Como já aqui escrevi,
no último inverno e durante cerca de 4 meses, dediquei algum do meu tempo a
investigar alguma da história da minha família e do apelido Bugalhão.
Algumas das
conclusões a que cheguei foram de que esta família será, certamente, uma das
famílias mais tradicionais do concelho de Marvão. O apelido Bugalhão existirá
há cerca de 250 anos, o primeiro registo que encontrei é de 1794, num meu
antepassado de nome José Gonçalves Bugalhão, que por essa data já tinha cerca
de 40 anos de idade.
Os antepassados
deste José são oriundos, pela parte paterna, de Alpalhão e ostentavam apelido Toureiro (desde que existem registos em
Alpalhão, no século XVII, que aí existem registos deste apelido); e pela
parte materna ostentavam o apelido Serrano,
oriunda do concelho da Guarda, freguesia da Arrifana (o seu apelido de origem
terá sido Fernandes, mas ao chegarem ao concelho de Marvão terão sido
apelidados de “serranos” por serem da zona da Serra da Estrela), no século XVIII este apelido é um dos mais frequentes em todo o concelho de Marvão, resultado
de algum processo migratório e de povoamento no concelho.
Da junção destes
dois apelidos terá resultado José
Gonçalves Bugalhão, nascido em 1754 e falecido em 1810. Tratado em diversos
registos pelo apelido Bugalhão, mas
também tratado em outros por José
António Toureiro, ou José Gonçalves
Serrano. Este tratamento por vários nomes era frequente por essa época, em
que não existiam documentos identificativos individuais, e a passagem de
apelidos faziam-se por via oral.
Subsiste assim a dúvida sobre a origem do
apelido Bugalhão.
Esta família, de
acordo com os registos, terá sido uma família tradicional de Moleiros no Rio
Sever, e terão habitado e vivido na maioria dos Moinhos a jusante da Portagem,
mas sobretudo na zona da Ponte Velha, freguesia de Santo António das Areias.
A partir da
segunda metade do século XIX todos os descendentes masculinos ostentam o
apelido Bugalhão, e os registos
referem ser descendentes de um tal João Gonçalves Bugalhão, que faleceu em 1837,
que teve 2 casamentos (Joana da Conceição e Cândida Rosa), e 12 filhos; dos quais apenas é conhecida descendência a Francisco nascido em 1821. No
entanto o seu registo de baptismo não tinha sido encontrado. Essa peça
fundamental, tinha-me deixado algum vazio, e mesmo deixado algumas dúvidas.
Chegando mesmo a alvitrar se o dito João não teria nascido Joaquim (registo
encontrado), e mais tarde mudado o nome para João!
Mas não, os
padres de então eram artistas (apesar dos almudes de vinho que se faziam cobrar
e dos trintários de missas que cobravam, e com que presenteavam as almas para
que entrassem nos reinos dos céus). Por incrível que pareça, com tão parcos
meios que dispunham, a eficácia é, às vezes, assombrosa. E foi assim, e mais
uma vez, que quando hoje recebi uma comunicação do incansável Fernando Mota,
questionando-me se tinha chegado a encontrar o Assento de Baptismo do meu
homónimo, que imediatamente pensei: - Fechou-se o ciclo, o Fernando encontrou o
que eu ainda não tinha conseguido!
E era verdade,
bate tudo certo, afinal João tinha nascido mesmo em 1783 e registado com esse
nome. Joaquim era apenas seu irmão mais novo (1787), e que deve ter morrido
criança. Aqui fica o dito registo para memória futura, com um muito obrigado ao
Doutor Fernando Mota.
Figura 1 - Assento de Baptismo de João
Fonte: Registos paroquiais da Freguesia de Santa Maria de Marvão
Figura 2 - Árvore de Costados da origem da Família Bugalhão actualizada
(Clicar sobre as imagens para ver melhor)
7 comentários:
Fantástico, tio. E este Francisco (n. 1821) era avô, do meu bisavô Francisco? Bjs. São
Olá São. Este Francisco era exactamente o avô do teu bisavô (e meu avô) Francisco que nasceu em 1877. Pelo meio existe o outro elo da cadeia: José Gonçalves Bugalhão (teu trisavô, nascido em 1852.
Bate tudo certo, há excepção da a Antroponímia do apelido "Bugalhão"!
Quem sabe senão será um bom desafio para uma "doutoranda" de História...
Existem mais de 200 pessoas à espera dessa descoberta.
João Bugalhão
Como se costuma dizer: "quem é vivo sempre aparece"
Um abraço
Ou mesmo morto há quase 200 anos, minha cara Helena, quando alguém se lembra de nós, como foi o caso!
Oxalá também o mereçamos....
Obrigado pela sua colaboração constante. Sensibiliza-me, mesmo sem nos conhecermos.
João Bugalhão
e seguramente, iremos chegar (ou antes, irás chegar) à conclusão que o nosso nome Bugalhão apareceu por via dos anexins (entendidos como alcunhas e não como os define a língua portuguesa), à velha moda alentejana (ainda que num alentejo diferente, mais beirão, mais conservador, mais 'lento' ainda que os alentejanos das anedotas). muitos parabéns a ti, e uma palavra de agradecimento ao Dr Fernando Mota.
Boa noite,
O meu nome é Ricardo Bugalhão. Sou de Leiria.
Gostei de ler o artigo. É sempre interessante perceber as nossas origens.
O meu avô era de Marvão, chamava-se Jose das Dores Bugalhão. Conheceu-o?
Meu caro Ricardo, bem vindo à república bugalhónica. Eu já não conheci o seu avô. Mas o seu bisavô, que penso também se chamar José era primo direito do meu pai. O seu trisavô era João Gonçalves Bugalhão, (que era irmão do meu bisavô); e a sua trisavó chamava-se Teresa Bernarda.
Penso que o Ricardo será filho de Mário Bugalhão, certo?
Teríamos muito gosto em tê-lo no próximo Encontro que será em Julho de 2014. Para saber o programa bastará estar atento a este Blogue.
Entretanto, se quiser saber mais sobre a história da família consulte o Post aqui publicado em 15/7/2013- Bugalhão nome estranho, e está lá quase tudo.
Obrigado pelo seu contacto. Temos que aprofundar o nosso conhecimento.
João Bugalhão.
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