terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Aguentar? Até onde? (2)




"Se andam por aí tantos protestos (alguns de barriga cheia), que direi eu, que vi os meus rendimentos reduzidos para metade, com 40 anos de contribuições! Enquanto outros (muitos), com metade do tempo do que eu contribuí, ou menos, e em situação idêntica, mantiveram quase intactos os seus rendimentos nas Pensões, iguais ou superiores ao salário que auferiam enquanto activos. Respeito e solidariedade? Apenas por aqueles a quem o desemprego bateu à porta.
Se eu aguento? Vou-me aguentando! Os que estão em iguais condições, ou melhores, que se aguentem também..."

A revista “Visão” publicou, na semana passada um estudo, em que demonstrava que tinha havido, na última dúzia de anos, uma queda a “Pique” nos salários dos portugueses, demonstrado que, entre 2008 e 2012, tinha havido uma variação de - 8,3%. À qual, se se juntasse a subida da inflação, e os cortes fiscais, se poderia estimar uma perda total no poder de compra, que rondaria os 20%.

Na Figura 1, podemos observar em Gráfico, aquilo a que a “Visão” denominou de evolução de “um salário médio anual” em Portugal desde o ano 2000.


Figura 1 – Evolução de “um salário médio anual”, bruto, entre 2000-2012 em Portugal

Fonte: Revista “Visão”


Verificamos assim que em 2012, os salários médios em Portugal, voltaram ao nível do que se recebia em 2001 (facilmente demonstrável pelas alturas das colunas de 2001 e 2012). O que quer dizer que regredimos uma década.

Refere ainda a “Visão”, que na Administração Pública, e no mesmo período (2008/2012), a essa queda na “Variação Real” foi muito superior, e refere vários exemplos:

- Professor do Ensino Superior: - 29,4%

- Professor do Ensino Básico: - 26,8%

- Técnico Superior (Médicos, Enfermeiros, Juristas): - 18,7%

- Assistente Técnico (Pessoal Administrativo): - 11,6%

- Assistente Operacional (Pessoal Auxiliar): - 7,2%

- Agente da PSP: - 6,2%


No meu caso pessoal, acho que não tive queda, o que se verificou foi um verdadeiro trambolhão, senão vejamos:

Como sou um rapaz mais ou menos organizado, mesmo apesar de alguns amigos dizerem que tenho “memória de elefante”, resolvi consultar os meus arquivos sobre os rendimentos dos últimos 20 anos, e o que encontrei, até comparando com os dados citados em epígrafe, são mais ou menos aterradores.

Figura 2 – Rendimentos anuais, brutos, de Salários e Pensões 1994-2012 
 
 Fonte: Arquivos pessoais


Como podemos verificar na Figura 2, os meus rendimentos em 2012 estão ao nível dos de 1996/1997 (menos 4 ou 5 anos que os salários médios); são cerca de 46% do que auferia nos anos 2002-2004; nos últimos três anos (2010; 2011 e 2012), os meus rendimentos baixaram para metade do que recebia em 2009.  

Ontem a minha “entidade patronal”, voltou a escrever-me, há cerca de um ano que o não fazia. Desde que me informou que, os cerca de 22 mil euros (brutos) que me pagou em 2011, iriam passar para 18 500 (brutos) em 2012, isto é uma redução de 3 500 euros num só ano.

Ontem, veio informar-me que, esses 18 500, não chegariam aos 18 mil, brutos, em 2013. O que representa uma redução de cerca de 20%, só em relação a 2011.

PS: Os dados pessoais divulgados, não representam qualquer risco para mim; todos eles foram sujeitos aos descontos legais, alguns em duplicado, como foi o caso para a Segurança Social em 2002, 2003, 2004 e 2008. Oxalá todos os portugueses pudessem fazer isso...  

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