domingo, 18 de outubro de 2020

Diário de uma pandemia:

 As forças da natureza e a evolução natural da doença...

Quero eu e a natureza, que a natureza sou eu, e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu... (António Gedeão).

Nos tempos em que fui estudante de enfermagem, uma das primeiras coisas que nos tentavam ensinar, nas aulas de Patologia, era a “história natural das doenças”, que se tornava, no caso das doenças infecciosas, sobretudo as respiratórias, de estrema importância, pela sua dificuldade de as controlar. Já que, respirar, é uma função indispensável de todos os seres vivos.

Vem isto a propósito da dificuldade que tenho em perceber, e também ninguém apresenta explicações convincentes, sobre o que se estará a passar nesta “2ª vaga” da famigerada covid 19, a sua progressão desenfreada a partir da 2ª quinzena de Setembro, num clima de verão que nos tem acompanhado (esperava isto lá para Novembro ou Dezembro) e em que as mudanças dos comportamentos sociais (abertura de escolas, regresso ao trabalho, transportes superlotados, festas e festanças, etc.), em relação aos meses de Junho, Julho e Agosto não hão-de ter mudado assim tanto na sociedade portuguesa, para que sejam apontados como as grandes causas para o aumento de casos.

Todos nós já ouvimos falar, nas “2ª vagas” das pandemias por vírus respiratórios que nos precederam, sobretudo das últimas quer a de 1917 (gripe espanhola), quer na de 1957 (gripe asiática). Nelas também existiram as “2ª vagas” e quase sempre com maiores consequências que as primeiras e, as quais, com os meios das épocas, não foi possível também parar.

Talvez seja o momento de aceitar a “história natural da doença covid 19”, e não perdermos demasiado tempo com a estratégia de a podemos parar ou mesmo vencer "à bruta", convencidos que somos os únicos seres "inteligentes". Os vírus também têm as sua "espertezas" e lutas de sobrevivência. 

Em minha opinião, as estratégias deveriam todas virar-se para: se a não conseguimos parar «como podemos minimizar os seus efeitos no contexto em que vivemos e com os recursos que temos actualmente», sobretudo naqueles que são os mais vulneráveis: os idosos institucionalizados em Lares, que representam  40% do total de mortos (cerca de 900 mortes num total de 2 162), e certamente uma grade percentagem dos hospitalizados em internamentos e cuidados intensivos. 

Querer travar uma "guerra total", sem quartel, com estes manhosos, sem olhar a consequências "à amaricana", ainda nos arriscamos a levar no focinho.

... as forças da natureza nunca ninguém as venceu, como nos disse o poeta!  

                 Fonte: https://www.worldometers.info/coronavirus/country/portugal/

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