quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Recordar coisas que escrevi no passado (4)

Natal de 2012: ai que saudades, como o tempo passa... 


Três estrelas de alumínio a luzir num céu de querosene, um bêbedo julgando-se césar, faz um discurso solene. Sombras chinesas nas ruas, esmeram-se aranhas nas teias, impacientam-se gazuas, corre o cavalo nas veias.

Há uma luz branca na barraca, lá dentro uma sagrada família, à porta um velho pneu com terra, onde cresce uma buganvília. É o presépio de lata: Jingle bells, jingle bells... 

Oiçam um choro de criança, será branca, negra, ou mulata? Toquem as trompas da esperança e, assentem bem qual a data!

A lua leva a boa nova aos arrabaldes mais distantes, avisa os pastores sem tecto, e tristes reis magos errantes. E vem um sol de chapa fina subindo a anunciar o dia, dois anjinhos de cartolina vão cantando aleluia. É o presépio de lata: Jingle bells, jingle bells...

Nasceu enfim, o Menino, foi posto aqui à falsa fé, a mãe deixou-o sozinho e, o pai, não se sabe quem é!

É o presépio de lata:Jingle bells, jingle bells...


Sem comentários: