segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O porco comilão e a vaca a secar...

Reflexões sobre Orçamento Geral do Estado 2013 (1)

Muito se tem falado, e escrito, nos últimos tempos sobre Finanças e Economia (muito mais de Finanças do que de Economia). Em minha opinião, para a maioria dos portugueses, pouco dados a essas coisas das contas, é como se andassem por aí uma serie de sacerdotes a dizerem a missa em latim.

Mas, o facto, é que toda a gente fala e em todo lado. Basta ao passar por um pequeno ajuntamento de pessoas, afinarmos um pouco os ouvidos, e do que falam eles? Contas à vida e à crise. A maioria das vezes referem-se ao geral, ao grande, ao Estado, “O Orçamento”, aquele que não entendemos, porque se refere a valores de tal ordem de grandeza, que os mesmos estão fora do nosso alcance perceptivo.


Muitas vezes, preocupados com esses números, esquecemo-nos que, todos nós somos financeiros e orçamentistas, mais que não seja, na nossa própria casa e na nossa vida diária, uns melhores outros piores. No Estado, só variam a ordem de grandeza dos valores. E como diz, e repete o Medina Carreira, muitas vezes, seria preferível ter uma “dona de casa” como ministra das finanças e economia, do que um qualquer “sábio”, oriundo, de um qualquer gabinete.

Assim, o que aqui hoje vos trago são 2 bonecos e a sua história: “O Porco e Vaca”, onde pretendo mostrar, com valores aproximados, a minha visão do OGE para 2013.

A “Vaca” que representa o conjunto das “Receitas do Estado”, vindas dos vários Impostos, e já quase chupada até ao tutano para retirar todo o “leite” possível; Para alimentar um “Porco”, que representa as “Despesas do Estado”, acompanhado do conjunto de filhotes “os porquinhos gastadores”, que o perseguem na ânsia de manterem o seu quinhão, e, em que cada um, se sente mais importante que os seus irmãozinhos.

Figura 1 – As Despesas do Estado previstas para 2013 (Figura de minha autoria)


Nota explicativa da Figura 1:

1 – O “porquinho Despesas com Pessoal”, contém o total das despesas previstas com o pessoal em toda a Administração Pública, e correspondem respectivamente: Autarquias e Administrações Regionais (2,9 mM), Saúde (3,3 mM), Educação e Ciência (5,2mM), Defesa Nacional e Administração Interna (2,9 mM), e Despesas com Pessoal de outros Ministérios e Organismos (4,7 mM).

2 – No “porquinho Restantes" estão as despesas (com excepção do pessoal) de Economia e Emprego, Agricultura, Justiça e Outras Despesas De Organismos (?).

3 – No “porquinho das Prestações Sociais”, estas são as seguintes: Pensões da Segurança Social (15 000 Milhões); Pensões da Caixa Geral de Aposentações (8 300 Milhões); Subsídios de Desemprego e Apoios Sociais (2 700 Milhões); e Formação Profissional (2 000 Milhões).


Figura 2 - Previsão das Receitas do Estado para 2013 (Figura de minha autoria)


    (Para ler melhor os valores: clicar no botão direito do"rato" e "abrir hiperligação")

Mesmo depois de completamente chupada, o leite da Vaca não consegue responder às necessidades cada vez maiores do “Porco” e dos seus filhotes comilões. E mesmo este ano, depois de todos os aumentos, e se as coisas correrem bem, ainda vai ter que se pedir cerca de 7, 2 mil milhões de litros (ou como quem diz: euros), de leite às amigas, “o tal malfadado deficit”, que lhes vai ficar a dever e com juros.

A bem da verdade e olhando um pouco para história desta pobre democracia, convém que se saiba, que desde 1974 esse “deficit” já soma cerca de 180 000 milhões de litros (euros), numa média anual  de 5 000 Milhões/ano, mas que nos últimos 7 anos (consulado Sócrates), o endividamento rondou, em média, os 15 000 Milhões por ano, num total de 105 000 milhões de euros, perdão de litros. O que quer dizer que, se este ano se cumprisse o programa, o endividamento com “as vacas vizinhas” cairia para metade dos últimos anos!

Se tiverem por aí alguma correcção ou opinião diferente, não se evitem, mandem para analisarmos...

PS: Tá bem Seguro, eu sei que dívida, no próximo ano, aumentará mais 7 000 milhões de euros, perdão de litros. Mas isso, é metade do que vinha sendo no tempo do teu antecessor correligionário, digo eu!

1 comentário:

zira disse...

Assim, sim. Qualquer "nabo" em matemática fica a perceber. Como eu...Excelente.