I have a dream (eu tive um sonho...)
Hoje volto ao
tema Bairro da Fronteira do Porto Roque,
Galegos – Marvão, para partilhar, publicamente, uma ideia pessoal que há
muito tempo fervilha na minha mente e que, apenas tenho privado com alguns
amigos. Já disse anteriormente, que não sou muito de “sonhos” (no plano
colectivo), mas claro que também tenho os meus e, este, acompanha-me há muito
tempo.
Desde que se
começou a falar da aquisição pela autarquia de Marvão desse espaço, que começou
a germinar em mim esta ideia. Infelizmente, devido ao meu afastamento da vida
política activa no concelho, nunca tive oportunidade de a divulgar e discutir
nos lugares de próprios de decisão. Mas agora que a aquisição se fez, e antes
que se enverede por fórmulas antigas, esgotadas, e sem futuro (Ninhos de
Empresas, Aldeias Turísticas, ou deixar como está), quero deixar aqui a minha ideia.
Quem sabe alguém a lê-a, lhe pegue, e lhe dê pernas para andar. Se tal não suceder,
fica pelo menos a concepção de que existe sempre mais que uma solução para um
problema, às vezes a roçar a utopia, mas como dizia o outro “o sonho comanda a
vida...”.
Já referi no
artigo anterior que, a seguir ao espaço Portagem, considero este espaço, talvez, o mais nobre e valioso do concelho de Marvão. Agora que está na posse da esfera
pública local, deveria ser alvo de uma reflexão e discussão alargada para a sua
melhor utilização, antes de qualquer tomada de decisão. Essa discussão deveria
abranger autarcas, forças políticas, alguns peritos, e se possível com a inclusão
dos nossos vizinhos do lado de lá da fronteira.
Tendo em conta
estas premissas, a minha visão para este espaço poderia ser a da construção
daquilo a que denomino de Aldeia
Social/Lar Social – Um local residencial para alojamento de famílias ou indivíduos
seniores (situação de pós aposentação), que em vez de irem para Lares institucionais tradicionais, encontrariam aqui um espaço para viverem em
família e liberdade os seus últimos 20 ou 30 anos de vida. Aqui teriam os seus
espaços individuais e desfrutariam da sua privacidade familiar, e simultaneamente
teriam ajudas parciais ou totais em Actividades de Vida de que fossem
dependentes, tais como: vigilância, conforto e higiene pessoais e de alojamento,
alimentação, saúde, lazer, etc.
Este conceito
não é novo, existe nos países nórdicos há mais de 30 anos, já que para além de
dar as mesmas ajudas que os Lares de Institucionalização permitem às pessoas a
sua liberdade e privacidade individuais. São várias as vantagens desta
modalidade, sobretudo na área da saúde, mas abrangendo todas as áreas do
bem-estar e de um envelhecimento com qualidade de vida. Mas parece tardarem em
Portugal (onde existem poucos exemplos), onde se prefere encaixotar os idosos
em lares/fábricas que não passam de locais tipo antecâmara da morte.
Ora este espaço,
em minha opinião, tem todas as características para a instalação de um projecto
desta natureza: local amplo, plano para uma fácil locomoção, ensolarado, sossegado,
permite com facilidade a montagem de todas as infra-estruturas de apoio (cozinha,
refeitório, ginásio, enfermaria, piscina, etc.), e permite ainda, uma parceria
com a vizinha Espanha que ajudaria a rentabilizar o projecto. Aqui se poderiam construir
20 a 30
blocos habitacionais, com 4 apartamentos cada (2 de rés-do-chão e 2 no primeiro
andar), com 2 pessoas por apartamento, que daria um aldeamento para 100 a 120 pessoas (50 a 60 famílias).
Logicamente que
isto seria um projecto para o concelho de Marvão, mas especialmente, tendo por
universo alvo o distrito, ou mesmo o país, e dirigido a pessoas e famílias com
algumas posses económicas, pois os custos serão certamente superiores aos dos
lares tradicionais. Teria um cariz privado, já que dificilmente se conseguiria
acordos para estas valências, os custos por pessoa seriam sempre superiores a
800 euros por pessoa (digo eu sem um grande estudo da coisa).
As modalidades
de administração poderiam ser de cariz vário: estritamente privado; parceria público
privada; parceria com instituição de solidariedade social (misericórdia, ou um
dos lares do concelho); parceria com Inatel ou com Região de Turismo; e outras
que eu não conheça.
Vantagens para o concelho e para a
comunidade:
- Uma resposta
inovadora na área do apoio social.
- Aumento da
população do concelho em mais cerca de 100 habitantes
- Criação de
novos postos de trabalho (possivelmente entre 20 a 30)
- Proporcionar
níveis de bem-estar na velhice e final de vida
- Dar resposta a
necessidades de apoio social existentes em pessoas com posses económicas.
- Rentabilizar
um espaço de desenvolvimento com futuro;
Aqui deixo, em
traços largos e sem ser exaustivo (isso não me compete a mim enquanto cidadão),
o meu contributo para uma possível solução de um problema que a Câmara
Municipal de Marvão terá nas mãos nos próximos tempos. Cabe pois aos gestores e
decisores a palavra de resolução.
Nota Final: No entanto, a julgar pelas
palavras de Vítor Frutuoso, que insiste na prioridade da habitação e urbanismo,
a julgar pelas suas declarações de ontem à Rádio Portalegre, não me parece que
esteja interessado em qualquer reflexão e discussão sobre o assunto. “É para a habitação e prontos”. Gastam-se
ali 2 milhões de euros dos contribuintes, metem-se lá meia dúzia de famílias, são
mais 12 ou 15 votos, e, siga em frente...
Ficam é os
marvanenses a saber que, para essa meia-dúzia de famílias, cada um vai ter de
pagar cerca de 570 euros (2 milhões/3 500 marvanenses).
4 comentários:
Era, de facto, um excelente projecto.
Bom fim-de-semana
Um abraço
Boa ideia Bugalhao! Tenho cá em casa um Assistente Social que sonha em projetar um espaço assim!
Eu sonho no projecto, e desejava, quem sabe, viver os meus últimos dias num espaço destes. Com independência, privacidade, dignidade, e apoio às minhas necessidades, num espaço ao mesmo tempo privado e colectivo. Livre das antecâmbricas da morte que são muitos dos modelos de Lares actuais, onde se vegeta, e se espera pela morte como se de um autocarro ou comboio que passe...
Obrigado pela visita quer à Arminda quer à Helena.
Gosto da ideia.
Nunca tinha ouvido falar e seria uma mais valia para o concelho e distrito, o concelho tem casas a mais, pelo menos veem-se muitas fechadas e para o turismo já temos o suficiente tirando uma altura ou outra que enche.
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