segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

No reino das “filha-da (de) putices”...


“O texto que está publicado veda a recandidatura ao presidente "de" câmara ou "de" junta de freguesia que já tenha cumprido três mandatos sucessivos. Mas a lei aprovada colocava esse impedimento ao presidente "da" câmara e "da" junta. Qual a diferença? Presidente "de" câmara pode ser lido como uma referência à função - e um impedimento a candidatar-se a qualquer câmara; presidente "da" câmara pode entender-se como uma referência apenas àquela câmara específica - o que permitirá que os autarcas que já fizeram três mandatos se apresentem numa câmara diferente”.

Este é um dos últimos episódios caricatos da política à portuguesa. E é por demais demonstrativo do tipo de dirigentes políticos que nos governam desde o 25 de Abril, da direita à esquerda, com raras excepções, como todas as regras.

Estamos perante uma casta de políticos sem princípios, sem valores, sem palavra, sem honra, que se defende a si próprios e aos seus amigos, acima de todas as coisas.

A realidade é tanto mais evidente quando, com frequência, uma proposta que apareça pela direita, a esquerda contesta aos berros; se a mesma proposta aparecer pela esquerda, a direita, claro, está contra. E quando é que tal não acontece? Exactamente, quando é algo que enche a barriga de todos estes energúmenos que nos representam. Vejamos o exemplo flagrante:

- Lei do Orçamento da Assembleia da República! Quem votou contra? Ninguém, aprovado por unanimidade. Nem comunas, nem bloquistas, nem verdes! É o venha-a -nós o vosso reino, que é como quem diz o dinheiro dos contribuintes. Pudera tem a ver com os seus proveitos, quem se atreve a contestar!    

Já tinha existido, em tempos passados o episódio da mudança da (de) virgula, agora é este ridículo do “de e do da”, que é aceite praticamente por todos os partidos, com excepção do “bloquinho”, porque não tem presidentes “de câmara” nem “da câmara” (parece que tem apenas uma, mas manhosa...).

Não tenho dúvidas nenhumas que, quando esta lei aprovada em 2005, o que todos nós ficámos convencidos, é que a partir de 2013 não poderia haver, nem presidentes de câmara, nem presidentes das câmaras, com mais de 12 anos de mandato.  

Aliás, a Constituição da República Portuguesa, consagra no seu Artº. 118º o Princípio da renovação sucessiva dos titulares de cargos políticos executivos, como é o caso da/de Presidência da República (dois mandatos).  

Precisamente por esse motivo a Lei 46/2005, de 29 de Agosto, também pretendia limitar a permanência do cargo de Presidente de Câmara a 3 mandatos consecutivos, obrigando os titulares desse cargo a um período de 4 anos durante o qual "não podem assumir aquelas funções".

É por isso, manifesto em termos legais, que a limitação é para a função DE Presidente de Câmara, uma vez que, como foi referido na altura, o que a Lei visava era precisamente terminar com os “dinossauros nas autarquias”, e, não fazê-los transitar para outro parque jurássico. Deve dizer-se, aliás, que a Lei até foi muito generosa para os autarcas em funções na altura, já que lhes permitiu ainda um último mandato em 2009, tendo assim inúmeros candidatos ultrapassado já em muito o limite legal dos 12 anos.

Mas esta Lei era para um País a sério, e não para uma república das bananas, governada por autênticos “Gângsteres”, que a nada e ninguém respeitam, a não ser o seu próprio umbigo.

Por mim a coisa está arrumada e decidida. Nenhum destes Vampiros, por muito bem que saibam chupar, terá jamais, em tempo algum, o meu voto.



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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Post para o meu amigo Pedro Sobreiro...


“Se eu podia dizer, pessoalmente, tudo isto ao Pedro? Claro que podia..., mas não era a mesma coisa!”

Quando conheci o Pedro, em meados dos anos 80, era ele um daqueles rapazolas com quem eu embirrava. Não sei lá muito bem porquê, se pela sua figura de quequinho, se pela sua irreverência constante, do tipo “bad boy” da Beirã; ou porque não me servia (ou ele não queria, porque dizia ter outros gostos e prioridades), para a minha equipa de futebol juvenil que recrutava todos os varões da sua idade.

A primeira conversa a sério, já ele homenzinho recém-casado, tivémo-la num serão no Bar Poejo em finais dos anos 90, na companhia do já seu cunhado Fernando Bonito. A conversa era daquelas que duravam muitas horas, onde o Pedro defendia a supremacia do vídeo sobre a escrita e os livros; em contradição comigo e com o Fernando, que embora não defendêssemos o oposto, tentávamos, pelo menos, convencer o Pedro que nos livros podíamos retirar proveitos e ensinamentos, que jamais o vídeo pelo seu imediatismo, nos poderia proporcionar. Defendia o Pedro que não, se ele podia ver, sentir e reflectir em simultâneo, e muito mais rápido, para quê estar a perder horas e horas em leituras de centenas de páginas!

Lembro-me ainda, nessa noite, quando já só os dois regressávamos a casa, ele de seu sogro e eu à minha, que eram próximas, o ter induzido a sair por uns tempos do concelho de Marvão, porque me parecia que uma viagem por “outros mundos” lhe traria aprendizagens e visões que, muitas vezes, o cantinho das serras castra. Isto para além de me parecer que, a sua personalidade, mereceria uma projecção regional ou mesmo nacional. Logo ali me disse que não, e que o seu futuro seria a sua terra, o concelho de Marvão.

Desde então, temos sempre cimentado a nossa amizade, umas vezes mais próximos, outras mais afastados, mas sempre com admiração e muito respeito mútuo.

Depois, a história do Pedro, é mais ou menos conhecida de todos. Com um crescimento rápido e brusco. De repente, o tal “rapazinho” tornou-se figura pública local, com pouco mais de 30 anos de idade, já era vice-presidente da Câmara do concelho da sua paixão.

Em minha opinião, terá existido algum deslumbramento, influenciado mais pelos que o rodeavam, do que por ele próprio, do qual conheço uma grande humildade. Só que a política, mesmo a local, mexe com muitos interesses instalados, propicia ao desenvolvimento de autenticas nulidades e figurantes. O “terreno” está quase sempre minado por jogos de conveniências, que não aceitam aqueles que pensam pela sua cabeça, que são competentes naquilo que fazem, e que põem à frente dos seus interesses pessoais ou dos amigos, o bem e interesse público. E isso é perigoso, muito perigoso...  

Não me vou fixar, por hoje, no infortúnio de que foi acometido recentemente, e que, por pouco, não lhe roubou a vida. Acho que, sobre isso, já escrevi e falei o suficiente. Nem tão pouco vou falar daquilo que ele refere, como o renascer de um “novo” Pedro, já que eu acho que não há novo Pedro nenhum! O que eu enxergo, no meu pouco entender da vida, é que, em cada dia que passa, temos de regresso o Pedro que todos sempre conhecemos. Possivelmente com diferenças, mas nós mudamos todos os dias, e o Pedro não foge a esta regra.

O último sinal deste retorno é o seu regresso à blogosfera, ao seu “vendo o mundo de binóculos...”, em detrimento da sua primeira opção “faceboqueana”. E é isso que eu hoje quero saudar e incentivar. Também não me parecia que o “face” (o qual eu próprio não renego), fosse o ideal do Pedro difusor de pensamentos e ideias, de vivências, de crónicas para consumir, mas, sobretudo, para reflectir e reler. O ambiente “bloguer” é, na minha opinião, aquilo que mais se adequa ao Pedro. Por isso o meu obrigado por estares de volta.

Apesar de existirem por aí muitos detractores deste tipo de intervenção, procurando denegri-los constantemente, evocando algumas coisas menos sérias que por aí vão aparecendo; mas quando se usa a seriedade, a frontalidade, o respeito pelos outros, mesmo os que não nos respeitam, os Blogs, sobretudo quando bem usados, são meios de informação e reflexão poderosos que chegam a todo o lado, e isso aborrece muita gente, mas paciência vão ter que nos aturar. São, simultâneamente, nos tempos que correm,  espaços de liberdade e de coragem.

Por enquanto, o que tenho lido do Pedro, são ainda crónicas de alguma introspecção pessoal e familiar, de alguém que está regressando de uma “viagem”, preocupado com a reconquista o seu “eu”, e, do seu espaço...; é natural e normal. Mas, nas duas últimas crónicas, já podemos ver o Pedro a olhar e ver em seu redor com um olhar aguçado!

Ninguém duvide, que mais dia, menos dia, o Pedro vai começar a Reparar no mundo, e nem vai precisar de binóculos, vai uma apostinha...  
           

Do Baú...


A vida é tão diferente daquilo que sonhamos, talvez o nosso mal seja acordar. Lancei o meu futuro para lá do firmamento, e agora, não consigo lá chegar!

Estou a sentir a minha voz perdida no deserto, mas sou quem diz, que a vida deixa sempre a porta aberta para que eu possa lá entrar e, quem sabe, regressar, à mais pura inocência!

A vida é tão diferente dos sonhos que lembramos, eu sei que o nosso mal é recordar. Perdi o teu futuro para lá do nosso tempo, e agora, não consigo lá voltar...



sábado, 23 de fevereiro de 2013

Para reflectir...


 Dedico este vídeo, com desculpas antecipadas, a todos os meus amigos que se insurgem contra “pequenas” injustiças a animais, como um pequeno pontapé num porco teimoso! Ou aqueles que julgam que frangos, vacas e porcos nascem de geração espontânea nas prateleiras dos “hiper”, às vezes sem se questionarem como chegaram até ali! 

 Como é que é possível alimentar 7 biliões de seres humanos? 

 (Contém imagens susceptíveis de ferir algumas sensibilidades)

 

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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Perguntas que incomodam... (5)



 Se os Bancos portugueses pagam juros de depósitos a menos de 2%, como é possível que não emprestem dinheiro às empresas a menos de 5%, e a particulares a menos de 6%?

Será que guardar dinheiro dá assim tantas despesas?

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Aguentar? Até onde? (2)




"Se andam por aí tantos protestos (alguns de barriga cheia), que direi eu, que vi os meus rendimentos reduzidos para metade, com 40 anos de contribuições! Enquanto outros (muitos), com metade do tempo do que eu contribuí, ou menos, e em situação idêntica, mantiveram quase intactos os seus rendimentos nas Pensões, iguais ou superiores ao salário que auferiam enquanto activos. Respeito e solidariedade? Apenas por aqueles a quem o desemprego bateu à porta.
Se eu aguento? Vou-me aguentando! Os que estão em iguais condições, ou melhores, que se aguentem também..."

A revista “Visão” publicou, na semana passada um estudo, em que demonstrava que tinha havido, na última dúzia de anos, uma queda a “Pique” nos salários dos portugueses, demonstrado que, entre 2008 e 2012, tinha havido uma variação de - 8,3%. À qual, se se juntasse a subida da inflação, e os cortes fiscais, se poderia estimar uma perda total no poder de compra, que rondaria os 20%.

Na Figura 1, podemos observar em Gráfico, aquilo a que a “Visão” denominou de evolução de “um salário médio anual” em Portugal desde o ano 2000.


Figura 1 – Evolução de “um salário médio anual”, bruto, entre 2000-2012 em Portugal

Fonte: Revista “Visão”


Verificamos assim que em 2012, os salários médios em Portugal, voltaram ao nível do que se recebia em 2001 (facilmente demonstrável pelas alturas das colunas de 2001 e 2012). O que quer dizer que regredimos uma década.

Refere ainda a “Visão”, que na Administração Pública, e no mesmo período (2008/2012), a essa queda na “Variação Real” foi muito superior, e refere vários exemplos:

- Professor do Ensino Superior: - 29,4%

- Professor do Ensino Básico: - 26,8%

- Técnico Superior (Médicos, Enfermeiros, Juristas): - 18,7%

- Assistente Técnico (Pessoal Administrativo): - 11,6%

- Assistente Operacional (Pessoal Auxiliar): - 7,2%

- Agente da PSP: - 6,2%


No meu caso pessoal, acho que não tive queda, o que se verificou foi um verdadeiro trambolhão, senão vejamos:

Como sou um rapaz mais ou menos organizado, mesmo apesar de alguns amigos dizerem que tenho “memória de elefante”, resolvi consultar os meus arquivos sobre os rendimentos dos últimos 20 anos, e o que encontrei, até comparando com os dados citados em epígrafe, são mais ou menos aterradores.

Figura 2 – Rendimentos anuais, brutos, de Salários e Pensões 1994-2012 
 
 Fonte: Arquivos pessoais


Como podemos verificar na Figura 2, os meus rendimentos em 2012 estão ao nível dos de 1996/1997 (menos 4 ou 5 anos que os salários médios); são cerca de 46% do que auferia nos anos 2002-2004; nos últimos três anos (2010; 2011 e 2012), os meus rendimentos baixaram para metade do que recebia em 2009.  

Ontem a minha “entidade patronal”, voltou a escrever-me, há cerca de um ano que o não fazia. Desde que me informou que, os cerca de 22 mil euros (brutos) que me pagou em 2011, iriam passar para 18 500 (brutos) em 2012, isto é uma redução de 3 500 euros num só ano.

Ontem, veio informar-me que, esses 18 500, não chegariam aos 18 mil, brutos, em 2013. O que representa uma redução de cerca de 20%, só em relação a 2011.

PS: Os dados pessoais divulgados, não representam qualquer risco para mim; todos eles foram sujeitos aos descontos legais, alguns em duplicado, como foi o caso para a Segurança Social em 2002, 2003, 2004 e 2008. Oxalá todos os portugueses pudessem fazer isso...  

O leme, agora nas mãos (voz) de uma mulher...



Sozinho na noite, um barco ruma, para onde vai? Uma luz no escuro, brilha a direito ofusca as demais. E mais que uma onda, mais que uma maré, tentaram prende-lo impor-lhe uma fé. Mas, vogando a vontade, rompendo a saudade, vai quem já nada teme, vai o homem do leme.

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser, e uma vontade de ir, correr o mundo e partir, a vida e sempre a perder...

No fundo do mar jazem os outros, os que lá ficaram, em dias cinzentos descanso eterno lá encontraram. E mais que uma onda, mais que uma maré, tentaram prende-lo, impor-lhe uma fé. Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade, vai quem já nada teme, vai o homem do leme.

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser, e uma vontade de ir, correr o mundo e partir, a vida e sempre a perder...

No fundo horizonte, sopra o murmúrio, para onde vai. No fundo do tempo foge o futuro, e tarde demais...



sábado, 16 de fevereiro de 2013

Do Baú...


Tu és completa e perfeita, ela, não é sequer bem feita. Tu pões-me à noite a sonhar, ela, tem as núpcias no olhar. Tu és do tipo cerebral, ela, é apenas emocional...

Entre ficar e partir, nem sempre é fácil decidir: O fio da navalha!

Tu és submissa nas tuas atitudes, ela, diz sempre palavras rudes. Entre ficar e partir, nem sempre é fácil decidir: O fio da navalha, o fio da navalha...



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Perguntas que incomodam (5)

 

Parceiros sociais receberam mais de 500 mil euros!


Isto serão gorduras do Estado, ou simplemente carne de cavalo (bestas)?

Já que hoje é dia dos namorados:





.... e também, logicamente, dia de "namoro":

"Mandei-lhe uma carta em papel perfumado, e com letra bonita, dizia que ela tinha um sorriso luminoso, tão triste e gaiato, como o sol de Novembro, brincando de artista nas acácias floridas, na fímbria do mar! Sua pele macia era suma-uma, sua pele macia cheirando a rosas, seus seios laranja, laranja do loge, eu mandei-lhe essa carta. E ela disse que não!

Mandei-lhe um cartão que o amigo maninho tipografou 'por ti sofre o meu coração', num canto 'sim', noutro canto 'não'. E ela, o canto do 'não' dobrou!

Mandei-lhe um recado pela Zefa do sete, pedindo e rogando de joelhos no chão, pela Senhora do Cabo, pela Santa Efigénia, me desse a ventura do seu namoro. E ela disse que não!

Mandei à Vó Xica, quimbanda de fama, a areia da marca que o seu pé deixou, para que fizesse um feitiço bem forte e seguro, e dele nascesse um amor como o meu. E o feitiço falhou!

Andei barbado, sujo e descalço, como um monangamba procuraram por mim...; não viu, ai não viu, ai não viu Benjamim. E perdido me deram no morro da Samba!

Para me distrair levaram-me ao baile do Sr. Januário. Mas ela, lá estava num canto a rir, contando o meu caso às moças mais lindas do bairro operário. Tocaram a rumba e dancei com ela e, num passo maluco, voámos na sala, qual uma estrela riscando o céu. E a malta gritou: 'Aí Benjamim'!

Olhei-a nos olhos, sorriu para mim. Pedi-lhe um beijo! Lá lá lá lá lá, lá lá lá lá lá! E ela disse que sim...."


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Mano, este espaço também é teu...


Espero que não te importes que te esteja a tratar por tu, pois não foi assim que os nossos pais me ensinaram, nem tão pouco foi assim que te tratei ao longo dos trinta anos que convivemos, sempre te tratei por “mano” ou mais simplesmente, pelo despropositado “oiça lá, ou veja lá...”; mas hoje é dia de entrudo, e coincide com o dia doze de fevereiro. Não posso afirmar, que tal coincidência, não tenha já sucedido no quarto de século, que se seguiu ao fatídico ano de 1991, mas hoje, vá lá gente saber porquê, veio-me à memória.

Ao longo destes vinte e dois anos, desde que partiste, nunca me lembro de escrever sobre ti, a não ser um pobre poema feito pouco tempo depois, a que dei o nome de “poema para uma quarta-feira de cinzas...”, mas que ficou perdido por aí, nas diversas andanças a que tenho estado sujeito, e, que hoje não descubro, mas prometo-te que logo que o encontrar to enviarei.

A notícia chegou-me através de uma amiga, pois por essa época o telefone ainda não existia em minha casa. Seriam perto das duas horas da madrugada de 13 de fevereiro, quando a campainha da porta tocou. Eu que havia acabado de adormecer tive imediatamente a percepção do sucedido. Fiquei ali deitado, imóvel, aguardando que minha mulher abrisse a porta, e quando a mensageira entrou no quarto, não foram precisas palavras, os olhares disseram tudo: o xico serra, estava, mas tinha deixado de estar.

Não me lembro de ter chorado, mas, possivelmente, algumas lágrimas hão-de ter inundado os meus olhos. O sofrimento em que agonizavas era, certamente, mais atroz. Apenas me lembro que foi para mim muito diferente do dia da notícia que tivera dois anos antes, chegada pela voz desesperada da tua filha ao telefone da casa do povo, e que me martelou o tímpano sem aviso prévio, após lhe comunicarem que - seu pai tem um cancro, nada se pode fazer, abri e fechei, e não terá mais de um mês de vida!

Nesse dia sim, o desespero e raiva tomaram conta de mim, corri para casa, deitei-me sobre a cama, sovando-a até me apetecer, embora sabendo que ela não teria qualquer culpa, chorei até esgotar as lágrimas, e só me lembro de pensar “o meu irmão vai morrer em breve...”, e balbuciar: porquê, porquê, porquê...?

Amanhã farão 22 anos, mano, e eu tenho saudades tuas. As lágrimas voltam, a pergunta continua, e eu acho que não tenho o direito de maçar aqueles que me lêem, mas tu mereces que eu te lembre. Sem ti eu não seria eu, seria, certamente, alguém muito diferente!

Hoje quero dizer-te, e penso que nunca to verbalizei, tu foste para mim como um segundo pai, e eu gostava muito de ti...
   

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A incoerência nas “tolerâncias”, ou o eleitoralismo descarado...


A maioria dos políticos portugueses, são mesmo gente sem coerência, sem princípios, ou como proclama o Ricardo Araújo Pereira (RAP), pessoas pertencentes à corrente filosófica do “à baldismo”, senão vejamos:

Decidiu o Governo central de Passos Coelho, e devido à época de dificuldades que o país atravessa, abolir alguns feriados que há muito faziam parte do calendário, assim como diminuir dias de férias, com a finalidade de aumentar a produtividade, e, achou que deveria de abolir também algumas “tolerâncias”, entre as quais a de terça-feira de Entrudo.

Logo no ano passado, o contra-poder local veio reclamar, verificando-se que, muitas das autarquias lideradas por  partidos opositores ao governo, desrespeitou a decisão. No entanto, a maioria das autarquias do PSD, acatou e respeitou essa decisão, entre as quais a CM de Marvão.  

Não percebo por isso, como é que este ano, a autarquia de Marvão, liderada por um executivo do PSD, que se dizia próximo de Passos Coelho (sobretudo quando lhes cheirou que este poderia ser eleito Presidente do Partido; antes andavam todos, sem excepção, atrás da manelinha do leite), num concelho com poucas tradições carnavalescas, e as poucas que existem, têm um apoio reduzido da autarquia, e, quando no ano passado aderiu ao corte dessa “tolerância”, cortando com a tradição; venha este ano, sem que nada o justifique, decretar a mesma!

Porque será? Terão abandonado o Partido de Passos Coelho e aderiram ao “à abaldismo” da "mixórdia"? 

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Do Baú...



Cai o dia, sai da noite, cai sopa no mel, salvé maravilha coisa linda de alegria, toca a língua no teu céu, ensaliva lá, em sonhos. Céu-da-boca nem tem dó!

Cai o dia, sai da noite, sol a sol a sol, salvé maravilha vê meus olhos nascer dia. Céu-da-boca é fronteira do que é corpo e é ideia. Céu-da-boca nem tem dó! Toca a língua no teu céu, ensaliva lá, em sonhos...

 Cai o dia, sai da noite, cai sopa no mel, salvé Maravilha coisa linda de alegria. Céu-da-boca é fronteira do que é corpo e é ideia. Céu-da-boca nem tem dó! Toca a língua no teu céu, ensaliva lá, em sonhos...


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Em contra-mão...

Para ver com uma lágrima ao canto do olho. Sobretudo porque é entrudo, e eu não sinto grandes razões para foliar...


"Se às vezes numa rua no lugar eu penso que um dia hei-de morrer, sei que tudo o que tenho vou deixar, aqui onde hoje estou, deixo de estar, e, tudo quanto sou deixo de ser...

 Medo da morte não consigo ter, mas outros, mais humanos e banais medos que a gente tem, mesmo sem querer, como o medo, que eu tenho de morrer...

 Só por querer viver um pouco mais, se consigo a meu modo estar no céu, mesmo vivendo neste chão de inverno. Se apenas sou árvore que cresceu no espaço e no tempo que é o meu, para que havia eu de ser eterno!

Mas como as minhas cinzas vão ficando debaixo de uma pedra de jardim, meu amor tu sabes onde me encontrar e, uma flor sobre a pedra vais deixar, de cada vez que lembrares de mim..."


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Haverá coragem?...

Fui hoje surpreendido com esta notícia, que pode ler aqui: Comissão decide remédios a receitar no SNS.

Paulo Macedo, ministro da saúde não foi, nem é, uma personagem da minha simpatia, e sem eu saber lá bem porquê. Possivelmente é daquelas coisas do foro da área da “simpatia”, uma pessoa com quem não engraçamos. Mas, gradualmente, tem-me vindo a conquistar, e se isto for verdade, e a isto juntar a exclusividade médica no SNS, tiro-lhe o chapéu, e, o Serviço Nacional de Saúde estará, possivelmente salvo para mais uma dezena de anos.

Um dos grandes problemas da saúde em Portugal é permitir que lobos e cordeiros andem à solta na floresta. Os portugueses têm direito a ter um SNS que responda aos seus principais problemas de saúde, mas não sem limites. Os portugueses têm o dever de exigir um SNS que possam pagar e de acordo com o que produzimos. Os portugueses não podem ter um SNS que esteja  a jeito de desvarios e vaidades da classe médica, que acha que o seu ESTATUTO, só por si, lhes dá direito à liberdade de fazerem o que querem e muito bem entendam, com o dinheiro dos contribuintes, nomeadamente em medicação e exames complementares. Se querem ser profissionais livres, a porta é a privada. Mas uma privada total, não onde movem os "dois carrinhos",  e suportada pelos pagadores de impostos.

A medida agora anunciada poupará, se bem aplicada, milhões de euros aos contribuintes e, a verdadeira saúde dos portugueses não se ressentirá. Vá em frente Sr. Ministro, para além desta acrescente-lhe:

- Quem quer serviço público, fica com exclusividade. Quem não quiser, a porta de saída é a privada, mas sem misturas;

- Instituição do Enfermeiro de Família, com autonomia total na Prevenção Primária, e quase total nos Cuidados Continuados;

Arrisca-se a passar à história como um dos melhores ministros da saúde!!!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Se a gente aguenta? Que remédio... (1)




Portugal é, desde a sua fundação, um país do “faz-de-conta”, um país em que o supérfluo e o banal se sobrepõem sempre ao essencial. Fomos sempre um povo, ou as suas elites, que privilegiou os processos em detrimento dos resultados.

Há até algumas correntes que defendem que Portugal tem um “cunho”, eminentemente, feminino, sempre preocupado com o “como”; em oposição aos congéneres nórdicos (Alemanha, Inglaterra, e outros), que terão um carácter de padrão masculino, privilegiando, o “quê e o quando”, isto é, os resultados.

Hoje, mais que nunca, aí temos as consequências.

É assim que andamos a discutir, se o povo ainda se aguentará nas “canetas” com mais austeridade, só porque um qualquer burgesso cagou essa bosta opinativa; se uma qualquer pepa ou pega, diz que o seu grande desejo é ter uma mala chanel; se um homem deu um pontapé num porco, porque aquele teimava em usar uma auto-estrada sem pagar a respectiva portagem; ou se, os sem-abrigo aguentam o tipo de vida que levam, porque é que você e eu não havemos de aguentar?

Já em tempos aqui escrevi, que os alimentadores destas questiúnculas são pessoas razoavelmente instaladas na vida, “coltura made in sol-expresso” de fim-de-semana. A maioria nasceu nos últimos 40 anos e começaram a trabalhar depois dos 25; que estudaram durante 20 anos à custa dos contribuintes; que pensam que tomar banho todos os dias é essencial para a saúde; que não podem passar sem uma refeição de boa carne e peixe fresco diariamente e, se as ditas forem tomadas num “Restaurant” é contribuir para o desenvolvimento do país; que acham normal que toda a gente receba da segurança social sem nunca para lá ter contribuído peva; que acham que nada podem fazer pela sua saúde, e que o SNS terá sempre resposta às imbecilidades que andam fazendo em estilos de vida manhosos; que fumam 20 cigarritos por dia porque isso os acalma (enquanto o “cancâro” do pulmão, a bronquite, ou uma pneumonia, os não chatear); que acham que todas as famílias devem ter direito a um T3 com garagem (se possível com jardim e piscina), porque isso dá emprego, mas sem se questionarem sobre o porquê de existirem, em média, dois apartamentos por família em Portugal ou quanto custa cada litro de água tratada; que vão de carro para o ginásio queimar calorias; e mais concretamente, que vivem num país que vive de dinheiro emprestado há cerca de 40 anos, sem se preocupar em o devolver, e que tal, se pode manter eternamente, etc., etc.

Eu por mim concordo com todos estes direitos, a única coisa que me parece fundamental, é que o país, no seu conjunto, crie riqueza para suportar este conjunto de mordomias. Só que, o que mostra a realidade, é que nos últimos 40 anos, o país gastou, em média, mais 7,5% do que produziu anualmente, o que dá uma dívida próxima dos 300 000 milhões de euros, números por baixo. Só em juros a coisa andará pelos 15 000 milhões de euros ao ano; sendo que 7 500 milhões são de divida pública, que aqueles que pagam impostos estão a pagar.

Claro que depois desta dissertação, o essencial, não serão as palermices que se andam por aí a discutir. O essencial, era analisar seriamente como chegámos até aqui; discutir, se com o dinheiro/riqueza que produzimos, o que é que podemos ter actualmente com um mínimo de qualidade de vida na saúde, na educação e na segurança social, para além da defesa nacional; habitação já temos até de sobra, precisa é de ser bem usada; o essencial, era responsabilizar politica e criminalmente todos os responsáveis por esta situação, alguns dos quais, piores que Alves dos Reis ou mesmo o “al capone americano” (alguns instalados ainda em altos cargos), prendê-los em prisões comuns, confiscar-lhe todos os bens, e, enquanto não repusessem os "desvios" não saiam do chilindró ; o essencial, era renegociar a dívida, com um Plano de Liquidação exequível, e com juros de 2%, em vez do valor médio de 5% que pagamos actualmente aos que nos andam a chular; o essencial, era planear uma agricultura e pescas, que nos tornassem o mais auto-suficientes possível, e criar condições para que a nossa fraca indústria se torna-se mais competitiva (baixando impostos e contribuições, mas exigindo garantias aos empresários sobre o cumprimento das suas responsabilidades com um sistema de justiça simples e implacável), e mais não digo.

E já agora, aos agitadores e instigadores do protesto, gastem as energias em acções de formação dos vossos correlegionários  incutindo-lhes hábitos de exigência diária para com toda a Administração Pública, da local à central, incutindo em todos uma cultura de cidadania democrática. Sermos agentes da exigência e da contribuição não faz de nós “polícias” do Estado. O Estado somos todos nós, e sempre que alguém não paga as suas obrigações, outro irá pagar, quase sempre nós: Eu e tu. A cultura do berro não nos levará a lado nenhum.

Se por aí não formos, claro que teremos que aguentar bem mais...         

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Que deus os perdoe...

Como se pode ler aqui, GNR que deu pontapé em porco arrisca perder quatro meses de salário!!!

E quem comer o Porco?




domingo, 3 de fevereiro de 2013

Perguntas que incomodam (4)


Sinto-me cada vez mais afastado da política do meu concelho e também, porque não afirmar, desiludido. As razões são várias, talvez um dia tenha vontade de escrever sobre elas.

Mas o que me custa é a incoerência dos políticos, a aldrabice, e o eleitoralismo. Não vou analisar, nem comentar, mas deixo aqui para todos os que me lêem, o exemplo do que acabo de escrever, sobretudo, para relembrar a memória daqueles a quem a dita seja curta.

Em Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Marvão, realizada em 02 de Dezembro de 2009, transcrita em ACTA Nº 26/2009, como se pode verificar aqui, encontramos a seguinte deliberação:


PROPOSTA DO VEREADOR DO PARTIDO SOCIALISTA – PARA CEDÊNCIA DE TRANSPORTE AOS MUNÍCIPES PARA IDA ÀS CONSULTAS MÉDICAS NO CONCELHO

Foi apresentada a seguinte proposta do Sr. Vereador, Eng.º. Nuno Lopes, eleito pelo Partido Socialista

- Como os Centros de Saúde possuem, a partir de agora, um horário alargado, permitindo deste modo receber consultas urgentes

- Constatando que o nosso Concelho possui uma grande população idosa, com pessoas carenciados e com dificuldade de deslocações

Proponho à Câmara Municipal que:

- Seja reconhecida publicamente a iniciativa do Doutor José Silva pela concretização do alargamento do horário dos Centros de Saúde do nosso Concelho

- Coloque transportes à disposição das pessoas idosas e carenciadas do nosso Concelho, para deslocação aos Centros de Saúde diariamente. Este transporte poderia ser executado através dos transportes escolares, utilizando as “horas mortas”, e também pelos Bombeiros Voluntários de Marvão, através de protocolo estabelecido para este efeito.”

Discussão

O Sr. Presidente manifestou o seu desacordo no que diz respeito aos transportes para os Centros de Saúde, por entender que com essa medida se concedia aos responsáveis da saúde a abertura para fechar todas as Extensões de Saúde do concelho, visto que ao longo do mandato anterior houve uma pressão constante no sentido de prosseguir a proposta atrás referida, ou seja, ceder transporte para fechar as Extensões de Saúde.

Referiu ainda que a saúde é uma obrigação do Governo e informou que vai ter uma reunião com os Serviços de Saúde.


Deliberação:

- A Câmara Municipal deliberou por maioria não aprovar a proposta do Sr. Vereador, com os votos contra do Sr. Presidente e dos Srs. Vereadores, Eng.º Luís Vitorino e Dr. José Manuel.

- Absteve-se a Dr.ª Madalena Tavares, “porque esta proposta apenas se destina ao transporte para o Centro de Saúde e não para as Extensões de Saúde, o que pelo motivo de o nosso concelho ser bastante disperso, acho de extrema importância que as extensões de saúde continuem abertas.”

- O Sr. Vereador, Eng.º Nuno Lopes votou a favor da sua proposta.”



No passado dia 1 de Fevereiro, recebi no meu e-mail a seguinte informação, oriunda do Gabinete de Comunicação da Câmara Municipal de Marvão:



 “- INFORMAÇÃO À POPULAÇÃO –




A partir do próximo dia 03 de Fevereiro de 2013 o Município de Marvão irá transportar os utentes do Serviço Nacional de Saúde, sem meio de transporte, desde a sua área de residência até à extensão de saúde do seu médico de família para os locais ou lugares abrangidos pelas extensões do Centro de Saúde desactivadas nas povoações de Galegos, Alvarrões e Escusa, Concelho de Marvão.

Também na sequência da desactivação das referidas extensões do Centro de Saúde de Marvão e no sentido de garantir as melhores condições de atendimento aos referidos utentes, o Município de Marvão realizou, às suas expensas, obras para criar nova extensão de saúde, na localidade de São Salvador de Aramenha devidamente adequada à respectiva funcionalidade.

Ambas as acções visam uma significativa melhoria de qualidade do atendimento e da prestação dos serviços no domínio da saúde e resultam de uma parceria entre o Município e o Centro de Saúde de Marvão com a colaboração da Junta de Freguesia de São Salvador de Aramenha e da Junta de Freguesia de Santa Maria de Marvão.

O Município contínua a aguardar a concretização das medidas que propôs à administração da ULSNA a actual e a anterior, no sentido de garantir um atendimento indiferenciado aos utentes de Marvão das urgências médicas ao fim de semana.”


Que terá levado o Sr. Presidente a mudar radicalmente de opinião, bem como os seus ajudantes? Porque não terá levado esta proposta a Reunião de Câmara? E qual será a sua moral, para vir acusar Membros da Assembleia Municipal de "incoerências", como fez na última Reunião de Câmara? 

Cada um que analise por si. Mas isto da política é uma coisa “muita” complicada, e os actores da dita, ainda o são mais...