Este país está que não se entende. Veja-se que, agora, anda meio Portugal agitado, apenas e
só, porque Ricardo Salgado terá recebido e se terá esquecido de declarar uma gorjeta
de 14 milhões de euros, provinda de um “pato bravo”, a quem o espírito santo
terá ajudado em algum milagre, ou coisa do além. Não se percebe.
Então num país
super católico, que todos os anos desembolsa milhões em oferendas a todo e
qualquer santo das mais variadas paróquia, a maioria das vezes sem que se veja
o resultado de suas intervenções, qual é o alarido por esta oferenda a mais esta divindade? Ah e tal que são 14 milhões, e isso é muito dinheiro; porque é que
alguém oferece uma prenda tão valiosa; como é que alguém se pode esquecer que
recebeu tão grande verba; etc. etc. O costume. Cá para mim não passam de invejas
de outras divindades. É que não nos esqueçamos que, o espírito santo, é a 3ª
pessoa na hierarquia da santíssima trindade. E qual não terá sido o milagre? Às tantas transformou o "pato bravo" em avestruz!
Quanto ao
esquecimento de declarar a "gorja" pela criatura? Nada mais natural. Eu próprio,
que nunca fui nenhum santo, e quando era chamado a ajudar o próximo na minha
actividade profissional, como por exemplo administrar uma simples injecção ou
medir a tensão arterial, várias foram as vezes em que os beneficiários,
como gratidão pelo alívio de suas maleitas, me presentearam com uma pequena
moeda, dizendo: - É para beber um cafezinho senhor enfermeiro, e desculpe ser poucochinho,
mas a vida, anda pelas horas da morte. Claro que eu nunca queria aceitar, e lá
me ia desculpando que não tinham que me dar nada, porque o “estado” (isto é os
contribuintes que eles eram), já me pagava, e, eu não podia aceitar. Mas a
maioria das vezes as pessoas lá deixavam a moedita (100 escudos primeiro, e 50
cêntimos depois), sem que desse por tal em cima da secretária. E não foram raras as vezes que eu me
esqueci da oferenda.
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