terça-feira, 6 de agosto de 2013

O descalabro das Contas Públicas (1)

(Procedi a alguma correcção de dados, mas o fundamental pouco se altera) 

Não é apenas mais um texto! É a realidade...

Discute-se por estes dias com grande intensidade, alguma paixão, mas pouca informação séria e credível, o corte dos célebres 4,7 mil milhões de euros, nas Despesas Públicas Correntes. Mas será que chega? Portugal tem que programar as suas Despesas Correntes, tendo em conta as suas Receitas Fiscais, e estas nunca ultrapassaram os 60 mil milhões de euros/ano; logo, andar a gastar cerca de 80 mil milhões, não me parece lá muito possível. Para mim as coisas são bem claras, mas o Tó Zé Seguro e a sua corte, acham que não.

O meu objectivo ao abordar este tema, é dar a conhecer aos meus amigos, de uma forma simplificada, a minha versão sobre a situação, com base em dados credíveis colhidos na plataforma “Pordata” e no INE. A análise e leitura dos ditos será de cada um dos meus leitores. Aceito a discussão, aceito outros pontos de vista, mas não aceito desviar-mo-nos desta realidade, perdidos em discussões estéreis sobre os quês e os porquês, sobre quem serão os mais responsáveis, sobre se a culpa é de A ou é de B. A realidade é esta. Aqui chegámos. E agora teremos que ter uma solução, e, não vale a pena andarmos a por o “cuzinho” de fora, porque isto vai custar a todos, ou, a quase todos.

Hoje não há dúvidas, que Portugal (não disse os portugueses) nos últimos 40 anos andou a viver acima do que produziu. E nos últimos 20 anos foi um verdadeiro descalabro. Os governos (ou desgovernos), durante esse período foram, 16 anos da responsabilidade do PS (80% do tempo), e 4 anos do PSD/PP (20% do tempo). Mas fomos nós que votámos neles, e mesmo aqueles que não votam são corresponsáveis por esta situação. 

Todos os anos foram desequilibrados entre as Receitas e Despesas, numa média deficitária anual a rondar os 10 mil milhões de euros/ano. Mas os governos "socialistas" de Sócrates foram verdadeiras catástrofes. Em tempos de “vacas gordas”, chegaram a atingir deficits nas Contas Correntes a rondar os 20 mil milhões de euros (2009 e 2010).

As razões porque o fizeram são várias, e de acordo com a perspectiva de cada um. Mas não há dúvidas que o país tem vivido com aquilo que não tem, há custa de empréstimos constantes e cada vez maiores. A dívida pública (a de todos nós enquanto portugueses), passou de cerca de 90 mil milhões de euros em 2005, para cerca de 200 milhões na actualidade, e só os juros atingirão este ano perto dos 7,5 mil milhões de euros (Uma taxa a rondar os 4%), quando ainda em 2000 eram apenas de 3,8 mil milhões.

Como podemos verificar no Quadro 1, os piques da loucura ocorreram entre 2005 e 2010, com os valores do deficit das Correntes a atingirem os tais 20 mil milhões de euros ao ano. Em 2012, apesar de toda a propaganda encomendada, as Despesas caíram aproximadamente 6 mil milhões de euros, em ralação a 2010.  Quanto aos dados de 2013, há que ter em conta que são estimativas orçamentais, e meta de se alcançarem Receitas Ficais de 70 mil milhões de euros, só cabiam na cabeça do "gaspar", já seria muito bom se chegassem ao 60 mil milhões.

Os valores do conjunto desta Receitas Correntes (as contas são minhas), são somatório dos diversos Impostos e as receitas da Segurança Social; as Despesas, são o somatório das Despesas com Pessoal, Prestações Sociais, Juros e Outras Despesas.


(Clicar em cima da imagem para ver melhor. Não aumenta o deficit)

Concluindo, mesmo com um corte de 4,7 mil milhões, as Contas Correntes da República Portuguesa, ainda terão um deficit a rondar os 10 mil milhões de euros, o que diga-se é muito dinheiro, e o país não poderá viver assim, digo eu. Volto a referir que isto são Contas Correntes.

Amanhã prometo analisar onde “cortar”, já que mais Impostos não parece que possa ser!

Mas isto é eu a pensar, que não sou nem “economês”! Mas como já dizia o Aleixo: Eu não tenho vistas largas/ Nem grande sabedoria/ Mas dão-me as horas amargas/Lições de economia (perdão, filosofia)....

1 comentário:

zira disse...

Já sou cota, devia não me preocupar muito com o futuro.Mas até me sinto angustiada...