A Balança Comercial portuguesa
Já há algum
tempo que andava para abordar este tema, que me parece um pouco descurado nos debates
de economia em Portugal, privilegiando-se habitualmente outros indicadores, como
por exemplo o PIB, e descurando a importância do balanço entre exportações e as
importações. Ora a balança comercial diz respeito a todas as transacções de
mercadorias entre residentes e não-residentes, processadas durante um período
de tempo determinado, e o seu saldo é determinado pela diferença entre o
montante das exportações e o montante das importações de bens verificadas
durante esse período. Logo de importância extrema para a economia do país.
De grosso modo para um não economista, como é o meu caso, mas que gosta de mexer nestas coisas
de forma ligeira mas séria, a nossa Balança
Comercial ao longo dos últimos 40 anos tem sido quase sempre negativa (com
um intervalo nos anos 80, nos primeiros anos do cavaquismo), isto é, as
Importações têm sido quase sempre superiores ao que conseguimos exportar.
Desde 1974 que
esse défice tem sido sempre a “aviar”, atingindo a sua expressão máxima no
consulado de José Sócrates como veremos mais adiante. Mas para conhecimento dos
mais distraídos, aqui, ficam alguns dados para ilustrar a coisa:
- Entre 1966 e
1973: Saldo Positivo
- Entre 1974 e
1977: Saldos negativos sempre superiores a 6% do PIB
- Em 1982: Saldo
Negativo de 12,1% do PIB (Recorde)
- Entre 1985 e
1990: Saldos ligeiramente positivos
- A partir de 1990
os saldos negativos não pararam de crescer, voltando a atingir os 12% do PIB em
2008.
Na lei dos
sistemas abertos, como é a economia mundial, sempre que um sistema para viver
tenha necessidade de receber, constantemente, mais do que aquilo que consegue
produzir, é um sistema deficitário, e que mais dia, menos dia entrará em
rotura, a não ser que se trate de um sistema parasita, com um paizinho ou
mãezinha que o alimente, ou que viva à custa do alheio.
Isso é o que se
tem passado na economia portuguesa nos últimos 40 anos e que passou a ser lei,
pelo menos para a filosofia dominante “esquerdoide”
que nos acultura. A divisa é “o que é
preciso é consumir”, porque isso aumenta o PIB. E para eles, desde que o
PIB aumente é bom, nem que seja com dinheiro emprestado, e quem vier atrás que
feche a porta. Só que esse alguém que vem atrás serão os nossos filhos e netos,
que quer queiram ou não, terão de pagar o “pato”. Ah, mas essa filosofia também
manda dizer que gostamos muito desses nossos descendentes! Pois, belas heranças
lhes vamos deixar.
Na história mais
recente da nossa Balança Comercial, e que mais nos interessa actualmente, podemos ver no Gráfico 1 que entre 2000 e 2011, em números absolutos, as Importações (barras grená) foram sempre muito superiores ao que se conseguiu exportar (barras azuis), atingindo o
valor mais elevado, como já havia referido, em 2008, com um saldo negativo de 16 383 milhões de euros.
Só entre 2000 e 2010 o défice acumulado da nossa Balança Comercial foi, aproximadamente, 142 500 milhões de euros. Isto é, todos os anos Portugal, perdeu em média para os outros países, entre o que exporta e o que importa, cerca de 13 000 milhões de euros/ano.
No entanto, a partir de 2011, essa tendência começou a alterar-se, e em 2012 já tivemos uma balança equilibrada, e, em 2013 as Exportações superaram as Importações.
Só entre 2000 e 2010 o défice acumulado da nossa Balança Comercial foi, aproximadamente, 142 500 milhões de euros. Isto é, todos os anos Portugal, perdeu em média para os outros países, entre o que exporta e o que importa, cerca de 13 000 milhões de euros/ano.
No entanto, a partir de 2011, essa tendência começou a alterar-se, e em 2012 já tivemos uma balança equilibrada, e, em 2013 as Exportações superaram as Importações.
No Gráfico 2, podemos verificar melhor os saldos da Balança Comercial em milhões de euros. Entre 2000 e 2010 esses saldos são sempre francamente negativos, mas a partir de 2011, começa a inverter-se essa tendência. Em 2011 o nosso saldo da Balança
Comercial já foi apenas de 6 500 milhões
de euros, e em 2012 a
balança foi equilibrada. Em 2013, mais de 20 anos depois, Portugal voltou a ter
um saldo positivo, isto é, as nossa Exportações foram superiores em quase 3 000 milhões de euros ao que
importámos.
Breve análise política a estes dados:
Este
fim-de-semana fez grade escândalo aos “papagaios” da nossa praça, as declarações
da ministra das finanças, ao afirmar que, é preciso algum cuidado ao “injectar”
dinheiro na economia portuguesa, pois isso contribuirá, imediatamente, para
aumentar as importações (bens de consumo) e consequentemente, voltar a desequilibrar a nossa
Balança Comercial, e, isso pode não ser saudável para a nossa economia.
Ora o que os números
que acabo de publicar dizem, é que possivelmente ela tem razão. Como se pode
ver nos Gráficos e números publicados, não foi a injecção de dinheiro na
economia portuguesa, como fez Sócrates a partir de 2008 (para não me referir
mais para atrás), que levou ao investimento e aumento de exportações, mas antes
ao consumo, e como somos uma economia que pouco produz, recorre-se às importações.
O que leva a um aumento do défice da nossa Balança Comercial, e isso, não sei
se será coisa boa.
Mas o António Costa
deve saber. Ele diz-se "mestre" em estratégias de crescimento económico, e "milagres" de criação de riqueza! A ver vamos, como diz o cego.
Quanto aos camaradas contestatários
comunistas? Recomendo uma visita ao Camarada Castro, que esse então, é "doutorado", nestas coisas do
import./export.
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