“Quem não tiver história e tradições perde a sua identidade e, consequentemente, o seu espírito crítico e a sua auto-confiança ficarão diminuídos.”
Amanhã dia 19 irá
ter lugar o IV Encontro da Família Bugalhão, onde se irão juntar perto de uma
centena de membros do clã. As raízes deste apelido têm origem no concelho de
Marvão, e estendem-se no tempo por mais de 4 séculos.
Aqui fica o resumo da Árvore de Costados de 8 gerações da família. Mas já existem pelo menos mais 3 gerações, muitos dos quais se irão juntar amanhã.
De acordo com as
minhas pesquisas, o 1º individuo a usar este apelido nasceu em 1754 (Reinava em
Portugal D. João V), e foi baptizado com o nome de José, era filho de José António Toureiro (família oriunda de Alpalhão)
e de Antónia Maria Serrana (família com origens no concelho da Guarda,
freguesia de Arrifana). Durante os seus 57 anos de vida (faleceu em 1810), e
como era habitual naqueles tempos, era conhecido por 3 nomes: José Gonçalves
Serrano, José António Toureiro e José Gonçalves Bugalhão. Casou 2 vezes,
primeiro com Catarina Maria (de quem teve pelo menos 6 filhos), e depois com
Maria do Carmo (não tiveram filhos). Era Moleiro na aldeia da Ribeira da Ponte
Velha, e já era descendente de família de Moleiros, como Moleiros continuaram a
ser os seus descendentes até finais do século passado. Pertenceu à Irmandade
dos Franciscanos. Apenas o seu filho João, nascido em 1783, deixou descendência
(12 filhos).
O seu Testamento,
lavrado 4 dias antes da sua morte, encontrei-o no Arquivo Distrital de Portalegre, e
“reza” assim:
“Testamento
de José Gonçalves Bugalham, moleiro morador na Ribeira deste termo.
Aprovado
em 2 de Abril de 1810, conduzido e lavrado na forma do estilo.
Faleceu
em 6 de Abril de 1810.”
J.M.J
2-4-1810
Em nome de Deus, Ámen. Este he o meu testamento
que eu José Gonçalves Bugalham, viúvo que fiquei de Maria do Carmo, morador no
moinho da Fonte Santa, faço para bem da minha alma e discargo de minha
consciência.
Primeiramente encomendo minha alma a Deus,
Nosso Senhor que a Criou e Remiu com o seu precioso sangue na árvore da Santa
Cruz lhe peço me tome contas com misericórdia quando a minha alma se apresentar
no Tribunal Divino e der contas de meus pecados, e o mesmo peço à Virgem Maria,
minha mãe e senhora que interceda por mim a seu Bendito filho como peço ao Anjo
da minha guarda e a todos os Santos e Santas da corte do Céu que roguem ao
mesmo Senhor por mim.
Determino que sendo Deus servido e me leve
da vida presente para eterna meu corpo seja envolto em um hábito de esmola de
dois mil réis do Nosso Padre Sam Francisco e sepultado na minha freguesia, e me
acompanharão de huma das casas da Vila até à sepultura sete Padres Clérigos e
me dirá cada um uma missa de corpo presente, de esmola de cento e oitenta réis
e me cantarão hum Ofício ofertado no dia do meu falecimento, aliás no primeiro
desimpedido, e me acompanharão todas as Confrarias da Cruz pela esmola do
costume santo, excepto daquelas de que sou Irmão. Item quero que se aplique
pela minha Alma, um trintário de Missas e três trintários por meus encargos
tendo-os aliás pela minha alma. Item quero que se apliquem por Alma de minha
primeira mulher duas missas. Item quero que se apliquem por Alma de meu Pai
duas missas e por Alma de minha Mãe outras duas e por Alma da minha Avó Maria
Vaz duas Missas. Item quero que se apliquem aos Santos e Santas da minha
devoção a cada um sua Missa, a saber: ao Anjo da minha guarda, outra à Senhora
da Estrela, outra à Senhora da Guia, outra à Senhora da boa morte, outra pelas
Almas do purgatório, outra a Sam Miguel, outra a Sam Pedro.
Item deixo o Curral da parte além da Ribeira, que comprei a Isabel da Silva de Moura ao meu filho Carlos. Item deixo o remanescente da minha terça a todos os meus filhos e filhas aos quais instituo por meus universais herdeiros.
Item: quero que José Fernandes Moleiro siga
o meu testamento e lhe deixo pelo seu trabalho dois mil e quatrocentos réis e
lhe peço faça pela minha Alma o que eu faria pela sua.
Declaro que meu genro Manuel Lopes está pago
da legítima que pertenceu a sua mulher Teodora por morte da minha mulher.
Declaro que dei conta da legítima que
pertenceu a minha filha Jacinta por morte da minha mulher doze mil réis o mais
se lhe está devendo.
Declaro que me deve meu filho João dezoito
mil réis que por ele tinha pago e lhe tinha emprestado e de um porco que lhe
vendi.
E por esta forma dou este testamento por
findo e acabado e quero que se cumpra como nele se contém por ser esta a minha
última vontade a qual pedi ma fizesse Ezequiel Gração Roma de Marvão por eu não
saber escrever o que eu fiz como pessoa particular e com ele assinei.
Moinho da Fonte Santa. 2 de Abril de 1810.
Seguem-se as assinaturas de Ezequiel Gração
Roma; e do Testador José Gonçalves Bugalham (que assinou de cruz);”
Assim, amanhã, lá estaremos para recordar o nosso passado, viver o presente, e olhar o futuro...
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