domingo, 22 de setembro de 2013

O mundo dos outros....


Nem mais meu caro Rui Rocha, hoje no Delito de Opinião, eu assino por baixo. Leitura complementar aqui

“Só se perdiam as que caíssem no chão

Não quero parecer a Manuela Ferreira Leite, e nisso sinto-me acompanhado, pelo menos, por vários milhões de portuguesas, mas tenho para mim que a proposta de suspender a democracia pode, afinal de contas, vir a ter algum aproveitamento.

Não digo que se fizesse de forma abrangente que disso a Comissão Nacional de Eleições mais tarde ou mais cedo acabará por encarregar-se. O que tenho em mente é, sobretudo, a possibilidade de retomar práticas ancestrais, hoje proibidas por lei, bárbaras por certo, mas que trariam, devidamente aproveitadas e actualizadas, bem razoável proveito.

Veja-se o caso do duelo entretanto caído em desuso e erradicado das nossas práticas por determinação legal. Note-se que não pretendo aqui defender a solução pelas armas de questões correntes entre cidadãos comuns. Se o Lopes da Confeitaria vendeu sete bolos estragados ao Joca do stand de automóveis, eles que se lixem: discutem o tema durante sete anos em tribunal e logo se vê.

É essa a essência da democracia, do primado da lei, da proibição da justiça pelas próprias mãos e nisso não se deve mexer. Agora, se Rui Machete diz que cometeu uma mera imprecisão factual e Seguro afirma que ele mentiu, as coisas não podem ficar assim. Trata-se de assuntos de honra. De honra de políticos. De honra daqueles de entre nós que mais se distinguem. Dos que foram, serão ou querem ser eleitos e sim, é verdade que este último critério exclui o Fernando Seara de tudo quanto se dirá a seguir.

Ora, estando em causa a honra de tais filhos da nação, o esclarecimento integral de tão fundamentais questões não pode ficar dependente da agenda superlotada dos senhores magistrados ou da espinhosa distinção entre mentir, faltar à verdade e cometer uma incorrecção factual. É pois para os políticos e só para eles que proponho que se retome a utilização do duelo como forma expedita e eficaz de lhes lavar a honra. Machete e Seguro divergem sobre a qualificação adequada ao comportamento do primeiro? Pois marque-se uma hora, escolham-se padrinhos e resolva-se a questão.

Todavia, não se pense que se faz aqui a apologia da barbárie. Nada disso. Não está em causa a utilização de sabres ou pistolas. Se alguns defendem a interpretação da lei constitucional de acordo com as circunstâncias não serei eu a propor práticas desajustadas dos nossos tempos. 

Creio, na verdade, que se evitará qualquer excesso sanguinário se, em lugar de armas, for distribuído um gato morto a cada um dos participantes, estabelecendo-se que a vitória será obtida por aquele que, dando com o felino nas trombas do adversário, conseguir fazer o dito cujo gato miar.”

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