As forças da natureza e a evolução natural da doença...
Quero eu e a natureza, que a natureza sou eu, e as forças da
natureza
nunca ninguém as venceu... (António Gedeão).
Nos tempos em que fui
estudante de enfermagem, uma das primeiras coisas que nos tentavam ensinar, nas
aulas de Patologia, era a “história natural das doenças”, que se tornava, no
caso das doenças infecciosas, sobretudo as respiratórias, de estrema
importância, pela sua dificuldade de as controlar. Já que, respirar, é uma
função indispensável de todos os seres vivos.
Vem isto a propósito da
dificuldade que tenho em perceber, e também ninguém apresenta explicações convincentes, sobre o que se estará
a passar nesta “2ª vaga” da famigerada covid 19, a sua progressão desenfreada a
partir da 2ª quinzena de Setembro, num clima de verão que nos tem acompanhado
(esperava isto lá para Novembro ou Dezembro) e em que as mudanças dos
comportamentos sociais (abertura de escolas, regresso ao trabalho, transportes
superlotados, festas e festanças, etc.), em relação aos meses de Junho, Julho e
Agosto não hão-de ter mudado assim tanto na sociedade portuguesa, para que
sejam apontados como as grandes causas para o aumento de casos.
Todos nós já ouvimos
falar, nas “2ª vagas” das pandemias por vírus respiratórios que nos precederam,
sobretudo das últimas quer a de 1917 (gripe espanhola), quer na de 1957 (gripe
asiática). Nelas também existiram as “2ª vagas” e quase sempre com maiores
consequências que as primeiras e, as quais, com os meios das épocas, não foi possível também parar.
Talvez seja o momento de
aceitar a “história natural da doença covid 19”, e não perdermos demasiado
tempo com a estratégia de a podemos parar ou mesmo vencer "à bruta", convencidos que somos os únicos seres "inteligentes". Os vírus também têm as sua "espertezas" e lutas de sobrevivência.
Em minha opinião, as
estratégias deveriam todas virar-se para: se a não conseguimos parar «como podemos minimizar os seus efeitos no contexto em que vivemos e com
os recursos que temos actualmente», sobretudo naqueles que são os mais
vulneráveis: os idosos
institucionalizados em Lares, que representam 40% do total de mortos (cerca de 900 mortes
num total de 2 162), e certamente uma grade percentagem dos hospitalizados em internamentos e cuidados intensivos.
Querer travar uma "guerra total", sem quartel, com estes manhosos, sem olhar a consequências "à amaricana", ainda nos arriscamos a levar no focinho.
... as forças da natureza nunca ninguém as venceu, como nos disse o poeta!
Fonte: https://www.worldometers.info/coronavirus/country/portugal/
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