terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Historietas de uma pandemia (6)

Para além de carneiro (nasci a 4 de Abril), sinto-me um imbecil...

Sei que várias vezes ao longo da vida fazemos papel de parvos e ignorantes. Mas, bolas, a maior parte das vezes é sem querer ou sem termos consciência disso.

Todos os dias me levanto pelas 6 hora da manhã, agora um pouco antes, e vou fazer a minha caminhada diária de cerca de 10 Km, através de caminhos rurais. Quase sempre sozinho e, muito raramente, encontro qualquer outro ser humano. Pelas 8 horas estou de regresso e recolho ao confinamento estupidificante a que me obrigam.

Durante as tais duas primeiras vagas sempre o fiz, num exercício de liberdade e respirando um pouco de ar menos poluído que ainda se encontra nestes campos do Alentejo, que agora uns “bacocos” (o dicionário propõe-me bácoros) querem renegar. Não me contagiei e, como é lógico, não contagiei ninguém.

Durante os meus tempos de estudante de enfermagem, ensinaram-me alguns princípios sobre assepsia e prevenção de infecções. Devo ser, para além de imbecil, muita burro, apesar de, em todas as escolas por onde andei, me terem classificado como "estudante razoável" e, como tal, licenciaram-me. Fraco sistema de ensino o nosso que permite a imbecis, como eu, se safarem com notas de aprovação, às vezes até acima da média, em disciplinas de que afinal nada percebo e a que só os iluminados deveriam ter acesso.

Dizem-nos esses tais iluminados agora (porque já nos disseram o contrário), que usar um pano nas fuças, é um dos melhores métodos para prevenirmos o contágio de um vírus respiratório manhoso, aos nossos semelhantes. Não contesto e dou de barato. Embora, passados 3 messes sobre a obrigatoriedade dos seu uso (28 Outubro de 2020), se tem algum impacto, não se anda a notar muito!

Durante as duas primeiras vagas, ainda houve o bom senso de não exigir o seu uso quando não estivéssemos acompanhados, na prática de exercício físico individual, quando fossemos sozinhos de automóvel e, penso que até quando estivéssemos no nosso domicílio (o que a mim até parece um contrassenso, já que, se faz efeito na rua também deverá fazer efeito em casa, digo eu).

Mas eis que a 20 de Janeiro, o nosso primeiro decretou que, a partir dessa data o uso do pano nas fuças é obrigatório na via pública, e não se fala mais nisso.

Serei só eu a pensar que, usar esse “artefacto” quando estamos sozinhos num espaço onde não existe nas redondezas de 100 ou 200 metros qualquer semelhante, ou quando vamos de carro sozinho, valerá de alguma coisa?

Ver o nosso presidente da republica reeleito, todo o serão de domingo, sozinho ao volante do seu automóvel a passear-se pela cidade de “mascarilha” e ninguém se questionar do para quê e que mensagem ele pretendia passar? Para não infectar os outros – Então, mas o figurão andava sozinho!!!

E agora eu, solitário nos campos do “deserto do sul do Tejo”, vem a polícia (que têm de fazer cumprir as leis), “coimar-me” porque posso contagiar o próximo, quando próximo está a mais de 500 metros de mim; e quando o magano do vírus, dizem, não voa mais de 2 metros?

Desculpem a minha ignorância, mas para não compreender tão verosímil evidência, sou mesmo um imbecil!

Mas antes isso que “carneiro”, que já me chega o signo...   

1 comentário:

helena disse...

Há poucos dias,em Castelo de Vide,uma das minhas irmãs estava sentada sozinha à soleira da porta, não havia vivalma nem perto nem longe, não se via ninguém a não ser os senhores agentes que muito diligentes a mandaram para casa.

Um abraço