quinta-feira, 29 de maio de 2014

O que é que estará mal contado?

É hoje notícia  que, a Ordem dos Enfermeiros (a minha Ordem), terá apresentado uma Providência Cautelar, aceite pela juíza do Tribunal Administrativo de Lisboa, a fim de suspender os Técnicos de Ambulância de administrarem terapêutica injectável, inclusivamente, uma simples “injecção” subcutânea de glicose, que em situações urgentes de baixa de açúcar (hipoglicémia) a doentes diabéticos, que lhes pode salvar a vida.

Esta é daquelas notícias que, ou a história está mal contada, ou a Ordem dos Enfermeiros, está tonta! Os Enfermeiros têm bem mais para fazer do que andar preocupados com a competência de que pode dar picas.

Uma coisa é administrar terapêutica injectável em veias (endovenosa), ou em músculos (intramuscular), que deve ser sempre administrada por Técnicos com formação para tal, como é o caso de Enfermeiros e Médicos; outra coisa é uma simples injecção de glicose, que até uma “velhinha” de 90 anos sabe fazer. E que os “verdadeiros” Enfermeiros sempre ensinaram a fazer a toda a gente, nomeadamente, a auto-injecção aos próprios doentes.

Se a história estiver bem contada, a Ordem dos Enfermeiros, bem pode ir fazer uma reciclagem (talvez devesse ter por lá menos gente orientada para a Saúde Materna), e não será com estas atitudes corporativistas que se defende a profissão, e se reclama mais emprego para os enfermeiros. O que está aqui em causa, é uma simples injecção subcutânea (coisa que, após se detectar a hipoglicémia, até uma criança de colo sabe fazer) e que pode salvar a vida de uma pessoa, que pode até ser o senhor Bastonário, ou um seu familiar.

Se estivermos na presença de mais uma notícia da treta (e denegrir uma das profissões em quem a população mais confia), do “dá cá o braço, que a seguir vem a perna”, isto é, agora estas, que a seguir virão as outras! Acho bem que a Ordem esclareça a população e tome toadas as medidas ao seu alcance para bem dos utentes. Se for apenas por corporativismo, para defender os empregos dos Enfermeiros, há outras medidas bem mais importantes, entre as quais, fazer alguma pedagogia para acabar com os “reformados/aposentados” a prestarem cuidados, e os segundos e terceiros empregos.

Os novos Enfermeiros iriam agradecer, e talvez, alguns, fosse escusado emigrarem.

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