Quando há cerca
de 3 semanas aqui publiquei alguns dados sobre Indicadores Económicos no
concelho de Marvão, alvitrando que este concelho é dos mais pobres do
distrito de Portalegre, e um dos mais pobres de todo o país, logo se levantaram
vozes, as do costume, questionando esses números, sem que no entanto, alguém
apresentasse dados que contrariassem aquilo que escrevi.
Tenho para mim
que muitas destas vozes, pertencentes e oriundas, na maioria das vezes, a quem
ocupa o poder em Marvão (formal e informal), se devem à sua própria ignorância,
característica de quem vive isolado “atrás das serras”, com pouco contacto com
o exterior, cuidando, em alguns casos, que são os melhores do mundo, por tão
pouco serem contestados. Esta tese confirma-se, como apresentei noutro
Post, devido a algum deficit de conhecimentos, e aos baixos níveis de literacia do concelho (só 18% da população tem o
Ensino Secundário ou mais), também dos mais baixos do distrito e do país.
Esta situação é
tanto mais grave, quando não é reconhecida pelos líderes e responsáveis
concelhios, para que, a partir daí, possam implementar políticas e estratégias
com vista a alterar esta conjuntura. Por outro lado, a própria oposição política
do concelho, parece não estar preocupada com esta situação, o que os torna tão
responsáveis quanto o poder e, simultaneamente, cúmplices.
Nem a propósito, fui hoje alertado pelo Fernando Bonito, para um artigo no Jornal de Negócios,
que podem consultar aqui, que coloca Marvão
no lugar 245º, no universo dos 308 concelhos do país no que toca ao
Indicador “Poder de Compra”, com um
valor “per capita” de 61.23 da média nacional que é 100. Este
dado confirma, tal como eu já tinha afirmado aqui, que é o mais baixo de todo o
distrito de Portalegre, e só meia dúzia de concelhos abaixo do Tejo apresentam
valores mais baixos.
Em Portugal só
63 concelhos têm pior “Poder de Compra”
que Marvão (sendo que 10 são nas ilhas). Nos concelhos limítrofes de Castelo de Vide e Portalegre, esse
Indicador é, respectivamente, de 76,08 e
102,01, valores nitidamente superiores, portanto não pode ser só uma questão
da interioridade.
Isto na prática quer dizer que, enquanto em Castelo de Vide se têm 76 euros para gastar, ou em Portalegre 102 euros, Marvão apenas tem 61 euros; e, se compararmos com Lisboa, enquanto Marvão tem 100 euros para gastar (comprar), Lisboa tem 350 euros. Significativo, não?
Isto na prática quer dizer que, enquanto em Castelo de Vide se têm 76 euros para gastar, ou em Portalegre 102 euros, Marvão apenas tem 61 euros; e, se compararmos com Lisboa, enquanto Marvão tem 100 euros para gastar (comprar), Lisboa tem 350 euros. Significativo, não?
Aqui fica, mais
uma vez, o diagnóstico de uma situação que deveria estar na ordem do dia, para
governantes e governados, esperando eu, que se dignem a tê-la em conta.
A bem de Marvão.
1 comentário:
boa noite,
enquanto todos os principais interessados se mantiverem de constas viradas, como é o caso da manutenção absurda do funcionamento de duas escolas neste concelho, penso que muito pouco se alterará na linda terra de Marvão....
E claro também existem alguns "letrados" possuidores de canudos, que continuam a afirmar que a qualidade de vida que têm no Concelho é ELEVADA...
Será que vivem felizes pelo ar puro, muralhas fortes e por vezes inundadas de "rapas", tanque a que chamam piscina municipal, "camionetas" para a capital de distrito com horário igual ao de 40 anos atrás...
Ficarei feliz por eles...respeito muito a sua concepção de qualidade de vida...
Obrigada pelas estatisticas...para um marvanense distanciado do seu território natal, é sempre "útil" observar o "modo de vida" dos atuais residentes... Partilho da ideia que as estatísticas valem o que valem...não deixam de nos fazer "questionar"...
Atuar assertivamente neste país virado ao contrário...só se as mentalidades mudarem...o que leva mesmo muito tempo, décadas...séculos...milénios...
Enviar um comentário