O nosso amor
chega sempre ao fim. Tu velhinha com teu ar ruim, e eu velhinho a sair porta
fora. Mas de manhã algo estranho acontece, tu gaiata vens da catequese, e eu gaiato a correr da escola. Mesmo evitando tudo se repete: o encontrão, a queda e..., a "dor" no pé, que o teu sorriso sempre me consola.
No nosso amor
tudo continua, o primeiro beijo e a luz da lua, o casamento e o sol de janeiro...!
Vem a Joana, a
Clara e o Martim...! Surge a pituxa, a laica e o bobi, e uma ruga a espreitar
ao espelho. Com a artrite, a hérnia e a muleta, tu confundes o nome da neta, e
eu não sei onde pus o dinheiro!
O nosso amor
chega sempre aqui. Ao instante de eu olhar para ti com ar de cordeirinho
penitente, mas nem te lembras bem o que é que eu fiz. E eu, com isto, também me
esqueci! Mas contigo sinto-me contente, penduro o sobretudo no cabide, visto o
pijama, e junto-me a ti de sorriso meigo e, atrevidamente...
Ao teu pé frio encosto o meu quentinho, e, adormecendo, lá digo baixinho:
Ao teu pé frio encosto o meu quentinho, e, adormecendo, lá digo baixinho:
- Eu vivia tudo
novamente...
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