Ter razão antes do tempo, às vezes é uma chatice!
Um Poder que não aproveita essas pessoas é parvoíce...
"Livre não sou, que nem a própria vida mo consente. Mas a minha aguerrida teimosia é quebrar dia a dia um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade!. Trago-a dentro de mim como um destino. E vão lá desdizer o sonho do menino que se afogou, e flutua entre nenúfares de serenidade, depois de ter a lua!"
(Miguel Torga)
Nota explicativa: Espero, com este artigo, não estar a participar ou influenciar as actuais eleições autárquicas em Marvão. Não quero participar, não me revejo em qualquer das candidaturas, estou fora, e fora quero continuar. Se escrevo este artigo agora, não fui eu que escolhi o tempo, a escolha foi do actual executivo ao enviar-me uma – Nota de Impressa sobre a decisão da venda de Lotes em SA das Areias, 8 dias antes do próximo acto eleitoral de 29 de Setembro! Por isso, é agora o tempo.
Há cerca de 15
anos atrás embarquei (ou abracei) num Projecto político local no meu concelho. Fi-lo
por paixão e convencido, que através da minha participação, poderia contribuir
para a melhoria das condições de vida no meu concelho, comunidade em que me
encontrava integrado.
Durante mais de
10 anos em que estive envolvido nesse Projecto, procurei dar o melhor de mim
mesmo, quer dentro da estrutura partidária em que me encontrava (o PSD), quer
nos cargos para que fui eleito, influenciando com os meus conhecimentos e
experiências de vida, aquilo que me parecia ser o melhor para Marvão. Nunca
ambicionei, nem exigi, e muito menos me pus a jeito, para tirar daí qualquer
dividendo pessoal, familiar ou outro, e como mostra a história, isso aconteceu:
tal como entrei assim saí, ou seja pelo meu pé e de mãos vazias.
Deixei todos os
cargos há cerca de 2 anos, em rotura de base com algumas das decisões políticas
de então, dos órgãos executivos desse Projecto: Concelhia de Marvão do PSD; e executivo da Câmara Municipal liderada
por Vítor Frutuoso. As razões podem ser relembradas aqui. Mas,
resumidamente, foram as seguintes:
1 - Desacordo
com o endividamento da CM de Marvão: Tinha-se herdado em 2005 uma dívida de 650
mil euros, eu próprio já tinha votado aumentos até 1,8 milhões; e naquela
altura o executivo queria pedir mais cerca de 800 mil euros, que totalizaria
cerca de 2,5 milhões. Votei contra, tendo
sido o único na bancada do PSD.
2 – Desacordo total com a política de
habitação do executivo, e o projecto de construção de 70 fogos para Habitação
Social, que honoraria, com custos insuportáveis, o município nos próximos 70
anos, através de um Projecto tipo “parceria público privado”, cujo único
objectivo era satisfazer clientelas e “caça ao voto”; já que todos os dados demonstravam que a habitação não era um problema no concelho (existem 2
apartamentos por família segundo os censos 2011), e esse tipo de projectos já
se advinham que seriam a ruína do país, e no caso concreto para o concelho de
Marvão. Propus na altura, que se vendessem os Lotes à iniciativa privada, a
custos controlados e com regras para se combater a especulação que existia em
Marvão, e que esses Lotes servissem o objectivo da sua aquisição. Fui derrotado.
3 – Discordava da
venda de Património, nomeadamente da Propriedade
da Coutada (terrenos subjacentes à vila de Marvão), cujas verbas daí
resultantes em nada resolveriam os problemas financeiros de Marvão, e estava-se
a hipotecar Património para fins pouco claros. O que fariam os compradores com
esses terrenos? Até hoje não há respostas.
4 – Estava contra
a manutenção de um Presidente da Assembleia Municipal (autoridade máxima de
representação dos marvanenses), mas que estava sempre ausente, inclusive na
presidência das ditas, onde apenas tinha estado presente em metade (6/12)
situação nunca vista em Marvão. E ele próprio se tinha manifestado como um obstáculo
à construção de uma infra-estrutura essencial ao bem-estar e saúde pública dos
marvanenses (alegando danos pessoais): a célebre ETAR da Beirã, prometida por
todos os executivos há mais de 30 anos, prometida pelo actual executivo desde
2005, e nunca construída. Marvão, com amigos como este, nem precisa de
inimigos.
Existiram ainda
outras razões, mas só estas, já me parecem suficientes e elucidativas, para as
seguintes conclusões ao fim de dois anos, a saber:
1 – Desde essa
data o executivo não contraiu mais nenhum
empréstimo. Em Dezembro de 2012
a sua dívida aos bancos era apenas de 1,4 milhões de
euros; e tem actualmente em Caixa quase 3 milhões de euros (e já tinha na
altura mais de 1,5 milhões). Alguém me
explica os pedidos de Empréstimos em Junho de 2011?
2 - O Projecto
de construção dos 70 Fogos para Habitação Social (um dos grandes projectos
ancora para desenvolvimento do concelho de Marvão, na voz de Vítor Frutuoso) revelou-se um verdadeiro fiasco. Quando
chegou ao Tribunal de Contas (e tal como eu havia alvitrado e previsto)
mandou-os bugiar, foi por água abaixo.
Hoje, ou seja no próximo dia 18 de Setembro, Vítor Frutuoso e a sua fabulosa
equipa, preparam-se para vender, em Hasta Pública, a privados, 9 Lotes em SA
das Areias, tal como eu já lhe tinha sugerido há mais de 3 anos! Espero que
faça o mesmo na Beirã e em SS da Aramenha. Espero ainda, que os prejuízos
(diferença entre custos e receitas) para o município e para os contribuintes não
sejam grandes, e que alguém desafie o
executivo a apresentar essas contas, e a reflectir futuramente em negócios idênticos!
3 – A venda
urgente da propriedade da Coutada, até
hoje, não se efectuou, e bem. E espero que assim continue. As verbas da sua
alienação não aquecem nem arrefecem a vida do município, e a sua manutenção, é
algo que orgulhará os vindouros, e quem sabe um dia seja precisa.
4 – Quanto ao máximo
representante dos Marvanenses, o Presidente da AM? É caso para dizer: tudo como
dantes. O respeito que tem pelas pessoas que o elegeram é Zero, continua a
faltar, ou usa de hipocrisia como foi o caso da sua intervenção pública em 25
de Abril de 2013. Data tal, que
afirmou em plena Assembleia, nunca festejar, por se considerar, mais uma vez,
prejudicado pessoalmente pelo regime implantado aí. Só que continua a presidir
a um dos Órgãos nascidos com essa mesma data.
Entretanto, e segundo
notícias que me chegaram, esse senhor, e mais uma vez, nem na Apresentação da
actual Candidatura às próximas eleições, de que é “cabeça de lista”, esteve
presente! Coerências de gente séria!
Precisava deste
desabafo....
3 comentários:
Um grande bem haja...continue assim.
Um abraço
Jorge Miranda
E o que fizeram na Escusa? Aquele empreendimento que rasgou a serra e que ficou a meio? Não sei se já estará acabado.
Um abraço
Concordando ou discordando sobre as várias matérias aqui elencadas, não posso deixar de dizer que este texto do amigo J.Buga é política a sério!
- Demonstra conhecimento sobre os assuntos e personalidades!
- Demonstra capacidade e método de análise!
- Demonstra “paixão” sobre o tema!
- Demonstra coragem e clareza, tratando as questões sem rodeios!
e, acima de tudo,
- Apresenta, também claramente, as suas opiniões e as suas escolhas nas várias temáticas!!
Parabéns J.Buga
Abraço
Fernando Bonito
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