sexta-feira, 30 de agosto de 2013

No mundo dos cínicos e dos gajos que nos comem por parvos...


Cinismo 1:

Nota de interesses: Não gosto do Tribunal Constitucional (TC), mas respeito-o. Não estou minimamente de acordo com as suas últimas decisões, mas percebo-as!

Vi ontem 2 papagaios do meu Partido (Paulo Rangel e Marco António Costa), daqueles por quem tenho pouco apreço, referirem-se, contrariados, com as últimas decisões dos senhores doctores juízes do TC, referindo que estão a por em causa medidas do governo fundamentais para a resolução de problemas que há muito deveriam estar resolvidos.

Claro que sei que aquela rapaziada do ratton andou a dormir, ou distraída, em tempos atrás, quando os “perigosos liberais” ainda não tinham tomado conta coisa, e os bondosos socialistas estavam: sempre, sempre ao lado do povo. Mas o que os ditos fizeram agora, e têm andado a fazer ultimamente, é aplicar as leis que Paulo Rangel, Marco António Costa, e toda a outra cambada que tem passado pelo são bento, têm feito ao longo de 4 décadas e, para as mudar, ainda não vimos qualquer tentativa séria por parte daqueles que dizem representar o povo português. 30 anos pelo menos, meus caros, não houve tempo?

Então os bacanos (Paulo Rangel e Marco António Costa), se eu for apanhado a viajar a 150 km/hora, e um qualquer juiz me condenar, também acham ilegal? Se é para andar a 150 têm que mudar a lei!

Vejam lá mas é se dessa casota saem leis de jeito para que os gajos do direito as apliquem, e deixem-se de cinismos. Ou as Leis que vocês fazem não são para aplicar?

Cinismo 2:

Comparando com a estórea supra, apetece-me contar mais esta, passada na última Assembleia Municipal (AM) do meu concelho de Marvão (onde mais uma vez, o Presidente e Candidato, Luís Catarino, não esteve presente):

Existe um Regulamento de Funcionamento da AM, denominado “REGIMENTO”, e está inalterável há mais de 10 anos. Com ele já se fizeram mais de 50 Assembleias, com 3 Presidentes de Mesa diferentes, e existem lá pessoas que estiveram presentes em todas, pagas a 50 euros cada uma. Mas tenho a certeza que muitas, nunca lhes passou pela cabeça lerem e conhecerem a Lei que os rege. É triste mas é verdade.

Mas se isto é lamentável por parte daqueles que foram eleitos, através do voto, para zelar pelos interesses dos marvanenses; a coisa ainda se agrava, quando os prevaricadores são aqueles que dirigem esse Órgão máximo da comunidade marvanense: estou-me a referir à Mesa da AM (desta vez presidida por Hermelinda Carlos); e àqueles que elaboraram esse mesmo Regimento (desta vez a quem secretariou a AM o Sr. Manuel Lourenço); não respeitar regulamentos (leis) que nós próprios criamos ou temos obrigação de conhecer (ou pelo menos ler), é inadmissível, e revela uma falta de ética e de rigor (para não adjectivar de outra forma) a todos os títulos censurável.

Minha cara 1ª Secretária e Presidente Substituta da AM de Marvão:

1 - O Período de Intervenção do Público deve existir em todas as AM, independentemente de serem Ordinárias ou Extraordinárias (nº2, do Artº 16º);

2 – Os pontos da Ordem do Dia devem ser apreciados e votados pela AM (nº1, do Artº 18); e perante uma proposta de alteração à ordem desse pontos, deverá ser a AM a deliberar e não o seu Presidente (parece elementar);

3 – A Mesa da AM só tem 3 Membros: Presidente, 1º Secretário, e 2º Secretário (nº1 do Artº 3º). Logo, o Presidente da Câmara não pode, e não deve, estar sentado a seu lado, como se de um Membro da Mesa se tratasse, até porque o Presidente da Câmara não pertence à AM.

4 – É inadmissível que a senhora autorize a entrada de Membros da AM atrasados, a meio de votações, ou depois delas, e esse Membro diga: Sim, eu cheguei tarde, mas abstenho-me; ou então eu como cheguei tarde abstenho-me!!! Também não pode admitir que Membros saem a meio das Sessões, sem darem conhecimento púbico à AM e à Mesa. Isso não é um “café” nem uma “tasca”.

5 – Durante a Sessão da AM apenas quem pode participar nela são: os seu Membros, o Presidente da Câmara, ou o seu substituto legal; os Vereadores a pedido do Presidente da Câmara, ou no final, para “defesa da honra”; e o Público no período para tal reservado. Ter um Técnico, que não pertence à AM, que intervém constantemente nas discussões (não pede a ninguém para intervir), corrigindo e entrando em confronto com os Membros da AM, é admissível e ilegal (qualquer estudante de direito do 1º ano explicará isso), a não ser que, a senhora me diga qual é o Artigo do dito Regimento que permite tal afronta (calma senhor Manuel Lourenço, não tenho nada contra si, antes pelo contrário, e, a responsabilidade não é sua, nem é o senhor que está em causa, mas tem que se moderar, ou então submeter-se ao voto popular).

Quando voltar a outra AM espero ver rectificados estes erros crassos. Se o Tribunal Admirativo for como o Constitucional, deve estar deserto de saber destas coisas.  Isso é um Órgão representante dos marvanenses, e não o cabaré da coxa...           

Pequenos lapsos todos temos, devemos reconhecê-los, e pedir desculpa com humildade. Dar “murros na mesa”, por falhas alheias, e depois cometer falhas constantes, graves, e arrogantes: é inadmissível! As Leis e os Regulamentos foram feitos para serem cumpridos, por quem dirige e por quem é dirigido.

Isto ainda é um Estado de Direito: digo eu!

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Associativismo e Pseudo Associativismos...

Para o triunfo do mal só é preciso que os homens bons nada façam.
Edmund Burke

Mais uma vez as minhas desculpas por este desabafo em tempo pré eleitoral (mas estou-me nas tintas para isso das eleições), mas como já disse no outro Post, não sou eu que escolheu o tempo, e como disse atrás: quando o burro cai é que se lhe dá com a arreata...

Sobre “Terras de Marvão”: - Associação de Desenvolvimento Local

Sejamos claros, estas associações denominadas por alguns executivos do Poder Local, como “instrumentos ou ferramentas” essenciais para se levar a cabo algumas iniciativas que a lei não lhes permite, ou que o poder central lhes cerceia; não passam, na prática, de verdadeira promiscuidade, compadrio, algum caciquismo, e mecanismos de caça ao voto (para não falarmos de corrupção), sobretudo em autarquias mais pequenas. E um forte veículo, para determinados senhores, dominarem pessoas em situações difíceis, e se perpetuarem no poder.

Algumas destas “associações fantasma”, nunca partiram das mais elementares necessidades associativas, pois não têm sócios, logo, nunca deveriam ser denominadas e aceites como tal. Estas organizações, aparecem na orla dos poderes executivos de algumas Câmaras Municipais, quase sempre presididas por autarcas, na maioria das vezes vereadores municipais ou presidentes de Junta (quase sempre os seus únicos constituintes). Nunca tiveram Assembleias Gerais de associados, nunca tiveram Corpos Gerentes eleitos de acordo com o CPA e/ou Regulamentos do Associativismo, não têm Receitas de Quotizações, as suas Sedes e instrumentos de trabalho são, quase sempre, de propriedade municipal, e as suas Receitas provêm exclusivamente de subsídios municipais ou verbas de pseudo protocolos em que os participantes (outorgado e outorgante) são a mesma "pessoa", ou parentes.

Em Marvão existem duas coisas destas actualmente: - As Terras de Marvão e a Associação Cultural de Acção Social de Marvão (ACASM). Que eu me recorde, os dirigentes destes tais “instrumentos”, ao longo dos tempos, foram quase sempre, e só, autarcas: Luís Murta (?), Madalena Tavares, Pedro Sobreiro, José Manuel Pires, Luís Vitorino, Manuel Joaquim Gaio e Tomás Morgado. Alguém conhece outros nomes (sócios) ligados a estas organizações?

Sei, como toda a gente que esteve ligado à primeira candidatura de Vítor Frutuoso sabe, o que ele pensava antes de ser eleito sobre uma tal - Associação Cultural de Acção Social de Marvão (e ainda na última AM, num comportamento que roça o cinismo, teceu algumas palavras nada elogiosas para a dita): que era acabar com ela imediatamente, ou dotá-la de Corpos Gerentes a sério, e uma verdadeira Associação. No entanto, passados 8 anos, ainda nem só não a extinguiu (não me diga, como de costume, que a culpa é do seu antecessor, ou será já do seu vindouro?), como patrocinou o aparecimento de outras, tão manhosas como aquela, entre as quais se inclui: a denominada “Terras de Marvão” - Associação de Desenvolvimento Local.

Na última Assembleia Municipal, e pela primeira vez, o Executivo Camarário, levou para discussão e votação, um “tal Protocolo de Colaboração” com a dita, que tem em vista permitir a contratação de uma Técnica por essa “associação (quando já por lá andam dezenas de outros colaboradores e nunca precisaram de autorização da AM), para realizar serviços para a Câmara; em que os poderes públicos (diga-se CM de Marvão) se comprometem, a transferir as verbas suficientes para custear os honorários dessa Técnica. Para além da autarquia dar também instalações e respectivo materiais de trabalho.

Não irei aqui discutir a necessidade ou contributos dessa Técnica (parece que até é importante, pelo trabalho que já vinha desenvolvendo enquanto contratada pela autarquia). Não conheço, e não é esse objectivo desta reflexão (mas sei que essa vai ser leitura de alguns, porque é o que interessa aos de mau carácter, ou aos “cordeiros com dentes de lobo”, desviar estas discussões para a área pessoal). O essencial aqui, é dar a conhecer aos marvanenses, analisar e lançar a discussão sobre este tipo de organizações duvidosas, que se prestam a interpretações diversas e envergonham o restante movimento associativo e, porque andam na margem da Lei estarão sempre ao sabor de quem as gere, e, todos sabemos, como são as práticas democráticas tradicionais em Portugal.

Outra questão que também se coloca é a de saber se, estas “associações” serão mesmo as tais “ferramentas” necessárias? Se sim, que sejam claras, e os seus promotores as dotem dos mecanismos das verdadeiras Associações. Francamente, associações sem sócios e sem Corpos Gerentes durante anos e anos, são uma “fraude” ao espírito do associativismo, não deveriam ser permitidas por Lei, e muito menos, patrocinadas por representantes do poder democrático eleitos pelo voto popular.

Durante esta última AM, teve ainda o Presidente da Câmara Municipal de Marvão, a ousadia de desafiar, e incentivar (ou implorar), aos presentes a fazerem-se sócios dessa “associação”, e assim, possibilitarem no futuro, eleger corpos gerentes a sério! Então, mas ó senhor Presidente, o senhor e os seus correligionários que andaram a “apadrinhar” Listas concorrentes a outras Associações (A Anta, o Lar do Porto da Espada e o Lar de São Salvador da Aramenha), quando aí havia outras Listas alternativas, não conseguem em 8 anos, arranjar uma dúzia de valentes, e patrocinar Corpos Gerentes para essa duas “associaçõezitas”? E outra perguntinha de algibeira: O senhor está muito altruísta ao levar este assunto à Assembleia Municipal (pois não tinha que o levar, como sempre fez em situações idênticas), ou o que pretende é comprometer e usar no futuro a legitimação pelos Membros da Assembleia Municipal, dessa pseudo associação?

E por fim, que pensará o Governo Central e o PSD que o suporta, e de quem o senhor é militante, quando se vê “fintado”, através destas manobras para ludibriar as Leis do “tal” Estado que o senhor representa, marcando “golos” na própria baliza? Não acha que se fosse para ter essas despesas não era necessário existir uma Lei limitativa à contratação de funcionários? Ou não existiriam directrizes para acabar com esta falcatrua das Fundações, Empresas Municipais, e estas Associações fantasma, que têm contribuído para arruinar o país nos últimos 30 anos, e que mais não são que o fruto da “xico- espertice” à portuguesa?

Haja alguma coerência, lucidez e algum tino....

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A peça que faltava...


Como já aqui escrevi, no último inverno e durante cerca de 4 meses, dediquei algum do meu tempo a investigar alguma da história da minha família e do apelido Bugalhão.

Algumas das conclusões a que cheguei foram de que esta família será, certamente, uma das famílias mais tradicionais do concelho de Marvão. O apelido Bugalhão existirá há cerca de 250 anos, o primeiro registo que encontrei é de 1794, num meu antepassado de nome José Gonçalves Bugalhão, que por essa data já tinha cerca de 40 anos de idade.

Os antepassados deste José são oriundos, pela parte paterna, de Alpalhão e ostentavam apelido Toureiro (desde que existem registos em Alpalhão, no século XVII, que aí existem registos deste apelido); e pela parte materna ostentavam o apelido Serrano, oriunda do concelho da Guarda, freguesia da Arrifana (o seu apelido de origem terá sido Fernandes, mas ao chegarem ao concelho de Marvão terão sido apelidados de “serranos” por serem da zona da Serra da Estrela), no século XVIII este apelido é um dos mais frequentes em todo o concelho de Marvão, resultado de algum processo migratório e de povoamento no concelho.

Da junção destes dois apelidos terá resultado José Gonçalves Bugalhão, nascido em 1754 e falecido em 1810. Tratado em diversos registos pelo apelido Bugalhão, mas também tratado em outros por José António Toureiro, ou José Gonçalves Serrano. Este tratamento por vários nomes era frequente por essa época, em que não existiam documentos identificativos individuais, e a passagem de apelidos faziam-se por via oral.

Subsiste assim a dúvida sobre a origem do apelido Bugalhão.

Esta família, de acordo com os registos, terá sido uma família tradicional de Moleiros no Rio Sever, e terão habitado e vivido na maioria dos Moinhos a jusante da Portagem, mas sobretudo na zona da Ponte Velha, freguesia de Santo António das Areias.

A partir da segunda metade do século XIX todos os descendentes masculinos ostentam o apelido Bugalhão, e os registos referem ser descendentes de um tal João Gonçalves Bugalhão, que faleceu em 1837, que teve 2 casamentos (Joana da Conceição e Cândida Rosa), e 12 filhos; dos quais apenas é conhecida descendência a Francisco nascido em 1821. No entanto o seu registo de baptismo não tinha sido encontrado. Essa peça fundamental, tinha-me deixado algum vazio, e mesmo deixado algumas dúvidas. Chegando mesmo a alvitrar se o dito João não teria nascido Joaquim (registo encontrado), e mais tarde mudado o nome para João!

Mas não, os padres de então eram artistas (apesar dos almudes de vinho que se faziam cobrar e dos trintários de missas que cobravam, e com que presenteavam as almas para que entrassem nos reinos dos céus). Por incrível que pareça, com tão parcos meios que dispunham, a eficácia é, às vezes, assombrosa. E foi assim, e mais uma vez, que quando hoje recebi uma comunicação do incansável Fernando Mota, questionando-me se tinha chegado a encontrar o Assento de Baptismo do meu homónimo, que imediatamente pensei: - Fechou-se o ciclo, o Fernando encontrou o que eu ainda não tinha conseguido!

E era verdade, bate tudo certo, afinal João tinha nascido mesmo em 1783 e registado com esse nome. Joaquim era apenas seu irmão mais novo (1787), e que deve ter morrido criança. Aqui fica o dito registo para memória futura, com um muito obrigado ao Doutor Fernando Mota.     

Figura 1 - Assento de Baptismo de João


Fonte: Registos paroquiais da Freguesia de Santa Maria de Marvão


Figura 2 - Árvore de Costados da origem da Família Bugalhão actualizada


(Clicar sobre as imagens para ver melhor)

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Recordar Carlos Paião...


25 anos depois: Quando se tem valor nunca se morre...




Eles são duas crianças a viver esperanças, a saber sorrir, ela tem cabelos louros, ele tem tesouros para repartir, numa outra brincadeira passam mesmo à beira, sempre sem falar, uns olhares envergonhados e são namorados sem ninguém pensar.

Foram juntos outro dia, como por magia, no autocarro, em pé, ele lá lhe disse, a medo: "O meu nome é Pedro e o teu qual é?" Ela corou um pouquinho e respondeu baixinho: "Sou a Cinderela".
Quando a noite o envolveu ele adormeceu e sonhou com ela...

Então, bate, bate coração, louco, louco de ilusão, a idade assim não tem valor.
Crescer, vai dar tempo p'ra aprender, vai dar jeito p'ra viver: O teu primeiro amor.

Cinderela das histórias, a avivar memórias, a deixar mistério, já o fez andar na lua, no meio da rua e a chover a sério, ela, quando lá o viu, encharcado e frio, quase o abraçou, com a cara assim molhada, ninguém deu por nada, ele até chorou...


E agora, nos recreios, dão os seus passeios, fazem muitos planos, e dividem a merenda, tal como uma prenda que se dá nos anos e, num desses bons momentos, houve sentimentos a falar por si, ele pegou na mão dela:
"Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Coisas giras vistas por aí (6)

Hoje deu-me para aqui...



(Ver ecrã inteiro)

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

“Madrugada Suja”...

Não lia um livro numa semana desde os meus 20 anos, quando por essa época, há luz de um candeeiro a petróleo, e após um acidente de motorizada que me partiu um pé, devorei o Mandingo de Kyle Onstott. O Mandingo era uma história passada nos States, tratava da escravatura dos pretos nessas paragens, numa plantação do Alabama, onde o “avantajado” escravo Ganimedes acaba cozido e assado (qual joão ratão) num panelão, após ter ele mesmo “comido” a filha branca do patrão. Um argumento perfeito para apaixonar um jovem, então de esquerda, e o acicatar na sua raiva aos americanos imperialistas.

Pois por estes dias, bati esse recorde, ao ler a “Madrugada Suja” de Miguel Sousa Tavares (MST): apenas 4 dias.

Quando me emprestou o livro, logo o amigo Fernando Bonito me avisou, que se tratava de um argumento que, quando o iniciasse, não conseguiria mais parar! Duvidei, sobretudo, devido a uma preguiça crónica que me vem acompanhando ultimamente.

Já havia lido do MST o livro, possivelmente, mais lido em Portugal nos últimos anos - O Equador, que apesar de ser uma intriga bem montada, com um enquadramento histórico que me aliciou, e de ter ficado uns tempos a remoer as traições aí relatadas, só me voltei a lembrar dele quando a TVI apresentou a série correspondente, mas aí, muito mais focado na belíssima banda sonora de Rodrigo Leão, e nas belas fotografias exibidas: quer as paisagísticas, quer as humanas!

Para um leitor apaixonado por Saramago, Lobo Antunes, ou José Cardoso Pires, ler Miguel Sousa Tavares, em termos literários é assim como quem passa da música clássica ou do “jaaz”, para a chamada música pimba, ou um confronto Camilo/Eça do século XIX. No entanto, cuidado, isso apenas no que toca a uma análise literária. Porque no resto, em termos de criatividade, de enredo, de intriga real, de traições, e de actualidade, o Miguel é um “mestre”.

Neste livro ele pega na vida de várias personagens (possivelmente reais) que atravessaram o século XX até aos nossos dias, as suas vivências e visões diferentes do tempo e do espaço onde vivem (o campo e a cidade, o urbano e o rústico, o interior e o litoral), a simplicidade com que as descreve (sobretudo as femininas, sem ser ter medo de ser acusado de machista, pois não parece sê-lo), a forma sucinta, clara e global como descreve os acontecimentos sociais e políticos de quase um século; e como tudo isto conflui para um problema que ele quer denunciar, com grande actualidade nos nossos dias: as chantagens do poder,  a corrupção, e a política num regime que se diz democrático.

Miguel Sousa Tavares é daquelas personalidades que, ou se gosta ou se odeia (como eu me revejo nele). Quem ouve os seus comentários nos meios de comunicação, parece arrogante, vaidoso,  distante, e agressivo; mas no fundo eu acho que ele é um homem simples e sensível, mas com uma opinião própria e independente. Não é habitualmente um troca-tintas, como a maioria dos seus congéneres comentadores televisivos, que estão ali apenas para dizerem o que os espectadores querem que se diga: num dia são brancos no dia seguinte são pretos; mas o que eles são, efectivamente, é cinzentos, ou pior, "cinzentões"; verdadeiros cata-ventos para agradarem aos seus mandantes e ganharem a vida à custa da ingenuidade alheia. MST não, o que é branco é branco, se for preto não trata por “negro”.

Claro que há quem não goste: é muito agressivo! Ai credo, satanás. Mas quem quiser conhecer MST, ou terá de ser pessoalmente, ou nos seus livros onde ele se mostra. E em “Madrugada Suja”, MST dá forma aos seus heróis: os humildes e os corajosos, e descreve de uma forma simples mas real, muito do que arruinou Portugal nos últimos 40 anos.

Para quem como eu, teve oportunidade de viver alguns acontecimentos idênticos aos do livro: mentiras, traições, chantagens, sacanices, vitórias dos poderes ocultos sobre a razão, não pude deixar de apreciar esta obra. Quase sempre emocionado e com lágrimas nos olhos, que frequentemente, me fizeram interromper a leitura (a coisa às vezes é dura, mas muito real) senão, o recorde de tempo da leitura ainda seria maior.

Como eu gostava de ter sido Tomás da Burra: o homem íntegro que nunca saiu de Medronhais, o homem que nunca viu o mar, que criava, falava e amava as suas plantas e os seus animais apenas para se servir deles, quando deles precisasse, que criou o seu neto como de filho se tratasse, mesmo que o não fosse; como eu admirei a coragem da avó Filomena: mulher sem saber ler ou escrever, mas uma verdadeira sábia no que toca às relações humanas e a arte de saber calar, uma mulher coragem; como eu gostava de ser o Filipe: o Arquitecto criado no campo, que não cedeu a chantagens e teve a coragem de enfrentar o “poder” e a corrupção (nem que os chantagistas fossem os poderosos, e um dos corruptos fosse o seu próprio pai biológico); como eu apreciei Eva (ou a Procuradora Maria Rodrigues): que poderia ter perdido tudo numa noite de simples bebedeira de adolescente, mas que lutou durante 5 anos agarrada a numa cadeira de rodas e, quando podia ter cedido à facilidade de se vingar de um dos seus possíveis “violadores”, aceitou os seus instintos de “mulher”, e chegou à verdade.

Mas, o que eu gostava Miguel: era de escrever como tu, mesmo que literatura não fosse! Escrever a “minha” história, e denunciar publicamente a patranha que também um dia me armaram, e que até hoje carrego como algo mal resolvido. Pelo menos nomes das personagens já não me faltam: o Zé Morcego, a Genoveva (a bruxa gorda), a Dona Maria Quixote (a bruxa má), o dr. Camponês, a São Imaculada, o Manuel dos Canchos, O Zé Almirante de Meia-Nau, as Irmãs Tramelita e Catatua, o Chico Regedor, o Frei Macacos, o Maioral das Cortiças, etc., etc. Quem sabe, talvez um dia....

Vou agora reler com mais calma. Talvez para apreciar melhor a escrita e alguns pormenores, que volto a referir, sem ser uma grande obra literária (na minha modesta opinião), quem gostar de ler, não perca: “Madrugada Suja”.

Obrigado ao Miguel....       

Coisas giras vistas por aí (5)

Preparem-mo-nos Benfiquistas: esta será a imagem de marca 2013/2014.



Foto de Luísa Bugalhão

terça-feira, 20 de agosto de 2013

"Quando o burro cai é que se lhe deve dar as pancadas..."

Ter razão antes do tempo, às vezes é uma chatice! Um Poder que não aproveita essas pessoas é parvoíce...

"Livre não sou, que nem a própria vida mo consente. Mas a minha aguerrida teimosia é quebrar dia a dia um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade!. Trago-a dentro de mim como um destino. E vão lá desdizer o sonho do menino que se afogou, e flutua entre nenúfares de serenidade, depois de ter a lua!"


(Miguel Torga)



Nota explicativa: Espero, com este artigo, não estar a participar ou influenciar as actuais eleições autárquicas em Marvão. Não quero participar, não me revejo em qualquer das candidaturas, estou fora, e fora quero continuar. Se escrevo este artigo agora, não fui eu que escolhi o tempo, a escolha foi do actual executivo ao enviar-me uma – Nota de Impressa sobre a decisão da venda de Lotes em SA das Areias, 8 dias antes do próximo acto eleitoral de 29 de Setembro! Por isso, é agora o tempo. 

Há cerca de 15 anos atrás embarquei (ou abracei) num Projecto político local no meu concelho. Fi-lo por paixão e convencido, que através da minha participação, poderia contribuir para a melhoria das condições de vida no meu concelho, comunidade em que me encontrava integrado.

Durante mais de 10 anos em que estive envolvido nesse Projecto, procurei dar o melhor de mim mesmo, quer dentro da estrutura partidária em que me encontrava (o PSD), quer nos cargos para que fui eleito, influenciando com os meus conhecimentos e experiências de vida, aquilo que me parecia ser o melhor para Marvão. Nunca ambicionei, nem exigi, e muito menos me pus a jeito, para tirar daí qualquer dividendo pessoal, familiar ou outro, e como mostra a história, isso aconteceu: tal como entrei assim saí, ou seja pelo meu pé e de mãos vazias.

Deixei todos os cargos há cerca de 2 anos, em rotura de base com algumas das decisões políticas de então, dos órgãos executivos desse Projecto: Concelhia de Marvão do PSD; e executivo da Câmara Municipal liderada por Vítor Frutuoso. As razões podem ser relembradas aqui. Mas, resumidamente, foram as seguintes:

1 - Desacordo com o endividamento da CM de Marvão: Tinha-se herdado em 2005 uma dívida de 650 mil euros, eu próprio já tinha votado aumentos até 1,8 milhões; e naquela altura o executivo queria pedir mais cerca de 800 mil euros, que totalizaria cerca de 2,5 milhões. Votei contra, tendo sido o único na bancada do PSD.        

2 – Desacordo total com a política de habitação do executivo, e o projecto de construção de 70 fogos para Habitação Social, que honoraria, com custos insuportáveis, o município nos próximos 70 anos, através de um Projecto tipo “parceria público privado”, cujo único objectivo era satisfazer clientelas e “caça ao voto”; já que todos os dados demonstravam que a habitação não era um problema no concelho (existem 2 apartamentos por família segundo os censos 2011), e esse tipo de projectos já se advinham que seriam a ruína do país, e no caso concreto para o concelho de Marvão. Propus na altura, que se vendessem os Lotes à iniciativa privada, a custos controlados e com regras para se combater a especulação que existia em Marvão, e que esses Lotes servissem o objectivo da sua aquisição. Fui derrotado.

3 – Discordava da venda de Património, nomeadamente da Propriedade da Coutada (terrenos subjacentes à vila de Marvão), cujas verbas daí resultantes em nada resolveriam os problemas financeiros de Marvão, e estava-se a hipotecar Património para fins pouco claros. O que fariam os compradores com esses terrenos? Até hoje não há respostas.

4 – Estava contra a manutenção de um Presidente da Assembleia Municipal (autoridade máxima de representação dos marvanenses), mas que estava sempre ausente, inclusive na presidência das ditas, onde apenas tinha estado presente em metade (6/12) situação nunca vista em Marvão. E ele próprio se tinha manifestado como um obstáculo à construção de uma infra-estrutura essencial ao bem-estar e saúde pública dos marvanenses (alegando danos pessoais): a célebre ETAR da Beirã, prometida por todos os executivos há mais de 30 anos, prometida pelo actual executivo desde 2005, e nunca construída. Marvão, com amigos como este, nem precisa de inimigos.       

Existiram ainda outras razões, mas só estas, já me parecem suficientes e elucidativas, para as seguintes conclusões ao fim de dois anos, a saber:

1 – Desde essa data o executivo não contraiu mais nenhum empréstimo. Em Dezembro de 2012 a sua dívida aos bancos era apenas de 1,4 milhões de euros; e tem actualmente em Caixa quase 3 milhões de euros (e já tinha na altura mais de 1,5 milhões). Alguém me explica os pedidos de Empréstimos em Junho de 2011?

2 - O Projecto de construção dos 70 Fogos para Habitação Social (um dos grandes projectos ancora para desenvolvimento do concelho de Marvão, na voz de Vítor Frutuoso) revelou-se um verdadeiro fiasco. Quando chegou ao Tribunal de Contas (e tal como eu havia alvitrado e previsto) mandou-os bugiar, foi por água abaixo. Hoje, ou seja no próximo dia 18 de Setembro, Vítor Frutuoso e a sua fabulosa equipa, preparam-se para vender, em Hasta Pública, a privados, 9 Lotes em SA das Areias, tal como eu já lhe tinha sugerido há mais de 3 anos! Espero que faça o mesmo na Beirã e em SS da Aramenha. Espero ainda, que os prejuízos (diferença entre custos e receitas) para o município e para os contribuintes não sejam grandes, e que alguém desafie o executivo a apresentar essas contas, e a reflectir futuramente em negócios idênticos!

3 – A venda urgente da propriedade da Coutada, até hoje, não se efectuou, e bem. E espero que assim continue. As verbas da sua alienação não aquecem nem arrefecem a vida do município, e a sua manutenção, é algo que orgulhará os vindouros, e quem sabe um dia seja precisa.

4 – Quanto ao máximo representante dos Marvanenses, o Presidente da AM? É caso para dizer: tudo como dantes. O respeito que tem pelas pessoas que o elegeram é Zero, continua a faltar, ou usa de hipocrisia como foi o caso da sua intervenção pública em 25 de Abril de 2013. Data tal, que afirmou em plena Assembleia, nunca festejar, por se considerar, mais uma vez, prejudicado pessoalmente pelo regime implantado aí. Só que continua a presidir a um dos Órgãos nascidos com essa mesma data.

Entretanto, e segundo notícias que me chegaram, esse senhor, e mais uma vez, nem na Apresentação da actual Candidatura às próximas eleições, de que é “cabeça de lista”, esteve presente! Coerências de gente séria!
   
Precisava deste desabafo....

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O Descalabro das Contas Públicas (2)

Não estou a desculpar o presente, estou a analisar o passado. Quando chegar a vez destes, fá-lo-ei com os mesmos olhos, se a tanto me ajudar o engenho e a pouca arte...

Tal como prometi, venho hoje publicar mais um Post sobre o título a que denominei “Descalabro das Contas Públicas”. Esse descalabro vem acontecendo desde o início do actual regime que se iniciou em 1974, mas teve o seu auge nos últimos 20 anos. De grosso modo, durante esse período, as Despesa Públicas Correntes quase triplicaram; enquanto as respectivas Receitas que as suportaram, pouco mais que duplicaram. Devemos ter em conta que estamos a usar como unidade de medida os “milhares de milhões de euros”.

Como foi possível então, o País, suportar essa situação?

Estou farto de aqui dizer que foi com recurso ao pedido de empréstimos. A Dívida Pública, só entre 2005-2011 (consulado Sócrates) aumentou de 60 para 120% do PIB. Isto é, um aumento para o dobro. Em valor absoluto, a dívida aumentou cerca 100 000 milhões de euros em apenas 7 anos. Foi essa a política financeira dos governos socialistas socráticos: pedir emprestado, que alguém há-de pagar, ou ainda, quem vier atrás que feche a porta!

No Gráfico 1 podemos verificar que, as Despesas Correntes do Estado vieram sempre a subir desde 1995 até ao ano de 2010. Durante esse período, não se verificaram quaisquer diferenças significativas, apesar de 4 Primeiros-ministros diferentes (Guterres, Barroso, Santana e Sócrates); Podemos dizer, que esse aumento foi constante (em valores absolutos, mais de 3 mil milhões de euros todos os anos). Em 2010 estas Despesas eram “2 vezes meia” superiores ao que eram em 1995.

 Gráfico 1 – Evolução das Despesas Públicas Correntes entre 1995 - 2012
 (Clicar sobre a imagem para ver melhor)


Podemos ainda verificar no Gráfico 1, que a partir de 2011, e pela 1ª vez na história da Democracia portuguesa, as Despesas Correntes do Estado diminuíram. Em 2011 baixaram cerca de mil milhões de euros em relação a 2010; e em 2012, apesar de toda a propaganda que as despesas não param de subir, a Despesa desceu em relação a 2010 cerca de 4,3 mil milhões de euros.   

Em contrapartida as Receitas Fiscais do Estado (Impostos e Segurança Social) caíram drasticamente nos últimos dois anos. Mesmo antes, nunca deram para cobrir as Despesas, nem pouco mais ou menos. De acordo com as minhas contas, o deficit acumulado entre 1995 – 2012 totalizou cerca de 172,2 mil milhões de euros. Tal como já tinha afirmado no Post anterior, o “deficit médio anual” foi cerca de 10 mil milhões de euros.

Como se pode verificar no Gráfico 2, as coisas até não andaram muito desequilibradas até ao ano 2000, com deficits entre os 3 e os 5 mil milhões de euros, que poderiam ser compensados com alguma venda de Património (receitas extraordinárias); mas a partir daí, com a entrada no “Euro”, os nossos governantes entraram na “loucura total”, com deficits que chegaram aos cerca de 20 mil milhões de euros (2009 e 2010). Só o consulado socrático, em 6 anos (2005-2010), foi responsável por 80 mil milhões de euros (50% do deficit acumulado em 18 anos); e comparando com o seu camarada Guterres, este não chegou aos 40 mil milhões nos 8 anos do seu consulado (1995 – 2002).

Ah ganda socas, com mais umas fatiotas azules e umas gravatitas vermelhas ainda te veremos na presidência da república, porque o país estar-te-á grato eternamente por tão ganda obra!!!!    


Gráfico 2 – 20 anos de Deficits nas Contas Correntes em Portugal
(Clicar sobre a imagem para ver melhor)

Há quem diga que este foi o preço para comprarem os nossos votos (2009); mas as PPP´s, swaps, os juros, BPN, BPP, Banif, e coisas que tais, também terão levado a sua parte.

E que me desculpem todos os “papagaios do regime”, mas isto não foi culpa de conjuntura externa, isto é incompetência, ou algo mais! Claro que, “com dinheiro alheio é fácil fazer flores”, sobretudo, se não existir intenção de o pagar. Toda esta gente responsável por este descalabro, deveria sentar o “cu” no banco dos réus de um tribunal sério. Mas sobre isto, o Tribunal Constitucional disse até hoje “nestun”; se é que eles, não deveriam também passar de julgadores a julgados. E os portugueses deveriam olhar para isto, analisar, e assumir a co-responsabilidade política, por terem dado o voto a esta gente.

No fundo, os grandes responsáveis somos todos nós, porque não passamos de democratas da treta, só sabemos dar uns berros em manifestações, e no fundo o nosso exercício de controlo democrático é ZERO. E assim, qualquer burro com olhos, desde que diga que é “doctor ou engenhêro”, nos come as papas na cabeça.    

Afinal os “swaps” nunca existiram....


«Teixeira dos Santos disse não aos "swap" depois de parecer do IGCP».

De acordo com esta notícia, e depois de uma informação destas, feita em Agosto de 2005, pelo então presidente do IGCP (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública), Franquelim Alves:

“a contratação destas operações violaria os princípios de gestão de dívida pública estabelecidos.” Acrescentando ainda que “os ganhos de curto prazo (incertos) significariam onerar anos futuros com custos acrescidos e riscos de dimensão desconhecida, violando o princípio do equilíbrio intemporal das responsabilidades financeiras do Estado”;

Temos de concluir que: ou os “swaps” nunca existiram, ou, todos aqueles que estavam hierarquicamente acima de Franquelim Alves, e em seguida autorizaram o seu negócio, terão de ser responsabilizados, e devia ser, criminalmente.

Os possíveis responsáveis máximos só podem ser os seguintes:

A - Bagão Félix/Santana e Barroso (se foram adquiridos antes de 2005);
B - Teixeira dos Santos/Sócrates (se a aquisição se fez entre 2005 – 2011)
C - Vítor Gaspar/Coelho (se aquisição se fez depois de 2011

E a resposta correcta é?...


Isto até parece uma brincadeira de putos com menos de 8 anos...

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O descalabro das Contas Públicas (1)

(Procedi a alguma correcção de dados, mas o fundamental pouco se altera) 

Não é apenas mais um texto! É a realidade...

Discute-se por estes dias com grande intensidade, alguma paixão, mas pouca informação séria e credível, o corte dos célebres 4,7 mil milhões de euros, nas Despesas Públicas Correntes. Mas será que chega? Portugal tem que programar as suas Despesas Correntes, tendo em conta as suas Receitas Fiscais, e estas nunca ultrapassaram os 60 mil milhões de euros/ano; logo, andar a gastar cerca de 80 mil milhões, não me parece lá muito possível. Para mim as coisas são bem claras, mas o Tó Zé Seguro e a sua corte, acham que não.

O meu objectivo ao abordar este tema, é dar a conhecer aos meus amigos, de uma forma simplificada, a minha versão sobre a situação, com base em dados credíveis colhidos na plataforma “Pordata” e no INE. A análise e leitura dos ditos será de cada um dos meus leitores. Aceito a discussão, aceito outros pontos de vista, mas não aceito desviar-mo-nos desta realidade, perdidos em discussões estéreis sobre os quês e os porquês, sobre quem serão os mais responsáveis, sobre se a culpa é de A ou é de B. A realidade é esta. Aqui chegámos. E agora teremos que ter uma solução, e, não vale a pena andarmos a por o “cuzinho” de fora, porque isto vai custar a todos, ou, a quase todos.

Hoje não há dúvidas, que Portugal (não disse os portugueses) nos últimos 40 anos andou a viver acima do que produziu. E nos últimos 20 anos foi um verdadeiro descalabro. Os governos (ou desgovernos), durante esse período foram, 16 anos da responsabilidade do PS (80% do tempo), e 4 anos do PSD/PP (20% do tempo). Mas fomos nós que votámos neles, e mesmo aqueles que não votam são corresponsáveis por esta situação. 

Todos os anos foram desequilibrados entre as Receitas e Despesas, numa média deficitária anual a rondar os 10 mil milhões de euros/ano. Mas os governos "socialistas" de Sócrates foram verdadeiras catástrofes. Em tempos de “vacas gordas”, chegaram a atingir deficits nas Contas Correntes a rondar os 20 mil milhões de euros (2009 e 2010).

As razões porque o fizeram são várias, e de acordo com a perspectiva de cada um. Mas não há dúvidas que o país tem vivido com aquilo que não tem, há custa de empréstimos constantes e cada vez maiores. A dívida pública (a de todos nós enquanto portugueses), passou de cerca de 90 mil milhões de euros em 2005, para cerca de 200 milhões na actualidade, e só os juros atingirão este ano perto dos 7,5 mil milhões de euros (Uma taxa a rondar os 4%), quando ainda em 2000 eram apenas de 3,8 mil milhões.

Como podemos verificar no Quadro 1, os piques da loucura ocorreram entre 2005 e 2010, com os valores do deficit das Correntes a atingirem os tais 20 mil milhões de euros ao ano. Em 2012, apesar de toda a propaganda encomendada, as Despesas caíram aproximadamente 6 mil milhões de euros, em ralação a 2010.  Quanto aos dados de 2013, há que ter em conta que são estimativas orçamentais, e meta de se alcançarem Receitas Ficais de 70 mil milhões de euros, só cabiam na cabeça do "gaspar", já seria muito bom se chegassem ao 60 mil milhões.

Os valores do conjunto desta Receitas Correntes (as contas são minhas), são somatório dos diversos Impostos e as receitas da Segurança Social; as Despesas, são o somatório das Despesas com Pessoal, Prestações Sociais, Juros e Outras Despesas.


(Clicar em cima da imagem para ver melhor. Não aumenta o deficit)

Concluindo, mesmo com um corte de 4,7 mil milhões, as Contas Correntes da República Portuguesa, ainda terão um deficit a rondar os 10 mil milhões de euros, o que diga-se é muito dinheiro, e o país não poderá viver assim, digo eu. Volto a referir que isto são Contas Correntes.

Amanhã prometo analisar onde “cortar”, já que mais Impostos não parece que possa ser!

Mas isto é eu a pensar, que não sou nem “economês”! Mas como já dizia o Aleixo: Eu não tenho vistas largas/ Nem grande sabedoria/ Mas dão-me as horas amargas/Lições de economia (perdão, filosofia)....

sábado, 3 de agosto de 2013

Épicos da música portuguesa (10)


Que negra sina ver-me assim, que sorte e vil degradante, ai que saudades eu sinto em mim, do meu viver de estudante. Nesse fugaz tempo de amor, que de um rapaz, é o melhor. Era um audaz conquistador das raparigas. De capa ao ar, cabeça ao léu, só para amar vivia eu. Sem me ralar, a vadiar, e tudo mais eram cantigas! Nenhuma delas me prendeu. Deixá-las? Eu era canja! Até ao dia que apareceu, essa traidora de franja.

Sempre a tinir, sem um tostão, batina a abrir por um rasgão, botas a rir, um bengalão, e ar descarado. A vadiar com outros mais, e a dançar para os arraiais, para namorar, beber, folgar, cantar o fado...

Recordo agora com saudade os calhamaços que eu lia. Os professores da faculdade, e, a mesa da anatomia! Invoco em mim recordações, que não têm fim, dessas lições, frente ao jardim do velho campo de Santana. Aulas que eu dava, se eu estudasse! Onde ainda estava nessa classe, a que eu faltava sete dias por semana!

Mas o Fado é toda a minha fé: embala, encanta, e inebria, pois chega a ser bonito até na “rádio telefonia”; quando é tocado com calor, bem atirado, e a rigor. É belo o Fado. Ninguém há que lhe resista! É a canção mais popular, tem emoção, e faz-nos vibrar! Eis a razão de eu ser Doutor e ser Fadista...