terça-feira, 20 de agosto de 2013

"Quando o burro cai é que se lhe deve dar as pancadas..."

Ter razão antes do tempo, às vezes é uma chatice! Um Poder que não aproveita essas pessoas é parvoíce...

"Livre não sou, que nem a própria vida mo consente. Mas a minha aguerrida teimosia é quebrar dia a dia um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade!. Trago-a dentro de mim como um destino. E vão lá desdizer o sonho do menino que se afogou, e flutua entre nenúfares de serenidade, depois de ter a lua!"


(Miguel Torga)



Nota explicativa: Espero, com este artigo, não estar a participar ou influenciar as actuais eleições autárquicas em Marvão. Não quero participar, não me revejo em qualquer das candidaturas, estou fora, e fora quero continuar. Se escrevo este artigo agora, não fui eu que escolhi o tempo, a escolha foi do actual executivo ao enviar-me uma – Nota de Impressa sobre a decisão da venda de Lotes em SA das Areias, 8 dias antes do próximo acto eleitoral de 29 de Setembro! Por isso, é agora o tempo. 

Há cerca de 15 anos atrás embarquei (ou abracei) num Projecto político local no meu concelho. Fi-lo por paixão e convencido, que através da minha participação, poderia contribuir para a melhoria das condições de vida no meu concelho, comunidade em que me encontrava integrado.

Durante mais de 10 anos em que estive envolvido nesse Projecto, procurei dar o melhor de mim mesmo, quer dentro da estrutura partidária em que me encontrava (o PSD), quer nos cargos para que fui eleito, influenciando com os meus conhecimentos e experiências de vida, aquilo que me parecia ser o melhor para Marvão. Nunca ambicionei, nem exigi, e muito menos me pus a jeito, para tirar daí qualquer dividendo pessoal, familiar ou outro, e como mostra a história, isso aconteceu: tal como entrei assim saí, ou seja pelo meu pé e de mãos vazias.

Deixei todos os cargos há cerca de 2 anos, em rotura de base com algumas das decisões políticas de então, dos órgãos executivos desse Projecto: Concelhia de Marvão do PSD; e executivo da Câmara Municipal liderada por Vítor Frutuoso. As razões podem ser relembradas aqui. Mas, resumidamente, foram as seguintes:

1 - Desacordo com o endividamento da CM de Marvão: Tinha-se herdado em 2005 uma dívida de 650 mil euros, eu próprio já tinha votado aumentos até 1,8 milhões; e naquela altura o executivo queria pedir mais cerca de 800 mil euros, que totalizaria cerca de 2,5 milhões. Votei contra, tendo sido o único na bancada do PSD.        

2 – Desacordo total com a política de habitação do executivo, e o projecto de construção de 70 fogos para Habitação Social, que honoraria, com custos insuportáveis, o município nos próximos 70 anos, através de um Projecto tipo “parceria público privado”, cujo único objectivo era satisfazer clientelas e “caça ao voto”; já que todos os dados demonstravam que a habitação não era um problema no concelho (existem 2 apartamentos por família segundo os censos 2011), e esse tipo de projectos já se advinham que seriam a ruína do país, e no caso concreto para o concelho de Marvão. Propus na altura, que se vendessem os Lotes à iniciativa privada, a custos controlados e com regras para se combater a especulação que existia em Marvão, e que esses Lotes servissem o objectivo da sua aquisição. Fui derrotado.

3 – Discordava da venda de Património, nomeadamente da Propriedade da Coutada (terrenos subjacentes à vila de Marvão), cujas verbas daí resultantes em nada resolveriam os problemas financeiros de Marvão, e estava-se a hipotecar Património para fins pouco claros. O que fariam os compradores com esses terrenos? Até hoje não há respostas.

4 – Estava contra a manutenção de um Presidente da Assembleia Municipal (autoridade máxima de representação dos marvanenses), mas que estava sempre ausente, inclusive na presidência das ditas, onde apenas tinha estado presente em metade (6/12) situação nunca vista em Marvão. E ele próprio se tinha manifestado como um obstáculo à construção de uma infra-estrutura essencial ao bem-estar e saúde pública dos marvanenses (alegando danos pessoais): a célebre ETAR da Beirã, prometida por todos os executivos há mais de 30 anos, prometida pelo actual executivo desde 2005, e nunca construída. Marvão, com amigos como este, nem precisa de inimigos.       

Existiram ainda outras razões, mas só estas, já me parecem suficientes e elucidativas, para as seguintes conclusões ao fim de dois anos, a saber:

1 – Desde essa data o executivo não contraiu mais nenhum empréstimo. Em Dezembro de 2012 a sua dívida aos bancos era apenas de 1,4 milhões de euros; e tem actualmente em Caixa quase 3 milhões de euros (e já tinha na altura mais de 1,5 milhões). Alguém me explica os pedidos de Empréstimos em Junho de 2011?

2 - O Projecto de construção dos 70 Fogos para Habitação Social (um dos grandes projectos ancora para desenvolvimento do concelho de Marvão, na voz de Vítor Frutuoso) revelou-se um verdadeiro fiasco. Quando chegou ao Tribunal de Contas (e tal como eu havia alvitrado e previsto) mandou-os bugiar, foi por água abaixo. Hoje, ou seja no próximo dia 18 de Setembro, Vítor Frutuoso e a sua fabulosa equipa, preparam-se para vender, em Hasta Pública, a privados, 9 Lotes em SA das Areias, tal como eu já lhe tinha sugerido há mais de 3 anos! Espero que faça o mesmo na Beirã e em SS da Aramenha. Espero ainda, que os prejuízos (diferença entre custos e receitas) para o município e para os contribuintes não sejam grandes, e que alguém desafie o executivo a apresentar essas contas, e a reflectir futuramente em negócios idênticos!

3 – A venda urgente da propriedade da Coutada, até hoje, não se efectuou, e bem. E espero que assim continue. As verbas da sua alienação não aquecem nem arrefecem a vida do município, e a sua manutenção, é algo que orgulhará os vindouros, e quem sabe um dia seja precisa.

4 – Quanto ao máximo representante dos Marvanenses, o Presidente da AM? É caso para dizer: tudo como dantes. O respeito que tem pelas pessoas que o elegeram é Zero, continua a faltar, ou usa de hipocrisia como foi o caso da sua intervenção pública em 25 de Abril de 2013. Data tal, que afirmou em plena Assembleia, nunca festejar, por se considerar, mais uma vez, prejudicado pessoalmente pelo regime implantado aí. Só que continua a presidir a um dos Órgãos nascidos com essa mesma data.

Entretanto, e segundo notícias que me chegaram, esse senhor, e mais uma vez, nem na Apresentação da actual Candidatura às próximas eleições, de que é “cabeça de lista”, esteve presente! Coerências de gente séria!
   
Precisava deste desabafo....

3 comentários:

Anónimo disse...

Um grande bem haja...continue assim.
Um abraço
Jorge Miranda

Helena Barreta disse...

E o que fizeram na Escusa? Aquele empreendimento que rasgou a serra e que ficou a meio? Não sei se já estará acabado.

Um abraço

Anónimo disse...

Concordando ou discordando sobre as várias matérias aqui elencadas, não posso deixar de dizer que este texto do amigo J.Buga é política a sério!

- Demonstra conhecimento sobre os assuntos e personalidades!
- Demonstra capacidade e método de análise!
- Demonstra “paixão” sobre o tema!
- Demonstra coragem e clareza, tratando as questões sem rodeios!

e, acima de tudo,

- Apresenta, também claramente, as suas opiniões e as suas escolhas nas várias temáticas!!

Parabéns J.Buga

Abraço
Fernando Bonito