Acho-me um rapaz semi-informado. Diga-se até que, para o meio português não devo ser dos piores, já que pouco mais tenho que fazer. Costumo até responder quando me perguntam o que faço na vida, costumo responder com simplicidade: - Observo o mundo!
Mesmo assim
ontem, quando assistia à discussão do Orçamento de Estado para 2015 na
Assembleia da República, comecei a reparar num rapazola bem-parecido ao lado do
novo (velho) líder parlamentar do Partido Socialista Ferro Rodrigues. E eu a
pensar que conhecia quase toda essa gente do meio!
Mais curioso
fiquei quando o vi levantar para intervir no debate. Sinceramente, não sei o
que disse. A única coisa que me preocupou foi saber quem seria o novo “figurão”
da turma “costista”, promovido agora à primeira fila da bancada socialista. Foi
então que a prestimosa televisão identificou a criatura. E fiquei assim a saber
chamar-se: Pedro Nuno Santos!
Mas quem seria o
Pedro Nuno?
Depois de
algumas pesquisas, rapidamente se fez luz. O Pedro Nuno é um ex-presidente da
jovem organização partidária Juventude Socialista, que tão exemplares políticos
têm dado a este nobre país. Fiquei ainda a saber que, este “rapaz”, foi aquele
célebre herói que, em Dezembro de 2012, se distinguiu por ter afirmado em Castelo
de Paiva, a respeito Dívida Pública portuguesa:
“... temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e
franceses - ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos. As pernas dos
banqueiros alemães até tremem".
Ah ganda Pedro Nuno,
sim senhor. São afirmações dessas que nos fazem sentir que somos a tal “nação valente”. E vês, vale sempre
pena sermos destemido, já estás na primeira fila do Parlamento. E tenho quase a
certeza que, daqui a mais ou menos 12 meses, quando o Costa limpar isto como quem limpa o cu
a meninos, hás-de ser premiado. Não com a pasta da defesa mas, quase de certeza,
com a dita da Guerra. E estarás assim, mais uma vez, na primeira fila para “contra
os canhões marchar, marchar”, que é como quem diz: pôr os alemães e franceses não
de joelhos, mas de cócoras, pelo menos os alemães, que já têm experiência. E os
francius? Hão-de habituar-se. Dizem que quem experimenta uma vez, não quer
outra coisa!
Belo rapaz, sim senhor, é de gente assim que o país precisa. Conta
comigo. Mas mais para o género feminino, não me dou bem com modernices, nem com
mentes avariadas.
Mas olha não há
bela sem senão! Já não te auguro grande futuro para vidente, ou mesmo profeta,
pelo menos a julgar por esta tua crónica escrita em Outubro de 2013 no “Jornal
i”, ou estarás a perder qualidades? O princípio de Peter é uma chatice. Já agora deixo aqui essa tua premeditação falhada, para os meus amigos reflectirem sobre quem são as figuras que o Costa anda
a promover.
Oxalá não te melindres. Mas, sabes, isto na vida não se pode ser bom em tudo...
“Resgate sem austeridade
Por Pedro Nuno
Santos
A menos de nove
meses do fim do programa de assistência financeira, com taxas de juro
implícitas da dívida pública portuguesa a rondar níveis insustentáveis, é cada
vez mais óbvio que Portugal não conseguirá regressar aos mercados. O segundo
resgate está por pouco tempo, e nem sequer precisávamos de ter sido previamente
informados, como fomos, em “on” pelo primeiro-ministro e em “off” por
responsáveis da Comissão Europeia.
O primeiro
resgate falhou de forma clamorosa nos seus principais objectivos, a dívida
pública portuguesa atingiu um nível já consensualmente considerado impagável e
as taxas de juro implícitas não descem dos 6%, chegando mesmo a ultrapassar a
barreira dos 7% muitas vezes. É incompreensível que perante o fracasso
avassalador do primeiro resgate se queira responder com a repetição do erro,
mas infelizmente são a irracionalidade e a estupidez que comandam, actualmente,
Portugal e a Europa. Como é por demais evidente, o PS será pressionado pela
elite política e económica, nacional e europeia, a pôr a sua assinatura num
receituário que não funciona. Este será o momento definidor do PS, na sua
afirmação como alternativa ao governo PSD/CDS e à sua política austeritária.
O Partido
Socialista só precisa de reafirmar nesse momento o que tem dito nos últimos
anos sobre austeridade: “Não funciona, destrói a economia e afasta-nos cada vez
mais dos objectivos de consolidação orçamental.” Também deve dizer que só
aceita um segundo resgate se a filosofia subjacente for absolutamente alterada
e levar em consideração muitas das conclusões dos estudos internos do FMI. Isto
é, só deve aceitar o segundo resgate se os objectivos principais do mesmo forem
o crescimento económico e o desemprego e não o défice orçamental e a dívida
pública. Estes últimos devem passar a ser objectivos secundários e subordinados
aos dois primeiros. Deve também exigir como condição prévia uma reestruturação
significativa da dívida pública, como sempre defendeu o FMI. Menos do que isto
não pode ser aceite por um partido socialista.”
Um conselho do ti João: - Também não te
deixes enganar para pastas da economia ou finanças. Apesar de dizerem que és economista, não me parece que tenhas
grande jeito... E será que já alguém te disse que os banqueiros alemães e franceses há muito que tiraram de cá o pilim? Porque é que tu pensas que a tal Troika emprestou o bago?