quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Às vezes somos felizes com tão “pouco”...


Não sei lá muito bem porquê, mas neste final de manhã sinto uma tal sensação de bem-estar, que estou tentado a escrever que me sinto feliz, neste dia de nevoeiro.

Recordo-me que, quando dava os meus primeiros passos na arte de aprender enfermagem, um dos primeiros desafios que nos faziam, era procurar um conceito de “saúde”, e, lá mergulhávamos todos caloiros na velhinha “ moderna saúde pública” de Gonçalves Ferreira, à procura da melhor definição que encantasse os nossos mestres de que estavam ali verdadeiros discípulos de Florence Nightingale.

Remetia-nos essa obra para a definição idealista de saúde da OMS, conceito quase irrealizável que, se bem me recordo, dizia de forma abreviada, mais ou menos isto: “ a saúde, é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades". Logo, para mim, quando se falava num “completo bem-estar...”, isso era igual a Felicidade. No futuro passei sempre a associar a Saúde à Felicidade!

Nesta perspectiva, se a felicidade for como a saúde, estadio demasiado efémero, pois como diz o povo “ninguém diga que está bem...”, não sei quanto tempo isto vai durar, mas por agora há que desfrutar, não vá o diabo tecê-las!   

Voltando assim ao início desta despretensiosa reflexão, e procurando encontrar uma explicação para esta percepção de bem-estar, acho que tal se deve a uma noção de alguns deveres cumpridos, ou seja, o atingir de pequenos objectivos que, em tempos, de tão básicos, não me mereciam a devida importância.

Contribuem para obtenção desses objectivos, a realização de pequenas tarefas que, no passado, nunca pensei efectuar, mas que hoje contribuem para a minha autonomia e independência, e, consequente auto-realização pessoal, tais como: passar roupa a ferro durante duas horas, cuidar da limpeza do meu covil, preparar a minha frugal paparoca, lavar à mão a loiça de três dias, e, a cereja em cima do bolo, que é o passeio matinal pelo campo, a partir das 7 horas da matina, percorrendo as duas milhas diárias da praxe; e claro, o desabafo nestas crónicas manhosas!

E hoje foi dia de todas elas!

Perguntarão alguns se terei necessidade disto? Respondo: claro que sim! E não estive à espera da “crise” para ter este procedimento, pois desde que vivo sozinho, sempre o fiz, e foi um desafio que venci. Para além do bem-estar que me produz e, consequente felicidade, penso que isto se traduz nalguns ganhos financeiros ao fim de cada ano. Senão vejamos só algumas serviços básicos:

- 5 Horas/mês para passar roupa a ferro: 40 euros; 10 Horas/mês para limpeza da casa: 80 euros; 2 Refeições diárias em Restaurante rasca: 500 euros/mês; 3 Sessões de Ginásio/semana: 50 euros/mês; etc. Só aqui lá iam 670 aéreos! Realizando eu tais tarefas, os custos não ultrapassarão os 200 euros/mês (aquisição de géneros). No final, tudo somado, representa pelo menos, cerca de 5 000 euros/ano!

Perguntarão ainda outros: Então no final do ano é esturrar essas poupanças em férias no centro da Europa, nas Caraíbas, ou no Brasil? Pois..., não! Nos 10 anos de vacas gordas (2000-2010), aproveitei esses fundos para pagar o meu covil. Para agora poder dizer, como dizia o meu avô: não devo nada a cabrão nenhum!

Bem, “não devo nada”, é uma forma de desabafo: - Quero dizer da minha responsabilidade. Porque bem sei que, desde o Soares ao Cavaco, do Guterres ao Sócrates, passando pelo Durão, e agora o Coelho, encarregaram-se de se empenhar por mim, sem me pedirem autorização, em cerca de 20 000 euros de dívida pública! 

Qual será a opinião, sobre este abuso, do justicialista e novo partido político, Tribunal Constitucional? E do Seguro? E do Jerónimo? E do ex-Bloquista Louçã? E do Marinho Pinto? E do Provedor de Justiça que não sei o nome? E do Arménio? E dos Loureiros (BPN), dos Rendeiros (BPP) e dos Motas (BANIF)? E do Berardo? E da pqp a todos, fora as mães que possivelmente não têm culpa, a não a ser de os terem parido...

Se eu podia ser mais feliz sem me preocupar com esta canalhada toda? Claro que podia...! Mas não me sentiria tão bem, e consequentemente, como demonstra um estudo da moda, teria menos Saúde por não desabafar!

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