quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Há que mudar de vida (1)

As Dívidas

“Em 1995, só 4 países tinham dívidas mais baixas do que o nosso país. Em 2000, Portugal tinha das dívidas mais baixas; só 3 países (Irlanda, Reino Unido e Finlândia) tinham valores inferiores. Entre 1995 e 2000, Portugal manteve uma dívida pública, em percentagem do PIB, substancialmente inferior à média da Europa. O grande salto para o endividamento faz-se no período 2000 a 2008, antes da crise internacional. Em 2008, só 3 países (Grécia, Itália e Bélgica) tinham valores superiores. Nenhum país conheceu neste período maior acréscimo do peso da dívida. Neste período, metade dos países conheceram decréscimos. Tivemos um acréscimo de 42,1% contra uma média de apenas 0,5% em média na Europa."


Podemos dizer que de grosso modo, em Portugal, toda a gente deve! Deve o Estado (central, regional e local), devem as Empresas, devem as Instituições, devem as famílias e devem todos os portugueses.

Mesmo aqueles que afirmam a pés juntos que não devem nada a ninguém, estão enganados, e é bom que disso se consciencializem. Quer queiram, quer não, só através da Divida Pública, cada português deve cerca de 18 000 mil euros. O que quer dizer, só através nesta rubrica, uma família de 4 pessoas deve cerca de 72 000 euros a “alguém”, ou seja quase 15 000 mil contos. O preço de uma casa modesta de família (mais tarde explicarei o porquê desta comparação).

Em relação a esta dívida, diariamente, ouvimos discussões e acusações sobre de quem é a responsabilidade da dita. O Partido Socialista diz que é dos governos do PSD e do CDS; o PSD diz que é o dos governos do PS. Há quem diga que é do Passos Coelho; mas este diz que é do Sócrates; o Sócrates dizia que a culpa era do Santana e do Barroso; mas estes culpavam o Guterres, porque nem sabia fazer uma conta de percentagem; há ainda quem diga, que o pai da coisa (o monstro) foi o Cavaco; mas não se esqueçam, que o dito, governou a seguir a duas intervenções do FMI (sinal que as coisas não estariam muito famosas); Soares também não pode ser ilibado (embora ele já se tenha esquecido); e mesmo o PCP também terá tido a sua cota de responsabilidade governativa, nomeadamente, entre 1974 e 1975 (para além de outras, tão ou mais graves).

No entanto, e como podemos verificar na Figura 1, a “escada é uniforme”, isto é, sempre a subir progressivamente, e desafio qualquer analista a ser capaz de defender qual dos supra citados está ilibado, ou se alguma personalidade ou partido foi capaz de inverter esta tendência. E mais, se alguém é capaz de observar alguma diferença em relação a este período de tempo em análise.

Por isso meus amigos, quer queiramos ou não, «a dívida pública» é um problema de todos, e não vale a pena andarmos a apontar responsabilidades. A não ser para fazermos “julgamentos à séria” (não apenas políticos), destes protagonistas. Aí contem comigo.

Figura 1 – Evolução da Dívida Pública em Portugal em milhares de milhões de euros.
Fonte: Pordata


Para termos mais a noção do problema em que estamos metidos, em média a Dívida Pública, aumentou desde 1974 cerca de 5 000 milhões de euros todos os anos e, estará por esta altura com um valor “total provável” de pelo menos 180 000 milhões de euros, pela qual pagaremos em 2012, cerca de 8 000 milhões de juros.

Perguntar-se-á por esta altura, de onde veio então este dinheiro que o Estado não tinha mas gastou? A resposta é: recorreu a empréstimos em nome de todos nós.

Como inverter esta situação, é um desafio que não parece nada fácil. Claro que o objectivo nunca será uma reversão total da dívida. Tal, em minha opinião, é impossível. Mas a situação a que chegámos, e de que todos temos responsabilidade é insustentável, sobretudo, porque quem nos foi emprestando dinheiro parece que não quer continuar a fazê-lo, e aqui é que a “porca torce o rabo”.

Em minha opinião, é fundamental que a maioria dos portugueses tenha noção desta situação. Os nossos governantes deveriam perder algum do seu tempo a explicá-la de uma forma simples, para que, cada um de nós pudesse fazer algo que contribuísse para a solução, e não para o problema. Se não formos capaz de o fazer, andaremos de resgate em resgate, até ao resgate final. E claro, haverá sempre aqueles que defenderão que “dever não é problema...”.

Sobretudo enquanto não tivermos de pagar, e nos emprestarem, digo eu!

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