional, em Qualidade de Vida? Que me desculpem os estudiosos, mas qualidade de vida, nestas condições, só se for pelo ar puro e as excelentes vistas das muralhas.

Nota: No próximo Post darei a conhecer outros Indicadores de nível social. 

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Valha-nos o humor....


A propósito de canitos...




Ó blatter vai pró c******! E leva o platini....

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Coisas giras vistas por aí (8)


Há dias fui surpreendido pelo amigo Clarimundo Lança (a quem estou agradecido), quando este resolveu enviar-me uma fotografia, que se não era eu, parecia o “diabo por mim”. Confesso que, no princípio não percebi, e fiquei até um pouco atrapalhado. Pois a fotografia parecia exibir a minha imagem (há uns anos atrás), acompanhada de uma jovem que eu não reconhecia, e com o título: “Não vos mataram semearam-vos”, e que, quem quiser, pode verificar aqui.

Cheguei depois à conclusão, que afinal, não era eu que estava ali acompanhado da dita beldade, mas sim o desventurado Padre Max, assassinado em 1976, num atentado que até hoje está por desvendar.

Para comprovar as semelhanças aqui apresento os dois retratos: o de Maximino Barbosa de Sousa (conhecido por Padre Max), e um meu tirado por volta de 1973, com 16 anos de idade. Ele há coisas!


Já agora, o que nos une em parecenças físicas, divide-nos em percursos de vida. Aqui fica, para que não haja confusões, um breve resumo:

Maximino Barbosa de Sousa:

- O Padre Max era professor do liceu, no distrito de Vila Real, e uma figura muito popular na região norte. Max era um Padre militante de extrema esquerda (UDP).

- Morreu quando tinha 33 anos num atentado, na companhia da sua aluna Maria de Lurdes, quando se deslocavam de carro entre a Cumieira e Vila Real, a bomba explodiu, accionada por controlo remoto e os dois morreram.

- Alegou-se na altura que o atentado terá sido perpetrado pelo então Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP). O MDLP era um movimento de extrema-direita que se dedicava a perseguir e atacar pessoas de esquerda, sobretudo no Norte do país.

- O primeiro processo sobre o crime foi arquivado em 1977, por falta de provas. Em 1989, o processo foi reaberto pelo Tribunal da Relação do Porto. Foram indicados sete responsáveis pelo atentado: O cónego Melo, o empresário Rui Castro Lopo, e o ex-membro do Conselho da Revolução Canto e Castro, como autores morais; Carlos Paixão, Alfredo Vitorino, Valter dos Santos e Alcides Pereira, como autores materiais. Mas, o processo foi novamente arquivado, por falta de provas.

- Até hoje foram reabertos vários processos, mas nunca ninguém foi condenado.

João Bugalhão:

- Nasceu em 1957, no concelho de Marvão, no seio de família pobre e humilde mas com uma tradição de vivência no concelho com mais de 300 anos.

- Aos 14 anos emigrou para a zona de Lisboa para trabalhar, fazer e completar os seus estudos secundários (ensino nocturno). Foi serralheiro civil e orçamentista. Sempre se interessou pela política, organizou e participou numa Greve antes de 25 de Abril de 1974; e após essa data militou em partidos de esquerda, que abandonou em 1975, por estes não representarem os seus ideais.

- Em 1978 ingressou no Exército e esteve durante 4 anos, onde chegou ao posto de Alferes Miliciano na arma de Cavalaria.

- A partir de 1982 iniciou a sua formação na área da saúde, tendo-se Licenciado em Enfermagem, mais tarde na Especialidade de Enfermagem de Saúde Pública, e completou duas Pós-Graduações em Gestão de Unidades de Saúde. Exerceu a sua profissão no concelho de Marvão (20 anos) e no concelho de Arronches (5 anos). Aposentou-se (ou jubilou-se) em 2009.

- Foi Membro da Assembleia Municipal de Marvão, eleito nas listas do PSD entre 2001-2011, tendo-se demitido em desacordo com o rumo político seguido pelo Executivo Camarário do mesmo partido. Foi ainda Membro da Assembleia Distrital de Portalegre entre 2009-2011.

- Hoje, com 56 anos de idade, define-se como se diz na primeira página deste Blog: Homem livre, descendente de moleiros, heterossexual, apaixonado, Ibérico, observador do mundo, anti-maiorias, exilado, não-alinhado, e semi-analfabeto. 

... e escritor de blogues para espantar a solidão e outras moléstias!

sábado, 26 de outubro de 2013

Porque hoje é sábado...


Um pouco de mundanismo (só de vez em quando) não faz mal nenhum, e não nos vincula ao voyeurismo vip ou ao “big brother” do mediatismo da treta. Mas procurando acrescentar alguma coisa de sério, se é que o assunto o merece.

Dedicado a todas as Bárbaras e Maneis, Carlos e Dianas desta sociedade hipócrita dos casais. Mas com todo o respeito pelos rebentos Dinis e Carlota, e tantos outros nessas condições, que não têm culpa nenhuma, nem escolheram os pais!

La dolce vita

Hum...! Sábado à noite, e com ele a febre das emoções: é o balancé do disco! O automóvel do papá (e os piões), é o olhar comilão, com o gin tónico pela frente, aquela pose ao balcão, a controlar, o ambiente. A gravata, que incomoda (mas é moda), as patilhas aparadas, o fato branco, a rigor, as biqueiras azeitadas, e, o andar “à matador”, “à matador”...

La dolce vita”, que grande fita....
  
É o perfume feito suor, o convite para uma cola refrescante, quando ela sai da pista com o fogo no semblante. É o “batom” de framboesa (a condizer com o verniz), um ar de imitação barato dos manequins de Paris! A pastilha elástica com o sabor a mentol, é o “conto do bandido” para morder o anzol:

- Foram feitos um para o outro, "um par de deus" fascinante: - O DESTINO OS JUNTOU. Para os separar mais adiante!

La dolce vita”, que grande fita....




O circo (do “amor”) ....

Vamos ao circo (do amor). Meninos e meninas, moços ricos, moças finas, aí vem (aí vem). Aí vem o circo: - O Carlos e a Diana no satélite, e, na cama. Ele aí vem!

Vamos, vamos ao circo (do amor), toda a gente vai, vamos! Vamos ao circo. Vamos, vamos ao circo!

Vamos ao circo (do amor), fotografias e aparato, a galinha e o pato, aí vem! Aí vem o circo: - O Carlos e a Diana no satélite, e, na cama! Ele aí vem!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Perguntas que incomodam...


Que terá acontecido ao Saldo de Tesouraria da CM de Marvão que de Setembro para Outubro reduziu 500 000 euros?



(Clicar sobre as imagens para observar melhor)

Leitura complementar aqui; ou confirmar dados aqui.  (Actas de 2013)

Isto sim que são amigos!


Ah ganda Roberto..


Piadinha: Eu vi, mas não agarrei!



E já agora leiam e oiçam que é lindo:

Não vou procurar quem espero, se o que eu quero é navegar, pelo tamanho das ondas! Conto não voltar. Parto rumo à primavera que em meu fundo se escondeu, esqueço tudo do que eu sou capaz. Hoje, o mar sou eu!

Esperam-me ondas que persistem, nunca param de bater, esperam-me homens que desistem antes de morrer. Por querer mais do que a vida, sou a sombra do que eu sou, e ao fim não toquei em nada, do que em mim tocou!

Eu vi, mas não agarrei...

Parto rumo à maravilha, rumo à dor, que houver para vir. Se eu encontrar uma ilha: Paro para sentir. E, dar sentido à viagem, para sentir que eu sou capaz, se o meu peito diz coragem: - Volto a partir em paz...




quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Estupidez...




Há muito que não me sentia tão revoltado como hoje, devido à notícia da transferência da Escola de Instrução da GNR de Portalegre para a Figueira da Foz.

O único comentário que me ocorre é: Estupidez...

Num país que tem o interior a despovoar abruptamente, que merecia uma política nacional concertada de repovoamento, em que uma das medidas deveria ser a transferência de instituições públicas que funcionam melhor no interior do que litoral, como é o caso de: escolas superiores, prisões, alguns hospitais, alguns serviços ministeriais, etc; ainda o que vê, é o pouco que cá existe, ir para o litoral!!!

Para além de uma autêntica Estupidez, o filho-da-***a responsável por uma decisão destas, deveria levar com um pano encharcado de me**a de porco tantas vezes, até que o dito ficasse aliviado de todo cheiro! Depois encharca-se novamente (agora com a respectiva de vaca) e repetia-se a operação...


LANÇA - CUP...



terça-feira, 22 de outubro de 2013

No rescaldo das eleições autárquicas 2013 (4)


Marvão (2) – Crónica sobre os resultados anunciados!

As eleições autárquicas no concelho de Marvão quase iam decorrendo de acordo com o previsto, isto é, sem qualquer alteração digna de registo. Mas faltou esse quase, que se ficou a dever a 2 factos:

- A eleição de 4 vereadores por parte do PSD (quando antes eram 3),

- E a surpreendente vitória de Sandra Paz (pelo PS) para a Junta de Freguesia de Marvão (creio eu, que a primeira vez na história eleitoral em Marvão, que um executivo no poder perde umas eleições).

Não fossem estes 2 pequenos acontecimentos (que mais à frente analisarei), e tudo estaria como antes “com o quartel-general em Abrantes” (quando o tinha). Em minha opinião, os resultados que se registaram eram mais que esperados (com excepção para aqueles que se encontravam envolvidos numa das candidatura de oposição), por dois motivos principais:

- Vítor Frutuoso e a sua equipa têm feito “trabalho”, governam o concelho sem oposição há 8 anos, e investiram cerca de 500 000 euros de dinheiros públicos "em obras de campanha" à última hora (tal como eu já suspeitava e como escrevi aqui, e num dos próximos artigos demonstrarei).

- As alternativas apresentadas eram pouco credíveis e/ou fundamentadas, para não usar outros termos. Escolher candidatos híbridos (os tais cometas), que nunca se viram participar na vida pública do concelho (refiro-me aos cabeça de lista), que a maioria dos marvanenses nem sequer conhece, apenas porque são boas pessoas, é um erro crasso, e descamba quase sempre em derrotas copiosas. Acabando por se verificar aqui, inclusive, um preceito anti-natural: A força do conjunto (junção de 3 projectos) foi inferior à soma das partes! E os custos da sua campanha foram pouco mais que 10 000 euros, segundo me informaram.

 1 – Os vencedores

Quanto à vitória de Vítor Frutuoso e do PSD, ela tem que ser realçada. Não só porque venceu; como também e num período complicado para a vida do partido (devido à conjuntura nacional enquanto partido do governo), ser o único candidato do PSD no distrito que aumentou o número de vereadores (e um dos poucos a nível nacional). Até eu, que tenho sido um dos mais críticos, publicamente, ao seu exercício (embora o faça por questão dos métodos utilizados e pormenores governativos, e porque gostaria que os resultados alcançados fossem de excelência), não me custa admitir que, Vítor Frutuoso, obteve uma grande vitória de reconhecimento do seu trabalho, por parte dos marvanenses.

Mesmo com estes resultados, os problemas de Vítor Frutuoso são de carácter, ao não tratar os marvanenses todos por igual, promovendo a sua desunião - Veja-se o caso de tratamento às Associações do concelho; e de liderança, tanto no concelho como no partido (só ouve aqueles que lhe lambem as botas, e não sabe trabalhar em equipa); e por isso não sabe aproveitar todas as sinergias do concelho, que lhe poderiam dar um consulado de eleição.

Assim, foi afastando (ou afastaram-se) uma série de pessoas que numa altura, ou outra, deram a cara para a sua chegada ao cargo, e a quem ele foi desprezando, mas sem elas, ele jamais teria sido Presidente da Câmara Municipal de Marvão. Depois de me afastar a mim (que fui o primeiro), seguiram-se consecutivamente: Pedro Sobreiro, Carlos Sequeira, Fernando Bonito, João Carlos Anselmo, José Manuel Baltasar, João Manuel Lança, Mário Patrício, Manuel Martins e outros, que agora me não lembro. Ainda nas últimas eleições, e segundo dizem alguns dos implicados, não estará isento de culpa, pelo deficiente apoio que deu à Junta de Santa Maria, e assim perdeu três dinossauros locais: Manuel Joaquim Gaio, Joaquim Simão e António Pires.

Associado a estes problemas estão algumas das pessoas de quem se rodeou. A maioria das quais, apenas o apoiam, por interesses pessoais, e porque vivem à sombra do “partido da câmara”, mas nada acrescentam para a evolução do concelho.

Saíram também vencedores, sem surpresa, Tomás Morgado em SS da Aramenha; e António Mimoso em Beirã. No Caso de Tomás Morgado: Arrasador.

Quanto à Assembleia Municipal (PSD) felicito 9 dos seus membros eleitos, mas espero que neste mandato tenham um comportamento activo na discussão dos problemas do concelho, e que não sejam o grupo amorfo que foram no anterior mandato, em que apenas se limitaram a levantar o braço para dizerem: “sim senhor presidente”.

Não posso felicitar o 10º membro porque, no passado, nunca esteve à altura do cargo para que foi eleito, e agora, reeleito, à sombra do “partido da câmara”, continuará a não honrar o compromisso que aceitou. Passará há história como o pior presidente da Assembleia Municipal de Marvão, e aquele que mais primou pela ausência. Uma aberração a sua continuidade. Um fraco e pobre democrata, com estatuto de importante.

2 – Os vencidos

Quero em primeiro lugar felicitar todos os que tiveram a coragem de dar a cara pela candidatura do Partido Socialista; as outras candidaturas só serviram para os partidos respectivos (CDU e CDS), receberem os subsídios nacionais dos contribuintes.

Não era nada fácil ter sucesso nas condições políticas que estavam criadas em Marvão, e dar a cara nestas condições, é preciso ter coragem. Os resultados poderiam ter sido um pouco melhores, mas a vitória era impossível, e a mim, não me surpreenderam.

A minha crítica aqui, não vai para os candidatos, mas sim para os decisores - A cúpula partidária do PS, e sua estratégia na forma de fazer oposição (calados e sem alternativas durante 4 anos, pensando que o fruto cairia de maduro), quer como partido, quer nos órgãos em que estavam representados (Câmara e Assembleia). Estas fórmulas caducas de fazer política estão gastas, já não se usam, e o povo quer saber, para além da cara dos candidatos, o que é que se tem para “oferecer” diferente dos que estão no poder. E aqui a oposição ao executivo de Vítor Frutuoso foi, praticamente, nula.

Quanto à escolha de Candidatos, apesar de reconhecer que a coisa não era fácil, escolher apenas porque se tem um título, em detrimento de quem apresenta trabalho; preterir pessoa do concelho, em detrimento de desconhecidos; por à frente interesses pessoais e familiares, em detrimento da competência e da causa pública; não resulta, e já foi demonstrado mais do que uma vez. Por isso, só podia dar resultados como os que agora obtiveram.

Por isso volto a relembrar aquilo que escrevi em Outubro de 2012, antes das escolhas: 

“... por mim, de figuras cinzentas, já chegam as que temos. O que Marvão precisa é de pessoas que conheçam o concelho, as suas gentes, e os seus costumes; que saibam o nome dos marvanenses dos Alvarrões ao Pereiro e dos Galegos ao Vale de Ródão; que queira trabalhar em equipa, que considere as pessoas acima das obras, que saiba ouvir mais do que falar; que saiba estar presente nos bons e maus momentos; que não utilize o “eu” quando se refere ao trabalho de todos; que saiba que qualquer homem isolado é uma ilha, e o conjunto é sempre superior à soma das partes; que não ponha os seus negócios à frente dos interesses da comunidade; que não olhe para os do seu "partido" como imaculados e para os outros como inimigos; alguém que seja simples e não um megalómano; que respeite o movimento associativo, que trate todos por igual e com respeito, em vez de nomear comissários políticos; que utilize os recursos para melhorar a vida dos marvanenses, e não para servir os amigos ou correlegionários  que saiba que está no lugar para servir os marvanenses e não para se servir deles...”

O Partido Socialista de Marvão precisa de ser renovado em pessoas e ideias. Isso de sucessões de filhos a pais é na monarquia e, que eu saiba, por enquanto, o PS ainda é um partido laico e republicano. O PS local precisa de sangue novo, não exclusivamente jovem, pessoas que apresentem críticas e alternativas, que façam uma oposição contínua, séria e responsável, e, que não aparecem só na altura das eleições. Se o não fizer, vão apanhar muitas como a que agora sucedeu. E “Frutuoso y sus Muchachos” podem dormir descansados por muitos anos.

Não posso terminar análise aos resultados eleitorais, sem referir e felicitar, a grande surpresa que foi a vitória da Sandra Paz para a presidência da Junta de Freguesia de Santa Maria de Marvão (independentemente da polémica do voto), o que demonstrou que em política eleitoral não há impossíveis, nem milagres! E não são os “figurões” que ganham eleições. O que tem que haver é muito trabalho. Espero que saibam estar à altura da responsabilidade.

Nota: Não digam que eu disse mal de todos, apenas refiro a minha opinião, dar algumas contribuições para o futuro, e procurei fundamentar tudo o que escrevi.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O mundo dos outros...

Das coisas mais hilariantes, e certeiras, que encontrei sobre a entrevista de um tal sócrates ao jornal do regime socialista.

por Rui Rocha, em 20.10.13

"O pássaro de que vos vou falar é o Teixeira dos Santos. O Teixeira dos Santos não vê nada de dia e à noite é mais cego que uma toupeira. Para ele não se magoar, coloquei-o numa gaiola durante dois anos. Um dia, deixei a porta aberta e o Teixeira dos Santos pôs-se a andar. O Teixeira dos Santos já não interessa nada e por isso vou continuar com outro tema de que quero falar – o PEC IV.

O PEC IV era uma vaca que nos ia dar muito leite. A vaca tem seis lados. O da direita que é o dos filhos da mãe. O da esquerda que é só meu embora o Soares e os outros reumáticos pensem que é deles. O de cima, onde vivia a Fernanda. O de baixo, onde vivia o Diogo, que não sei quem é e com quem nunca me encontrei. Aliás, detesto que discriminem os homossexuais. Ser homossexual não tem mal nenhum. Agora percebo um bocado mais destas questões até porque já li coisas do Freud para aí umas quatro vezes. Mas ofende-me muito que digam que sou paneleiro.

O último lado da vaca é o de trás que tem o rabo e é onde o Santana Lopes está pendurado. Com o Santana Lopes espantam-se as moscas para que não estraguem o leite. A cabeça serve para que lhe saiam os cornos (refiro-me à vaca e não ao Santana Lopes) e também para ter a boca que tem de estar em algum lado.

A Merkel pensa que a vaca é dela, mas a vaca é da minha mãe que também é proprietária de terrenos, casas e mansões em Cascais e em todo o lado com excepção das Ilhas Caimão. O que rima e é verdade.

Só a CGD é que tem mais vacas que a minha mãe e por isso pôde fazer-me um empréstimo para eu passar uns meses em Paris a aprender coisas sobre a tortura. A tortura é má, magoa muito e faz mal às pessoas. Eu não gosto da tortura. Gosto da minha mãezinha, do PEC IV e do Lula. E do Stuart Mill e do Bentham. Do Kant não. Já li o Kant dez vezes e não gosto. O slogan do Obama era Yes, We Can. O meu é No, I Kant. E o marido da vaca é o boi. O boi não é um mamífero. O Schauble é um boi.

 A vaca não come muito, mas o que come, come duas vezes, ou seja: já tem bastante. Quando tem fome, muge; quando não diz nada, é porque está cheia de erva por dentro. As suas patas chegam ao chão. A vaca tem um olfacto muito desenvolvido, pelo que se pode cheirá-la desde muito longe. É por isso que o ar do campo e eu somos tão puros.

Antes de terminar quero agradecer à minha professora Clarinha que me fez perguntas tão difíceis sobre a minha licenciatura ao Domingo e me deixou responder com o episódio da minha chegada a Coimbra. E ao Lula e à CGD e à mamã."

Atentamente o jozézito.

E eu cantando:

jozézito, já te tenho dito,
que não é bonito andares a enganar!
chora agora, jozézito, chora,
e desaparece daqui pra fora
pra não mais voltar....

domingo, 20 de outubro de 2013

Coisas giras vistas por aí (7)

Deslumbrante...



(Ver ecrã inteiro) 

sábado, 19 de outubro de 2013

As músicas da minha vida (4)

Versão 1

Mandei-lhe uma carta em papel perfumado, e com letra bonita dizia que ela tinha um sorriso luminoso, tão triste e gaiato, como o sol de Novembro, brincando de artista nas acácias floridas, e na fímbria do mar.

Sua pele macia era sumaúma, sua pele macia cheirando a rosas, e seus seios laranja, laranja do Loge! Eu mandei-lhe essa carta, e ela disse que não!

Mandei-lhe um cartão, que o amigo maninho tipografou: por ti sofre o meu coração! Num canto 'sim', noutro canto 'não'. E ela, o canto do 'não': dobrou.

Mandei-lhe um recado, pela Zefa do sete, pedindo e rogando de joelhos no chão, pela senhora do Cabo, pela santa Efigénia, me desse a ventura do seu namoro. E ela disse que não!

Mandei à vó Xica quimbanda de fama, à areia da marca que o seu pé deixou, para que fizesse um feitiço bem forte e seguro, e dele nascesse um amor como o meu. E o feitiço falhou!

Andei barbado, sujo e descalço (como um monangamba) procuraram por mim: - não viu... (ai não viu não?), não viu Benjamim. E perdido me deram no morro da Samba.

Para me distrair levaram-me ao baile do Sr. Januário, mas ela lá estava num canto a rir, e contando o meu caso às moças mais lindas do bairro operário...

Tocaram a rumba e dancei com ela, e, num passo maluco voámos na sala. Qual uma estrela riscando o céu! E a malta gritou: - Aí Benjamim!

Olhei-a nos olhos, sorriu para mim. Pedi-lhe um beijo! Lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá: - E ela disse que sim...



Versão 2

Mandei-lhe uma carta, em papel perfumado, e com letra bonita, dizia que ela tinha, um sorriso luminoso tão triste e gaiato, como o sol de Novembro, brincando de artista, nas acácias floridas, espalhando diamantes, na fímbria do mar, e, dando calor ao sumo das mangas.

Sua pele macia era sumaúma, sua pele macia da cor do jambo, cheirando a rosas, sua pele macia, guardava as doçuras do seu corpo rijo. Tão rijo e tão doce como o maboque; seus seios laranja, laranja do Loge; seus dentes marfim. Mandei-lhe essa carta, e ela disse que não!

Mandei-lhe um cartão, que o amigo maninho tipografou: “ por ti sofre o meu coração”, num canto 'sim', noutro canto 'não'. E ela, o canto do 'não':dobrou!

Mandei-lhe um recado pela Zefa do sete, pedindo e rogando de joelhos no chão, pela senhora do Cabo, pela santa Efigénia, me desse a ventura do seu namoro. E ela disse que não!

Levei à vó Xica quimbanda de fama, à areia da marca que o seu pé deixou, para que fizesse um feitiço bem forte e seguro, e nela nascesse um amor como o meu. E o feitiço falhou!

Esperei-a de tarde à porta da fábrica, ofertei-lhe um colar, um anel e um broche, e, paguei-lhe doces na calçada da Missão, ficámos num banco do largo da Estátua, afaguei-lhe as mãos, falei-lhe de amor! E ela disse que não!  

Andei barbudo, sujo e descalço, e como um monangamba procuraram por mim: - não viu... (ai não viu?), não viu Benjamim. E perdido me deram no morro da Samba.

Para me distrair, levaram-me ao baile do sô Januário, mas ela lá estava num canto a rir, contando o meu caso às moças mais lindas do bairro operário. Tocaram a rumba e dancei com ela, e, num passo maluco voámos na sala. Qual uma estrela riscando o céu! E, a malta gritou: - Aí Benjamim!

Olhei-a nos olhos, sorriu para mim. Pedi-lhe um beijo! Lá lá lá lá lá lá lá lá lá lá: - E ela disse que sim...

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

No rescaldo das eleições autárquicas 2013 (3)

Concelho de Marvão (1) - Um "poucochinho" de humor!


(Qualquer comparação com a realidade, é mera coincidência...)




(Clicar sobre a imagem para observar)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Constitucionalidades...





Vítor Constâncio, apesar de ganhar 26 724 euros por mês, o viúvo, tem automaticamente direito a uma pensão de sobrevivência no valor de 2400 euros/mês, o equivalente a 60% da pensão da falecida esposa...

Comentários para quê ?!?!?

No rescaldo das eleições autárquicas 2013 (2)


No distrito de Portalegre

A nível do distrito de Portalegre, os resultados autárquicos de 2013 nos 15 concelhos, pautaram-se, na maioria, pela continuidade, com 4 excepções: Crato, Monforte, Nisa e Portalegre.

Assim: Elvas, P. Sôr, Campo Maior e Gavião, tinham executivos liderados pelo Partido Socialista e assim continuaram; Alter, Arronches, C. Vide, Fronteira, Marvão e Sousel, eram laranjas, e laranja continuam; Avis era liderado pela CDU e assim continuou. Nos pequenos concelhos tal situação não me admira, conhecendo eu, como conheço, as dinâmicas sociais aí existentes, onde os executivos têm um controlo quase absoluto (e nalguns casos absolutista) sobre as populações, e, onde uma grande parte das famílias dependem das autarquias para sobreviverem. Esse reconhecimento, faz-se por vezes através do voto.

As que mudaram de cor, cada uma tem, para mim, leitura diferente. Nisa estava no fim de um ciclo, a presidente não se podia recandidatar (devido á lei de limitação de mandatos), e a CDU com o aparecimento de uma candidatura independente, na mesma área, acabou por perder um concelho que governava há mais de um quarto de século, venceu agora o PS. Monforte e Crato, continuam no ping-pong CDU/PS: ora agora ganhas tu, ora agora ganho eu...; os eleitores destes 2 concelhos ou andam a ser enganados por todos, ou não sabem o que querem.

Quanto a Portalegre? Aqui as coisas piaram mais fino. PSD e PS tiveram uma derrota que não deveriam esquecer tão cedo. O maior derrotado, na minha opinião, foi o PSD, ao não eleger qualquer vereador, ou presidente de Junta em todo o concelho; mas o PS não ficou muito melhor, ao não conseguir vencer duas candidaturas divididas na área do PSD. A candidatura "independente" de Adelaide Teixeira foi a grande vencedora com maioria absoluta (4 vereadores em 7 possíveis), e 5 Freguesias em 7 possíveis (2 foram para o PS).

O que se passou no concelho de Portalegre, deveria ser uma lição para toda a “partidocracia” portuguesa, pela forma errada, como se faz política em Portugal, e, do caciquismo reinante na escolha de candidatos. Os interesses pessoais, ou de famílias, não podem ser postos à frente da realidade e das preferências dos munícipes, e esta forma de escolher candidatos tem de acabar. As oligarquias de meia dúzia de iluminados, que se juntam nas concelhias partidárias, com base em interesses pouco claros, e que decidem com base na voz dos “donos”, estão esgotados. Neste caso foi tamanho o erro, que deveriam ter consequências drásticas, e os responsáveis locais concelhios (tanto do PSD como do PS), deveriam ter apresentado, imediatamente, as suas demissões, e, posto os lugares à disposição dos militantes; mas não, lá continuam, para continuarem a emporcalhar esta pobre democracia.

No caso do PSD, as coisas ainda são mais graves, por estarem "apadrinhadas" pelo Secretário-geral nacional como candidato à Assembleia Municipal, ele próprio derrotado copiosamente. Pelo menos a confiança dos portalegrenses ele não tem. Se juntarmos a esta derrota local, algumas das responsabilidades nacionais, não se percebe como é que pode continuar como estratega da política do partido do governo!

Onde chegou o pouco tino dos partidos em Portugal, que já nem com os erros de palmatória aprendem.

O que se questiona ainda, é porque é que esta gente continua agarrada ao poder? E qual a noção que têm de democracia, que já nem com as derrotas eleitorais largam o poder. Até onde nos conduzirá esta política e estes políticos. Veja-se, por exemplo, a cegueira do nada dizer nem nada acrescentar, do comunicado que pariu a Comissão Política de Secção de Portalegre do PSD (que em baixo reproduzo), sobre os resultados eleitorais ocorridos em Outubro de 2013, e que acabo de relatar:

 
 
"PSD Portalegre
(Portalegre, 7 de Outubro de 2013)

A Comissão Política de Secção (CPS) de Portalegre do PPD/PSD, após reunião para análise dos resultados eleitorais das Eleições Autárquicas, vem expressar o seguinte: 

■ A CPS assume a total responsabilidade dos resultados eleitorais de dia 29 de Setembro; 

■ O PSD demonstra plena solidariedade com o Dr. Jaime Azedo, bem como com todos os restantes candidatos, agradecendo-lhes toda a disponibilidade, todo o envolvimento, mas principalmente toda a postura ética em prol da candidatura “Portalegre Com Orgulho”; 

■ A CPS agradece a todos os Portalegrenses que votaram na candidatura “Portalegre Com Orgulho”, depositando confiança em cada um dos eleitos; 

■ Apesar dos resultados, a CPS entende que foi desenvolvido um trabalho baseado na ética, nos valores democráticos e, consequentemente, no respeito pelos adversários, apresentando aos eleitores uma proposta de desenvolvimento que colocava em primeiro lugar o Concelho; 

■ O PSD Portalegre felicita os vencedores e deseja a todos os eleitos um bom trabalho, sempre em prol dos Portalegrenses.

\\ A Comissão Política de Secção de Portalegre do PPD/PSD"
 
 
Responsabilidade? Solidariedade? Agradecimentos? Trabalho? (Ah, deixem-me rir...). E autocrítica, e os erros, e as consequências?

Mais valiam estarem calados...

Nota: O próximo capítulo será dedicado ao concelho de Marvão

domingo, 13 de outubro de 2013

As músicas da minha vida (3)


Ai, ai senhor das furnas que escuro vai dentro de nós, rezar o terço ao fim da tarde só para espantar a solidão, e rogar a deus que nos guarde, confiar-lhe o destino na mão. Que adianta saber as marés, os frutos e as sementeiras, tratar por tu os ofícios, entender o suão e os animais, falar o dialecto da terra, e conhecer-lhe o corpo pelos sinais? E do resto entender mal, soletrar, assinar em cruz, e, não ver os vultos furtivos que nos tramam por trás da luz.

Ai, ai senhor das furnas que escuro vai dentro de nós, a gente morre logo ao nascer com olhos rasos de lezíria, de boca em boca passar o saber com os provérbios que ficam na gíria. De que nos vale esta pureza, sem ler fica-se pederneira, agita-se a solidão cá no fundo, fica-se sentado à soleira a ouvir os ruídos do mundo, e a entendê-los à nossa maneira.

Carregar a superstição, de ser pequeno, ser ninguém! E não quebrar a tradição que dos nossos avós já vem...






sábado, 12 de outubro de 2013

O mundo dos outros...


Pedro Correia, ironizando os comentadores desportivos, e muitos treinadores da praça, escreveu esta crónica aqui, antes do jogo de futebol Portugal - Israel, eu reproduzo-a aqui, após o dito jogo.


É um quatro-dois-três-um mas muitas vezes é mais um quatro-cinco-um de uma equipa que não se desorganiza nem se desposiciona muito e que sai bem na transição sobretudo nas bolas a passar em momentos de definição dessa transição ofensiva com alguma criatividade e alguma atenção à bola parada e ao jogo aéreo muito forte com os laterais a centrar nessa circunstância pois quando pressionada em bloco meio alto a equipa vai jogar tendencialmente em bloco baixo sobretudo quando os alas não são jogadores de largura e têm dificuldade nas acções de construção e a contratransição é vital porque quando se perde a bola em zona ofensiva se o pressing foi imediato pode ser recuperada instantaneamente e a contratransição numa equipa que a faça bem e que tenha qualidade de finalização muitas vezes é fatal e este é um jogo em que interessa revelar capacidade de pressionar alto e de recuperar alto e de meter grandes intensidades sobretudo na primeira parte sem deixar o adversário trocar a bola naqueles dois metros de construção da zona defensiva nem jogar no risco pois quando se recupera mais atrás eles encontram-se lá todos.

Fui suficientemente claro ou preferem que faça um desenho?"

Conclusão: Seja isto lá o que for, o jogo, foi uma vergonha! Ou uma m***a, dito em liguagem popular (pqpt).

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O futebol na sua essência


Amanhã, dia 12 de Outubro, a equipa de Velhas Guardas do Grupo Desportivo inicia mais uma época. Este grupo de convívio “futeboleiro” iniciou estas actividades em Abril de 2009, vão agora para a sua 6ª época, e disputaram até agora 36 jogos, sem mudança de Direcção ou treinador.

Para esta época estão previstos 10 jogos, sendo amanhã o primeiro em Portalegre, às 17 horas, com o Grupo de Amigos do Café Castro. O restante Calendário é o seguinte:

- 26/10/2013 - GDA - Alpalhão
- 23/11/2013 – GDA - Desportivo     
- 14/12/3013 - GDA - Sousel
- 11/1/2014 – GDA - Castro
- 1/2/2014 – S. Mamede - GDA        
- 22/2/2014 - Desportivo - GDA
- 15/3/2014- GDA – P. Sôr   
- 29/3/2014 - P. Sôr - GDA
- 31/5/2014 – GDA - S. Mamede



quinta-feira, 10 de outubro de 2013

No rescaldo das eleições autárquicas 2013 (1)


(Há coisas que se devem deixar resfriar um pouco)

Os portugueses têm por tradição histórica não perder muito tempo com o passado, independentemente, de este ter sido um sucesso ou um desastre. Dizem, como divisa, que o que é preciso é olhar e andar para a frente, e, que o passado pouco interessa. Quando a coisa correu bem é o siga a marinha, que somos um país de marinheiros, é o para a frente é que é lesboa, e, para trás “mija a burra”! Quando corre mal é o destino, vamos lá esquecer, enterrar, que isto não há mal que sempre dure e, como diz o outro: - O Benfica há-de um dia ser campeão.

Em minha opinião, quer uma coisa, quer a outra, nada de mais errado. Se tal ainda se possa aceitar, quando correu bem, já é inaceitável quando a coisa dá para o torto. E neste último acto eleitoral, muita coisa correu mal para alguns (muitos), e, objectivamente, não vi até agora análises sérias aos erros, justificações, e/ou consequência para os responsáveis, que os deve haver. E assim, se passa à frente, na próxima faremos igual e os erros serão, quase de certeza, repetidos, e quem vier a trás que feche a porta...

Esta minha análise aborda três vertentes: a nível nacional, regional (o distrito de Portalegre), e local (o meu concelho de Marvão).

A nível nacional:    

O Partido Socialista (PS) ganhou inequivocamente estas eleições: teve o maior número de presidências de Câmara, e teve a maioria de votos dos portugueses. A CDU registou também um aumento de presidências de Câmara (paradoxalmente, à custa de derrotas do PS). O CDS nem sim nem não, antes pelo contrário: passou de uma para cinco presidências de Câmara, mas perdeu muitas em coligação com o PSD e, entre o deve e o haver, não sei o saldo.

Grandes vencedores foram ainda algumas candidaturas independentes, tendo a sua expressão máxima com Rui Moreira no Porto (um feito dificilmente igualado, e uma lição política para os decisores partidários, que mostraram aqui, que de política local percebem mesmo muito pouco); mas também Portalegre (que analisarei no próximo capítulo), que tem sido pouco referida a nível nacional devido à sua pequenez, mas que em minha opinião, está ao nível, ou mesmo superior ao que aconteceu no Porto.

Ainda como grande vencedor, não posso deixar de realçar a vitória de Bernardino Soares em Loures. O até agora líder parlamentar do PCP (não fosse um admirador confesso do regime norte-coreano, e seria um dos meus heróis da noite de 29 de Setembro). Isto sim é de coragem. Ter um lugarzinho sossegado na AR como deputado, à sombra da foice e do martelo, e lançar-se numa aventura de sujeição ao voto popular, e vencer. Parabéns Bernardão!


Mas a minha especial atenção, vai para os grandes derrotados: o PSD e alguns dos seus dirigentes (embora pelas mesmas razões, também os haja no PS). Apesar de haver razões sobejamente conhecidas e debatidas para alguns maus resultados já esperados (devido à conjuntura nacional e governativa); existiram, no entanto, resultados intoleráveis que se ficaram a dever a opções manhosas, que deveriam responsabilizar os próprios, mas também quem os escolheu ou aceitou. Bem como terem as consequências previstas em democracia para quem falha por conta própria, ou não tem a confiança dos eleitores: A DEMISSÃO.

Em primeiro lugar do Coordenador Autárquico partidário, Jorge Moreira da Silva e do Secretário-geral Matos Rosa (apesar de nosso conterrâneo). Podem ser muito bons em alguma coisa, mas como estrategas políticos são uma nulidade, e disso estão fartos de dar provas. E quais as consequências? Um promovido a ministro (à portuguesa); o outro por lá continua à sombra das laranjeiras. Haja decência.

Em segundo lugar alguns dos que andam a ser eleitos à sombra do Partido (PSD), em listas colectivas para deputados, mas quando dão a cara, ou corpo ao voto, o povo diz que neles não confia, e infringe-lhes derrotas que os deviam envergonhar. Estão neste caso, pelo menos, os deputados: Carlos Abreu Amorim (em Vila Nova de Gaia), Pedro Pinto (em Sintra); e mais uma vez, Matos Rosa (Portalegre), que apesar de ser candidato à Assembleia Municipal, os resultados foram ultrajantes. Quando existiam outras alternativas credíveis de pessoas sempre ligadas ao PSD, e que alguns acabaram vencedores em listas independentes. Vencer no Porto (se apoiassem Rui Moreira), Vila Nova de Gaia (se apoiassem José Guilherme Aguiar), Sintra (se apoiassem Marco Almeida), Portalegre (se apoiassem Adelaide Teixeira); a derrota teria sido muito amenizada, e penso que até poderiam cantar vitória. 

Em terceiro lugar, a grande derrota dos “salta-pocinhas” ou “os cucos”: Luís Filipe Menezes (Porto); Moita Flores (Oeiras); e Fernando Mota (Loures). Então os senhores que podiam sair pela porta grande (nem todos, alguns a dívida que deixaram...) vão-se armar em heróis? Que grande lição da débil democracia portuguesa! Vão para casa cuidar dos netos, ou das jovens esposas aqueles que as têm, ou escrever umas novelas nem que seja para a TVi.

Todos os envolvidos nestas três situações prestaram um mau serviço à democracia, e sobretudo ao PSD, e, disso deverão tirar as respectivas consequências).

(Para não maçar mais, no próximo capítulo farei a análise regional)          

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

As músicas da minha vida (2)


Numa época em que tanto se fala de heranças e sacrifícios de gerações: - Ai coitadinhos têm que emigrar, ai que desgraça de país, ai que temos que pagar privilégios de gerações anteriores...; convém lembrar que hoje, enquanto cidadãos europeus, Londres, Paris ou Berlim ficam à distância de 2 horas.

Nas décadas de 60 e 70, “a cidade”, a capital, ficava para a maioria dos portugueses a 9 e 12 horas de distância. As visitas à família faziam-se uma a duas vezes por ano. Eu ainda apanhei esse tempo. De Lisboa a Marvão eram 8 ou 9 horas de viagem. Quando em Agosto de 1971, com 14 anos de idade tive que rumar à vida (para bulir, não para ir para qualquer “facoldade” manhosa), à grande urbe, só voltei pelo Natal, e depois em Agosto do ano seguinte.  

A todos aqueles que nas décadas de 60 e 70 do século passado (os nascidos nas décadas de 40 e 50), dedico esta música da minha vida:


“Fiz-me à cidade, toda aldeia estava em minha busca, procurando os sítios onde eu era o «rei», perto das silvas, junto à ribeira. Vêm as velhas a quem eu fazia os seus recados, e vêm os homens que nascem nas fábricas, e oiço dizer: - Não tenhas medo! Não tenhas medo.

E olho para trás e vejo estes dias tristes. Recordo Teresa e o primeiro beijo, perto das silvas junto à ribeira.

Aqui neste comboio, fujo da tristeza, fujo da miséria, já nada me impede, corro contra o vento, corro atrás do tempo, não pode haver pior, não quero mendigar: - Vou para a cidade, vou para cidade...

E adormeço, sonho com a cidade, a capital! Vejo uma mosca atrapalhada, e oiço dizer:

- Não tenhas medo! Não tenhas medo...”


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Lembrar Saramago 15 anos depois...


Faz hoje precisamente 15 anos (1998), que foi atribuído o Prémio Nobel a José Saramago, único até hoje a um escritor de língua portuguesa. Lembrar Saramago e a sua obra, para quem a conhece, é um privilégio. E nada melhor que relembrar o seu discurso em Estocolmo por essa altura.

Esta primeira parte, que aqui publico, é um hino à humildade, mas também à sabedoria do homem evocado, seu avô. Simultaneamente, deveria ser lido pelos profetas da desgraça que campeiam por aí, quando declaram, nunca em Portugal se ter vivido tão mal como nos tempos actuais: simples ignorantes...       

“O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever. Às quatro da madrugada, quando a promessa de um novo dia ainda vinha em terras de França, levantava-se da enxerga e saía para o campo, levando ao pasto a meia dúzia de porcas de cuja fertilidade se alimentavam ele e a mulher. Viviam desta escassez os meus avós maternos, da pequena criação de porcos que, depois do desmame, eram vendidos aos vizinhos da aldeia. Azinhaga de seu nome, na província do Ribatejo.

Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No Inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro da casa, iam buscar às pocilgas os bácoros mais débeis e levavam-nos para a sua cama. Debaixo das mantas grosseiras, o calor dos humanos livrava os animaizinhos do enregelamento e salvava-os de uma morte certa. Ainda que fossem gente de bom carácter, não era por primores de alma compassiva que os dois velhos assim procediam: o que os preocupava, sem sentimentalismos nem retóricas, era proteger o seu ganha-pão, com a naturalidade de quem, para manter a vida, não aprendeu a pensar mais do que o indispensável.

Ajudei muitas vezes este meu avô Jerónimo nas suas andanças de pastor, cavei muitas vezes a terra do quintal anexo à casa e cortei lenha para o lume, muitas vezes, dando voltas e voltas à grande roda de ferro que accionava a bomba, fiz subir a água do poço comunitário e a transportei ao ombro, muitas vezes, às escondidas dos guardas das searas, fui com a minha avó, também pela madrugada, munidos de ancinho, panal e corda, a recolher nos restolhos a palha solta que depois haveria de servir para a cama do gado.

E algumas vezes, em noites quentes de Verão, depois da ceia, meu avô me disse: "José, hoje vamos dormir os dois debaixo da figueira". Havia outras duas figueiras, mas aquela, certamente por ser a maior, por ser a mais antiga, por ser a de sempre, era, para toda as pessoas da casa, a figueira. Mais ou menos por antonomásia, palavra erudita que só muitos anos depois viria a conhecer e a saber o que significava... No meio da paz nocturna, entre os ramos altos da árvore, uma estrela aparecia-me, e depois, lentamente, escondia-se por trás de uma folha, e, olhando eu noutra direcção, tal como um rio correndo em silêncio pelo céu côncavo, surgia a claridade opalescente da Via Láctea, o Caminho de Santiago, como ainda lhe chamávamos na aldeia.

Enquanto o sono não chegava, a noite povoava-se com as histórias e os casos que o meu avô ia contando: lendas, aparições, assombros, episódios singulares, mortes antigas, zaragatas de pau e pedra, palavras de antepassados, um incansável rumor de memórias que me mantinha desperto, ao mesmo tempo que suavemente me acalentava. Nunca pude saber se ele se calava quando se apercebia de que eu tinha adormecido, ou se continuava a falar para não deixar em meio a resposta à pergunta que invariavelmente lhe fazia nas pausas mais demoradas que ele calculadamente metia no relato: "E depois?". Talvez repetisse as histórias para si próprio, quer fosse para não as esquecer, quer fosse para as enriquecer com peripécias novas. Naquela idade minha e naquele tempo de nós todos, nem será preciso dizer que eu imaginava que o meu avô Jerónimo era senhor de toda a ciência do mundo.

Quando, à primeira luz da manhã, o canto dos pássaros me despertava, ele já não estava ali, tinha saído para o campo com os seus animais, deixando-me a dormir. Então levantava-me, dobrava a manta e, descalço (na aldeia andei sempre descalço até aos 14 anos), ainda com palhas agarradas ao cabelo, passava da parte cultivada do quintal para a outra onde se encontravam as pocilgas, ao lado da casa. Minha avó, já a pé antes do meu avô, punha-me na frente uma grande tigela de café com pedaços de pão e perguntava-me se tinha dormido bem. Se eu lhe contava algum mau sonho nascido das histórias do avô, ela sempre me tranquilizava: "Não faças caso, em sonhos não há firmeza". Pensava então que a minha avó, embora fosse também uma mulher muito sábia, não alcançava as alturas do meu avô, esse que, deitado debaixo da figueira, tendo ao lado o neto José, era capaz de pôr o universo em movimento apenas com duas palavras. Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos.

Outra coisa não poderia significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer". Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada.

Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprias filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver.

Muitos anos depois, escrevendo pela primeira vez sobre este meu avô Jerónimo e esta minha avó Josefa (faltou-me dizer que ela tinha sido, não dizer de quantos a conheceram quando rapariga, de uma formosura invulgar), tive consciência de que estava a transformar as pessoas comuns que eles haviam sido em personagens literárias e que essa era, provavelmente, a maneira de não os esquecer, desenhando e tornando a desenhar os seus rostos com o lápis sempre cambiante da recordação, colorindo e iluminando a monotonia de um quotidiano baço e sem horizontes, como quem vai recriando, por cima do instável mapa da memória, a irrealidade sobrenatural do país em que decidiu passar a viver...”

Quem quiser ler o resto pode fazê-lo aqui.