Os serões
habituais, as conversas sempre iguais, os horóscopos, os signos e ascendentes, mais a vida
da outra, sussurrada entre os dentes. Os convites nos olhos embriagados, os
encontros de novo adiados, nos ouvidos cansados ecoa: A canção de lisboa.
Não está só
a solidão, há tristeza e compaixão, quando o sono acalma os corpos agitados, pela
noite atirados, contra colchões errados. Há o silêncio de quem não ri nem chora,
há divórcio entre o dentro e o fora e há quem diga que nunca foi boa: A canção
de lisboa.
Mamã, mamã,
onde estás tu mamã, nós sem ti não sabemos mamã, libertar-nos do mal!
A urgência
de agarrar, qualquer coisa para mostrar, que afinal nós também temos mão na
vida, mesmo que seja a custa de a vivermos fingida. O estatuto para
impressionar o mundo, não precisa de ser mais profundo, que o marasmo que nos
atordoa: Ó canção de lisboa.
As vielas
de néon, as guitarras já sem som, vão mantendo viva a tradição da fome, que a
memória deturpa e o orgulho consome. Entre o orgasmo e a gruta ainda fria, e o
abandonado da carne vazia, cada um no seu canto entoa: A canção de lisboa.
Mamã, mamã,
onde estás tu mamã, nós sem ti não sabemos mamã, libertar-nos do mal!
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