sexta-feira, 18 de julho de 2014

IV Encontro da Família Bugalhão (19/7/2014)


“Quem não tiver história e tradições perde a sua identidade e, consequentemente, o seu espírito crítico e a sua auto-confiança ficarão diminuídos.” 

Amanhã dia 19 irá ter lugar o IV Encontro da Família Bugalhão, onde se irão juntar perto de uma centena de membros do clã. As raízes deste apelido têm origem no concelho de Marvão, e estendem-se no tempo por mais de 4 séculos.

Aqui fica o resumo da Árvore de Costados de 8 gerações da família. Mas já existem pelo menos mais 3 gerações, muitos dos quais se irão juntar amanhã.




De acordo com as minhas pesquisas, o 1º individuo a usar este apelido nasceu em 1754 (Reinava em Portugal D. João V), e foi baptizado com o nome de José, era filho de José António Toureiro (família oriunda de Alpalhão) e de Antónia Maria Serrana (família com origens no concelho da Guarda, freguesia de Arrifana). Durante os seus 57 anos de vida (faleceu em 1810), e como era habitual naqueles tempos, era conhecido por 3 nomes: José Gonçalves Serrano, José António Toureiro e José Gonçalves Bugalhão. Casou 2 vezes, primeiro com Catarina Maria (de quem teve pelo menos 6 filhos), e depois com Maria do Carmo (não tiveram filhos). Era Moleiro na aldeia da Ribeira da Ponte Velha, e já era descendente de família de Moleiros, como Moleiros continuaram a ser os seus descendentes até finais do século passado. Pertenceu à Irmandade dos Franciscanos. Apenas o seu filho João, nascido em 1783, deixou descendência (12 filhos).

O seu Testamento, lavrado 4 dias antes da sua morte, encontrei-o no Arquivo Distrital de Portalegre, e “reza” assim:

“Testamento de José Gonçalves Bugalham, moleiro morador na Ribeira deste termo.
Aprovado em 2 de Abril de 1810, conduzido e lavrado na forma do estilo.
Faleceu em 6 de Abril de 1810.”

J.M.J 2-4-1810

Em nome de Deus, Ámen. Este he o meu testamento que eu José Gonçalves Bugalham, viúvo que fiquei de Maria do Carmo, morador no moinho da Fonte Santa, faço para bem da minha alma e discargo de minha consciência.

Primeiramente encomendo minha alma a Deus, Nosso Senhor que a Criou e Remiu com o seu precioso sangue na árvore da Santa Cruz lhe peço me tome contas com misericórdia quando a minha alma se apresentar no Tribunal Divino e der contas de meus pecados, e o mesmo peço à Virgem Maria, minha mãe e senhora que interceda por mim a seu Bendito filho como peço ao Anjo da minha guarda e a todos os Santos e Santas da corte do Céu que roguem ao mesmo Senhor por mim.

Determino que sendo Deus servido e me leve da vida presente para eterna meu corpo seja envolto em um hábito de esmola de dois mil réis do Nosso Padre Sam Francisco e sepultado na minha freguesia, e me acompanharão de huma das casas da Vila até à sepultura sete Padres Clérigos e me dirá cada um uma missa de corpo presente, de esmola de cento e oitenta réis e me cantarão hum Ofício ofertado no dia do meu falecimento, aliás no primeiro desimpedido, e me acompanharão todas as Confrarias da Cruz pela esmola do costume santo, excepto daquelas de que sou Irmão. Item quero que se aplique pela minha Alma, um trintário de Missas e três trintários por meus encargos tendo-os aliás pela minha alma. Item quero que se apliquem por Alma de minha primeira mulher duas missas. Item quero que se apliquem por Alma de meu Pai duas missas e por Alma de minha Mãe outras duas e por Alma da minha Avó Maria Vaz duas Missas. Item quero que se apliquem aos Santos e Santas da minha devoção a cada um sua Missa, a saber: ao Anjo da minha guarda, outra à Senhora da Estrela, outra à Senhora da Guia, outra à Senhora da boa morte, outra pelas Almas do purgatório, outra a Sam Miguel, outra a Sam Pedro.

Item deixo o Curral da parte além da Ribeira, que comprei a Isabel da Silva de Moura ao meu filho Carlos. Item deixo o remanescente da minha terça a todos os meus filhos e filhas aos quais instituo por meus universais herdeiros.

Item: quero que José Fernandes Moleiro siga o meu testamento e lhe deixo pelo seu trabalho dois mil e quatrocentos réis e lhe peço faça pela minha Alma o que eu faria pela sua.

Declaro que meu genro Manuel Lopes está pago da legítima que pertenceu a sua mulher Teodora por morte da minha mulher.

Declaro que dei conta da legítima que pertenceu a minha filha Jacinta por morte da minha mulher doze mil réis o mais se lhe está devendo.

Declaro que me deve meu filho João dezoito mil réis que por ele tinha pago e lhe tinha emprestado e de um porco que lhe vendi.

E por esta forma dou este testamento por findo e acabado e quero que se cumpra como nele se contém por ser esta a minha última vontade a qual pedi ma fizesse Ezequiel Gração Roma de Marvão por eu não saber escrever o que eu fiz como pessoa particular e com ele assinei.

Moinho da Fonte Santa. 2 de Abril de 1810.

Seguem-se as assinaturas de Ezequiel Gração Roma; e do Testador José Gonçalves Bugalham (que assinou de cruz);”


Assim, amanhã, lá estaremos para recordar o nosso passado, viver o presente, e olhar o futuro...

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