domingo, 30 de junho de 2013

Épicos da música portuguesa (9)


A vida vai torta, jamais se endireita, o azar persegue, e esconde-se à espreita. Nunca dei um passo que fosse o correcto, eu nunca fiz nada que batesse certo…

De modo que a vida é um circo de feras, e os entre-tantos, são as minhas esperas! Nunca dei um passo que fosse o correcto, eu nunca fiz nada que batesse certo…


E enquanto esperava no fundo da rua, pensava em ti, e em que sorte era a tua!

Quero-te tanto...







sábado, 29 de junho de 2013

O mundo dos outros....


por Pedro Correia, in Delito de Opinião.

“Um homem mata a mulher, de quem estava separado, e uma amiga dela, suicidando-se a seguir. Escassas semanas depois, a tragédia repete-se - com outro assassino e outras vítimas. Aconteceu recentemente em Portugal.

Como já previa, não tardaram os depoimentos televisivos a desresponsabilizar os actos criminosos. Há sempre teses socialmente correctas para justificar os actos mais repugnantes.

Um canal generalista abordou o assunto, com a seguinte legenda em letras maiúsculas: "Crise e problemas financeiros explicam depressão social". Enquanto a voz da jornalista procurava configurar a situação desta forma: "Um futuro sem esperança para um presente em crise".

Os crimes concretos, com vítimas concretas, diluem-se nesta amálgama de frases destinadas a "explicar" a inadmissível violência homicida por factores sociais e até políticos. E nestas ocasiões nunca faltam psiquiatras a conferir um atestado de respeitável validade à tese implícita de que o gatilho é premido pela "sociedade" e não pelos assassinos.

"Numa sociedade deprimida há uma grande falta de esperança, as pessoas não têm perspectiva de futuro. Esta desesperança pode levar algumas pessoas a atentar contra si e contra outros", explicava um psi.

"As situações de crise, com desemprego e endividamento, são fundamentais na saúde mental dos portugueses", justificava outro. A voz da jornalista insistia: "O consumo de antidepressivos aumentou, os casos de depressão também."

Pasmo com tudo isto - incluindo a sugestão de relação directa entre o consumo de antidepressivos e a morte de mulheres às mãos de maridos e companheiros. Pasmo com a pseudo-modernidade a pretender "contextualizar" os mais bárbaros atavismos com palavras de compreensiva condescendência. Pasmo com este cíclico jogo de passa-culpas dotado de um pretenso aval científico.


Como se os algozes fossem vítimas e estas, para merecerem um mínimo de respeito público, tivessem de ser assassinadas segunda vez.”

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A (des) reestruturação do Estado...


Estão identificados quem serão as vítimas da tão falada reestruturação do Estado. Aliás, estavam na mirada há muito tempo.

Como aqui tenho dito um Estado que nunca conseguiu cobrar mais de 60 000 milhões de euros de impostos, e gasta perto de 70 000 milhões não pode continuar assim eternamente. Um Estado que tem uma dívida pública em 1974 de cerca de 4% do seu PIB, a sobe em menos de 40 anos para valores a rondar os 130% do seu “novo” PIB, num aumento médio anual de 4% (e anos houve como no consulado socrático em que esse aumento rondou os 10% ao ano, e que agora os seus discípulos dizem ter solução para tudo); é um Estado que tem de ser de facto REESTRUTURADO, dêem lhas voltas que quiserem.

Com a vitória das reivindicações dos Professores (como apregoam os sindicatos); com a água que já tinham levado ao seu moinho os Militares e os Médicos; e como ainda acabará por chegar a sardinha aos Funcionários Públicos (de carreira); bem como a toda a clientela das Empresas de Transportes e afins; está em marcha, mais uma vez, a vitória das novas Corporações portuguesas.

O Governo perdeu o leme, se é que alguma vez o teve, e partir daqui será à deriva!

Na Educação manda, como sempre mandou, o Mário Nogueira, o adjunto Nuno Crato executa; na saúde manda José Manuel Silva e os adjuntos dos sindicatos dos médicos; nos transportes dominam os seus sindicatos; o coordenador desta cambada toda é o Arménio (ministro das corporações), e o agora secretário de estado Carlos Silva.

Os agitadores são bem conhecidos: Marcelo, Marques Mendes, Sócrates, Nelinha Ferreira, e outros papagaios. O resto está nas mãos da Máfia: Bancos, Sociedades de Advogados, Maçonaria e Opus.

Com todos estes protegidos, quem serão afinal os pagadores da factura dos 4 500 milhões que a “troika” exige que se corte nos tais 70 000 milhões:

À cabeça os Pensionistas (não têm sindicato, não fazem greve, não berram, não atiram pedras à policia e aos ministros e ministérios); e em seguida os Contratados a Prazo, que só servem para os citados em epígrafe se servirem deles para as lutas e bandeiras, mas depois, não mexem uma palha quando lhes não renovam contratos e vão engrossar as filas do desemprego ou da emigração. Preparem-se pois para a função: os velhos e os mais novos, a luta de gerações substitui a luta de classes.

Sindicatos e Corporações de Portugal uni-vos! Os velhos e os contratados não passarão.  

Como dizia o outro: Siga a cegarrega, que é a dança cá da terra, só não dança quem não quer! É encher a saca, chupar na teta da vaca (do Estado), enquanto houver (ou nos emprestarem)....    


quarta-feira, 26 de junho de 2013

III Encontro da Família Bugalhão


Caros parentes, é já no próximo dia 13 de Julho que se irá realizar o III Encontro da Família Bugalhão, desta vez em Castelo de Vide no Hotel Sol e Serra. As organizadoras como ficou definido o ano passado são a Antónia Bugalhão Costa e a sua filha.

Sem me passarem procuração, aqui deixo a sua mensagem publicada no Facebook, para inscrição de todos os que queiram estar presentes:

“Família, chegou a hora de pedir a confirmação a todos os participantes deste III evento da família Bugalhão. Vamos proceder de acordo com os anos anteriores.

Os valores a pagar estão na ementa e o pagamento é feito por transferência para:

Caixa Gera Depósitos - Nº de conta: 0396 219164800 - NIB: 003503960021916480027

Podem começar a confirmar e pagar até dia 2 de Julho.

Peço que enviem para o email antonia-costa@sapo.pt. a confirmação com nome e nº de pessoas, identificar crianças com idades. A lembrança é facultativa e tem o valor de 80 cêntimos é favor pedir no ato da confirmação.

Não tenho muito jeito para isto, se faltar alguma "coisita acusem-se, somos quase todos alentejanos"

Vão passando a palavra mesmo aos que não têm internet. Um grande abraço a todos.”


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Obrigado Tribunal Constitucional!




No ano de 2012, decidiu o governo cortar subsídios de férias e natal aos Funcionários Públicos e Pensionistas: a totalidade a quem ganhasse mais de 1 100 euros brutos, e progressivamente a quem ganhasse acima do salário mínimo e aquele valor. Esta medida seria para vigorar enquanto se mantivesse, pelo menos, a intervenção externa em Portugal.

Quando analisou o diploma, logo o excelso Tribunal Constitucional veio considerar ser tal medida ilegal, mas que devido ao adiantado do ano e com o orçamento já a meio, dessa vez passaria. Mas no futuro logo se veria!

Em 2013 quis o governo repetir a gracinha, com o argumento que seria uma forma de reduzir as despesas com pessoal, uma das imposições da “troica”; deixando logo ali a ameaça, que se o tal Constitucional não aprovasse, teriam que ir para a dispensa de pessoal, que é como quem diz despedimentos. Claro que aí o tal excelso Tribunal os mandou às urtigas (sabiam que eles não seriam os despedidos), e obrigou a pagar os subsídios, que a malta precisa desses rendimentos para aumentar o consumo, e consequentemente, desenvolver a economia.

O resto da história é demasiado conhecido: paga-se, um, em 12 prestações; paga-se outro em Novembro, quem quer paga em Junho, outros pagam em Julho, outros ainda pagam em Junho e terão de o devolver em Julho, etc., etc. É o célebre enfoque de avaliação de Processos à portuguesa.

Apesar de toda esta confusão, a maioria da opinião pública, bem como os portugueses nestas condições, estão convencidos que este ano irão receber 14 meses (quando o ano passado só receberam 12), e consequentemente, mais 2 meses de “carcanhol”, para contribuir para o desenvolvimento da tal economia. E tudo graças aos "santinhos e beneméritos" constitucionalistas.

Só que cá o Tio João, com 6 messes de antecedência, agora que acalmou a poeira, e antes de se pôr a contar com o ovo no “cu” da dita, e não vá meter-me a gastar o que não vou receber, resolvi fazer as contas e comparar 2013 com 2012, e os resultados são extraordinários, então vejamos:

No ano passado, dos 12 meses que recebi tive um rendimento líquido de 16 256 euros; este ano com os 14 meses receberei 16 244 euros. Isto é, menos 12 euros!

Porquê? O ano passado descontei entre IRS e ADSE 2 284 euros; este ano descontarei 5 386 euros de IRS, ADSE, Taxas e Sobretaxas. O Orçamento Geral de Estado, no ano passado teve uma redução de despesa comigo de 3 090 euros (menos 2 meses); este ano teve um aumento de receitas de 3 102 euros.

Eu ficarei com menos 12 euros. Tudo clarinho, a matemática não engana, e o Gaspar aqui acerta!

No fim desta tramóia, vou escrever ao excelso Tribunal Constitucional à agradecer a sua contribuição para a reposição de tão exemplar CONSTITUCIONALIDADE! Obrigado queridos guardiões dos meus direitos, acho que me fazeis tanta falta como a fome; aliás menos, porque a fome ainda me desperta o instinto para me lembrar que devo comer!

Como suponho não ser o único nestas condições, aqui deixo o alerta. É que com amigos como estes...

Nota importante: Atenção àqueles que receberem o subsídio de férias em Junho (que os “amiguinhos” presidentes de câmara em boa hora lhes proporcionaram), e que seja superior a 600 euros, é melhor que guardem algum, pois o Gaspar não dorme e já disse que em Julho lhes vai fazer a folha, isto é, acertar o correspondente IRS. Depois não digam que não avisei.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Será Mário Nogueira o "verdadeiro" ministro da educação?

Que me perdoe o meu amigo Hermínio Felizardo, de quem sei alguma coisa do seu percurso profissional (que ele mesmo aqui contou), que não conheço como professor, isto é enquanto profissional que tem a função de ensinar; mas que suponho estar na profissão como está enquanto pessoa, e isso dá-me, só por si, garantia de poder acreditar ser um profissional honesto e digno do título que ostenta.

Mas como já aqui referi em artigos anteriores, nem todos os professores merecerão esta avaliação, aliás como em todas as profissões. E a julgar por algumas avaliações, de RESULTADOS (como a que aqui referi em relação à media da nota de português do 4º ano: 48,7%), haverá muito para mondar na classe, e nem todos os problemas estarão do lado do ministério e do actual ministro.

Hoje de manhã ao ouvir o “pano para mangas” na Antena 1, da autoria de João Gobern, este teceu os maiores elogios à pessoa do actual ministro Nuno Crato (antes de o ser), quer como pessoa quer como professor; mas arrasou-o enquanto ministro!

Esta apreciação tem, aliás, sucedido, com quase todos os anteriores ministros! Porque será?

Neste artigo, da autoria de Henrique Raposo, talvez encontremos parte da resposta:  

“Quem é Mário Nogueira?

Um professor dá aulas e Mário Nogueira não dá aulas há mais de 20 anos. Parece mentira, mas este senhor está num perpétuo horário zero há duas décadas. A sua "carreira" docente conta com 32 anos de serviço, mas, na verdade, o Glorioso Líder da Fenprof só deu aulas nos primeiros 10 anos de vida profissional. Os últimos 22 anos foram dedicados ao sindicalismo profissional.

Não, Mário Nogueira não é professor, é sindicalista. O que me leva a uma pergunta óbvia: como é que alguém que não dá aulas há vinte anos pode representar com realismo as pessoas que dão aulas todos os dias?

E esta comédia sindical não se fica por aqui. Por artes burocráticas impenetráveis, Mário Nogueira tem sido avaliado como professor: recebeu o "Bom" correspondente à classificação de 7,9 obtida no agrupamento de escolas da Pedrulha, Coimbra (Correio da Manhã, Dezembro 2011).

Mais uma vez, um camião de perguntas bate à porta: se não dá aulas, como é que este indivíduo pode ser avaliado como professor? Como é que se opera este milagre da lógica? Entre outras coisas, parece que conferências e artigos de jornal contam para a avaliação de Mário Nogueira. Fazer propaganda da Fenprof, ora essa, é igual ao confronto diário com turmas de vinte e tal garotos. Justo, justíssimo, justérrimo.

Se não é professor, quem é afinal Mário Nogueira? Na minha modesta opinião de contribuinte assaltado por horários zero e afins, Mário Nogueira é o verdadeiro ministro da educação.

A cadeira do ministério vai mudando de dono, mas Mário Nogueira está lá sempre. Os governos sucedem-se, mas a Fenprof está lá sempre. E, com menor ou maior intensidade, as políticas educativas são determinadas pela Fenprof e não pelos governos democraticamente eleitos.

A força das eleições nunca chega à tal escola pública, que é auto-gerida há décadas pela Fenprof. Curiosamente, TV´s e jornais nunca fazem fogo sobre este sindicato. O poder da educação está ali, mas as redacções só sabem queimar ministros atrás de ministros. Nunca ouvi ou li uma entrevista a Mário Nogueira. Só vi e ouvi tempos de antena.

Quem é Mário Nogueira? Um dos inimputáveis do regime.”

Oh marinho, tendo em conta a limitação de mandatos, não será já tempo de embalar a trouxa e...., zarpar.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Os protestos no Brasil...



Lá, como cá, o povo acorda tarde para protestar. Embora lá, parece que acordaram um pouco mais cedo. Mas o que estão a protestar agora, talvez o devessem ter feito um pouco mais cedo, na altura dos projectos e das decisões, e não agora que o “comboio” já vai em movimento.

Infelizmente, por cá, nada. Nem na altura, nem nos dias de hoje. E para muitos, aqueles que nos enterraram ainda são considerados heróis, e andam por aí, que nem ratos, a espreitar o “poder” para rasparem o resto das migalhas do tacho.

- Quem protestou em Portugal a loucura da construção de 10 estádios de futebol, que são na sua maioria inúteis, mas que estaremos a pagar nos próximos 20 ou 30 anos?

- Quem se opôs à loucura de construir 3 auto-estradas paralelas entre Lisboa e Porto? E mais duas do Porto para cima?

- Quantas manifestações houve contra a nacionalização dos prejuízos do BPN ou do BPP? Quem recebeu os dividendos enquanto os houve?

- Quem protestou pela destruição da nossa frota de pesca e da nossa agricultura? Ah pensavam que os subsídios vinham do céu!

- Quem foram os alentejanos que se revoltaram com o projecto megalómano do aeroporto de Beja? E do aeródromo da Ponte de Sôr?

- Quem protestou a sacanice das PPP´s, sobretudo as rodoviárias, mas também algumas nas energias renováveis?

- Quem se levantou contra o projecto megalómano do novo aeroporto de Lisboa e o TGV de passageiros para Madrid?

- Quem protestou contra a parvoíce do tribunal constitucional de não autorizar o corte de subsídios? Mas agora teremos de levar com despedimentos, no mesmo valor dos ditos, e praticamente não os receber na mesma devido ao aumento de escalão do IRS?

Os portugueses andaram anestesiados com as migalhas que lhes davam, e andam ainda a dormir. Só protestam quando lhes cai em cima, ou às vezes quando deviam estar calados.

- Ah, e tal..., eu não gosto de política! A política é para os políticos! É, é, e de que maneira...

Os dinheiros públicos (dos contribuintes), não podem servir para estas merdas! Fazem falta na educação, na saúde e na segurança. Não há almoços grátis e quem paga somos nós!


Fazem bem brasucas. Metam-lhes, pelo menos, o “cu p´ra dentro”, para ver se da próxima vez têm algum juízo...     

domingo, 16 de junho de 2013

O mundo dos outros (ainda a respeito de reivindicações, greves e avaliações...)


(5 *)

Vale para professores, vale para outros, quem diz sector público, diz sector privado
por Rui Rocha, in Delito de Opinião

"Há um problema muito sério na sociedade portuguesa. Vivemos muitos anos, demasiados anos, provavelmente séculos, num contexto em que o sucesso, o desenvolvimento e a evolução profissionais foram ditados por tudo, menos pelo mérito.

O negócio do Luís, a contratação do João, a promoção da Maria, o cargo de direcção do Manel estiveram quase sempre relacionados com o facto de serem primos do patrão, correligionários do Presidente da Junta, sobrinhos do autarca jurássico ou, na melhor das hipóteses, com o decurso do tempo (parece que a isto se chama carreira).

Isto foi assim no sector privado, foi ainda mais assim no sector público. E, na falta de um sistema de avaliação sério e credível, ainda é. Tal como sucede nos países socialistas, ainda que Portugal tivesse o melhor sistema de educação do mundo, os resultados profissionais continuariam a ser medíocres. Falta-nos a cultura de valorização, reconhecimento e promoção do mérito. Veja-se o caso dos professores.

Todos nós tivemos professores sofríveis. Uns eram cientificamente impreparados. Outros faltavam. Muitos não tinham qualquer competência pedagógica. A tantos faltava interesse e motivação. Por cada professor digno desse nome, tive dois que não mereciam estar numa sala de aula. E, todavia, estavam. E continuaram a estar. E se hoje as coisas estiverem melhores, não são, decerto, perfeitas. A questão é que chegámos aqui sem um mecanismo sério que nos permita distinguir.

No sistema público de ensino, tanto vale ser competente como baldas, vale tanto ser inspirador como dizer umas lérias. Em momentos de vacas gordas, em que há lugar para todos, a iniquidade sente-se menos. Lourenço é professor do quadro sem ensinar a ponta de um dos cornos usados pelos viquingues nos seus capacetes. Palmira é cientificamente preparada, sabe motivar a turma, é tão interessada. É professora contratada, precária, salta de terra em terra. Mas, pelo menos tem um emprego. O problema surge quando se dá o recuo das águas. O Lourenço continua lá na escola, a queixar-se. A Palmira está em casa, a torrar a depressão.

Não embarco na conversa de que esta "é a geração mais bem preparada". Há em todas as gerações os que são e os que não são. Devíamos ter maneira de os identificar. No ensino fala-se há anos e anos de uma prova de ingresso. Não é preciso inventar muito. É pôr os professores a responderem aos exames a que são submetidos os seus alunos. E, a partir dos resultados, extrair as devidas consequências.

Defendo a escola pública. Só quem vive fora da realidade pode desconhecer a importância estruturante que tem na sociedade portuguesa. Mas defendê-la, é também, exigir que o Lourenço saia e que entre a Palmira. Certo.


Tratar-se-ia de uma dança de cadeiras. Não resolveria o problema do desemprego, nem da economia. Mas contribuiria para preparar o futuro. E daria algum sossego ao nosso sentido de justiça."

sábado, 15 de junho de 2013

Épicos da música portuguesa (8)


Na minha vida tive palmas e fracassos, fui amargura feita notas e compassos, aconteceu-me estar no palco atrás do pano, tive a promessa de um contrato por um ano, mas a entrevista que era boa não saiu, e o meu futuro foi aquilo que se viu.

Na minha vida tive beijos e empurrões, esqueci a fome num banquete de ilusões, não entendi a maior parte dos amores, só percebi que alguns deixaram muitas dores, fiz as cantigas que afinal ninguém ouviu e o meu futuro foi aquilo que se viu.

Adeus tristeza, até depois, chamo-te triste por sentir que entre os dois não há mais nada para fazer ou conversar, chegou a hora de acabar...

Na minha vida fiz viagens de ida e volta, cantei de tudo por ser um cantor à solta, devagarinho num couplé para começar, com muita força no refrão que é popular, mas outra vez a triste sorte não sorriu e o meu futuro foi aquilo que se viu

Na minha vida fui sempre um outro qualquer, era tão fácil, bastava apenas escolher, escolher-me a mim, pensei que isso era vaidade, mas já passou, não sou melhor mas sou verdade! Não ando cá para sofrer mas para viver e o meu futuro há-de ser o que eu quiser...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Em memória de meu pai

 7 anos depois....

Janeiro é por natureza um mês feio para os urbanos por causa da chuva. Mas um mês fundamental para aqueles que vivem nos campos, e que ainda sabem avaliar os favores do tempo. Não nos dias que correm, onde as chuvas já pouco importam, mesmo aos rústicos, pois como todos sabemos, o cultivo já teve melhores dias, pelo menos neste país de sol e praia. No entanto, sempre que ocorre um inverno mais seco e uma primavera um pouco solarenga, quando chega o estio, e nos vemos ameaçados com a amofinação de não nos podermos banhar diariamente à grande e à francesa, lá se lembram, os das cidades, que talvez não tivesse sido boa ideia terem andado a exaltar, que tinha sido bom, o tempo do inverno, só porque não choveu.

Não foi o caso deste ano de 1920, pois que, dos quinze dias que este primeiro mês já leva decorridos, ainda não parou de diluviar. Até parece, que o poder divino se esqueceu de que há pobres que precisam de ganhar o sustento e, que não têm uma seara nas costas, que pouco têm com que se cobrir, a não ser, o colmo dos seus casebres à noite, e a copa de alguma árvore durante o dia.

Acordou Teresa, mulher do moleiro, um pouco enjoada, não sabendo se, por noite mal dormida, ou porque terá chegado o dia de parir o ser, que em si vem gerando há cerca de nove meses.

Chico, assim se chamava o moleiro do Pego Ferreiro, havia chegado a casa, quando já anoitecia, e depois de mais um dia de freguesia, na distribuição dos talêgos de farinha, pelos muitos fregueses por onde haviam passado duas semanas antes a recolher o grão, que lhe dera origem. Como de costume, chegava montado na sua mula preferida, que sabia o caminho de sua casa de cor, trazendo em fila indiana, uns presos aos outros, a sua vasta frota de tires muares. E também, como era hábito, era elevada a taxa de alcoolemia que circulava nas suas veias e artérias. Proveito do seu bom trato com muitos dos amigos fregueses, que se orgulhava de ter, e que brindavam a Baco, o milagre da transformação do grão em farinha.

Tivessem as autoridades daquela época, efectuado uma daquelas operações de fiscalização e propaganda, tão na moda nos tempos de hoje e, certamente, o moleiro teria que recorrer aos préstimos dos confrades de então, de seu vindouro bisneto Mário, senão quisesse ver a sua concessão de condução de muares confiscada, para além da elevada coima que lhe assentariam, que lhe custariam algumas maquias cobradas aos seus fregueses.

Sempre o vinho teve nomeada de tornar as pessoas mais inconscientes e belicosas, sobretudo se ingerido em quantidades exageradas, mas não era esse o efeito produzido com o moleiro Chico Bugalhão. Pois, parecia, que quanto mais bebia, mais os seus humores pareciam benfeitorizar. Só que Teresa, como quase todas as mulheres, sobretudo, se de esposas se tratar, é que parecia não estar pelos ajustes. E ainda, o moleiro não se havia apeado do seu anjo muar, e já ela irrompia em desmedido pranto, maldizendo e amaldiçoando o precioso néctar, e desejando que este já se tivesse esgotado! Ao que o moleiro respondia: eu bem tento, Teresa, mas tu não me ajudas! Mas em simultâneo, talvez guiada por inspiração religiosa matrimonial, lá o ia amparando até junto do lume que sempre crepitava na chaminé, para que este pudesse enxugar, em próprio corpo, a roupa ensopada da rega que tinha apanhado.

Enquanto Teresa e a filha mais velha Joaquina, procediam à acomodação da frota dos tires muares nas respectivas quadras, e ainda mal o moleiro se havia acomodado junto ao lume, já as suas duas filhas mais novas, Marizei e, Genoveva a quem chamavam Conceição, se lhe atiravam para o colo, pois já sabiam que aquele serão seria longo e de muitas histórias e cantilenas.

Sabemos hoje que muitas das estórias e cantilenas infantis, mais não são que uma maneira graciosa de nos moldar social e culturalmente e, não raras as vezes, se profere que são verdadeiras e ardis estratégias de instrução sexual. Assim se diz do capuchinho vermelho, da gata borralheira, da branca de neve e sete anões, da carochinha e de outras agora mais hodiernas. Não podemos, no entanto, extrapolar se seria essa a reflexão pedagógica do moleiro Bugalhão.

O facto é que quando Teresa, a mãe, e Joaquina, a filha, se preparavam para entrar em casa, depois de cumprida a sua missão de arrumadoras, e sem que lhes tivessem dado qualquer gorjeta, puderam ainda ouvir o final da cantilena com que o moleiro mimoseava as filhas mais novas: “…encontrei maria a cagar / p´ra cima de uma travessa / botêi-lhe a capa p´ra cima / maria, caga depressa”! Ficou Joaquina mais escarlate que o rubro do pendão português, então recentemente criado, e Teresa à beira daquilo a que futuramente se chamaria, uma grande carga de nervos!

Tal foi o baque sofrido por Teresa, ao ouvir tal linguajar para as duas inocentes, que desatou novamente no carpido interrompido e, vociferando contra a sua desditosa vida lá ia sussurrando “este homem desgraça-se a ele, e a mim, que não me leva o Senhor, deste mundo, etc., etc.…”

Levou Chico algum tempo a reagir ao aranzel da mulher. Mas, esta última oração parecia-lhe cair mesmo a propósito. Levantou-se pesadamente, pousando Marizei com todo o afecto sobre o banco em que antes se encontrava sentado, e dirigindo-se à mulher pegou nela ao colo embaraçada e, cambaleando e tropeçando, dirigiu-se para o quarto contíguo, deitando-a sobre a tosca coberta que cobria a enxerga. Depois, calmamente, dirigiu-se à mesa da sala, onde jaziam dois redentores em poses de via-sacra e, pegando-lhes com o apreço divino, que tais estaturas mereciam, foi colocá-los, um de cada lado da mulher, verbalizando, “vá lá Teresa, com qual queres ir, com este, ou com aquele?

À entrada da porta do quarto, Joaquina já uma mulherzinha e as duas petizas, riam às gargalhadas. Viu-se a mulher do moleiro naqueles preparos, e ante tal cena, sem se saber muito bem porquê, desatou também a rir…e, de repente, sentiu uma dor intensa, como se algo se lhe arrancasse interiormente. Depois dessa, outras se seguiram, cada vez mais violentas.

Não cantarolava, já agora, o moleiro. Num impulso tinha pegado nos dois Cristos e sem saber muito bem o que fazer, como sempre acontece aos homens nestas situações, andava de cá para lá, com os ditos nas mãos, talvez, quem sabe, suplicando por uma boa hora. Valeu-lhe a chegada de sua mãe, Teresa Gonçalves, chamada com urgência por Joaquina. Sempre as mães nos chegam nas horas certas e de apoquentação, sobretudo àqueles, que ainda têm a ventura de as ter.

Pouco faltava para a meia-noite, quando a avó Teresa, conseguiu retirar com vida, das entranhas de sua nora, o segundo filho varão do casal de moleiros, que seria, afinal, o único, pois o primeiro havia falecido de lua entripal, e, a partir daí, só germinariam filhas.

Há horas de sorte na vida, tal como foi o caso da natividade desta criança, o ter nascido viva e sem deixar sequelas em sua ascendente, numa época em que a mortandade infantil e materna, não era aquilo que é hoje, pois quase sempre, o balanço entre vivos e mortos, quase se igualava a zero. Teve sorte este moço, ao nascer vivo e valente, para as noites de geada e maresia que iria passar no futuro ao relento, certamente, influenciado pelas práticas de preparação para o parto usadas por seu pai. Ou talvez, quem sabe, devido a alguma jura feita aos redentores, na hora da aflição.

Está agora ao colo de sua avó Teresa Gonçalves, mulher fumadora e boémia, e de quem se diz frequentadora de tascas e tabernas da época, para copos e jogos a dinheiro com competidores masculinos, e, onde seu marido, de nome José Bugalhão, levava os filhos de ambos, para que ali mesmo os aleitasse. Pode por agora o recém-nascido, usufruir desse colo septuagenário e, simultaneamente, da primeira cantilena que esta lhe vai cantando: “…ai pirroli, pirroli, pirroli / ai pirroli, pirroli, pirrolé / se não queres chocolate, nem aguardente/ bebes café...”.


Um mês após este nascimento, e aquando de mais uma distribuição de farinha pela freguesia, apresentar-se-á, o moleiro, no registo civil de Santo António das Areias, dizendo que lhe nasceu um filho e que se chamará Manuel…

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Reivindicações, greves, avaliações....


“Um grupo vale o que vale o seu chefe...”
(Mucchielli)

"Nota média a Português nas provas do 4º ano foi negativa"


Foram divulgadas por estes dias as notas de avaliação das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática dos alunos do 4º ano, do 1º ciclo do Ensino Básico (espero que seja assim que ainda se denomina este segmento do ensino).

Os resultados globais, tal como se esperavam, não foram famosos. Nota negativa para a Disciplina da língua materna de Português uma média de 48,7%; e uma média baixinha a Matemática de apenas 56,9%.

Num país viciado em avaliações de processos, e encontrar explicações para tudo o que é supérfluo menos para o essencial, é difícil perceber esta avaliação de resultados.

Em minha opinião, os primeiros responsáveis por estes fracos resultados, não tenho dúvidas, são os Professores enquanto “mestres” operacionais, e um dos grupos profissionais mais reivindicativos de direitos em Portugal; e depois os pais, outros dos que andam constantemente a pôr-se em bicos de pés a exigir direitos, não tendo em conta, a maioria das vezes, os seus deveres enquanto primeiros responsáveis educacionais de seus filhos.

Suponho que estes resultados deveriam merecer por parte de todos uma verdadeira reflexão e assunção de responsabilidades próprias, e não os vejo preocupados, preferindo, mais uma vez, sacudir a água do capote e refugiarem-se em desculpas esfarrapadas, como a de dizerem que foi o "excesso de ansiedade dos alunos", por terem sido despojados do seu objecto de estimação, vejam lá, o indispensável Telemóvel.

No meu tempo de bailarino, também se dizia que quem não sabia dançar, desculpava-se que a sala estava torta....

Para quê, afinal, tantos e tão sofisticados sistemas de Avaliação de Desempenho dos professores? O desempenho tem que ser avaliado pelos RESULTADOS, e esses, que me desculpem professores e pais, parecem que não são lá muito positivos.

E ainda nos respondem com greves! Para que mais uma vez, os mais prejudicados serem os alunos? Não me digam que o responsável por estas fracas avaliações é Nuno Crato e o governo?

Eu, enquanto contribuinte, tenho também o direito de exigir que cumpram os vossos deveres, é para isso que vos pagamos, e a alguns não é nada pouco. E terem resultados destes não abona nada em vosso favor...

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Para reflectir...

Como diria o pintinho: Um ganda rabo, com gato de fora!!!


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Épicos da música portuguesa (7)


Amanhã, vou acender uma vela na Muxima; amanhã, levo para os meus santos flores de acácias; amanhã, peço para toda gente que me estima; amanhã, peço para o novo dia que virá, amanhã...

Amanhã, peço ao meu lema que faça com que eu volte, a morar na terra amada que me viu nascer.

Quero chegar de madrugada para ver o sol raiar. Quero chegar de madrugada, para ninguém ver, se eu chorar ...

Vou andar por aí, com o meu violão, vou à Mutamba, tomo um machimbombo qualquer. Por "ma curia a naqui", sou igual a toda a gente, na linha da Terra Nova, só paro lá no musseque, com a minha gente, entre mufete e conversa, e de madrugada com Catembe vou prá Puita:


- Zag, zag, zag, zag ..., zanga-zuzi até cair ...

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Democracia e democratas....


"Secretário de Estado dos Transportes foi interrompido por manifestantes durante uma conferência."

- Que raio de “demo cracia” é esta, onde grupelhos de energúmenos constantemente cortam a palavra aos governantes (cidadãos), a troco de tudo e nada, tentando valer apenas o direito do berro, e de interesses pessoais ou corporativos; como fazia a a polícia política (PIDE) no antigo regime salazarista?

- Que raio de “demo cracia” é esta, em que as minorias pressionam os órgãos do poder (Presidente da República) a demitir aqueles que foram eleitos maioritariamente, para mandato de 4 anos, em eleições livres, como foi o caso de Jorge Sampaio e que agora querem fazer o mesmo, apenas porque a conjuntura, e as sondagens que eles encomendam, lhes são favoráveis; para depois mais tarde, e depois do resto “tacho” rapado se demitirem e abandonarem o barco como ratos, como foi o caso recente do comentarista sócrates, e, há meia dúzia de anos do padreco guterres?

- Que raio de “demo cracia” é esta, em que um ex chefe de governo e ex presidente da República, que se diz pai da democracia portuguesa, vem apelar à violência do povo para derrubar aqueles que o derrotaram (e aos seus protegidos) em eleições livres; quando ele e os seus protegidos sãos os grandes responsáveis pelo estado ao que chegámos?

- Que raio de “demo cracia” é esta, onde aqueles que sempre perderam eleições (PCP e Bloquistas), são residuais na sociedade portuguesa, vêm constantemente reclamar eleições aos berros, onde sabem que continuarão a perder, e que nunca serão governo pela escolha do povo em eleições; e que todos sabemos que onde governam nunca as fazerem?

- E que raio de “democratas” somos nós, no caso os que assistiam, que deixam esta gente usarem estes métodos para levarem a água ao seu moinho; e onde andam os responsáveis pela lei e pela ordem para permitirem a estes arruaceiros o não cumprimento das regras constitucionais que regulam o direito à manifestação? Como é que eles vão reagir, se da outra parte, tiverem uma resposta igual? 

Haja alguma coerência e decoro, sobretudo daqueles que têm alguma responsabilidade, e não atirem os portugueses para buracos maiores aquele em que já nos meteram e onde estamos.

Os mandatos pela Constituição, que tanto invocam, são para 4 anos, ao fim dos quais, o povo deverá avaliar, decidir, e voltar a escolher.


Saber esperar é uma grande virtude. Até lá preparem-se bem, porque se o “tal povo”, vos der o mandato, o possam desempenhar com resultados diferentes dos do passado.