quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Desejos para 2015...

Saúde, trabalho, algum amor, bocadinhos de felicidade e, se não for pedir de mais, um amigo como o do José Sócrates!!!

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Pantomineiro! Porquê?


A Rosa é bonita! Mas, mais é a Rita que coisa tão bela, e as flores nela, como a Gabriela, largam um perfume que fica tão bem. Formosa é a Anita esguia, catita, mas que caravela (ou avião)! Já a Daniela? Seu corpo revela sorrisos que assumem que a quero também. 

Falei com Amélia para ver a Aurélia, irmã de Florbela, pois flor como aquela só vira Manuela, aflora ciúme de rubro carmim. Quase não quis Odete, que através de Elisabete mandou as lágrimas dela ao contar-lhe na viela que, não seria ela, quem ia cuidar de mim.

Já beijei Joana e a Mariana, mas foi com cautela! Pois nessa ruela na mesma cancela, num golpe de sorte, Marina me quer. Tal como Firmina, Ana e Josefina querem ter a tutela, mas sinto a cela e o meu amor gela. Reanimo o norte e, fujo a correr...

Sonhei com os dias de todas as marias virem à janela, e como uma aguarela verde e amarela, num odor lá do forte de azul rosmaninho.

De tanto querer tudo o que é mulher, sei que no final, de não saber qual, vivo assim o mal de amar sozinho...

La, la, la…


segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O mundo dos outros...

(Muito bom e vale a pena ler. Retirado daqui)

O tempo dos moradores suburbanos com fatos de alfaiate de segunda
por Helena Matos


“A imagem não é minha mas sim de Raquel Varela que referindo-se a Passos Coelho o viu “com o seu fato de alfaiate de segunda, morador suburbano”. Por sinal acho que Raquel Varela tem razão. Só que, como é próprio da extrema-esquerda, Raquel Varela não percebeu a razão da razão que tinha.

De facto Passos Coelho não só vive nos subúrbios como os seus fatos são semelhantes a milhares de outros que os habitantes dos subúrbios vestem durante os dias de semana. Ora aquilo a que se assiste neste momento entre os protagonistas da política em Portugal é também uma clivagem social e geracional. Uma clivagem transversal ao espectro político e em que os subúrbios e os fatos de segunda não serão irrelevantes.

No caso do PSD isso é evidente: os barões, os homens de fato de bom corte e apelidos históricos retiraram-se para que Passos Coelho fosse ali queimar umas etapas até que eles, naturalmente senhores da situação, fossem chamados a cumprir o papel para que se consideravam predestinados: a salvação nacional. Não foi assim e por isso o que não perdoam a Passos Coelho não foi o que este fez de errado mas sim, pelo contrário, que o seu falhanço não tenha sido absoluto. Tão absoluto que eles, numa certa noite de Julho de 2013, tivessem de ser chamados a Belém onde Cavaco lhes diria que salvassem Portugal. Não é o aumento da carga fiscal nem a austeridade que à direita não se perdoa a Passos mas sim o ter tornado irrelevantemente dispensáveis os bagões, os penedas, os freitas, os capuchos…

À esquerda as dores ainda são maiores. Em primeiro lugar porque o PS era e é a verdadeira aristocracia do regime. Em segundo porque António Costa precisou do velho PS para chegar à liderança. E mal esse PS se sinta beliscado no seu poder e influência vai começar a sentir-se traído pelo actual secretário-geral. Afinal o PS como bom partido de esquerda que é gosta de tratar os seus líderes como reis desde que estes façam o PS reinar. Por isso o PS correu com Seguro e serviu Sócrates. Este último deu ao PS uma pose e uma linguagem de poder e o PS calou. Aquilo que os socialistas em particular e o povo de esquerda em geral lastimam na queda de Sócrates nada tem de ideológico mas sim de social. O que lhes dói não são as acusações nem as suspeitas que caem sobre o antigo primeiro-ministro (que muitos socialistas aliás sempre tiveram) mas sim que todo este caso faça a esquerda descer do seu pedestal.

Quando, agora que Sócrates está preso, a esquerda se admira porque ao antigo primeiro-ministro é aplicada a legislação (aprovada por sinal pelos governos socialistas para os demais mortais) o que faz é simplesmente manifestar a sua estupefacção e incredulidade pelo facto de o país não lhes reconhecer a superioridade da esquerda que acreditavam ter inscrito no ADN da democracia.

O PS não quer naturalmente ser liderado por um corrupto mas quer que, se numa outra conferência de imprensa algum jornalista perguntar ao líder, como sucedeu quando José Sócrates anunciou a sua renúncia, se este não teme vir a ser alvo de investigações, de novo se ouça uma vaia monumental a quem teve o desplante de formular tal questão. O PS espera de António Costa que não compre fatos em Rodeo Drive nem faça férias em hotéis topo de gama mas exige que Costa seja capaz, tal como o foi Sócrates, de ridicularizar e humilhar quem insistir em perguntar aos socialistas donde vem o dinheiro. Agora não para um estrambólico modo de vida mas sim para as obras, para o investimento público e para as políticas anunciadas.

O que vivemos neste momento é um desacerto entre o mundo mediático e uma parte das elites dos partidos. Não interessa se se gosta ou detesta. Interessa apenas que é assim. Da extrema-esquerda ao CDS as nomenclaturas falam, agem e imaginam-se num Portugal em que eles, urbanos e cultos, pairam sob um povo de forte pendor rural. É o país dos muito pobres e dos muitos ricos, dos privilegiados e dos sem-abrigo. O país no qual eles, os políticos, se vêem a corrigir os desequilíbrios e as injustiças e a mudar a realidade à força de decretos-lei.

Só que esse país, por mais fotogénico que fosse, e de facto era e ainda é nas reportagens paternalistas que o New York Times nos dedica, coexiste com um Portugal suburbano, cheio de homens que vestem fatos de alfaiates de segunda para ir trabalhar. Alguns optam por uma ainda mais esteticamente dramática versão desportiva. As elites partidárias, culturais e mediáticas abominam este mundo que não fica bem nas fotografias, não aparece muito nas encíclicas e não encontra explicação em Marx. Das universidades onde se multiplicam os centros de estudos dirigidos por clones de Raquel Varela às sedes partidárias sejam elas de esquerda ou de direita, a dicotomia entre os muito pobres e os muito ricos justifica-lhes muito mais o seu pendor intervencionista.


Mas o país suburbano existe e é fundamental que os grandes partidos e os seus líderes democratizem a relação que têm com ele. Caso não o façam o desinteresse dessas pessoas será um dos terrenos em que crescerão os populismos que tornarão o país ingovernável. Os casos da França e da Espanha são um bom exemplo daquilo a que pode conduzir a clivagem entre os partidos democráticos e a realidade. Só que em Portugal não será sequer necessário que surjam uma Frente Nacional ou um Podemos para que acabemos num beco sem saída ou mais propriamente a acreditar que é possível regressar ao passado. PS e PSD têm mais do que quanto baste de gente que acredita que tal não só é possível como desejável.”

domingo, 28 de dezembro de 2014

Que estranha forma de ser a destes socialistas...


Alguém escreveu que “...o socialismo só existe quando existe dinheiro de outros”. O mesmo parece aplicar-se em relação às leis que eles próprios criam, que parece que só se aplicam aos não socialistas!

Vem isto a propósito de um decreto de lei publicado pelo governo de José Sócrates em 2011 que legislava sobre a correspondência enviadas a presos, mas que segundo eles próprios, apenas se deveria aplicar aos que não tenham sido bafejados/endeusados pela filosofia socialistas. Como é o caso do agora “preso 44”, que passou de legislador a recluso. Os que têm a “fichazinha” no largo do rato estão dispensados de cumprir esta ou qualquer outra legislação!

Veja-se o que diz o artigo 127º do REGULAMENTO GERAL DOS ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS, que um tal José Sócrates Pinto de Sousa aprovou, mas parece que apenas para os outros, não para ele:






Razão tinha o outro: “façam o que eu digo mas não o que eu faço”, ou mande fazer!

Não se percebe o porquê de tanta indignação dos democratas da treta por causa das “encomendas” enviadas ao “mestre” da filosofia. A não ser que, o senhor, esteja a fazer alguma biblioteca em Évora! Se assim for, mandem-lhe é encomendas com notas de 500 euros, que era ao que ele estava habituado... 




sábado, 27 de dezembro de 2014

Tesourinhos deprimentes...


Para os amigos do agora, 44, que não param de criticar a actual mensagem de natal de Passos Coelho, oiçam esta datada de Dezembro de 2010, 5 meses antes da bancarrota, e 6 messes antes do dito abandonar o barco.

São 7 minutos que vale a pena recordar...


quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Pois podia...


Podia haver uma luz em cada mesa, e, uma família em cada casa! Jesus em Dezembro aqui, na Terra, podia ser natal e não ser farsa. 

A história certa é: natal de porta aberta. A ceia servida é a vida do criador!

Podia ser notícia o fim da amargura que divide os homens, por de trás dos canhões! A fome e a miséria servem a loucura que, forja profetas e divide as nações!

Podia ser verdade o tom e o discurso desse velho actor, falando aos fiéis. Mas nada se passa na noite do mundo, máscaras de dor, pequenos papéis...

Podia ser Natal...


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Assim se brinca às empresas públicas: Greve da TAP desconvocada...

Greve da TAP desconvocada

Depois de terem causado transtornos a todos aqueles que, por esse mundo fora, precisavam dos seus serviços, às vezes uma vez por ano e apenas nesta época, de terem chantageado os governantes,  e, de terem causado milhões de euros de prejuízo a todos os contribuintes, ainda querem sair como heróis.

Se os salgados, costas oliveiras, sócrates e restante pandilha começam, pelo menos, a ser desmascarados, para quando o julgamento desta gente favorecida e protegida, mas que não fica muito à frente nos prejuízos que têm causado ao país.

Começa a ser hora, apesar de ser natal, de dizer: já chega. Não rima mas é verdade...   

Porque é Natal...


Para todos os visitantes aqui da Retórica umas boas festas:



terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O socialismo será só para o dinheiros dos outros....


Para quem passa a vida a insultar empresários e governantes que pagam salários baixos, não deixará passar este flagrante caso de exploração do factor trabalho: O motorista de sócrates ganhava 600€ por mês; ou seja, sócrates, patrão, pagava 600€ ao seu motorista João Perna (às tantas com disponibilidade permanente).

Ou seria, ao menos, 600€ por cada perna!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Tiro pela culatra! Há dias assim....


Mal a vi, fui seduzido, com o seu corpo lança-chamas e a perna bem torneada, e, eu meti no meu sentido, se não a levo para a cama não sou homem não sou nada. Pus um ar de matador, e assim, sem falinhas mansas, convidei-a para jantar! Quase a vi ficar sem cor, mas quando eu perdia as esperanças..., aceitou, sem hesitar!

Pronto para a grande conquista, barba feita risco ao lado, sapato novo e brilhante. Comprei rosas na florista, e cheguei adiantado à porta do restaurante. Quase me caía o queixo e, até fiquei aturdido, com o choque da surpresa.

Ela, ao chegar, deu-me um beijo, apresentou-me ao marido e..., foi andando para a mesa... 


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Carta para o pai natal...


 Meu caro pai natal, apesar dos meus 57 anos de idade, é a primeira que a ti me dirijo, pois nos meus tempos de menino, tu, ainda não eras tão popular por estas paragens, e depois de adulto nunca engracei muito contigo, mas como não sei a quem me dirigir, olha, aqui vai:

Numa época em que toda a gente te pede coisas, eu não quero nada de substancial, diga-se até que, estou aqui mais a interceder para dar, do que para pedir. Tenho assim, um pedido muito simples para ti. Gostava de deixar de ser accionista das empresas de transportes aqui no burgo, nomeadamente, TAP, METRO´s, CP e afins, etc.

Desconheço o porquê de me terem feito accionista de tais empresas. Devem ter-se aproveitado aí por volta de 1975 da minha ingenuidade de rapaz, a partir daí nunca mais me largaram. Mas agora já passou muito tempo e nunca me deram, ou usufruí, de qualquer dividendo. Dizem-me ainda que é por serem de superior interesse nacional, mas eu duvido, não possuo qualquer conhecimento do ramo, e não quero ser responsável por coisas destas,  ou destas,  e muito menos de  estas

Contribuir para a saúde, segurança, defesa, educação, segurança social, ainda vá que não vá, agora para transportes? Que façam como eu e outros, aqui no interior, paguem quando precisarem de se transportar. Senão andem a pé que faz bem à saúde e desenvolve a industria portuguesa do calçado. 

Agora é de vez, não quero mais. Cedo gratuitamente e, a título definitivo, as minhas acções ao pcp, ou à cgtp (que as leiloem na festa do avante), ou ao costa. Mete-lhas no sapatinho na próxima noite de natal, ou em outro sítio qualquer, é-me indiferente! Não as quero, e "prontes".

Nem que tenha de roubar o burro do presépio ao menino jesus para me transportar. Comprar-lhe-ei todo feno para a sua alimentação, uma albarda nova, e um par de ferraduras de 6 em 6 messes. Por isso, quem quiser andar de cu tremido nessas "empresas estratégicas", que pague os custos. Eu prefiro andar de burro...

Espero, pai natal, no futuro passar a ser mais um que acredita em ti! Obrigado.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Leitura de fds: Polvo à portuguesa...

Do que nos livrámos
por José António Saraiva

“Em 2008, o BPN foi nacionalizado contra a vontade dos seus accionistas. Na altura, poucas vozes contrárias se fizeram ouvir, até porque a nacionalização tinha o aval do governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio.

Após este acto, o Governo designou como administrador do BPN Francisco Bandeira, um homem da confiança pessoal de Sócrates. Entretanto, no ano seguinte, na sequência de convulsões internas, o BCP seria 'governamentalizado', entrando para a administração Carlos Santos Ferreira e Armando Vara, notórios amigos de Sócrates.

O BES, por seu lado, era governado por Ricardo Salgado, cuja cumplicidade com Sócrates se tornou a partir de certa altura evidente, ao ponto de - quebrando a sua proverbial contenção nas referências ao poder político - elogiar por diversas vezes o primeiro-ministro em público. Quanto à CGD, era tutelada pelo Governo.

Em conclusão, exceptuando o BPI (de Fernando Ulrich), a partir de 2009 toda a banca ficou 'nas mãos' de Sócrates ou dos seus amigos: CGD, BCP, BPN e BES - para não falar do BdP, onde pontificava Constâncio.

Na comunicação social a situação também não era famosa.

No início do consulado de José Sócrates, o grupo Controlinvest (DN, JN e TSF), de Joaquim Oliveira, foi logo identificado pelo primeiro-ministro como um potencial aliado (até pela sua dependência da banca). O grupo Cofina (Correio da Manhã e Sábado), de Paulo Fernandes, também se mostrava cauteloso nas referências ao Governo.
O grupo Impresa (SIC, Expresso e Visão) mantinha-se na expectativa. O grupo RTP (RTP e RDP) pertencia ao Estado e mostrava-se dócil. O grupo Renascença não se metia em sarilhos.

Restava o quê?

A TVI e o Público - este dirigido por José Manuel Fernandes, considerado por Sócrates persona non grata. O SOL só apareceria mais tarde.

 Quando rebenta o caso Freeport, em 2009, as coisas vão aquecer.

A TVI estabelece um acordo com o SOL para a investigação daquele tema e torna-se para Sócrates um inimigo declarado. Manuela Moura Guedes, a pivô do jornal televisivo de sexta-feira (que antecipa as notícias do Freeport), é o primeiro alvo a abater - e Sócrates empenha-se em afastá-la por todos os meios; mas tal não se mostra fácil, dado ser mulher do director da estação, José Eduardo Moniz.

Em desespero, Sócrates tenta usar a PT para comprar a TVI, mas o negócio borrega. Também há tentativas para fechar o SOL, através do BCP (que era accionista de referência do jornal), comandadas por Armando Vara.

No que respeita à Impresa, apesar de não fazer grande mossa ao socratismo, sofre vários ataques, designadamente por parte de Nuno Vasconcellos e Rafael Mora, líderes da Ongoing e próximos de Sócrates, que tentam encostar Balsemão à parede. Finalmente, sem se perceber porquê, Belmiro de Azevedo aceita a saída de Fernandes da direcção do Público, e Moura Guedes e Moniz deixam a TVI (indo este estranhamente para a Ongoing…).

O SOL fica isolado - e só se salvará por ser adquirido por accionistas não envolvidos na política interna.

Visto o controlo substancial de Sócrates sobre a banca e a comunicação social, olhemos para o poder político.

Sócrates dominava naturalmente o Governo, de que era o chefe, e o Parlamento, onde o PS tinha maioria absoluta - só lhe escapando a Presidência da República. Por isso, voltou contra Cavaco Silva todas as baterias.
 O PS e o Governo tentaram tudo para implicar Cavaco no caso BPN, por deter acções do banco (embora as tenha vendido antes de ir para Belém). Esta campanha contra o Presidente da República ressuscitaria com estrondo nas eleições presidenciais de 2011, com a cumplicidade - diga-se - de muita comunicação social.

Outro momento alto da guerra contra Cavaco foi o aproveitamento de uma gafe de um seu assessor, Fernando Lima - que tinha falado a um jornalista sobre a possível existência de escutas a Belém -, para tramar o Presidente. Usando uma técnica nele recorrente, Sócrates armou-se em vítima, virou os acontecimentos a seu favor e tentou destruir Cavaco Silva, acusando-o de montar uma cabala.

Outra vez com a ajuda de muitos jornalistas, os socratistas exploraram o caso à exaustão e o assunto foi objecto de intermináveis debates televisivos - onde se chegou a dizer que o PR tinha de renunciar ao cargo! A campanha não matou Cavaco mas fez mossa, fragilizando o único bastião que não era dominado por Sócrates na esfera do poder político.

Talvez hoje alguns jornalistas percebam melhor o logro em que caíram.

Passando finalmente à Justiça, Sócrates tinha no procurador-geral da República, Pinto Monteiro, e no presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, não propriamente dois cúmplices, como alguns disseram, mas duas pessoas que pareceram sempre empenhadas em protegê-lo, fossem quais fossem as razões.

Nesta área, Sócrates contava ainda com um bom aliado: Proença de Carvalho, pessoa influente nos meios judiciais (incluindo junto de Pinto Monteiro). E teve sempre o apoio do bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto. Portanto, também aqui, o primeiro-ministro estava bem acolchoado.

Governo, Parlamento, Justiça, comunicação social, banca: Sócrates controlava os três poderes do Estado - executivo, legislativo e judicial - e estendia os seus tentáculos ao quarto poder (os media) e ao poder financeiro (os bancos).

Talvez muita gente não se tenha apercebido na época deste cenário aterrador. Mas olhando para trás - e sabendo-se o que hoje se sabe - temos noção do perigo que o país correu: um homem sobre o qual pesam suspeitas tão graves chegou a deter um poder imenso, que se alargava a todas as áreas de influência.

Só de pensar nisto ficamos assustados - e é muito estranho que alguns dos que privavam com ele não se tenham apercebido de nada. Foi lamentável ver pessoas de bem - como Ferro Rodrigues ou Correia de Campos - fazerem tão tristes figuras, defendendo-o encarniçadamente até ao fim.

É certo que, como bem disse José António Lima, a democracia venceu-o, afastando-o do cargo. Mas também foi a democracia que permitiu que um homem como este chegasse a reunir um poder tão grande em Portugal.

Isso mostra a vulnerabilidade do sistema democrático.

P. S. - No caso dos vistos gold, logo a seguir às detenções, deu-se por adquirido que os arguidos eram culpados, considerou-se “inevitável” a demissão de Miguel Macedo, e António Costa disse que o Governo ficava “ligado à máquina”. Uma semana depois, as mesmas pessoas contestam a prisão de Sócrates, invocam a “presunção de inocência” e acham “absurdo” falar na hipótese de demissão de António Costa.
Palavras para quê?”


Só falta saber “quem” representa este José António (Saraiva), acho que a mim não, apesar de me parecer que aqui tem razão... 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Parabéns a você...



Há 36 anos, por esta hora, um grupo de amigos em SA das Areias preparava-se para criar uma das instituições mais importantes, ao longo destes anos, no concelho de Marvão: O Grupo Desportivo Arenense.


Instituição herdeira de outras que a antecederam quer na área desportiva, mas também nas áreas cultural e recreativa, o GDA teve ao longo da sua vida, como qualquer instituição ou pessoa, pontos altos e pontos menos altos, mas lá continua a desempenhar o seu papel.

Entrei para este clube em 1980, isto é, 2 anos após a sua criação. Primeiro como mero sócio e praticante de dar uns pontapés na bola (nunca com grande sucesso), depois, mais tarde, quando me radiquei na terra, aí fui praticamente tudo: massagista, treinador de futebol de formação e de seniores em cerca de 20 anos, presidente da direcção (6 anos), presidente da mesa da assembleia geral (2 anos), e, nos últimos 6 anos responsável pela secção de velhas guardas. Foi e é, para mim, um privilégio pertencer a este Clube.

Por isso no dia do seu aniversário deixo aqui os meus sinceros parabéns. Que venham outros 36 anos.       


sábado, 6 de dezembro de 2014

Para aquecer o coração...


De manhã cedinho eu salto do ninho e vou para a paragem, de bandolete à espera do sete, mas não pela viagem! Eu bem que não queria mas, um belo dia, eu vi-o passar, e o meu peito, que é céptico, por um pica de eléctrico, voltou a sonhar.

Em cada repique que salta do clique daquele alicate, de um modo frenético, o peito que é céptico, toca a rebate. Se o trem descarrila o povo refila, e eu fico num sino, porque um mero trajecto, no meu caso concreto, é já o destino.

Ninguém acredita o estado em que fica o meu coração quando o sete me apanha, até acho que, a senha, me salta da mão! Pois na carreira desta vida vão, mas nada me dá, a pica que o pica, do sete me dá!

Que triste fadário e que itinerário tão infeliz, traçar meu horário com o de um funcionário, de um trem, da carris. Se eu lhe perguntasse se tem livre passe para o peito de alguém? Vá-se lá saber, talvez eu, lhe oblitere o peito, também... 



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Difícil, difícil, é simplificar...


No passado sábado após mais um convívio futebolístico, que até nem correu muito bem para o nosso lado em termos de resultado, conversava ao jantar com dois jovens técnicos da modalidade, manifestando-lhes o meu desacordo sobre as “novas linguagens” utilizadas, quer por comentadores quer por alguns técnicos sobre a arte do pontapé na bola, e que, em minha opinião, nada trouxeram de novo à compreensão do futebol.

Ele são as posições 6 ou 10, às vezes as 8 ½ ou 9 ½ (curiosamente fala-se pouco da posição 11); ele são as “segundas-bolas”; ele são as transições, as coberturas, as contenções, etc., etc.,.

Quando afinal, o futebol, o desporto-rei, a modalidade do povo é tão simples: primeiro tentar não sofrer golos (defender), e depois tentar marcar (atacar). E acho que não estou só, veja-se o que diz José Mourinho aqui:

“Em Liverpool, um jornalista perguntou-me antes do jogo: `Vais atacar ou defender? Eu disse-lhe: `Vou atacar quando tiver a bola e defender quando não a tiver. Ele perguntou-me: `É assim tão simples? Sim, é simples. Se tens a bola queres marcar, se não tens queres impedir que o adversário marque. Por vezes querem complicar o que é simples”.

Não posso estar mais de acordo. O resto é conversa...

Aposto que se está a ver ao espelho...


"O sistema vive da cobardia dos políticos, da cumplicidade de alguns jornalistas, do cinismo dos professores de Direito e do desprezo que as pessoas decentes têm por tudo isto". 

São acusações de José Sócrates, manifestadas numa carta de três páginas, escrita à mão e a tinta vermelha, enviada ao "Diário de Notícias", e transcritas aqui.

Pior que isto, ou mais triste como diz o Ricardo Araújo Pereira, só se for ter "um motorista que funciona como multibanco, um amigo que funciona como offshore e uma mãe que funciona como agente imobiliária."

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

E agora PS?

Para ler aqui, e reflectir

Ou Assis leva o "passo" trocado, ou todos os outros (Costa, Ferro Rodrigues, Jorge Sampaio, Vera Jardim, Vítor Ramalho & companhia) não primam por grande coerência. Como sempre...




sábado, 29 de novembro de 2014

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Política à portuguesa...


Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal, deu ontem uma entrevista ao Canal 1 da RTP. Em minha opinião até nem esteve muito bem. Não na postura do “estou melhor assim? ou assim...?”, como o outro que agora está atrás das grades, mas sobretudo em relação aos conteúdos que, me parece, são o que interessa. Devia ter-se preocupado, especialmente, em realçar, de forma objectiva, como estava o país quando tomou posse do governo, o que mudou desde então, e o que pensa fazer para o futuro, de uma maneira muito clara e simples, dizendo as verdades, não cair na tentação do facilitismo, para que toda a gente o percebesse. E aí, Passos Coelho, continua a revelar algum défice de comunicação para o grande público, digo eu.

Mas o que mais me indignou foi o corrupio dos representantes da oposição a correrem, desalmadamente, para comentarem a entrevista, como quem está aflitinho para ir à casa de banho, sem um período de análise e reflexão sobre a mesma, a debitar opiniões feitas, e os gajos da comunicação social a estenderem os solícitos microfones, como quem oferece o papel higiénico para os ditos limparem o pipi ou a pilinha consoante o género. Depois, é vê-los afastarem-se para os seus camarins, como quem se aliviou de uma qualquer necessidade urgente, e, darem a vez aos papagaios comentadores, que agem como moscas, atirados a uns e a outros, como quem devora as fezes mais saborosas.

Pobre política, e que maus políticos elegemos....  

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Reflexão do dia (3)



Diz Mário Soares: "todo o PS está contra esta bandalheira".

Alguém se atreve, e tem coragem, de perguntar a António Costa se isto é verdade?

Reflexão do dia (2)

A presumível inocência de Sócrates: Assino por baixo meu caro João Miguel Tavares: 

"Da mesma forma que os gatos têm sete vidas, eu acho excelente que um cidadão tenha sete presunções de inocência. O problema de José Sócrates, tal como o de um gato que falece, é que já as gastou. Sócrates foi presumível inocente na construção de casas na Guarda, foi presumível inocente na licenciatura da Independente, foi presumível inocente na Cova da Beira, foi presumível inocente no Freeport, foi presumível inocente na casa da Braamcamp, foi presumível inocente no assalto ao BCP, foi presumível inocente na tentativa de controlar a TVI, foi presumível inocente no pequeno-almoço pago a Luís Figo. Mal começou a ser escrutinado, a presunção de inocência tornou-se uma segunda pele."

Continuar a ler aqui.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Sócrates absolvido!


“Cessem do sábio Grego e do Troiano, as navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano a fama das vitórias que tiveram (...); 

Que eu decreto....”


O “padrinho” sentenciou. Está decidido. A partir daqui tudo é legítimo...




Velho do c******, que nunca mais te calas...


Quem é esta gente? Recordar...





por Ricardo Lima

“Ao contrário da maioria das pessoas que me têm abordado para debater a detenção e do que se vai ouvindo no café e no autocarro, sou dos pouco que conheço que não considera este caso – José Sócrates – o mais importante da justiça portuguesa. Pelo contrário, não o considero o mais importante do ano. O título está reservado para o dia em que acordei com a notícia que aquele a quem apelidavam de “o Dono disto Tudo” havia sido detido. Nesse dia tomei por certo que todo o dominó de favores e apoios estabelecidos em torno do Grupo Espírito Santo e da pessoa de Ricardo Salgado havia de dar de si, mais tarde ou mais cedo.

A crise da PT foi o primeiro grande abalo do regime. Se o BES era o grande símbolo corporativista herdado do regime anterior, a PT era um dos pilares do novo, ninho dos abutres de 76, sempre de mão dada com o Estado, mesmo após a privatização. Só neste processo de deterioração de um regime cuja podridão já vinha sendo profetizada pode explicar o que aconteceu este fim-de-semana.

Mais que uma credibilização do sistema judicial – o que não o isenta do mérito – deve ser entendida como uma descredibilização de uma oligarquia enfraquecida. Tem que ser entendida numa linha de interesses económicos que floresceram no Estado Novo. Foram quase que varridos do país no putsch de 74 para retornarem e varrerem eles mesmos a III República, uns anos mais tarde, tornando-se, mais que senhores do país, seus senhorios. Amigo pessoal de reis e primeiros-ministros, Salgado esteve sempre envolvido nos momentos chave da política portuguesa. Convence Cavaco a candidatar-se à presidência e tem um papel activo na demissão de Santana Lopes. Acolhe Barroso no seio do BES, numa posição que o ajuda a manter-se até assumir a liderança do PSD. Está metido nos submarinos, nas obras públicas de Sócrates, na PT, na privatização da EDP, na Fomentinvest onde Passos Coelho foi director. É do seu grupo que sai Mário Lino, ministro da economia de Sócrates e é com o ex-PM que tem a relação mais próxima e cúmplice.

O Estado não é pessoa de bem. Em Portugal, o Estado não só não é de bem, como é controlado pelos meninos de bem das antigas famílias, como seus senhorios e pelos betinhos das jotas – muitos deles enteados do novo-riquismo – como seus senhores. Este fenómeno transversal a diversas áreas das ciências humanas devia ser estudado nas grandes universidades francesas, palcos dos mais insólitos estudos sobre o Homem e os seus devaneios. Só na academia se encontrarão cérebros capazes de explicar a ascensão deste “Engenheiro” – que nem para isso servia – a São Bento. E se só um sociólogo pode explicar a ascensão de Sócrates, só um criminólogo pode explicar o seu governo e a sua travessia do deserto – que mais foi um forrobodó de luxo financiado, directa ou indirectamente, pelo erário público, à revelia da lei e da ética. O homem que tentou limpar a comunicação social, afastando Crespo, José Manuel Fernandes, Moura Guedes, que comprou uma guerra com o Sol e se lançou em esforços para comprar a TVI. O “pai” da desgraça do Euro 2004.

O homem do betão e das PPP´s, padrinho dos empreiteiros e das concessionárias que ainda hoje nos assaltam. Mentor do desgoverno financeiro que nos entregou aos credores, escudeiro do Estado forte, grande, ineficiente, metediço. Protagonista de um pós-bolivarianismo de tons ibéricos. 

Sócrates foi o último terramoto desde cataclismo que foi o regime nascido da Abrilada. Passos Coelho será, talvez, uma pequena réplica de mau gosto.

Mais que o julgamento, nos tribunais, de um dos homens que nos desgraçou a todos, este é o julgamento, público, do bando de abutres que nos vem pilhando desde sempre. Daqueles que nos ministérios e nas empresas defecaram na pouca dignidade que resta à nação, roubando – qualquer outra palavra é eufemismo – sem eira nem beira, perpetuando-se a si e aos seus no poder – político e económico. Este é o julgamento de uma terceira via, um capitalismo de socialistas caviar, um socialismo de capitais desviados. Este é o julgamento de um modelo de governação assente no compadrio, no suborno, na coerção, na corrupção aos mais altos níveis da sociedade.

Mas acima de tudo, este é o julgamento de um país e de um povo que gerou políticos à sua imagem. 

Das boleias e quotas pagas nas concelhias por uma conta mistério em vésperas de eleições. Dos clubes de futebol da terrinha e dos terrenos que vão andando de mão em mão. Este é o julgamento do chico-espertismo que tenta sempre passar à frente, no trânsito, na fila da repartição das finanças. Do menino que liga aos amigos do pai por causa daquela vaga na universidade, do pai que liga ao colega do secundário, que agora trabalha na Junta, para dar uma ajudinha ao colega que ficou desempregado. É o julgamento das garrafinhas de whiskey e dos bacalhaus pela consoada, para pagar favores do ano inteiro. Dos exames de condução feitos na marisqueira, dos vistos apressados no consulado, daquela licença para obras agilizada com uma sms ao senhor vereador.

Mais que o julgamento dos canalhas que nos governam, é o julgamento dos canalhas que se governam. E em Portugal todos se tentam governar às custas uns dos outros. O que está aqui em jogo e a reflexão que se pretende não gira em torno do debate esquerda/direita, liberalismo/conservadorismo ou este governo é pior que o outro e vice-versa. Isso são discussões pertinentes, importantes, mas devem ficar para outro dia. O que está aqui em jogo é a ausência de vergonha que grassa em Portugal e nos portugueses.

O Zé – não o Sócrates ele mesmo – que é hoje deputado sem conseguir conjugar um verbo sem calinadas e entender-se com o sujeito e o predicado podia ser você, caro leitor. Com um pouco mais de esforço e afinco e se o André que brincava consigo e com os seus primos na casa de férias não tivesse perdido aquelas eleições, na federação académica ou na distrital. Se o Carlos, seu cunhado, não tivesse perdido aquela vaga na empresa, que até costumava fazer negócio com aquele ex-secretário de estado que agora está a “trabalhar” no ramo. O que o meu caro amigo teve não foi nem a ética nem a dignidade de cuja falta se acusam os nossos políticos de ter, como se abundasse na sociedade.

O que o meu amigo teve foi falta de sorte. Mas não se queixe. Ainda há uns meses conseguiu aldrabar umas facturas para “meter no IRS”. O empregado da Junta, que pôs a tijoleira lá em casa, deixa-o sempre estacionar lá o carro. O Mendes da esquadra deu um toquezinho relativamente àquela multa, mas também ninguém o mandou estacionar num lugar para inválidos. O meu amigo dê é graças a Deus por ter passado à frente nas urgências quando lhe deu aquela coisa no ano passado ou quiçá não estivesse aqui a terminar de ler este artigo. E não tenha vergonha. Todos o fazem. Se não fosse você, seria outro a aproveitar.


E no que toca a benesses, antes nós que os outros!”

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Mais razão e menos coração - Um pouquinho de reflexão nunca fez mal a ninguém

Introdução
por João Bugalhão

Dedicado a todos os que andaram a enaltecer as qualidades “teatrais” da criatura, aqueles que dão mais valor à forma do que aos conteúdos, àqueles que promovem e defendem “o estou melhor assim? Ou assim...”, àqueles que só agora viram o que era evidente, àqueles que não ligaram quando ouviram (em escutas que não são valorizadas) o amigo vara dizer ao pinto em 2009 “... temos dois anos para sacar tudo o que pudermos”!). Mas sobretudo, para aqueles que pensam que pinto de sousa está sozinho nesta bandalheira de que todos somos responsáveis....

De facto os políticos não são todos iguais, nós, os portugueses, é que somos uns bandalhos. E muito distraídos...


É legítimo supor
por José Gomes Ferreira (tirado daqui)

“A propósito da detenção de José Sócrates, recordo por estes dias vários momentos da vida política do país e do exercício do jornalismo em Portugal.

5 de Janeiro de 2009: No final do primeiro mandato e já em ano de eleições legislativas, o primeiro-ministro aceita dar uma entrevista televisiva à SIC, conduzida por mim e por Ricardo Costa. No decurso da conversa tensa, crispada, José Sócrates é confrontado com um gráfico do próprio orçamento de Estado de 2009, que mostra o verdadeiro impacto das sete novas subconcessões rodoviárias em regime de parceria público privada: a conta a cargo do contribuinte é astronómica, mas só começará a ser paga...em 2014.

A reacção do político é de surpresa desagradável, de falta de argumentos rápidos, pela primeira vez em muitos momentos de confronto jornalístico com a realidade das políticas que estavam a ser lançadas como "as melhores para o país", sem alternativa válida. Na mesma entrevista, Ricardo Costa questiona o então primeiro-ministro sobre o verdadeiro impacto da política para o sector energético, que estava a invadir a paisagem com milhares de "ventoinhas" eólicas. A reacção evoluiu da surpresa negativa para a agressividade.

No balanço dessa entrevista, boa parte do país "bem pensante" insurgiu-se contra...os jornalistas. Os nomes que então nos chamaram estão ainda na internet, basta fazer uma pesquisa rápida. Nesse ano de 2009, o Governo tinha lançado um pacote de estímulo à economia no valor de dois mil milhões de euros - obtidos a crédito no exterior porque nem Estado nem privados tinham já poupança interna suficiente. A maior parte do mega-investimento foi aplicada na renovação de escolas através da Parque Escolar. Uma crise decorrente de um brutal endividamento combatia-se com mais dívida.

No ano anterior, a Estradas de Portugal tinham visto os seus estatutos alterados por iniciativa do Governo. Passava a ser uma entidade com toda a liberdade para se endividar directamente, sem limite. Ao então primeiro-ministro, ao Ministro da tutela, ao secretário de Estado das obras públicas, perguntei muitas vezes em público se sabiam o que estavam a fazer. E fui publicamente contestado por andar a "puxar o país para baixo".

Em 2007, o então Ministro da Economia cedia por 700 milhões de euros a extensão da exploração de dezenas de barragens por mais 15 a 25 anos à EDP. Os próprios relatórios dos bancos de investimento valorizavam na altura esta extensão em mais de dois mil milhões de euros. A meados de 2009 começa a ouvir-se falar do interesse da PT em comprar a TVI. O negócio é justificado pela administração da empresa como uma necessidade de as operadoras de telecomunicações, distribuidoras de conteúdos avançarem para o controlo da produção desses mesmos conteúdos. Por aquela altura, já os casos, dos projectos da Cova da Beira, da licenciatura duvidosa e das alegadas luvas no Freeport faziam as páginas dos jornais e aberturas nas televisões.

Por aquela altura, o jornalista e gestor Luís Marques, dizia-me que era uma vergonha nacional Portugal ter um primeiro-ministro com indícios de ser corrupto. E que a nível internacional isso também já era notado. Confesso que apesar das dúvidas que tinha sobre a condução dos grandes negócios de Estado, achei exagerada a afirmação. Sublinho a altura em que foi feita - finais de 2009. 

O tempo, esse grande clarificador, fez o seu trabalho. 

Muitas mais histórias ouvimos desde então sobre a mesma personalidade política. Muitas investigações que já estavam em curso foram aprofundadas; muitas novas investigações foram iniciadas.

Desde há muito que está a ser questionada a legalidade da atribuição de concessões de barragens por valores irrisórios; que está a ser investigada a suspeita de favorecimento de decisores no processo das PPP rodoviárias; que foi investigada e estranhamente arquivada a suspeita de controlo deliberado da comunicação social através da compra de um grande grupo de comunicação social por uma empresa do regime; que se continuam a investigar a razoabilidade dos mega-investimentos em novas escolas e dos pagamentos avultados a determinados fornecedores...

Outras histórias mal-explicadas, como a da origem dos recursos para manter multiplicados sinais exteriores de riqueza, foram correndo o seu tempo e os seus termos, com ou sem intervenção das entidades de investigação...

O tempo, esse grande clarificador, faz sempre o seu trabalho.

A suspeita materializa-se agora sob a forma de detenção e prolongado interrogatório. A imprensa, desde sempre acusada de conspiração, destapa agora indícios de inquietantes de conluios com recetadores e correios de verbas muito avultadas.

Só se surpreende quem não quis ver os sinais.

É legítimo supor que mais investigações levarão a mais resultados. É legítimo perguntar porque é que no ano 2010 aparecem 20 milhões de euros na conta de um amigo na UBS, na Suíça. E é legítimo lembrar que em Julho desse ano a PT vendeu a Vivo à Telefónica por 7.500 milhões de euros. E é legítimo imaginar que negócios desse tipo requeiram "facilitadores".

Face ao que aconteceu na história recente deste país, é legítimo a um jornalista e a qualquer cidadão interrogar-se sobre tudo isto e muito mais. E é extraordinário ver que a maior parte do tempo de debate sobre esta mediática detenção é gasta em condenações à maneira de actuar das autoridades judiciais.

Como se fosse dever dos investigadores convidarem o suspeito para uma conversa amena num agradável bar de hotel, por ter ocupado o cargo que ocupou.

Não, o que está a acontecer em Portugal, com a queda do Grupo Espírito Santo e de Ricardo Salgado, as detenções de altos funcionários públicos no caso dos Vistos Gold e a detenção de José Sócrates, não é uma desgraça: é a Grande Clarificação do Regime, a derrocada do Crony Capitalism, o capitalismo lusitano dos favores e do compadrio.

É revoltante saber que o Parlamento aprovou sem hesitar todos os regimes especiais de regularização tributária, os RERT I, II e III, quando sabiam que a respectiva formulação jurídica iria apagar todos os crimes fiscais associados à repatriação do dinheiro de origem obscura que tinha sido posto lá fora. Os deputados foram previamente avisados desse gigantesco efeito de "esponja" pelos mesmos altos responsáveis tributários que me avisaram a mim... Os mesmos RERT que passaram uma esponja sobre as verbas de Ricardo Salgado e as do receptador agora identificado no caso do ex-primeiro Ministro.

Sim, o Parlamento continua lamentavelmente a ser a mesma central de interesses.

Mas há esperança. Tal como o país está a mudar, o Parlamento também há-de mudar. A nós, cidadãos e jornalistas, assiste o direito de fazer perguntas, face a sinais estranhos que alguns políticos insistem em transmitir.

Face a esses sinais, é legítimo supor.”

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Isto é o que se chama uma “valente” tareia...


Não gosto de Paulo Portas, e não me estou a ver defendê-lo, seja no que for. Mas esta sua correligionária tem “pêlo” na venta. A "papagaia" Ana Gomes deve ter ficado 3 dias de cama, com muito gelo, primeiro, e hirudoid, depois...  


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Reflexão do dia (1)


Instituto da Segurança Social vai “dispensar” 700 Funcionários no país, no distrito de Portalegre serão 22 os dispensados (*) de quem dependerão muitas famílias; os sindicatos estão com algumas dificuldades para arranjarem 4 000 assinaturas para enviar o caso à discussão na Assembleia da República. 

(*) - Segundo a Rádio Portalegre "A UGT Portalegre denunciou hoje que 34 trabalhadores do Centro Distrital de Portalegre da Segurança Social foram notificados através de carta de que vão ser colocados no regime de requalificação. De acordo com o presidente da UGT Portalegre, Chambel Tomé, os 30 assistentes e 4 educadores, vão ser sujeitos a um processo de selecção, para apurar os 22 trabalhadores que passarão para o regime de requalificação.
O processo, que deverá estar concluído até 18 de Dezembro, prevê que os trabalhadores seleccionados, recebam 60% do salário no primeiro ano e 40% nos restantes anos, tendo como remuneração mínima durante este período o Salário Mínimo Nacional. Em declarações à Rádio Portalegre, Chambel Tomé, disse discordar desta decisão governamental, argumentando que “o que está em causa é a extinção de postos de trabalho”. O dirigente sindical referiu ainda que a redução do emprego no Alto Alentejo vem “aumentar a precariedade e a desertificação”.

Em contrapartida, Cão morre em Campo Maior (dizem que à fome), já são mais de 20 000 as assinaturas a pedir o julgamento judicial do dono, ao abrigo da nova lei dos maus tratos animais!

Ok, bate tudo certo... 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A pouca vergonha nacional: Ao menos os “chinocas” da EDP já pagaram


Nota prévia: Qual será a opinião do PS, PCP e Bloco? Até agora não lhes ouvi uma palavra! Mas a julgar pelo histórico de estarem sempre no campo oposto ao governo, ainda os hei-de ver o tomar partido pelos monopolistas da REN e GALP!!!!

Peço à Galp e à REN que façam um grande favor aos contribuintes
Por José gomes Ferreira

"Exmos. Srs. Presidentes executivos da Galp e da REN, Engenheiro Ferreira de Oliveira e Dr. Rui Vilar:

Peço-vos encarecidamente que divulguem, o mais rapidamente possível, os pareceres jurídicos que vos levam a não pagar a contribuição extraordinária sobre o sector energético de 2014.
Será um grande favor e um verdadeiro serviço público, que farão a todos os contribuintes portugueses.
Os juristas que trabalharam para as vossas empresas, pagos a preço de ouro, são, certamente, grandes especialistas. Tão bons especialistas que conseguem arranjar argumentos para não cumprir uma lei da República, a Lei do Orçamento do Estado de 2014, onde o imposto extraordinário está previsto.
Por favor, divulguem esses pareceres para todos nós, contribuintes portugueses, podermos deixar de pagar a sobretaxa de IRS ao Estado. Sabem, é que os contribuintes normais não têm possibilidade de pagar estudos desses. E certamente que os argumentos invocados para não pagar a sobretaxa de IRC, são certamente utilizáveis para nós não pagarmos a sobretaxa de IRS. Basta copiá-los.
E sabem, cada um de nós até tem muito mais autoridade moral para utilizar esses pareceres e não pagar a sobretaxa de IRS do que as vossas empresas. É que, quando nós instalamos um pequeno negócio, não temos à partida uma rentabilidade garantida dos capitais investidos como a REN tem garantido por lei; e não temos a possibilidade de andar anos a fio a vender gás natural nos mercados internacionais e encaixar 500 milhões de euros de mais-valias, por os contratos de abastecimento terem condições vantajosas, enquanto os consumidores portugueses continuam a pagar o gás nas suas casas a preço de ouro, como fez a Galp Energia.
De facto, a crise quando nasce não é para todos.
A pouca vergonha e a falta de decência chegaram a um nível inimaginável no meu País. E têm carimbo de eficiência dado pelos melhores advogados portugueses." 

(Eu assino por baixo)

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Mais de 50 000!


Este pequeno espaço de reflexão pessoal - Retórica bugalhónica, ultrapassou por estes dias a bonita cifra de 50 000 Visitantes, como se pode ver no contador aqui no lado direito. Um número redondo, que me dá orgulho alcançar. Embora este Blogue tenha cerca de 8 anos, estes números devem-se, sobretudo, aos últimos 4 anos, já que nos primeiros 4 anos, a coisa esteve em mera gestação. Foi a partir de Outubro de 2010 que aqui passei a publicar regularmente, após o abandono do outro projecto colectivo em que participava, o Fórum Marvão.

          Gráfico 1 – Evolução do número de visitantes da Retórica bugalhónica 2006 - 2014


Fonte: Estatísticas Blogger

Servindo-me este espaço como forma de comunicar com o mundo, sobre as minhas reflexões pessoais, onde a prioridade é dada às coisas públicas como a política, a economia, o desporto, a música, etc., quer a nível nacional ou muito virado para o meu concelho de Marvão, é sempre com satisfação que constatamos que temos algum eco do lado de lá. Aqui, esse eco, é-me dado pelas pessoas que por aqui passam.

Não tenho a aspiração de agradar a todos, não é da minha personalidade. Nunca fui de grandes consensos, bato-me por causas em que acredito, gosto de roturas, e creio, francamente, que são elas que ajudam à mudança. Sei por isso que muitos aqui vêm apenas para coscuvilhar, reprovar, ou discordar, mas este espaço recebe todos. Pena é que não venham à discussão, ao contraditório, com educação e civismo, quem sabe senão podíamos contribuir para o mundo “avançar”.

Ao longo destes 8 anos aqui publiquei 560 artigos, que mereceram 341 comentários dos visitantes. O pico de visitantes aconteceu em Outubro de 2012 com cerca de 3 700 visitantes, numa média de 120 visitantes por dia. Mas no compute geral a média ronda os 60 visitantes/dia, aos quais aqui deixo o meu reconhecimento por aqui virem.

Os 5 Posts mais visitados de sempre foram os seguintes:

- Coisas muito feias (1) – Dezembro de 2013


- Coisas muito feias (3) – Fevereiro de 2014



Oxalá por aqui ande mais 8 anos que, o tempo, nunca pára! E isto de projectos, o mais difícil não é criá-los, mas sim mantê-los. Oxalá a meta dos 100 mil visitantes possa ser alcançada, será sinal que a “casa” continua a ter interesse.

Obrigado a todos. Os que dizem “bom-dia”, e os que passam sem nada dizerem...