“Mais vale um burro que nos carregue que um
cavalo que nos derrube”
Nos últimos 3
anos várias são as vozes e as organizações políticas, que têm vindo a defender
que a solução financeira para as contas públicas portuguesas não é a austeridade (com redução de despesas),
mas sim o crescimento económico que
levaria a um aumento da riqueza produzida e, consequentemente, a um aumento de
Receitas Públicas (pelo adicional de impostos cobrados), e assim se resolveria
o tal malfado deficit. Nada mais
verdadeiro, digo eu. Só que, estes profetas
do optimismo não nos dizem de uma forma séria e real, como é que isso se
faz, ou como é que eles o farão: se descobriram jazigos de petróleo ou de diamantes, ou se têm uma "varinha" mágica. E mais, cada vez que eles estiveram no Governo
nunca o fizeram, ou o que fizeram foi exactamente o contrário.
Cometem ainda
estes profetas do optimismo, em minha modesta opinião, outro erro de
palmatória, que é defenderem que é através de Investimento Público, porque é
esse que os governos dominam (habitualmente com aumento de salários dos
funcionários públicos e pensões), que se faz o tal sonhado crescimento
económico. Isso é o que eles têm feito, ao longo de 40 anos, sobretudo os
governos socialistas, mas também os governos do PSD. Já nem falo dos comunistas
e afins, porque esses, vivem noutro mundo, embora os exemplos mundiais onde
governaram ou governam, falem por eles. Mas os resultados não têm confirmado as
suas teorias, basta uma pequena análise ao historial financeiro dos últimos
anos.
O que hoje aqui
trago para reflexão, é a evolução de 4 variáveis ao longo dos últimos 14 anos e
a sua relação com esse tal “crescimento económico” (que sendo essencial tem que
ser real e não ficcionado), como solução para todos os males da economia
portuguesa. Essa variáveis são:
- O PIB real;
- As Receitas Públicas;
- As Despesas Públicas,
- E o PIB que seria “necessário” para
sustentar as Despesas Públicas que tivemos e que temos. A primeira coisa a constatar no Gráfico 1 (de minha autoria) é a relação da evolução entre Receitas Públicas (linha rosa) e Despesas Públicas (linha amarela). Durante este período as Despesas foram sempre superiores às Receitas. Aliás, isso acontece desde o início do regime em 1974, embora com diferenças menores.
Entre 2000 e 2005, essa diferença situou-se numa média anual que rondou os
A partir de 2011
as Despesas Públicas começaram a
diminuir e, contrariamente, ao que se quer fazer crer (pela voz dos papagaios
do regime), em 2013 as Despesas foram de 80 700 milhões (menos 8 300 milhões do
que em 2010); e em 2012 tinham sido ainda menores: 78 200 milhões de euros. Em
contrapartida as Receitas Públicas
atingiram em 2013 o seu recorde (devido ao tal brutal aumento de impostos de
Gaspar), atingindo o valor de 72 400 milhões de euros. O total acumulado de deficit público nestes 3 anos (apesar
da herança socrática brutal em juros), foi de 26 300 milhões de euros, numa
média de 8 700 milhões de euros ao ano.
Fixem-mo-nos agora
na parte superior do Gráfico. A “linha azul escura” representa a evolução, em
milhões de euros, do PIB português, isto é, de grosso modo, a riqueza produzida
no país. No período de 2000 a
2010 verificou-se um crescimento constante do PIB em Portugal, embora ténue,
aumentou em média cerca de 0,7% ao ano. Para avalizar da miserável gestão pública deste período, convém acrescentar que durante esta década, a Dívida Pública, através de empréstimos, aumentou aproximadamente 100 000 milhões de euros que foram lançados na economia portuguesa. A partir dessa data o PIB decresceu, e
em 2013 foi de cerca de 165 000 milhões de euros.
Se fizermos as
contas, verificamos que as Receitas Públicas
(impostos, contribuições, fundos comunitários, e outras) ao longo deste
período atingiram uma média de 42% do PIB/ano (Isto quer dizer, que ao longo
destes 13 anos, 42% da riqueza produzida em Portugal, foi para o Estado),
variando no intervalo entre 38% (2000 e 2001), e 45% (2011); os valores
percentuais mais elevados registaram-se em 2011 (45%) e em 2013 (44%).
No entanto, como
as Despesas foram sempre superiores à Receita, para equilibrarmos a balança e,
não podendo mexer nas Despesas como exige o Tribunal Constitucional, só temos
duas hipóteses: Ou aumentamos mais os Impostos, no mínimo 2 a 3 pontos percentuais (?);
Ou lançamos mão do tal “crescimento económico”, isto é, temos que aumentar o
PIB!
O problema é como? Então aqui deixo a minha
visão:
Tal como se pode
ver no Gráfico 1 na linha azul clara, podemos ver os valores que o tal “PIB necessário” teria que atingir, para permitir uma cobrança de
receitas compatível com o nível de despesas que temos. Só para se ter uma
ideia, em 2013 teria sido necessário ter tido um PIB de 183 400 milhões (mais
17 500 milhões do que o real), para fazermos face às Despesas de 80 700 milhões
(com uma cativação de 45%!).
Mas esta
situação é tão mais aberrante, ou impossível de alcançar, se observarmos os
anos fantásticos do “camarada” Sócrates. Por exemplo em 2010, teríamos que ter
aumentado o tal “crescimento económico” na módica quantia de 39 200 milhões de
euros (+ 23% que o PIB real desse ano); e em 2009, ano em que o mesmo Sócrates
aumentou as Despesas com pessoal e Pensões em 5 000 milhões de euros (para
comprar a sua reeleição e encalacrou o país a partir daí), precisaríamos de ter
um PIB de 209 800 milhões de euros (!),
isto é superior em 25% ao que se atingiu, que foi de apenas 169 100 milhões de
euros!
Por isso, meus
amigos, quem acreditar que esses vendedores de banha cobra, conseguem a façanha
do “milagre” de aumentar o PIB, pelo menos para 200 000 milhões de euros ou
mais (porque eles prometem ainda aumentar a Despesa repondo Pensões e Salários
na Administração Pública), façam favor, não hesitem, escolham-nos.
Eu por mim,
preferia insistir no esforço compatibilizar as Despesas Públicas com o PIB real
(42%), que dificilmente terá milagrosos aumentos (nunca o teve, e não será
agora que o terá), nem que tivéssemos ainda que reduzir os tais 8 mil milhões
que faltam para equilibrar a “carrada”, seria bem mais seguro do que cavalgar o
tal cavalo que, possivelmente, nos vai fazer bater com os costados no chão.
Oxalá eu esteja
errado. Até vamos guardando as margens...
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