Saúde, trabalho,
algum amor, bocadinhos de felicidade e, se não for pedir de mais, um amigo como
o do José Sócrates!!!
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Pantomineiro! Porquê?
A Rosa é bonita!
Mas, mais é a Rita que coisa tão bela, e as flores nela, como a Gabriela,
largam um perfume que fica tão bem. Formosa é a Anita esguia, catita, mas que
caravela (ou avião)! Já a Daniela? Seu corpo revela sorrisos que assumem que a quero
também.
Falei com Amélia para ver a Aurélia, irmã de Florbela, pois flor como aquela só vira Manuela, aflora ciúme de rubro carmim. Quase não quis Odete, que através de Elisabete mandou as lágrimas dela ao contar-lhe na viela que, não seria ela, quem ia cuidar de mim.
Falei com Amélia para ver a Aurélia, irmã de Florbela, pois flor como aquela só vira Manuela, aflora ciúme de rubro carmim. Quase não quis Odete, que através de Elisabete mandou as lágrimas dela ao contar-lhe na viela que, não seria ela, quem ia cuidar de mim.
Já beijei Joana e a Mariana, mas foi com cautela! Pois nessa ruela na mesma cancela, num golpe
de sorte, Marina me quer. Tal como Firmina, Ana e Josefina querem ter a tutela, mas
sinto a cela e o meu amor gela. Reanimo o norte e, fujo a correr...
Sonhei com os
dias de todas as marias virem à janela, e como uma aguarela verde e amarela, num
odor lá do forte de azul rosmaninho.
De tanto querer
tudo o que é mulher, sei que no final, de não saber qual, vivo assim o mal de
amar sozinho...
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
O mundo dos outros...
(Muito bom e vale a pena ler. Retirado daqui)
O tempo dos moradores suburbanos com fatos de alfaiate de segunda
por Helena Matos
“A imagem não é
minha mas sim de Raquel Varela que referindo-se a Passos Coelho o viu “com
o seu fato de alfaiate de segunda, morador suburbano”. Por sinal acho
que Raquel Varela tem razão. Só que, como é próprio da extrema-esquerda, Raquel
Varela não percebeu a razão da razão que tinha.
De facto Passos
Coelho não só vive nos subúrbios como os seus fatos são semelhantes a milhares
de outros que os habitantes dos subúrbios vestem durante os dias de semana. Ora
aquilo a que se assiste neste momento entre os protagonistas da política em
Portugal é também uma clivagem social e geracional. Uma clivagem transversal ao
espectro político e em que os subúrbios e os fatos de segunda não serão
irrelevantes.
No caso do PSD
isso é evidente: os barões, os homens de fato de bom corte e apelidos
históricos retiraram-se para que Passos Coelho fosse ali queimar umas etapas
até que eles, naturalmente senhores da situação, fossem chamados a cumprir o
papel para que se consideravam predestinados: a salvação nacional. Não foi
assim e por isso o que não perdoam a Passos Coelho não foi o que este fez de
errado mas sim, pelo contrário, que o seu falhanço não tenha sido absoluto. Tão
absoluto que eles, numa certa noite de Julho de 2013, tivessem de ser chamados
a Belém onde Cavaco lhes diria que salvassem Portugal. Não é o aumento da carga
fiscal nem a austeridade que à direita não se perdoa a Passos mas sim o ter
tornado irrelevantemente dispensáveis os bagões, os penedas, os freitas, os
capuchos…
À esquerda as
dores ainda são maiores. Em primeiro lugar porque o PS era e é a verdadeira
aristocracia do regime. Em segundo porque António Costa precisou do velho PS
para chegar à liderança. E mal esse PS se sinta beliscado no seu poder e
influência vai começar a sentir-se traído pelo actual secretário-geral. Afinal
o PS como bom partido de esquerda que é gosta de tratar os seus líderes como
reis desde que estes façam o PS reinar. Por isso o PS correu com Seguro e
serviu Sócrates. Este último deu ao PS uma pose e uma linguagem de poder e o PS
calou. Aquilo que os socialistas em particular e o povo de esquerda em geral
lastimam na queda de Sócrates nada tem de ideológico mas sim de social. O que
lhes dói não são as acusações nem as suspeitas que caem sobre o antigo
primeiro-ministro (que muitos socialistas aliás sempre tiveram) mas sim que
todo este caso faça a esquerda descer do seu pedestal.
Quando, agora
que Sócrates está preso, a esquerda se admira porque ao antigo
primeiro-ministro é aplicada a legislação (aprovada por sinal pelos governos
socialistas para os demais mortais) o que faz é simplesmente manifestar a sua estupefacção
e incredulidade pelo facto de o país não lhes reconhecer a superioridade da esquerda
que acreditavam ter inscrito no ADN da democracia.
O PS não quer
naturalmente ser liderado por um corrupto mas quer que, se numa outra
conferência de imprensa algum jornalista perguntar ao líder, como sucedeu
quando José Sócrates anunciou a sua renúncia, se este não teme vir a ser alvo
de investigações, de novo se ouça uma vaia monumental a quem teve o desplante
de formular tal questão. O PS espera de António Costa que não compre fatos em
Rodeo Drive nem faça férias em hotéis topo de gama mas exige que Costa seja
capaz, tal como o foi Sócrates, de ridicularizar e humilhar quem insistir em
perguntar aos socialistas donde vem o dinheiro. Agora não para um estrambólico
modo de vida mas sim para as obras, para o investimento público e para as
políticas anunciadas.
O que vivemos
neste momento é um desacerto entre o mundo mediático e uma parte das elites dos
partidos. Não interessa se se gosta ou detesta. Interessa apenas que é assim.
Da extrema-esquerda ao CDS as nomenclaturas falam, agem e imaginam-se num
Portugal em que eles, urbanos e cultos, pairam sob um povo de forte pendor
rural. É o país dos muito pobres e dos muitos ricos, dos privilegiados e dos
sem-abrigo. O país no qual eles, os políticos, se vêem a corrigir os
desequilíbrios e as injustiças e a mudar a realidade à força de decretos-lei.
Só que esse
país, por mais fotogénico que fosse, e de facto era e ainda é nas reportagens
paternalistas que o New York Times nos dedica, coexiste com um Portugal
suburbano, cheio de homens que vestem fatos de alfaiates de segunda para ir
trabalhar. Alguns optam por uma ainda mais esteticamente dramática versão
desportiva. As elites partidárias, culturais e mediáticas abominam este mundo
que não fica bem nas fotografias, não aparece muito nas encíclicas e não encontra
explicação em Marx. Das universidades onde se multiplicam os centros de estudos
dirigidos por clones de Raquel Varela às sedes partidárias sejam elas de
esquerda ou de direita, a dicotomia entre os muito pobres e os muito ricos
justifica-lhes muito mais o seu pendor intervencionista.
Mas o país
suburbano existe e é fundamental que os grandes partidos e os seus líderes
democratizem a relação que têm com ele. Caso não o façam o desinteresse dessas
pessoas será um dos terrenos em que crescerão os populismos que tornarão o país
ingovernável. Os casos da França e da Espanha são um bom exemplo daquilo a que
pode conduzir a clivagem entre os partidos democráticos e a realidade. Só que
em Portugal não será sequer necessário que surjam uma Frente Nacional ou um
Podemos para que acabemos num beco sem saída ou mais propriamente a acreditar
que é possível regressar ao passado. PS e PSD têm mais do que quanto baste de
gente que acredita que tal não só é possível como desejável.”
domingo, 28 de dezembro de 2014
Que estranha forma de ser a destes socialistas...
Alguém escreveu
que “...o socialismo só existe quando
existe dinheiro de outros”. O mesmo parece aplicar-se em relação às leis
que eles próprios criam, que parece que só se aplicam aos não socialistas!
Vem isto a
propósito de um decreto de lei publicado pelo governo de José Sócrates em 2011
que legislava sobre a correspondência enviadas a presos, mas que segundo eles
próprios, apenas se deveria aplicar aos que não tenham sido bafejados/endeusados pela filosofia socialistas.
Como é o caso do agora “preso 44” ,
que passou de legislador a recluso. Os que têm a “fichazinha” no largo do rato
estão dispensados de cumprir esta ou qualquer outra legislação!
Veja-se o que
diz o artigo 127º do REGULAMENTO GERAL DOS ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS, que um tal José
Sócrates Pinto de Sousa aprovou, mas parece que apenas para os outros, não para
ele:
Razão tinha o outro: “façam o que eu digo mas não o que eu faço”, ou mande fazer!
Não se percebe o
porquê de tanta indignação dos democratas da treta por causa das “encomendas”
enviadas ao “mestre” da filosofia. A não ser que, o senhor, esteja a fazer alguma
biblioteca em Évora! Se assim for, mandem-lhe é encomendas com notas de 500
euros, que era ao que ele estava habituado...
sábado, 27 de dezembro de 2014
Tesourinhos deprimentes...
Para os amigos
do agora, 44, que não param de criticar a actual mensagem de natal de Passos
Coelho, oiçam esta datada de Dezembro de
2010, 5 meses antes da bancarrota, e 6 messes antes do dito abandonar o barco.
São 7 minutos
que vale a pena recordar...
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Pois podia...
Podia haver uma
luz em cada mesa, e, uma família em cada casa! Jesus em
Dezembro aqui, na Terra, podia ser natal e não ser farsa.
A história certa é: natal de porta aberta. A ceia servida é a vida do criador!
Podia ser notícia o fim da amargura que divide os homens, por de trás dos canhões! A fome e a miséria servem a loucura que, forja profetas e divide as nações!
Podia ser verdade o tom e o discurso desse velho actor, falando aos fiéis. Mas nada se passa na noite do mundo, máscaras de dor, pequenos papéis...
Podia ser Natal...
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
Assim se brinca às empresas públicas: Greve da TAP desconvocada...
Greve da TAP desconvocada
Depois de terem
causado transtornos a todos aqueles que, por esse mundo fora, precisavam dos seus serviços, às vezes
uma vez por ano e apenas nesta época, de terem chantageado os governantes, e, de terem causado milhões de euros de prejuízo
a todos os contribuintes, ainda querem sair como heróis.
Se os salgados,
costas oliveiras, sócrates e restante pandilha começam, pelo menos, a ser
desmascarados, para quando o julgamento desta gente favorecida e protegida, mas
que não fica muito à frente nos prejuízos que têm causado ao país.
Começa a ser
hora, apesar de ser natal, de dizer: já chega. Não rima mas é verdade...
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
O socialismo será só para o dinheiros dos outros....
Para quem passa
a vida a insultar empresários e governantes que pagam salários baixos, não
deixará passar este flagrante caso de exploração
do factor trabalho: O motorista de sócrates ganhava 600€ por mês; ou seja, sócrates, patrão, pagava 600€ ao seu motorista João Perna (às tantas com
disponibilidade permanente).
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
Tiro pela culatra! Há dias assim....
Mal a vi, fui
seduzido, com o seu corpo lança-chamas e a perna bem torneada, e, eu meti no
meu sentido, se não a levo para a cama não sou homem não sou nada. Pus um ar de
matador, e assim, sem falinhas mansas, convidei-a para jantar! Quase a vi ficar
sem cor, mas quando eu perdia as esperanças..., aceitou, sem hesitar!
Pronto para a
grande conquista, barba feita risco ao lado, sapato novo e brilhante. Comprei
rosas na florista, e cheguei adiantado à porta do restaurante. Quase me caía o
queixo e, até fiquei aturdido, com o choque da surpresa.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
Carta para o pai natal...
Meu caro pai
natal, apesar dos meus 57 anos de idade, é a primeira que a ti me dirijo, pois
nos meus tempos de menino, tu, ainda não eras tão popular por estas paragens, e
depois de adulto nunca engracei muito contigo, mas como não sei a quem me
dirigir, olha, aqui vai:
Numa época em
que toda a gente te pede coisas, eu não quero nada de substancial, diga-se até
que, estou aqui mais a interceder para dar, do que para pedir. Tenho assim, um
pedido muito simples para ti. Gostava de
deixar de ser accionista das empresas de transportes aqui no burgo,
nomeadamente, TAP, METRO´s, CP e afins, etc.
Desconheço o
porquê de me terem feito accionista de tais empresas. Devem ter-se aproveitado aí por volta de 1975 da minha ingenuidade de rapaz, a partir daí nunca mais me largaram. Mas agora já passou muito
tempo e nunca me deram, ou usufruí, de qualquer dividendo. Dizem-me ainda que é
por serem de superior interesse nacional, mas eu duvido, não possuo qualquer
conhecimento do ramo, e não quero ser responsável por coisas destas, ou destas, e muito menos de estas!
Agora é de vez,
não quero mais. Cedo gratuitamente e, a título definitivo, as minhas acções ao pcp, ou à cgtp (que as leiloem na festa do avante), ou ao costa. Mete-lhas no sapatinho na próxima noite de natal, ou em outro sítio qualquer, é-me indiferente! Não as quero, e "prontes".
Nem que tenha de roubar o burro do presépio ao menino jesus para me transportar. Comprar-lhe-ei todo feno para a sua alimentação, uma albarda nova, e um par de ferraduras de 6 em 6 messes. Por isso, quem quiser andar de cu tremido nessas "empresas estratégicas", que pague os custos. Eu prefiro andar de burro...
Nem que tenha de roubar o burro do presépio ao menino jesus para me transportar. Comprar-lhe-ei todo feno para a sua alimentação, uma albarda nova, e um par de ferraduras de 6 em 6 messes. Por isso, quem quiser andar de cu tremido nessas "empresas estratégicas", que pague os custos. Eu prefiro andar de burro...
sábado, 13 de dezembro de 2014
Leitura de fds: Polvo à portuguesa...
Do que nos livrámos
por José António Saraiva
“Em 2008, o BPN
foi nacionalizado contra a vontade dos seus accionistas. Na altura, poucas
vozes contrárias se fizeram ouvir, até porque a nacionalização tinha o aval do
governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio.
Após este acto,
o Governo designou como administrador do BPN Francisco Bandeira, um homem da
confiança pessoal de Sócrates. Entretanto, no ano seguinte, na sequência de
convulsões internas, o BCP seria 'governamentalizado', entrando para a
administração Carlos Santos Ferreira e Armando Vara, notórios amigos de
Sócrates.
O BES, por seu
lado, era governado por Ricardo Salgado, cuja cumplicidade com Sócrates se
tornou a partir de certa altura evidente, ao ponto de - quebrando a sua
proverbial contenção nas referências ao poder político - elogiar por diversas
vezes o primeiro-ministro em público. Quanto à CGD, era tutelada pelo Governo.
Em conclusão,
exceptuando o BPI (de Fernando Ulrich), a partir de 2009 toda a banca ficou 'nas
mãos' de Sócrates ou dos seus amigos: CGD, BCP, BPN e BES - para não falar do
BdP, onde pontificava Constâncio.
Na comunicação
social a situação também não era famosa.
No início do
consulado de José Sócrates, o grupo Controlinvest (DN, JN e TSF), de Joaquim
Oliveira, foi logo identificado pelo primeiro-ministro como um potencial aliado
(até pela sua dependência da banca). O grupo Cofina (Correio da Manhã e
Sábado), de Paulo Fernandes, também se mostrava cauteloso nas referências ao
Governo.
O grupo Impresa
(SIC, Expresso e Visão) mantinha-se na expectativa. O grupo RTP (RTP e RDP)
pertencia ao Estado e mostrava-se dócil. O grupo Renascença não se metia em
sarilhos.
Restava o quê?
A TVI e o
Público - este dirigido por José Manuel Fernandes, considerado por Sócrates persona non grata. O SOL só
apareceria mais tarde.
Quando rebenta o caso Freeport, em 2009, as
coisas vão aquecer.
A TVI estabelece
um acordo com o SOL para a investigação daquele tema e torna-se para Sócrates
um inimigo declarado. Manuela Moura Guedes, a pivô do jornal televisivo de
sexta-feira (que antecipa as notícias do Freeport), é o primeiro alvo a abater
- e Sócrates empenha-se em afastá-la por todos os meios; mas tal não se mostra
fácil, dado ser mulher do director da estação, José Eduardo Moniz.
Em desespero,
Sócrates tenta usar a PT para comprar a TVI, mas o negócio borrega. Também há
tentativas para fechar o SOL, através do BCP (que era accionista de referência
do jornal), comandadas por Armando Vara.
No que respeita
à Impresa, apesar de não fazer grande mossa ao socratismo, sofre vários
ataques, designadamente por parte de Nuno Vasconcellos e Rafael Mora, líderes
da Ongoing e próximos de Sócrates, que tentam encostar Balsemão à parede. Finalmente,
sem se perceber porquê, Belmiro de Azevedo aceita a saída de Fernandes da
direcção do Público, e Moura Guedes e Moniz deixam a TVI (indo este
estranhamente para a Ongoing…).
O SOL fica
isolado - e só se salvará por ser adquirido por accionistas não envolvidos na
política interna.
Visto o controlo
substancial de Sócrates sobre a banca e a comunicação social, olhemos para o
poder político.
Sócrates
dominava naturalmente o Governo, de que era o chefe, e o Parlamento, onde o PS
tinha maioria absoluta - só lhe escapando a Presidência da República. Por isso,
voltou contra Cavaco Silva todas as baterias.
Outro momento
alto da guerra contra Cavaco foi o aproveitamento de uma gafe de um seu
assessor, Fernando Lima - que tinha falado a um jornalista sobre a possível
existência de escutas a Belém -, para tramar o Presidente. Usando uma técnica
nele recorrente, Sócrates armou-se em vítima, virou os acontecimentos a seu
favor e tentou destruir Cavaco Silva, acusando-o de montar uma cabala.
Outra vez com a
ajuda de muitos jornalistas, os socratistas exploraram o caso à exaustão e o
assunto foi objecto de intermináveis debates televisivos - onde se chegou a
dizer que o PR tinha de renunciar ao cargo! A campanha não matou Cavaco mas fez
mossa, fragilizando o único bastião que não era dominado por Sócrates na esfera
do poder político.
Talvez hoje
alguns jornalistas percebam melhor o logro em que caíram.
Passando
finalmente à Justiça, Sócrates tinha no procurador-geral da República, Pinto
Monteiro, e no presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do
Nascimento, não propriamente dois cúmplices, como alguns disseram, mas duas
pessoas que pareceram sempre empenhadas em protegê-lo, fossem quais fossem as
razões.
Nesta área,
Sócrates contava ainda com um bom aliado: Proença de Carvalho, pessoa influente
nos meios judiciais (incluindo junto de Pinto Monteiro). E teve sempre o apoio
do bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto. Portanto, também aqui, o
primeiro-ministro estava bem acolchoado.
Governo, Parlamento, Justiça, comunicação
social, banca: Sócrates controlava os três poderes do Estado - executivo,
legislativo e judicial - e estendia os seus tentáculos ao quarto poder (os
media) e ao poder financeiro (os bancos).
Talvez muita gente
não se tenha apercebido na época deste cenário aterrador. Mas olhando para trás
- e sabendo-se o que hoje se sabe - temos noção do perigo que o país correu: um
homem sobre o qual pesam suspeitas tão graves chegou a deter um poder imenso,
que se alargava a todas as áreas de influência.
Só de pensar
nisto ficamos assustados - e é muito estranho que alguns dos que privavam com
ele não se tenham apercebido de nada. Foi lamentável ver pessoas de bem - como
Ferro Rodrigues ou Correia de Campos - fazerem tão tristes figuras,
defendendo-o encarniçadamente até ao fim.
É certo que,
como bem disse José António Lima, a democracia venceu-o, afastando-o do cargo. Mas
também foi a democracia que permitiu que um homem como este chegasse a reunir
um poder tão grande em Portugal.
Isso mostra a vulnerabilidade do sistema
democrático.
P. S. - No caso dos vistos gold, logo a
seguir às detenções, deu-se por adquirido que os arguidos eram culpados,
considerou-se “inevitável” a demissão de Miguel Macedo, e António Costa disse
que o Governo ficava “ligado à máquina”. Uma semana depois, as mesmas pessoas
contestam a prisão de Sócrates, invocam a “presunção de inocência” e acham
“absurdo” falar na hipótese de demissão de António Costa.
Palavras para
quê?”
Só falta saber “quem” representa este José
António (Saraiva), acho que a mim não, apesar de me parecer que aqui tem
razão...
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
Parabéns a você...
Há 36 anos, por
esta hora, um grupo de amigos em SA das Areias preparava-se para criar uma das
instituições mais importantes, ao longo destes anos, no concelho de Marvão: O
Grupo Desportivo Arenense.
Instituição
herdeira de outras que a antecederam quer na área desportiva, mas também nas áreas
cultural e recreativa, o GDA teve ao longo da sua vida, como qualquer instituição
ou pessoa, pontos altos e pontos menos altos, mas lá continua a desempenhar o
seu papel.
Entrei para este
clube em 1980, isto é, 2 anos após a sua criação. Primeiro como mero sócio e praticante
de dar uns pontapés na bola (nunca com grande sucesso), depois, mais tarde,
quando me radiquei na terra, aí fui praticamente tudo: massagista, treinador de
futebol de formação e de seniores em cerca de 20 anos, presidente da direcção (6
anos), presidente da mesa da assembleia geral (2 anos), e, nos últimos 6 anos
responsável pela secção de velhas guardas. Foi e é, para mim, um privilégio
pertencer a este Clube.
Por isso no dia do seu aniversário deixo
aqui os meus sinceros parabéns. Que venham outros 36 anos.
sábado, 6 de dezembro de 2014
Para aquecer o coração...
De manhã cedinho
eu salto do ninho e vou para a paragem, de bandolete à espera do sete, mas não
pela viagem! Eu bem que não queria mas, um belo dia, eu vi-o passar, e o meu
peito, que é céptico, por um pica de eléctrico, voltou a sonhar.
Em cada repique
que salta do clique daquele alicate, de um modo frenético, o peito que é
céptico, toca a rebate. Se o trem descarrila o povo refila, e eu fico num sino, porque um mero trajecto, no meu caso concreto, é já o destino.
Ninguém acredita
o estado em que fica o meu coração quando o sete me apanha, até acho que, a
senha, me salta da mão! Pois na carreira desta vida vão, mas nada me dá, a pica
que o pica, do sete me dá!
Que triste fadário e que itinerário tão infeliz, traçar meu horário com o de um funcionário, de um trem, da carris. Se eu lhe perguntasse se tem livre passe para o peito de alguém? Vá-se lá saber, talvez eu, lhe oblitere o peito, também...
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Difícil, difícil, é simplificar...
No passado sábado
após mais um convívio futebolístico, que até nem correu muito bem para o nosso
lado em termos de resultado, conversava ao jantar com dois jovens técnicos da
modalidade, manifestando-lhes o meu desacordo sobre as “novas linguagens” utilizadas,
quer por comentadores quer por alguns técnicos sobre a arte do pontapé na bola, e que, em minha opinião, nada trouxeram de novo à compreensão do futebol.
Ele são as posições
6 ou 10, às vezes as 8 ½ ou 9 ½ (curiosamente fala-se pouco da posição 11); ele
são as “segundas-bolas”; ele são as transições, as coberturas, as contenções, etc.,
etc.,.
Quando afinal, o futebol, o desporto-rei, a modalidade
do povo é tão simples: primeiro tentar não sofrer golos (defender), e depois
tentar marcar (atacar). E acho que não estou só, veja-se o que diz José
Mourinho aqui:
“Em Liverpool, um jornalista perguntou-me
antes do jogo: `Vais atacar ou defender? Eu disse-lhe: `Vou atacar quando tiver
a bola e defender quando não a tiver. Ele perguntou-me: `É assim tão simples? Sim,
é simples. Se tens a bola queres marcar, se não tens queres impedir que o
adversário marque. Por vezes querem complicar o que é simples”.
Não posso estar
mais de acordo. O resto é conversa...
Aposto que se está a ver ao espelho...
"O sistema vive da cobardia dos políticos, da cumplicidade de alguns jornalistas, do cinismo dos professores de Direito e do desprezo que as pessoas decentes têm por tudo isto".
Pior que isto, ou mais triste como diz o Ricardo Araújo Pereira, só se for ter "um motorista que funciona como multibanco, um amigo que funciona como offshore e uma mãe que funciona como agente imobiliária."
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
E agora PS?
Para ler aqui, e reflectir
Ou Assis leva o
"passo" trocado, ou todos os outros (Costa, Ferro Rodrigues, Jorge
Sampaio, Vera Jardim, Vítor Ramalho & companhia) não primam por grande
coerência. Como sempre...
sábado, 29 de novembro de 2014
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Política à portuguesa...
Passos Coelho,
primeiro-ministro de Portugal, deu ontem uma entrevista ao Canal 1 da RTP. Em
minha opinião até nem esteve muito bem. Não na postura do “estou melhor assim? ou assim...?”, como o outro que agora está
atrás das grades, mas sobretudo em relação aos conteúdos que, me parece, são o
que interessa. Devia ter-se preocupado, especialmente, em realçar, de forma
objectiva, como estava o país quando tomou posse do governo, o que mudou desde
então, e o que pensa fazer para o futuro, de uma maneira muito clara e simples,
dizendo as verdades, não cair na tentação do facilitismo, para que toda a gente
o percebesse. E aí, Passos Coelho, continua a revelar algum défice de
comunicação para o grande público, digo eu.
Mas o que mais
me indignou foi o corrupio dos representantes da oposição a correrem,
desalmadamente, para comentarem a entrevista, como quem está aflitinho para ir
à casa de banho, sem um período de análise e reflexão sobre a mesma, a debitar
opiniões feitas, e os gajos da comunicação social a estenderem os solícitos microfones,
como quem oferece o papel higiénico para os ditos limparem o pipi ou a pilinha consoante
o género. Depois, é vê-los afastarem-se para os seus camarins, como quem se
aliviou de uma qualquer necessidade urgente, e, darem a vez aos papagaios
comentadores, que agem como moscas, atirados a uns e a outros, como quem devora
as fezes mais saborosas.
Pobre política,
e que maus políticos elegemos....
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Reflexão do dia (3)
Diz Mário Soares: "todo o PS está contra esta bandalheira".
Alguém se atreve, e tem coragem, de perguntar a António Costa se isto é verdade?
Reflexão do dia (2)
A presumível inocência de Sócrates: Assino por baixo meu caro João Miguel Tavares:
"Da mesma forma que os gatos têm sete vidas, eu acho excelente que um cidadão tenha sete presunções de inocência. O problema de José Sócrates, tal como o de um gato que falece, é que já as gastou. Sócrates foi presumível inocente na construção de casas na Guarda, foi presumível inocente na licenciatura da Independente, foi presumível inocente na Cova da Beira, foi presumível inocente no Freeport, foi presumível inocente na casa da Braamcamp, foi presumível inocente no assalto ao BCP, foi presumível inocente na tentativa de controlar a TVI, foi presumível inocente no pequeno-almoço pago a Luís Figo. Mal começou a ser escrutinado, a presunção de inocência tornou-se uma segunda pele."
Continuar a ler aqui.
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Sócrates absolvido!
“Cessem do sábio Grego e do Troiano, as navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano a fama das vitórias que tiveram (...);
Que eu decreto....”
Que eu decreto....”
Velho do c******, que nunca mais
te calas...
Quem é esta gente? Recordar...
por Ricardo Lima
“Ao contrário da maioria das pessoas que me
têm abordado para debater a detenção e do que se vai ouvindo no café e no
autocarro, sou dos pouco que conheço que não considera este caso – José
Sócrates – o mais importante da justiça portuguesa. Pelo contrário, não o
considero o mais importante do ano. O título está reservado para o dia em que
acordei com a notícia que aquele a quem apelidavam de “o Dono disto Tudo” havia
sido detido. Nesse dia tomei por certo que todo o dominó de favores e apoios
estabelecidos em torno do Grupo Espírito Santo e da pessoa de Ricardo Salgado
havia de dar de si, mais tarde ou mais cedo.
A crise da PT foi o primeiro grande abalo do
regime. Se o BES era o grande símbolo corporativista herdado do regime
anterior, a PT era um dos pilares do novo, ninho dos abutres de 76, sempre de
mão dada com o Estado, mesmo após a privatização. Só neste processo de
deterioração de um regime cuja podridão já vinha sendo profetizada pode
explicar o que aconteceu este fim-de-semana.
Mais que uma credibilização do sistema
judicial – o que não o isenta do mérito – deve ser entendida como uma
descredibilização de uma oligarquia enfraquecida. Tem que ser entendida numa
linha de interesses económicos que floresceram no Estado Novo. Foram quase que
varridos do país no putsch de 74 para retornarem e varrerem eles mesmos a III
República, uns anos mais tarde, tornando-se, mais que senhores do país, seus
senhorios. Amigo pessoal de reis e primeiros-ministros, Salgado esteve sempre
envolvido nos momentos chave da política portuguesa. Convence Cavaco a
candidatar-se à presidência e tem um papel activo na demissão de Santana Lopes.
Acolhe Barroso no seio do BES, numa posição que o ajuda a manter-se até assumir
a liderança do PSD. Está metido nos submarinos, nas obras públicas de Sócrates,
na PT, na privatização da EDP, na Fomentinvest onde Passos Coelho foi director.
É do seu grupo que sai Mário Lino, ministro da economia de Sócrates e é com o
ex-PM que tem a relação mais próxima e cúmplice.
O Estado não é pessoa de bem. Em Portugal, o
Estado não só não é de bem, como é controlado pelos meninos de bem das antigas
famílias, como seus senhorios e pelos betinhos das jotas – muitos deles
enteados do novo-riquismo – como seus senhores. Este fenómeno transversal a
diversas áreas das ciências humanas devia ser estudado nas grandes
universidades francesas, palcos dos mais insólitos estudos sobre o Homem e os
seus devaneios. Só na academia se encontrarão cérebros capazes de explicar a ascensão
deste “Engenheiro” – que nem para isso servia – a São Bento. E se só um
sociólogo pode explicar a ascensão de Sócrates, só um criminólogo pode explicar
o seu governo e a sua travessia do deserto – que mais foi um forrobodó de luxo
financiado, directa ou indirectamente, pelo erário público, à revelia da lei e
da ética. O homem que tentou limpar a comunicação social, afastando Crespo,
José Manuel Fernandes, Moura Guedes, que comprou uma guerra com o Sol e se
lançou em esforços para comprar a TVI. O “pai” da desgraça do Euro 2004.
O homem do betão e das PPP´s, padrinho dos
empreiteiros e das concessionárias que ainda hoje nos assaltam. Mentor do
desgoverno financeiro que nos entregou aos credores, escudeiro do Estado forte,
grande, ineficiente, metediço. Protagonista de um pós-bolivarianismo de tons
ibéricos.
Sócrates foi o último terramoto desde cataclismo que foi o regime nascido da Abrilada. Passos Coelho será, talvez, uma pequena réplica de mau gosto.
Sócrates foi o último terramoto desde cataclismo que foi o regime nascido da Abrilada. Passos Coelho será, talvez, uma pequena réplica de mau gosto.
Mais que o julgamento, nos tribunais, de um
dos homens que nos desgraçou a todos, este é o julgamento, público, do bando de
abutres que nos vem pilhando desde sempre. Daqueles que nos ministérios e nas
empresas defecaram na pouca dignidade que resta à nação, roubando – qualquer
outra palavra é eufemismo – sem eira nem beira, perpetuando-se a si e aos seus
no poder – político e económico. Este é o julgamento de uma terceira via, um
capitalismo de socialistas caviar, um socialismo de capitais desviados. Este é
o julgamento de um modelo de governação assente no compadrio, no suborno, na
coerção, na corrupção aos mais altos níveis da sociedade.
Mas acima de tudo, este é o julgamento de um
país e de um povo que gerou políticos à sua imagem.
Das boleias e quotas pagas nas concelhias por uma conta mistério em vésperas de eleições. Dos clubes de futebol da terrinha e dos terrenos que vão andando de mão em mão. Este é o julgamento do chico-espertismo que tenta sempre passar à frente, no trânsito, na fila da repartição das finanças. Do menino que liga aos amigos do pai por causa daquela vaga na universidade, do pai que liga ao colega do secundário, que agora trabalha na Junta, para dar uma ajudinha ao colega que ficou desempregado. É o julgamento das garrafinhas de whiskey e dos bacalhaus pela consoada, para pagar favores do ano inteiro. Dos exames de condução feitos na marisqueira, dos vistos apressados no consulado, daquela licença para obras agilizada com uma sms ao senhor vereador.
Das boleias e quotas pagas nas concelhias por uma conta mistério em vésperas de eleições. Dos clubes de futebol da terrinha e dos terrenos que vão andando de mão em mão. Este é o julgamento do chico-espertismo que tenta sempre passar à frente, no trânsito, na fila da repartição das finanças. Do menino que liga aos amigos do pai por causa daquela vaga na universidade, do pai que liga ao colega do secundário, que agora trabalha na Junta, para dar uma ajudinha ao colega que ficou desempregado. É o julgamento das garrafinhas de whiskey e dos bacalhaus pela consoada, para pagar favores do ano inteiro. Dos exames de condução feitos na marisqueira, dos vistos apressados no consulado, daquela licença para obras agilizada com uma sms ao senhor vereador.
Mais que o julgamento dos canalhas que nos
governam, é o julgamento dos canalhas que se governam. E em Portugal todos se
tentam governar às custas uns dos outros. O que está aqui em jogo e a reflexão
que se pretende não gira em torno do debate esquerda/direita,
liberalismo/conservadorismo ou este governo é pior que o outro e vice-versa.
Isso são discussões pertinentes, importantes, mas devem ficar para outro dia. O
que está aqui em jogo é a ausência de vergonha que grassa em Portugal e nos
portugueses.
O Zé – não o Sócrates ele mesmo – que é hoje
deputado sem conseguir conjugar um verbo sem calinadas e entender-se com o
sujeito e o predicado podia ser você, caro leitor. Com um pouco mais de esforço
e afinco e se o André que brincava consigo e com os seus primos na casa de
férias não tivesse perdido aquelas eleições, na federação académica ou na distrital.
Se o Carlos, seu cunhado, não tivesse perdido aquela vaga na empresa, que até
costumava fazer negócio com aquele ex-secretário de estado que agora está a
“trabalhar” no ramo. O que o meu caro amigo teve não foi nem a ética nem a
dignidade de cuja falta se acusam os nossos políticos de ter, como se abundasse
na sociedade.
O que o meu amigo teve foi falta de sorte.
Mas não se queixe. Ainda há uns meses conseguiu aldrabar umas facturas para
“meter no IRS”. O empregado da Junta, que pôs a tijoleira lá em casa, deixa-o
sempre estacionar lá o carro. O Mendes da esquadra deu um toquezinho
relativamente àquela multa, mas também ninguém o mandou estacionar num lugar
para inválidos. O meu amigo dê é graças a Deus por ter passado à frente nas
urgências quando lhe deu aquela coisa no ano passado ou quiçá não estivesse
aqui a terminar de ler este artigo. E não tenha vergonha. Todos o fazem. Se não
fosse você, seria outro a aproveitar.
E no que toca a benesses, antes nós que os
outros!”
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Mais razão e menos coração - Um pouquinho de reflexão nunca fez mal a ninguém
Introdução
por João Bugalhão
Dedicado a todos
os que andaram a enaltecer as qualidades “teatrais” da criatura, aqueles que dão
mais valor à forma do que aos conteúdos, àqueles que promovem e defendem “o
estou melhor assim? Ou assim...”, àqueles que só agora viram o que era
evidente, àqueles que não ligaram quando ouviram (em escutas que não são
valorizadas) o amigo vara dizer ao pinto em 2009 “... temos dois anos para sacar tudo o que pudermos”!). Mas
sobretudo, para aqueles que pensam que pinto de sousa está sozinho nesta
bandalheira de que todos somos responsáveis....
De facto os
políticos não são todos iguais, nós, os portugueses, é que somos uns bandalhos.
E muito distraídos...
É legítimo supor
por José Gomes
Ferreira (tirado daqui)
“A propósito da detenção de José Sócrates,
recordo por estes dias vários momentos da vida política do país e do exercício
do jornalismo em Portugal.
5 de
Janeiro de 2009: No final do
primeiro mandato e já em ano de eleições legislativas, o primeiro-ministro
aceita dar uma entrevista televisiva à SIC, conduzida por mim e por Ricardo
Costa. No decurso da conversa tensa, crispada, José Sócrates é confrontado com
um gráfico do próprio orçamento de Estado de 2009, que mostra o verdadeiro
impacto das sete novas subconcessões rodoviárias em regime de parceria público
privada: a conta a cargo do contribuinte é astronómica, mas só começará a ser
paga...em 2014.
A reacção do político é de surpresa
desagradável, de falta de argumentos rápidos, pela primeira vez em muitos
momentos de confronto jornalístico com a realidade das políticas que estavam a
ser lançadas como "as melhores para o país", sem alternativa válida.
Na mesma entrevista, Ricardo Costa questiona o então primeiro-ministro sobre o
verdadeiro impacto da política para o sector energético, que estava a invadir a
paisagem com milhares de "ventoinhas" eólicas. A reacção evoluiu da
surpresa negativa para a agressividade.
No balanço dessa entrevista, boa parte do
país "bem pensante" insurgiu-se contra...os jornalistas. Os nomes que
então nos chamaram estão ainda na internet, basta fazer uma pesquisa rápida. Nesse
ano de 2009, o Governo tinha lançado um pacote de estímulo à economia no valor
de dois mil milhões de euros - obtidos a crédito no exterior porque nem Estado
nem privados tinham já poupança interna suficiente. A maior parte do
mega-investimento foi aplicada na renovação de escolas através da Parque
Escolar. Uma crise decorrente de um brutal endividamento combatia-se com mais
dívida.
No ano anterior, a Estradas de Portugal
tinham visto os seus estatutos alterados por iniciativa do Governo. Passava a
ser uma entidade com toda a liberdade para se endividar directamente, sem
limite. Ao então primeiro-ministro, ao Ministro da tutela, ao secretário de
Estado das obras públicas, perguntei muitas vezes em público se sabiam o que
estavam a fazer. E fui publicamente contestado por andar a "puxar o país
para baixo".
Em 2007, o então Ministro da Economia cedia
por 700 milhões de euros a extensão da exploração de dezenas de barragens por
mais 15 a
25 anos à EDP. Os próprios relatórios dos bancos de investimento valorizavam na
altura esta extensão em mais de dois mil milhões de euros. A meados de 2009
começa a ouvir-se falar do interesse da PT em comprar a TVI. O negócio é
justificado pela administração da empresa como uma necessidade de as operadoras
de telecomunicações, distribuidoras de conteúdos avançarem para o controlo da
produção desses mesmos conteúdos. Por aquela altura, já os casos, dos projectos
da Cova da Beira, da licenciatura duvidosa e das alegadas luvas no Freeport
faziam as páginas dos jornais e aberturas nas televisões.
Por aquela altura, o jornalista e gestor
Luís Marques, dizia-me que era uma vergonha nacional Portugal ter um primeiro-ministro
com indícios de ser corrupto. E que a nível internacional isso também já era
notado. Confesso que apesar das dúvidas que tinha
sobre a condução dos grandes negócios de Estado, achei exagerada a afirmação.
Sublinho a altura em que foi feita - finais de 2009.
O tempo, esse grande clarificador, fez o seu trabalho.
Muitas mais histórias ouvimos desde então sobre a mesma personalidade política. Muitas investigações que já estavam em curso foram aprofundadas; muitas novas investigações foram iniciadas.
Desde há muito que está a ser questionada a
legalidade da atribuição de concessões de barragens por valores irrisórios; que
está a ser investigada a suspeita de favorecimento de decisores no processo das
PPP rodoviárias; que foi investigada e estranhamente arquivada a suspeita de
controlo deliberado da comunicação social através da compra de um grande grupo
de comunicação social por uma empresa do regime; que se continuam a investigar
a razoabilidade dos mega-investimentos em novas escolas e dos pagamentos
avultados a determinados fornecedores...
Outras histórias mal-explicadas, como a da
origem dos recursos para manter multiplicados sinais exteriores de riqueza,
foram correndo o seu tempo e os seus termos, com ou sem intervenção das
entidades de investigação...
O
tempo, esse grande clarificador, faz sempre o seu trabalho.
A suspeita materializa-se agora sob a forma
de detenção e prolongado interrogatório. A imprensa, desde sempre acusada de
conspiração, destapa agora indícios de inquietantes de conluios com recetadores
e correios de verbas muito avultadas.
Só se
surpreende quem não quis ver os sinais.
É legítimo supor que mais investigações
levarão a mais resultados. É legítimo perguntar porque é que no ano 2010
aparecem 20 milhões de euros na conta de um amigo na UBS, na Suíça. E é
legítimo lembrar que em Julho desse ano a PT vendeu a Vivo à Telefónica por
7.500 milhões de euros. E é legítimo imaginar que negócios desse tipo requeiram
"facilitadores".
Face ao que aconteceu na história recente
deste país, é legítimo a um jornalista e a qualquer cidadão interrogar-se sobre
tudo isto e muito mais. E é extraordinário ver que a maior parte do tempo de
debate sobre esta mediática detenção é gasta em condenações à maneira de actuar
das autoridades judiciais.
Como
se fosse dever dos investigadores convidarem o suspeito para uma conversa amena
num agradável bar de hotel, por ter ocupado o cargo que ocupou.
Não, o que está a acontecer em Portugal, com
a queda do Grupo Espírito Santo e de Ricardo Salgado, as detenções de altos
funcionários públicos no caso dos Vistos Gold e a detenção de José Sócrates,
não é uma desgraça: é a Grande Clarificação do Regime, a derrocada do Crony
Capitalism, o capitalismo lusitano dos favores e do compadrio.
É revoltante saber que o Parlamento aprovou
sem hesitar todos os regimes especiais de regularização tributária, os RERT I,
II e III, quando sabiam que a respectiva formulação jurídica iria apagar todos
os crimes fiscais associados à repatriação do dinheiro de origem obscura que
tinha sido posto lá fora. Os deputados foram previamente avisados desse
gigantesco efeito de "esponja" pelos mesmos altos responsáveis
tributários que me avisaram a mim... Os mesmos RERT que passaram uma esponja
sobre as verbas de Ricardo Salgado e as do receptador agora identificado no
caso do ex-primeiro Ministro.
Sim,
o Parlamento continua lamentavelmente a ser a mesma central de interesses.
Mas há esperança. Tal como o país está a
mudar, o Parlamento também há-de mudar. A nós, cidadãos e jornalistas, assiste
o direito de fazer perguntas, face a sinais estranhos que alguns políticos
insistem em transmitir.
Face
a esses sinais, é legítimo supor.”
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
Isto é o que se chama uma “valente” tareia...
Não gosto de
Paulo Portas, e não me estou a ver defendê-lo, seja no que for. Mas esta sua correligionária
tem “pêlo” na venta. A "papagaia" Ana Gomes deve ter ficado 3 dias de cama, com
muito gelo, primeiro, e hirudoid, depois...
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Reflexão do dia (1)
Instituto da Segurança Social vai “dispensar” 700 Funcionários no país, no distrito de
Portalegre serão 22 os dispensados (*) de quem dependerão muitas famílias; os sindicatos estão com algumas dificuldades para
arranjarem 4 000 assinaturas para enviar o caso à discussão na Assembleia da
República.
(*) - Segundo a Rádio Portalegre "A UGT Portalegre denunciou hoje que 34 trabalhadores do Centro Distrital de Portalegre da Segurança Social foram notificados através de carta de que vão ser colocados no regime de requalificação. De acordo com o presidente da UGT Portalegre, Chambel Tomé, os 30 assistentes e 4 educadores, vão ser sujeitos a um processo de selecção, para apurar os 22 trabalhadores que passarão para o regime de requalificação.
O processo, que deverá estar concluído até 18 de Dezembro, prevê que os trabalhadores seleccionados, recebam 60% do salário no primeiro ano e 40% nos restantes anos, tendo como remuneração mínima durante este período o Salário Mínimo Nacional. Em declarações à Rádio Portalegre, Chambel Tomé, disse discordar desta decisão governamental, argumentando que “o que está em causa é a extinção de postos de trabalho”. O dirigente sindical referiu ainda que a redução do emprego no Alto Alentejo vem “aumentar a precariedade e a desertificação”.
Em contrapartida, Cão morre em Campo Maior (dizem que à fome), já são mais de 20 000 as assinaturas a pedir o julgamento judicial do dono, ao abrigo da nova lei dos maus tratos animais!
Em contrapartida, Cão morre em Campo Maior (dizem que à fome), já são mais de 20 000 as assinaturas a pedir o julgamento judicial do dono, ao abrigo da nova lei dos maus tratos animais!
Ok, bate tudo
certo...
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
A pouca vergonha nacional: Ao menos os “chinocas” da EDP já pagaram
Nota prévia: Qual será a opinião do PS,
PCP e Bloco? Até agora não lhes ouvi uma palavra! Mas a julgar pelo histórico
de estarem sempre no campo oposto ao governo, ainda os hei-de ver o tomar
partido pelos monopolistas da REN e GALP!!!!
Peço à Galp e à REN que façam um grande
favor aos contribuintes
Por José gomes
Ferreira
"Exmos. Srs.
Presidentes executivos da Galp e da REN, Engenheiro Ferreira de Oliveira e Dr.
Rui Vilar:
Peço-vos encarecidamente que divulguem, o mais
rapidamente possível, os pareceres jurídicos que vos levam a não pagar a
contribuição extraordinária sobre o sector energético de 2014.
Será um grande favor e um verdadeiro serviço público, que
farão a todos os contribuintes portugueses.
Os juristas que trabalharam para as vossas empresas,
pagos a preço de ouro, são, certamente, grandes especialistas. Tão bons
especialistas que conseguem arranjar argumentos para não cumprir uma lei da
República, a Lei do Orçamento do Estado de 2014, onde o imposto extraordinário
está previsto.
Por favor, divulguem esses pareceres para todos nós,
contribuintes portugueses, podermos deixar de pagar a sobretaxa de IRS ao
Estado. Sabem, é que os contribuintes normais não têm possibilidade de pagar
estudos desses. E certamente que os argumentos invocados para não pagar a
sobretaxa de IRC, são certamente utilizáveis para nós não pagarmos a sobretaxa
de IRS. Basta copiá-los.
E sabem, cada um de nós até tem muito mais autoridade
moral para utilizar esses pareceres e não pagar a sobretaxa de IRS do que as
vossas empresas. É que, quando nós instalamos um pequeno negócio, não temos à
partida uma rentabilidade garantida dos capitais investidos como a REN tem garantido
por lei; e não temos a possibilidade de andar anos a fio a vender gás natural
nos mercados internacionais e encaixar 500 milhões de euros de mais-valias, por
os contratos de abastecimento terem condições vantajosas, enquanto os
consumidores portugueses continuam a pagar o gás nas suas casas a preço de
ouro, como fez a Galp Energia.
De facto, a crise quando nasce não é para todos.
A pouca vergonha e a falta de decência chegaram a um
nível inimaginável no meu País. E têm carimbo de eficiência dado pelos
melhores advogados portugueses." (Eu assino por baixo)
terça-feira, 18 de novembro de 2014
Mais de 50 000!
Este pequeno
espaço de reflexão pessoal - Retórica bugalhónica,
ultrapassou por estes dias a bonita cifra de 50 000 Visitantes, como se pode ver no contador aqui no lado direito. Um número
redondo, que me dá orgulho alcançar. Embora este Blogue tenha cerca de 8 anos,
estes números devem-se, sobretudo, aos últimos 4 anos, já que nos primeiros 4 anos, a coisa esteve em mera gestação. Foi a partir de Outubro de 2010 que aqui
passei a publicar regularmente, após o abandono do outro projecto colectivo em
que participava, o Fórum Marvão.
Gráfico 1 – Evolução do número de
visitantes da Retórica bugalhónica 2006
- 2014
Fonte: Estatísticas Blogger
Servindo-me este espaço como forma de comunicar com o mundo, sobre as minhas reflexões pessoais, onde a prioridade é dada às coisas públicas como a política, a economia, o desporto, a música, etc., quer a nível nacional ou muito virado para o meu concelho de Marvão, é sempre com satisfação que constatamos que temos algum eco do lado de lá. Aqui, esse eco, é-me dado pelas pessoas que por aqui passam.
Não tenho a aspiração
de agradar a todos, não é da minha personalidade. Nunca fui de grandes
consensos, bato-me por causas em que acredito, gosto de roturas, e creio,
francamente, que são elas que ajudam à mudança. Sei por isso que muitos aqui vêm
apenas para coscuvilhar, reprovar, ou discordar, mas este espaço recebe todos.
Pena é que não venham à discussão, ao contraditório, com educação e civismo,
quem sabe senão podíamos contribuir para o mundo “avançar”.
Ao longo destes
8 anos aqui publiquei 560 artigos, que mereceram 341 comentários dos
visitantes. O pico de visitantes aconteceu em Outubro de 2012 com cerca de 3
700 visitantes, numa média de 120 visitantes por dia. Mas no compute geral a média
ronda os 60 visitantes/dia, aos quais aqui deixo o meu reconhecimento por aqui
virem.
Os 5 Posts mais
visitados de sempre foram os seguintes:
- Coisas muito feias (1) – Dezembro de 2013
- Post para omeu amigo Pedro Sobreiro – Fevereiro de 2013
- Coisas muito feias (3) – Fevereiro de 2014
- Coisas giras vistas por aí (12) – Novembro 2013
- Memórias dodia 22 de Janeiro de 1974 – Janeiro de 2014
Oxalá por aqui
ande mais 8 anos que, o tempo, nunca pára! E isto de projectos, o mais difícil não é criá-los, mas sim mantê-los. Oxalá a meta dos 100 mil visitantes possa
ser alcançada, será sinal que a “casa” continua a ter interesse.
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