terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Historietas de uma pandemia (3)

Hoje, como de costume, passei por um grupo de amigos que se reúnem, quase todas as manhãs, em tertúlia, na esplanada de um estabelecimento de café, para tomarem a sua bica e comentarem os acontecimentos vespertinos desta cidade do alto Alentejo, cercada por serras e penhascos e, algumas oliveiras e sobreiros. Penso que quase todos eles possuem uma instrução diferenciada: 2 ou 3 professores, 1 ou 2 gerentes bancários aposentados e um ou outro que não conheço.

Lá estão eles todos de “mascarilha” como manda o ti costa, falando alto, mas na maioria das vezes as suas bocas e narizes não distam mais 30 a 40 centímetros, num claro desafio ao “salto de obstáculos” do tal bicho magano. De vez em quando, um ou outro, até se aventura a fumar uma cigarrada e a expirar o ditoso gás em baforadas que mais parecem os potes de fumo de alguma discoteca daquelas que agora não funcionam.

Habitualmente eu que passo de largo e sem a “dita” aconselhada (só a ponho onde me obrigam), acho que, de vez em quando, recebo um olhar censurável por continuar a andar com o nariz de fora e ao ar livre.

Nunca consigo deixar de pensar para com os meus botões se a tal senhora, quando ainda estava lúcida e não tinha sido também apanhada pelo “bicharengo”, não teria razão quando nos dizia:

“... a máscara induz-nos uma falsa segurança e, quando mal utilizada, é meio caminho para contágio”.

Mas isto sou u a pensar...

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