Três estrelas de
alumínio a luzir num céu de querosene, um bêbedo julgando-se césar, faz um
discurso solene. Sombras chinesas nas ruas, esmeram-se aranhas nas teias, impacientam-se
gazuas, corre o cavalo nas veias.
Há uma luz
branca na barraca, lá dentro uma sagrada família, à porta um velho pneu com
terra, onde cresce uma buganvília. É o presépio de lata: Jingle bells, jingle
bells...
Oiçam um choro de criança, será branca, negra, ou mulata? Toquem as
trompas da esperança e, assentem bem qual a data!
A lua leva a boa
nova aos arrabaldes mais distantes, avisa os pastores sem tecto, e tristes reis
magos errantes. E vem um sol de chapa fina subindo a anunciar o dia, dois
anjinhos de cartolina vão cantando aleluia. É o presépio de lata: Jingle
bells, jingle bells...
Nasceu enfim, o Menino, foi posto aqui à falsa fé, a mãe deixou-o sozinho e, o pai, não se sabe
quem é!
É o presépio de
lata:Jingle bells, jingle bells...
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