A praga dos
ajustes directos reina no mundo das entidades públicas. Praga porquê? Porque
não sabemos se o preço adjudicado foi o melhor (relação “custo qualidade”), até
porque, não há garantia da observância dos princípios subjacentes à contratação
pública, nomeadamente os princípios da concorrência, da igualdade e da
transparência. Citando a jurisprudência do Tribunal de Contas, "o ajuste directo constitui um
procedimento fechado, que não integra qualquer nível de concorrência, pelo que só se deve aceitar a sua
utilização quando se demonstre inviável qualquer outra solução procedimental
que melhor salvaguarde a concorrência."
A Câmara
Municipal de Marvão, em minha opinião, continua a usar e abusar dos “ajustes
directos” para a quase totalidade das suas adjudicações. É o campeão do Norte Alentejo
desta modalidade e, arrisco-me a afirmar, certamente, do país. Como já referi aqui, o município de Marvão em 3 anos (entre
2012 e 2014), no total de verbas utilizadas para adjudicações, 87% foram por “ajustes
directos”, e apenas 13% se recorreu ao “concurso público”. Isto, parece-me, exagerado. E não estamos a falar de bagatelas, já
que a média anual de verbas nesses 3 anos, rondou os 1,2 milhões euros/ano, num
Orçamento total do município que ronda os 5 milhões/ano.
Tal situação já
foi por mim despoletada numa Reunião de Câmara no princípio deste ano, no que
fui corroborado pelo Vereador da Oposição Nuno Pires, e que levou o Presidente
da Câmara a prometer ter mais algum critério nas decisões futuras sobre o uso desta
modalidade, nomeadamente, o recorrer à Plataforma Electrónica:
base - contratos públicos online (mesmo nos “ajustes directos), e consultar sempre
mais que uma empresa ou entidade.
Só que, ao que
parece, só é consultado quem o senhor Presidente e os seus correligionários
quiserem! Exemplo claro do que acabo de afirmar, é um novo caso que se prepara, já aprovado na última Reunião de Câmara, de uma próxima adjudicação de Prestação
de Serviços, que irá onerar o município em 2 000 euros + IVA/mês, e que
proximamente aqui trarei ao conhecimento dos marvanenses.
Para provar o
que acabo de afirmar, nos primeiros 5 messe de 2015, o município de Marvão já
realizou 13 adjudicações. Dessas, 12 foram por “ajuste directo”, no valor de 245
754 euros.
Pergunta-se: Em
quantas foi utilizada a Plataforma Electrónica e consultadas mais que uma
empresa ou entidade? É que nestas coisas da administração da coisa pública não
chega ser sério, é preciso mesmo parecê-lo, para que os munícipes possam
julgar.
Quadro 1 - Adjudicações da CM de Marvão em 2015
Mais dados podem
ser consultados aqui.
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