Não senhor
primeiro ministro a culpa das consequências da covid não é dos portugueses. A
responsabilidade é dos dirigentes do Estado, entre os quais o senhor se inclui,
sendo, talvez, o maior responsável.
Se não vejamos:
- De quem é a responsabilidade da situação
que se vive nos Lares, onde, possivelmente, morreram e irão morrer a maior parte
das vítimas?
Quem deveria ter,
e tem, a função de orientar e fiscalizar essas instituições? Pois, é a
Segurança Social. O Ministério da SS é Estado e..., depende há mais de 5 anos
do seu governo. E, em 15 dos últimos 20 anos, estiveram nas mãos do partido que
vossa excelência dirige. Duvido que a culpa seja das pessoas que aí residiam e
morreram; duvido também que a culpa seja dos profissionais que aí exercem, em
condições penosas, as suas funções sem grande formação (o recrutamento é feito
do que está à mão, como se fossem para uma fábrica).
- De quem é a responsabilidade da
desorganização que se vive no Serviço Nacional de Saúde (SNS), onde nesta
segunda vaga se morre associado à covid, 4 vezes mais do que na Alemanha e
Irlanda, quase 3 vezes mais do que na Suécia e, bem mais do que em Itália, Reino
Unido ou Holanda?
Claro que é, em
primeiro lugar sua senhor primeiro ministro e da sua ministra Temido, que
andaram a assobiar para o ar desde Maio até Setembro, onde o planeamento para a
segunda vaga foi zero, tendo, por exemplo, chegado a Outubro com menos de 400
médicos do que tinham em Março e os aparelhos adquiridos para ventilação
assistida, na sua maioria inoperacionais. Para além da desorganização que reina
no SNS, onde o senhor e o seu partido mandam há 20 dos últimos 25 anos (1995 –
2002), (2004 – 2011); (2015 – 2020). E onde a sua única política é atirar
dinheiro para cima da coisa, pensando que isso resolve. Alguma vez lhe passou
pela cabeça que o SNS e toda a política de saúde, precisam ser reorganizados e
que não pode continuar com uma estrutura igual, ou idêntica, à de 40 anos
quando foi criado?
- De quem é a responsabilidade pela morte,
para além do que era esperado, de parte dos cerca de 8 000 portugueses
entre Março e Novembro (sem terem nada a ver com a covid)?
Claro que é sua
e do seu governo, sobretudo da sua ministra da saúde, que não soube organizar
os serviços de saúde para lhes prestar cuidados de diagnóstico e seguimento das
suas doenças crónicas, preferindo apostar tudo na luta contra um vírus, numa
prioridade cega que “para salvar mil se deixam morrer 8 mil”, e quantos mais
irão morrer! Por isto a história, e espero que os portugueses que acusa, irão
julgá-lo. Por pura cegueira ideológica de pensar que na saúde há esquerda e
direita, não contratualizou com o sector privado o acompanhamento de alguns desses
doentes. Quantas mortes se teriam evitado? E agora, em mais uma patacoada, quer contratualizar com esse sector os doentes covid (para
“infectar” os 2: Público e privado), e um dia destes as pessoas não fogem já só do SNS,
irão fugir também do sector privado. Nem no século passado se cometeram erros
assim, como por exemplo nos piores anos da Tuberculose, onde se criaram
serviços próprios para libertar os outros.
- De quem é a responsabilidade pelo estado
da economia portuguesa, sobretudo dos valores da dívida pública, que não
permite agora, em hora de necessidade, não ter um chavo para suprir as medidas
que lhes impõe, quando outros Estados estão a injetar mais de 15% do seu PIB, quando em Portugal, o senhor e o seu ministro das finanças, acham que 3% já é uma
fartura?
Pois senhor
primeiro ministro, uma coisa lhe garanto, a responsabilidade aqui só é dos
portugueses, na justa medida em que, maioritariamente, têm confiado no seu
partido e nos seus camaradas para administrarem os seus Impostos (uma das
maiores cargas fiscais da Europa), e penso que está à vista de todos a forma
como o têm feito: 3 bancas rotas em 40
anos e estamos à beira de uma 4ª, para além de sermos, em 2020, um dos
países mais pobres da Europa, e com menor crescimento ano após ano.
Senhor primeiro
ministro, com se atreve ainda a dizer que a culpa é dos portugueses?