sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Umas “estatísticas” de vez em quando, sempre dá para irmos pensando (2)


1 - Porque fecham escolas em Portugal?

Em primeiro lugar porque o número de alunos tem diminuído nos últimos anos. E isto porque, o número de crianças nascidas em Portugal é cada vez menor. Como se pode ver no Gráfico 1, em 2013 nasceram aproximadamente menos 40 000 crianças do que no ano 2000 (120.500 em 2000; e apenas 82.600 em 2013). Desde o princípio do século que esta diminuição tem sido sempre progressiva. Uma redução média aproximada 3 000 crianças em cada ano que passa. E irá continuar assim.


Esta diminuição de nascimentos tem razões várias. Mas está na moda dizer-se que é por razões económicas. Não creio sequer que seja uma das principais. A não ser que economia seja tudo, como também agora está na moda. Para deitar por terra esta tese basta dizer que, por exemplo, na década de 60 do século passado, nasciam em média em Portugal cerca 215 000 crianças (quase o triplo das que nasceram em 2013), com uma população inferior em cerca de 2 milhões de habitantes, e não consta que as condições económicas dessa época fossem melhores que hoje.


Para atestar o que acabo de afirmar, e se tivermos em conta os dados correspondentes aos 40 anos de vigência do actual regime em Portugal em 1974 nasceram 172 000 crianças, o que comparando com as actuais 82 000 de 2013, tem existido, em média, uma diminuição de 2 250 nascimentos/ano. Logo não custa concluir que sem crianças não há Escolas, a não ser que sejam para adultos, o que não seria mal pensado, sobretudo em disciplinas como aritmética básica. Garanto que daria jeito a muitos “dotôres”!

E quem mais as tem fechado?

É mais ou menos aceite que, «a memória», não é também dos melhores predicados dos portugueses, e, tal não acontece só porque sim. Existem até diversos estudiosos que se têm dedicado a explicar a coisa. José Gil, por exemplo, um dos nossos melhores filósofos e pensadores da actualidade dá algumas explicações, como é o caso da chamada «não inscrição», devido ao facto de sermos um povo que nunca analisa o passado, que prefere seguir sempre em frente e esquecer o que ficou para trás. Para alguns “optimistas militantes” isto é óptimo, mas leva-nos a cair quase sempre nos mesmos erros.

Agora é o malandro do Nuno Crato que se lembrou de começar a fechar Escolas, sobretudo as do 1º Ciclo do Ensino Básico, (isto é as antigas Escolas do Ensino Primário do ti António, também conhecido pelo “botas”). Mas então se todos os anos temos menos 3 000 alunos, e como já vimos essa progressão é mais ou menos constante há mais de meio século, como não hão-de fechar escolas? Ou então, como parece que dos vários “actores” do ensino, os únicos que têm aumentado são os Professores, mantemos as Escolas só com Professores a darem aulas uns aos outros!

Mas voltemos à coisa da «memória», ou da falta dela como parece ser o caso. A Revista Visão, como se pode ver aqui, publicou esta semana uma reportagem sobre a coisa (mas impregnada da tal filosofia “canhota”, desdenhando como convém ao segmento, e para vender).

Como se pode ver na Figura 1, entre 2002 e 2014 fecharam em Portugal 4 867 Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico. Dividindo isto em 3 períodos, como na escola, temos:

- Antes de Sócrates (2002-2005)
- Durante o Sócrates (2005-2011)
- E depois do Sócrates, era Passos/Crato (2011-2015)


       Figura 1 - Escolas do 1º Ciclo que fecharam

     Fonte: Revista Visão


O que podemos verificar é que apesar da redução de crianças ser sempre mais ou menos constante, as políticas de encerramento de escolas foram muito diferentes. Assim:

- Nos 3 anos lectivos de 2002-2005, fecharam 677 Escolas, numa média de 226 escolas/ano.

- Nos 6 anos lectivos entre 2005-2011, fecharam 3 448 Escolas, numa média de 575 Escolas/ano.

- Nos 4 anos lectivos 2011-2015, (tendo em conta que se espera que no próximo ano fechem à volta de 250 escolas), fecham 990 Escolas, numa média de 248 Escolas/ano.

Como se vê os números são significativos, durante os 6 anos lectivos do consulado socrático, em cada ano fecharam o dobro das Escolas, quando comparamos com os outros 2 períodos. Alguém se lembra?

Camarada Professor/Sindicalista Mário Nogueira, sendo assim, quer que chame a Maria de Lurdes Rodrigues, a Isabel Alçada e o Sócrates? Olha que eles já andam por aí a afiar a “moca” com o camarada Costa! Ou ficamos com o Nuno Crato que parece, pelo menos, ser mais moderado no encerramento das ditas...  

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