Ahahah, Dezembro de2008 :“A Família da Ilha Paraíso”
«E se os nossos "amigos vírus” andarem por aquelas paragens, encontrarão nesta “ilha paraíso da Beirã”, algumas das condições ideais, para se reproduzirem, armarem e prepararem o ataque. Depois, é só apanharem boleia de um qualquer vector (até as abelhinhas lhes servem), e as primeiras consequências, serão para a comunidade marvanense, e sobretudo, as crianças. As deles e as dos outros.
E numa comunidade tão dada à religiosidade, como parece ser aquela, convirá sempre perguntar: “… e as crianças meu Deus, que mal fizeram…?”»
(Que bem me soube ler este artigo e os 32 comentários. Façam o mesmo é só clicar aqui: http://forummarvao.blogspot.com/2008/12/famlia-da-ilha-paraso.html
Ontem tive oportunidade de assistir no Canal de televisão SIC, a uma reportagem feita no concelho de Marvão (freguesia da Beirã), sobre uma família originária da Alemanha, e denominada “Família da Ilha Paraíso”.
Para quem não
assistiu à reportagem, esta mostrava como é a vida de um grupo de 10 pessoas (4
adultos e 6 crianças), que vivem em comunidade, em convívio aberto com a
natureza, com uma alimentação à base de vegetais que eles próprios cultivam sem
recurso a produtos químicos, mas ingerindo alguns produtos de origem animal,
tais como leite, mel e ovos.
Certamente para
um país, de gente cada vez mais urbanizada, que pensam que não se pode
sobreviver sem a ingestão das 100 ou 200 gramas de carne ou peixe, o duche
diário tomado a horas certas e, que os filhos só podem começar a trabalhar aos
30 anos de idade; ao observarem aqueles “maltrapilhos”, que mais pareciam um
grupo de selvagens, descobertos num qualquer local da selva amazónica; devem
ter olhado para aquilo como asnáticos a olhar para um convento. Ignorando,
certamente, que à excepção da não ingestão de carne ou peixe, e o não possuírem
um Computador (como estes!), à 70 ou 80 anos atrás, ou menos, mais de metade da
população do concelho de Marvão, vivia naquelas circunstâncias, não por opção,
mas, porque não tinham outro remédio (a minha infância não foi muito
diferente).
Para muita desta
gente, não terá deixado de existir um certo desejo, e mesmo inveja, para
experimentarem um tipo de “estilo de vida assim”! Pensarão mesmo alguns,
iludidos pelo título da coisa, estarmos perante “o eden”, ou mesmo a felicidade
suprema!
Convém no
entanto, que aqui façamos algum contraditório e levantemos algumas questões que
me parecem importantes para a vida destes “adãos e evas”, mas também para a
comunidade onde habitam.
Compete ainda,
realçar que nada tenho contra os estilos de vida, usos e costumes de cada um, e
sou um devoto da liberdade individual, e cada um é como cada qual, e cada qual…
O problema está
em, quando essa liberdade individual, começa a por em causa a liberdade
colectiva e o equilíbrio de uma comunidade e as suas próprias obrigações…
Há cerca de 15
dias, quando um autarca me falou dessa problemática da “ilha paraíso”,
confidenciando-me: “que aquilo era um problema, pois viviam com os animais, as
crianças não iam à escola, não consumiam água canalizada, defecavam ao ar livre…”,
até pensei para comigo, e daí, quem é que tem a ver com tal, serão menos
felizes por isso?
Mas perguntei, e
as vacinas? Estarão em dia…? Ontem ao ver a reportagem, soube a resposta: NÃO!
Lembro aqui, que
o problema das grandes epidemias infecciosas, que causaram milhões de mortes no
passado, só foram debeladas graças à vacinação, e por isso o PNV, é considerado
o mais importante Programa de Saúde, bem mais importante que o uso dos
antibióticos, por exemplo.
Acresce ainda
esclarecer, que a maioria dos microrganismos causadores das doenças,
susceptíveis de prevenir pela vacinação, não foram extintos. Estão por aí, cada
vez mais fortes, só à espera de terreno fértil, para atacarem, na sua luta pela
sobrevivência.
São exemplos
recentes, o surto de sarampo que no último verão, desabrochou na Europa
Central, a Europa dos ricos (Alemanha, Áustria, Suiça, Holanda), com graves
consequências; e cujas origens, se pensa terem sido este tipo de “ilhas
paraíso”, pois por essas bandas, estes estilos de vida, são mais frequentes do
que por cá.
Convém
relembrar, que estes microrganismos sofrem mutações e por isso não atacam só os
não vacinados, atacam todos.
Se os nossos
"amigos vírus” andarem por aquelas paragens, encontrarão nesta “ilha
paraíso da Beirã”, algumas das condições ideais, para se reproduzirem, armarem
e prepararem o ataque. Depois, é só apanharem boleia de um qualquer vector (até
as abelhinhas lhes servem), e as primeiras consequências, serão para a
comunidade marvanense, e sobretudo, as crianças. As deles e as dos outros.
E numa
comunidade tão dada à religiosidade, como parece ser aquela, convirá sempre
perguntar: “… e as crianças meu Deus, que mal fizeram…?”
Por tudo isto, convirá questionar
quais as diligências que as entidades responsáveis já tomaram? E as autoridades
de saúde já foram alertadas?
Convirá mais uma vez realçar, que
não se pretendem estratégias punitivas, mas dialogantes e assertivas, para que
a tal “liberdade de poucos”, não interfira com a liberdade de muitos… e todos
possamos viver em paz e harmonia!
Quanto ao dormirem ao relento,
comerem cru, devolverem à natureza o que ela lhes dá, fumarem uns charros, ou
mesmo não irem à escola, etc., etc. Bem, isso é lá com eles…
TA: Já agora, e porque aparecia no final da reportagem, que Marvão não possuía Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, isso não é responsabilidade da “ilha paraíso”, é das entidades locais. Ou será mais uma particularidade em que Marvão é diferente?
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