Esta bacoquice
corporativa, de que o SNS paga aos médicos cubanos três vezes mais do que aos médicos portugueses, faz-me lembrar a velha história que quando se soou na floresta que “deus”
ia exterminar todos os animais com a boca grande, logo o ingénuo hipopótamo se
apreçou a dizer, fazendo uma boquinha muito pequenina: - Ah, coitado do crocodilo!
Independentemente
da política de ter que se chegar ao cúmulo de ir contratar médicos estrangeiros
– Devido a uma política errada e miserável de 40 anos na formação de médicos,
com o impingir dos famigerados “numerus
clausus” às faculdades de medicina, sem qualquer critério estatístico de necessidades,
da qual a Ordem dos Médicos é a principal responsável; vir agora essa mesma
Ordem, lançar mais uma vez poeira para os olhos dos portugueses com os
ordenados dos seus associados em comparação com o se paga aos médicos cubanos,
só para rir senhores dôtores.
Eu sei, com
estas alarvices, o que o Ministro da Saúde deveria fazer: Era fazer, “à letra”,
aquilo que o senhor doutor médico bastonário José Manuel Silva disse apelando “aos sindicatos que exijam que o Governo
pague aos profissionais portugueses o mesmo valor que paga aos cubanos.” Então
se assim é, segundo o senhor bastonário, não tinha nada que saber:
Segundo esta notícia
da Administração Central do Sistema de Saúde, o Estado português paga a cada médico
cubano (ordenado bruto), 4.230 euros. Se o bastonário diz que os médicos
portugueses ganham 1/3, era só fazer as contas: 4.230/3 = 1410 euros, de
ordenado médio, para cada um. A este valor teria que se abater ainda 23,75% que
o Estado paga de “tsu”, o que daria um ordenado bruto de 1.022 euros. Que aliás
é mais ou menos o que o Estado cubano paga a cada médico cubano a trabalhar em
Portugal, porque o resto, aproximadamente 3.200 euros por cabeça, o “exemplar”
estado cubano confisca.
Se alguém acredita nisto, então a Ordem dos Médicos terá razão. E já agora, eu sou o rei da Pérsia!
Lá chegados, a funcionária torceu logo o nariz. Ainda havia 3 ou 4 pacientes por atender e faltavam 15 minutos para as 19 horas. "Vou ver, mas...", como que encolhendo os ombros. Eu sei e a mãe sabe que a culpa não era sua nem dos seus colegas.
Ainda assim aguardámos alguns minutos até que pouco tempo depois chegou o veredicto de sua eminência chamada (doutor?) Rui Alves que nos mandou encostar à box. Nem por ser uma criança, nem por ser antes das 7h, nem por ser um diagnóstico fácil de fazer e uma prescrição ainda mais óbvia se moveu. Um NÃO e está feito. É mais fácil assim.
A Cris ainda pensou em reclamar, porque tínhamos entrado durante o horário de abertura mas bastou recordar-se da última que fez e não deu em nada para se demover.
É esta, alguma da classe médica que temos, que se julga dona e senhora de tudo, que faz o povo revoltar-se. Por uns minutos...
Eu podia ter-lhe feito uma espera, uma decoração no carro ou noutro sítio qualquer onde libertasse o meu desagrado. Mas eu não sou dessa estirpe. Apenas grito aqui e sinto-me mais aliviado com isso.
O que assusta neste país cada vez mais bomba-relógio é que os médicos pecadores pelos quais pagam os justos são cada vez mais; e os portugueses capazes da minha reação são casa vez menos.
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