por Paulo Morais
Não será de
estranhar que todos aqueles que tenham beneficiado com a estrutura do poder de
Sócrates respondam à sua chamada.
José Sócrates, mesmo preso, continua a
ostentar o seu poder. E insiste em chamar à cadeia de Évora, em devota
peregrinação, todos os que devem favores à sua governação e que estão na teia
da sua influência política. Enquanto primeiro-ministro, Sócrates usou os
poderes que lhe tinham sido delegados pelo povo para beneficiar alguns grupos
particulares, nomeadamente na Banca, nas obras públicas e nas parcerias
público-privadas (PPP). De tal forma os beneficiou que, para provar a corrupção
dos seus governos, as autoridades nem sequer teriam de proceder a buscas.
No
caso das PPP, bastará consultar o Diário da República. Lá estão as fórmulas
matemáticas que garantem rentabilidades milionárias, superiores a 20% ao ano,
num negócio de risco zero. Sócrates autorizou ainda pagamentos extraordinários
de centenas de milhões sem qualquer justificação plausível. E foi também o seu
governo que nacionalizou os prejuízos no BPN, deixando o património aos seus
antigos donos. Não será pois de estranhar que todos aqueles que tenham
beneficiado com a estrutura de poder de Sócrates venham agora a responder à sua
chamada.
Por lá já passaram os concessionários das PPP: da era Sócrates, de
Jorge Coelho, presidente da Mota-Engil nos tempos em que a empresa se tornou a
maior concessionária rodoviária, até José Lello, então administrador da DST.
Também os grandes escritórios de advogados, que urdem a malha legal da
corrupção, prestam vassalagem ao ex-chefe do governo, através das visitas de
António Vitorino, da Sociedade "Cuatrecasas", ou Tiago Silveira, da
"Morais Leitão". Os construtores e promotores imobiliários estiveram
representados na visita que Mário Lino fez à prisão acompanhado de Edite
Estrela, a autarca que mais favoreceu o imobiliário, quase destruindo Sintra.
Mas não só os representantes do capital peregrinam até Évora. A teia política
que Sócrates montou está intacta. José Sócrates requisita a presença e o apoio
do fundador do PS, Mário Soares, e do seu actual líder, António Costa.
Deputados, autarcas, ex-governantes, todos rumam a Évora em peregrinação,
mostrando assim que está nas mãos de Sócrates o destino dos socialistas. Ainda
que este destino seja o suicídio do PS.
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